Avisos ou alertas: Essa fic ignora completamente o sexto livro. Além disso, há cenas de sexo, consentido e entre adultos.

Resumo: Snape ganha uma segunda chance da vida.

Agradecimentos: A Lud, que criou esse desafio, um espaço para nós que amamos o Snape e que me ensinou a postar no rs. E à boa-alma que me mandou a mp3 de Miss Sarajevo, sem a qual todo o embate (com trocadilho, por favor) entre Snape e Hermione não teria existido, rs.

Disclaimer: Nada disso me pertence, eu apenas peguei emprestado da tia JK Rowling e de seus associados para poder brincar.

Esta fic faz parte do SnapeFest 2006, uma iniciativa do grupo SnapeFest, e está arquivada no site http// fest

CAPÍTULO VIII

De volta às masmorras, Snape pode dar vazão à irritação que sentiu ao saber que Potter está no cargo que ele cobiçou durante toda sua vida acadêmica. O professor sente-se ainda mais perdido. A conversa com Hermione o fizera ter completa noção da passagem de 15 anos na vida de todos.

Hermione, heim, estamos fazendo progressos então, debochou a voz de seu inconsciente.

"Ah, pare com isso, eu estou preocupado é com o que fazer da minha vida, agora. Parece que não há espaço para o velho Severus Snape nesse futuro. Eu preciso voltar, nem se seja para me matar antes de ter de cumprir o tal voto que o Dumbledore falou", retrucou Snape, em pensamento, para a voz do seu inconsciente.

- Sim, voltar para uma vida amarga, com um único amigo verdadeiro a quem você pode ser obrigado a matar, aterrorizando pobres alunos, sendo arrogante com todos, mesmo com àqueles de quem você gostaria de ser pelo menos colega, não podendo – em nome de uma causa – ser justo com seus alunos mais capazes, tendo que ignorá-la, adverte a voz.

"Ignorá-la? De quem você está falando?"

- Deixe de se fingir de idiota, Snape. Quantas vezes você não pensou que adoraria ter a Hermione na Sonserina, que só não dava os pontos que ela merecia porque a garora era da Grifinória. Depois, começou a pensar que ela bem que poderia ser sua assistente no preparo de poções. Ora, Snape, você sempre pensou nessa garota e agora vem dizer que não forçou-se a ignorá-la. Ah, nos poupe disso, respondeu seu inconsciente.

" Sim, eu forcei-me a ignorar a admiração que eu tenho pela garota. E daí? Ela é admirável e todos os professores sempre falaram como ela era aplicada e inteligente. Não há nada demais nisso", retruca, para si mesmo.

- Sim, e quem disse que há algo demais nisso?, diz a voz, com o mesmo