Capitulo 2: Sem Arrependimentos.
I – A Igreja.
Mais e mais pessoas desciam de seus carros, caminhando para a igreja de Andaluzia. Toda a volta do local era iluminada por archotes dando um ar mais místico aquela noite.
-Vamos? –Milo perguntou, enquanto estacionava o carro de aluguel na entrada lateral da igreja.
-...; Shura assentiu.
Só queria se despedir, pela ultima vez. Apenas para poder voltar para a casa com a consciência tranqüila de que o caminho que escolhera era o certo. Sem ressentimentos ou incertezas do que poderia ser diferente ou não; ele pensou.
O que ficou para trás
É o que me espera adiante
Aproximou-se com cautela para não ser notado. Passaram pela lateral da igreja entrando por uma porta discreta que levava a algumas salas, normalmente onde eram dadas as aulas de catecismo as crianças, ou os cursinhos para os noivos de primeira viajem.
Entre essas portas, estava a sala que servia para as noivas, para que ficassem até a hora de entrar, não tendo que se locomover por longas distancias até a igreja correndo o risco de estragar o vestido e etc...
-Fiquei aqui e me avise se aparecer alguém; Shura falou, deixando um Milo super curioso para fora.
Se as coisas são como devem ser
Avassaladoras serão
Nossas vidas
Então...
Seguiu a passos rápidos por um corredor, deparando-se com uma porta de mogno, sabia exatamente o que estava ali, ou melhor, quem.
-Lembranças-
-Vem Shura; Silvana falou, arrastando-o para dentro da igreja.
Aquele era o ultimo dia que estariam juntos, pois no dia seguinte ele iria para Atenas com Miguel. O padrinho finalmente convencera a mãe do menino que ele deveria ir.
Queria realmente contar a ela que não era apenas para estudar, e sim, para tornar-se um cavaleiro, seu sucessor pela armadura de ouro de Capricórnio, mas era algo que infelizmente deveria permanecer em segredo.
-Calma; ele pediu, desviando dos bancos.
Ah se Emilia soubesse que estavam correndo dentro da igreja de novo, certamente teriam sérios problemas; ele pensou, seguindo-a. Mais admitia que estava curioso, Silvana lhe chamara para brincar e o arrastava até ali querendo lhe mostrar algo, mas o que?
Entraram por um corredor próximo ao confissionario, conhecia aquele caminho, era o mesmo da escolinha de catecismo, mas achou estranho que passaram por lá e ela continuou a andar.
-Silvana, aonde vamos? –ele perguntou, confuso.
-Olha; a jovem falou num sussurro abrindo uma porta.
Era uma espécie de quarto, em um canto havia uma penteadeira com escovas e apetrechos para o cabelo em cima, do outro lado um conjunto de duas poltronas, um banheiro e por fim, um grande manequim de contornos femininos com um belo vestido branco.
Confuso o garoto voltou-se para ela, mas parou, vendo-a com um olhar encantado para o local.
-Não é lindo? –ela perguntou, num sussurro.
-...; Ele assentiu, seguindo com ela para dentro do lugar, tentando entender o que se passava na mente da jovem, para estarem ali agora.
-Um dia quando eu me casar vai ser aqui; Silvana falou, com a face enrubescida, aproximando-se do belo vestido branco.
-E quem seria o noivo? –Shura perguntou, sem saber ao certo o porque daquilo lhe incomodar.
-Não sei; ela respondeu, inocentemente.
-Como? –ele perguntou, arqueando a sobrancelha.
-Eu gosto de alguém, mas não sei se ele gosta de mim, ainda mais agora que ele vai embora e eu não posso ir junto; Silvana respondeu, abaixando a cabeça com os orbes marejados.
-Silvana não chora; Shura pediu aflito, ao ouvir os soluços.
Aproximou-se dela, abraçando-a ternamente, afagando-lhe as melenas castanhas.
-Promete que não vai se esquecer de mim? –ele perguntou de repente, erguendo-lhe a face delicadamente com a ponta dos dedos em seu queixo.
-Só se você não se esquecer de mim; ela respondeu, sentindo-o afastar-lhe a franja enroladinha da frente da testa.
-Prometo; Shura respondeu num sussurro.
Viu-a corar furiosamente ao vê-lo se aproximar, sentiu o coração disparar e a respiração descontrolar-se. Silvana serrou os orbes, sentindo os lábios quentes dele sobre os seus. Era um toque casto e inocente, porém que dizia muito mais do que qualquer palavra.
-Fim da Lembrança-
Quando eu não caibo mais em mim
O mundo cabe na palma da minha mão.
Respirou fundo, dando dois toques na porta...
-Pode entrar, mãe; ele ouviu uma voz feminina falar do outro lado.
Girou a maçaneta abrindo a porta de mogno. Parou extasiado diante da visão que tinha.
Os longos cabelos cacheados agora estavam lisos, presos em uma trança perfeita que ia até o meio das costas com pequenos e delicados cristais entrelaçados entre os fios, os enfeitando. A pele bronzeada dos ombros estava à mostra devido ao corpete do vestido, desprovido de alças. As curvas esguias eram delineadas pelo vestido branco, cuja cauda de cetim ia até o chão.
Uma delicada coroa de cristais estava sobre a cabeça. Numa poltrona em um canto do quarto, estava o véu que ela usaria e que completava o conjunto.
Observou-a atentamente e em silêncio durante alguns segundos, que não soubera dizer quanto.
-Mãe pode me ajd-...; Ela parou ao virar-se e dar de cara com o cavaleiro ali.
Há quanto tempo desejara ver aqueles olhos castanhos; ele pensou. Estava linda, agora a poucos passos de seguir um caminho para bem longe do seu.
-Shura; Silvana sussurrou, ao constatar que era realmente ele.
Cada passo que repito
Não é igual ao de antes.
-Você esta linda; ele falou, com um sorriso suave, mas até mesmo ela pode ver que era um sorriso triste, o que fez um estranho nó formar-se em sua garganta.
-Obrigada; ela falou, desviando o olhar e indo até o véu. –Pensei que estivesse em Atenas, ou melhor, morto; Silvana falou, sem encará-lo.
-Como? –ele perguntou surpreso. Como ela sabia sobre isso?
-Sabe, a idéia de você estudando em Atenas doida bem menos do que saber que você tinha morrido; ela falou seca, enquanto aproximava-se do espelho para colocar o véu.
-Quem lhe disse isso; ele balbuciou.
-Puff! –Shura a ouviu murmurar. Embora estivesse nervoso, sorriu. Como sentia saudades daquele gênio da jovem; ele pensou.
-Lembrança-
Havia acabado a faculdade. Finalmente ela pensou sorrindo, enquanto desembarcava no aeroporto internacional de Atenas. Como presente de formatura, sua mãe lhe dera uma viagem de presente para a Grécia, mal podia conter a ansiedade, finalmente poderia vê-lo.
Emilia vivia recebendo cartas do filho, mas se vira Shura depois que ele partira, foram uma ou duas vezes, quando ele voltava com Miguel. Eram viagens muito rápidas de no máximo dois dias, dizendo que ele não podia se afastar da escola, mas com o tempo as visitas foram reduzindo até tornarem-se completamente nulas.
Agora queria aproveitar essa oportunidade e revê-lo; ela pensou, apertando a alça da mala de viagens em suas mãos. Respirou fundo, entrando no primeiro táxi que encontrou, entregou o endereço ao motorista.
Viu o mesmo olhar surpreso para o local que ela pedia para ir. Já ouvira muitos falarem daquele lugar, alias, já levara muitos até lá, mas ela parecia uma garota normal, o que será que pretendia ir fazer? –o motorista se perguntou, enquanto ligava o carro, seguindo viagem.
-Aqui estamos Srta, deseja que a espere? –ele perguntou, parando em frente a uma construção secular. Grandes colunas gregas, arquitetura antiga e uma aula de historia se quisesse, mas tinha outras coisas pra fazer no momento.
-Não é necessário, obrigada; Silvana falou, pagando a corrida e descendo do táxi.
Viu o carro amarelo sumir de suas vistas, enquanto via-se nas proximidades do teatro a céu aberto, da Acrópole. Ouviu algumas pessoas murmurarem passando por si, com roupas pretas e rostos tristes. Franziu o cenho.
-"O que esta acontecendo?"; ela se perguntou, sentindo uma estranha inquietação.
-O que será de nós se algum dia todos eles partirem? -uma Sra lamentou-se, passando por Silvana.
-Com licença Sra; Silvana falou, chamando-lhe a atenção.
-O que deseja Srta?
-Estou procurando por Shura, ouvi dizer que ele vive aqui perto; Silvana explicou.
Viu a face da mulher adquirir uma expressão ainda mais triste, o que lhe deixou aflita.
-Venha comigo, vou lhe levar até alguém que pode lhe explicar tudo; a Sra falou, notando que a jovem não era dali e parecia não saber de nada.
Seguindo a Sra, Silvana chegou ao Teatro da Acrópole, onde muitas pessoas estavam reunidas, que nem mesmo os acentos eram suficientes. Notou que nas primeiras fileiras, um grupo sério de homens estava sentado, todos vestindo túnicas pretas, como se estivessem de luto.
-Sr Shaka; a Sra falou, dirigindo-se a um homem alto de longos cabelos dourados.
-Sim; ele falou virando-se para ela. Silvana franziu o cenho, se perguntando porque ele estava de olhos fechados.
-Essa jovem procura por Shura de Capricórnio, Sr; ela explicou.
Shaka voltou-se para a jovem que sentiu o corpo estremecer, como se uma corrente de energia estática houvesse passado em volta de si. Engoliu em seco, quem eram aquelas pessoas? E o que ela queria dizer, ao referir-se ao amigo como Shura de Capricórnio?
-Pode deixar que eu resolvo isso; ele falou, se levantando.
A Sra assentiu, fazendo uma respeitosa reverencia e se afastando. Silvana viu-a partir, quase suplicando para que ficasse e lhe explicasse tudo. Não queria ficar na presença de tantas pessoas que lhe eram estranhas e que só faziam aquela inquietação aumentar.
-Não se preocupe Srta, já vou lhe explicar tudo; Shaka falou, calmamente.
-Uhn? –Silvana murmurou surpresa, imaginando se ele poderia realmente ler seus pensamentos.
-Poderia me acompanhar, por favor? –ele perguntou, indicando-lhe uma outra saída da acrópole, próxima ao palco.
-...; Silvana assentiu, seguindo com ele.
-o-o-o-o-
Aquele lugar era frio e sem vida, mas também não podia esperar outra coisa de um lugar como aquele; ela pensou, sentindo as lágrimas rolarem impiedosas por seus olhos. Sentiu o corpo pesar, fazendo seus joelhos estremecerem. Apenas fechou os olhos, sentindo o cavaleiro a seu lado rapidamente lhe amparar antes que caísse.
-Srta; Shaka falou, preocupado.
-Ele morreu; ela murmurou, em desespero.
Shaka assentiu, sem saber o que fazer naquela situação. Desvencilhou-se dos braços do cavaleiro, aproximando-se tremula da lapide com o símbolo do signo de Capricórnio entalhado sobre o mármore.
Respirava com dificuldade, sentia seu coração se dilacerar a cada segundo que permanecia ali parada, olhando para aquela lapide, como se isso fosse fazê-la se abrir e ele sair de lá, como se nada houvesse acontecido, mas a realidade era outra e muito mais cruel.
-Ele era um bravo cavaleiro, morreu lutando pelo que acreditava; Shaka falou, parando atrás dela, colocando a mão sobre seu ombro.
Fechou os olhos novamente, elevando aos céus uma prece silenciosa. Antes de levantar-se e acompanhar o cavaleiro para fora daquele mausoléu no centro do cemitério do santuário, dando um ultimo adeus. Agora, só lhe restava voltar para casa, mas nunca mais seria a mesma. Uma parte de si ficaria ali, sempre com ele; ela pensou, tentando inutilmente parar as ultimas lagrimas.
-Fim da Lembrança-
-Espera, eu te ajudo; ele falou prontamente, fechando a porta e aproximando-se da jovem.
Silvana respirou fundo, tentando fazer as mãos pararem de tremer se não acabaria rasgando o véu.
O que ficou para trás
É o que me leva adiante
Sentiu o toque quente do cavaleiro em seus ombros, um leve estremecimento correu seu corpo, fazendo-a engolir em seco. Com um olhar entretido, Shura prendeu o véu de forma delicada sobre a tiara.
-Pronto; ela o ouviu murmurar, tirando-lhe completamente de suas lembranças.
-Porque voltou, Shura? –Silvana perguntou, fechando os olhos ao sentir a respiração quente dele em seu pescoço.
-Vim desejar boa sorte a uma grande amiga; ele respondeu, enlaçando-a pela cintura delicadamente, fazendo-a encostar as costas sobre seu peito, instintivamente aconchegando-se entre seus braços, enquanto apoiava o queixo sobre o ombro da jovem.
-Porque? –ela perguntou, sentindo os orbes marejarem novamente.
-Porque você merece uma vida que eu não posso te oferecer; o cavaleiro respondeu.
-Mas...; Silvana falou, voltando-se para ele.
-Sou um cavaleiro Silvana, um cavaleiro de Atena que luta para proteger essa Terra e as pessoas que ama. Agora o mundo esta em paz, mas eu continuo sendo um cavaleiro e essa é a minha missão; ele falou, com um olhar sereno tocando-lhe a face.
-Há alguns anos atrás fui a Atenas te procurar e soube o que aconteceu; ela falou, desviando o olhar.
-Você contou a minha mãe? –Shura perguntou, surpreso.
-...; Silvana negou com um aceno. –Não tive coragem e algum tempo depois, ela me contou que continuava recebendo cartas suas e eu achei estranho, mas preferi não falar nada, já era difícil de mais sem que ela soubesse; ela completou.
-...; Shura assentiu, lembrando-se que foram apenas sete meses que estivera oficialmente morto, mas que depois tudo voltara aparentemente ao normal e apenas dissera a sua mãe que devido a trabalhos e provas na faculdade não pudera responder logo as cartas; ele pensou, dando um baixo suspiro, ainda recriminando-se por não ter conseguido contar a ela a verdade.
-Mas você esta vivo, porque voltou só agora? –Silvana perguntou, tirando-lhe de seus pensamentos.
-Para te dizer uma coisa; ele falou, afastando-se parcialmente, segurando-lhe as mãos entre as suas.
-O que? –a jovem perguntou hesitante.
-Desejo que seja feliz e que siga seu caminho sem arrependimentos pelo que ficou para trás. Uma das coisas que aprendi é guardar as lembranças boas em um lugar especial do coração e as ruins tomá-las como experiência e apoio para sempre seguir; Shura falou, fitando-lhe intensamente. –Você tem um destino a cumprir e eu tenho o meu, não me arrependo das escolhas que fiz, às vezes a gente erra, mas só assim para aprendermos;
-Porque esta me dizendo isso? –Silvana perguntou, com a voz chorosa.
-Só queria que soubesse; Shura sussurrou. –Não me perdoaria se não lhe falasse isso;
-Você sempre foi assim; ela falou sorrindo, enquanto as lágrimas rolavam pelo rosto.
-Seja feliz; ele completou, dando-lhe um abraço apertado.
-Você também; Silvana respondeu, -Sabe, durante muito tempo desejei que fosse você lá; ela falou, numa confissão espontânea.
-O que? –ele murmurou surpreso.
-Sempre sonhei como seria ver você voltar? O que faríamos juntos? Ou o que aconteceria depois? Mas aquele dia que fui a Atenas achei que meu mundo tinha acabado ao saber que você tinha morrido. Tanto tempo longe de casa, sabe-se lá pelo que passou; ela falou em meio a um soluço. –Tentei seguir em frente, sabia que você não ia querer que eu desistisse e bem, estou aqui agora;
-...; Ele assentiu, secando-lhe as lágrimas. –Esse é o jogo da vida, muitos perdem e outros ganham, mas no fim, só as coisas vividas é que importam.
-Quanto tempo vai ficar em Sevilha? –ela perguntou, tentando fazer com que as lágrimas parecem de cair de uma vez.
-Volto daqui a pouco para Atenas; Shura respondeu.
-Mas e sua mãe, sabe que você esta aqui? –Silvana perguntou, surpresa.
-...; Ele negou com um aceno. –Quando ela me mandou o convite, eu disse que não poderia vir, mas digamos que um bom amigo me trouxe de volta a razão; o capricorniano falou, com um meio sorriso, lembrando-se de como fora arrastado por Milo até ali, mas tinha muito a agradecer a ele.
-Posso lhe pedir uma coisa? -ela falou, incerta.
-O qu-...;
A pergunta morreu em seus lábios, ao vê-la se aproximar com um olhar diferente, que fê-lo pensar como aquela garotinha que conhecera durante a infância mudara, transformando-se em uma mulher que a cada segundo lhe surpreendia.
Ergue-se na ponta dos pés, enlaçando-o pelo pescoço, as respirações chocavam-se contra ambas as faces, de maneira ansiosas. Há quanto tempo esperavam por aquilo, muito ou tão pouco, talvez agora nunca saberiam.
Tocou-lhe os lábios com os seus num beijo casto e sutil, sentindo-o enlaçá-la pela cintura intensificando mais aquele contato entre ambos.
Uma estranha onda de torpor parecia envolvê-los, fazendo-os simplesmente esquecerem o que estava lá fora, ou dos caminhos distintos que seguiriam quando ambos atravessassem a porta de mogno.
-Shura; Milo falou, batendo na porta.
Afastaram-se rapidamente, o cavaleiro voltou-se na direção da porta.
-As ruas estão ficando cheias, ta na hora de ir; ele avisou.
-Bem, é aqui que nos despedimos; Shura falou, voltando-se para a jovem.
-...; Silvana assentiu, com um sorriso sereno nos lábios e a face levemente enrubescida. –Até algum dia, meu amigo; ela completou, dando-lhe um último abraço.
-Até; ele respondeu, afastando-se.
Abriu a porta, fechando-a em seguida, respirou fundo, encostando a cabeça na mesma.
-"Missão cumprida"; o cavaleiro pensou.
-o-o-o-o-
Silvana observou durante um bom tempo a porta fechada, que mal a viu sendo aberta novamente, mas agora quem entrava por ela era Rosário, que parecia bastante apressada.
-Menina, ta quase na hora; rosário falou, se aproximando. –Silvana, ta me ouvindo?
-Uhn? –ela murmurou, piscando.
-O que foi? –Rosário perguntou, vendo-a com ar aéreo.
-Nada, não; a jovem respondeu, balançando a cabeça freneticamente.
-É uma pena que Shura não pode vir; a mãe comentou, enquanto verificava se o véu estava bem preso a tiara. -Emilia e as meninas já chegaram;
-É, uma pena; ela murmurou de forma enigmática, enquanto observava-se no espelho, vendo que tudo estava em perfeita ordem.
-Mas vamos logo, a noiva pode chegar atrasada, mas não tanto; a mãe brincou.
-o-o-o-o-
Entraram no carro saindo rapidamente da igreja, era hora de voltar para a casa, ou melhor, para o caminho que escolhera; ele pensou, com um meio sorriso nos lábios.
-Hei! Porque não me falou que você tinha duas irmãs? –Milo perguntou de repente, chamando-lhe a atenção e poderia jurar que sentiu um ar meio ressentido na voz do Escorpião.
-Como? –Shura perguntou, com os orbes estreitos de fora perigosa.
-Nada não; Milo falou, com um sorriso nervoso, era melhor deixar para comentar sobre isso depois. –Mas e ai? Deu tudo certo?
-...; O cavaleiro assentiu, apoiando o braço na janela, vendo as ruas passarem velozes diante de seus olhos, enquanto dirigiam-se ao aeroporto. –Deu tudo certo; ele respondeu.
#Fim#
Uma suave melodia tomou conta do lugar e logo muitos casais iam para a pista, ou como outros que apenas aproveitavam a comodidade do bar para conversarem sobre coisas banais ou principalmente sobre o final surpreendente da crônica que o cavaleiro contara há pouco.
Enquanto Silvana ainda recebia os últimos comprimentos daqueles que chegaram de ultima hora, as duas se afastaram indo em direção ao bar.
-Sabe, eu ainda sou a favor daquele lance do streeper; Margarida comentou, com um sorriso maroto nos lábios.
-Você fala isso porque não é você lá; Shura resmungou, sentando-se ao lado delas numa das mesas.
-Certamente; ela rebateu.
-Por favor, sem discussões; Jéssy pediu. –Mas admita Shura, não foi tão difícil; ela provocou.
-Puff; o cavaleiro resmungou, enquanto chamava o barman.
-Ou ainda posso reconsiderar a idéia do streeper; a autora completou.
-Não, não foi; ele falou tão baixo que elas quase não conseguiram ouvir.
-Não sei de vocês, mas essa festa ta muito boa; Silvana falou animada, juntando-se ao grupo. –Hei que cara é essa Shura? –ela perguntou, vendo-o emburrado.
-Ele ainda esta bravo por causa do lance da tanguinha de streeper e o laço vermelho; Jéssy respondeu, com um sorriso igual ao gato da Alice no país das maravilhas.
-Ah, que pena; Silvana murmurou.
-Até você? –ele perguntou indignado.
-O que eu posso fazer, quem manda você ser um dos 'Sex Symbols' de Saint Seya; ela falou, dando de ombros, sentando-se em uma cadeira vaga.
-...; O viram entreabrir os lábios como se fosse dizer algo, mas as palavras simplesmente não saíram, devido ao choque da espontaneidade da garota.
-Por falar nisso, a gente poderia fazer uma campanha, tipo assim, 'Não deixem de votar! Se vocês acham que a série tem de se chamar Saint Gold', porque, por favor, né. Quem vê pensa que essa história só tem cavaleiro de bronze; Margarida reclamou torcendo o nariz.
-Concordo, poderíamos incentivar o pessoal a votar colocando uma foto do Shu de tanguinha num outdoor promovendo a campanha; Jéssy falou rindo, vendo o cavaleiro ficar cada vez mais vermelho, ainda mais por conhecer bem aquelas três e saber aquilo era bem possível.
-Opa, compartilhem com a gente as idéias; Aishi e as demais garotas falaram se aproximando.
-Ahn! Alguém ta me chamando; Shura falou, levantando-se. –Ate depois; ele completou, saindo correndo.
-Acho que ele levou a sério aquele lance do outdoor; Margarida comentou, vendo as outras duas assentirem.
-Que outdoor? –Marin perguntou.
-Longa história; as três responderam, rindo.
-Se vocês estão dizendo; elas murmuraram, dando de ombros.
-Bom pessoal, mais uma crônica chega ao fim; Jéssy comentou.
-Infelizmente, mas fazer o que, já ta ficando tarde; Margarida completou, ao olhar no relógio de pulso.
Aos poucos algumas pessoas já deixavam o local. Despediram-se de todos, encaminhando-se para fora da Toca.
-Meninas, obrigada; Silvana falou, abraçando as duas.
-Imagina, o importante é que você tenha gostado; Jéssy respondeu.
-E que tenhamos mais um ano pela frente, cheio de inspirações e muita curtição; Margarida falou.
-Sem duvidas; as duas falaram.
-Bem, hora de ir pra casa? –Silvana comentou, não querendo que o dia chegasse ao fim, mas não tinha outro jeito.
-Ahn! Eu se fosse você não faria essa cara; Jéssy comentou, com um sorriso maroto.
-Uhn? –ela murmurou confusa, vendo Margarida alargar o sorriso e junto com a outra ficwriter apontarem um ponto não muito distante de onde estavam, onde ficava o estacionamento.
Os cabelos levemente arrepiados moviam-se com o vento noturno. O sobretudo permanecia pendurado em um de seus braços, enquanto mantinha-se encostado em um carro. Olhando para o céu, completamente alheio ao que acontecia a sua volta, fitando com intensidade as estrelas.
-É melhor ir, se não pode perder a carona; Jessy falou, empurrando uma Silvana completamente petrificada para lá.
-Mas...; Ela balbuciou. Achara realmente que elas estavam brincando sobre o lance de levá-lo pra casa, mas pelo visto as coisas saíram ao contrario.
-Boa noite e juízo; Margarida e Jéssy falaram, enquanto seguiam o caminho contrario.
-...; Ela entreabriu os lábios como se fosse falar algo, porém as palavras não saíram, quando um embriagante cheiro amadeirado invadiu suas narinas de maneira devastadora. Deu um pulo ao sentir alguém colocar uma mão sobre seu ombro.
-Calma, sou eu; Shura falou, com um sorriso nada inocente.
-Ahn! Shura; ela murmurou, engolindo em seco.
-Podemos ir? –ele perguntou, o mais casual possível.
-...; Ela assentiu, enquanto davam a volta no carro e ele gentilmente lhe abria a porta do mesmo.
-A noite é só uma criança; o cavaleiro sussurrou-lhe de maneira provocante ao pé do ouvido, antes de deixá-la entrar, para fechar a porta em seguida.
-"E nós também"; ela pensou, sentindo a face incendiar-se com o próprio pensamento.
Bom pessoal
Mais uma crônica chega ao fim, eu sinceramente espero que tenham gostado. Essa foi uma das crônicas que mais gostei de escrever. Eu sei, Margarida e Saory-san estão dando pulinhos agora, por culpa dessas duas estou traindo meus princípios e deixando o Saga de lado pra me 'dedicar' mais o Shu. Vê se pode, mas o que eu posso fazer, não tem como não ter uma quedinha por um cara desses, mas vamos parar por aqui, se não é bem capaz de passar a noite falando sobre isso.
Well, chegou a hora que eu menos gosto, a de me despedir. Mas tem de ser assim. Antes de ir, agradeço de coração a todos que acompanharam essa fic desde o começo e ainda perderam um pouco do seu tempo comentando. Valeu mesmo pessoal
Até a próxima crônica 'Perfume de Jasmim'
Kisus
Já ne...
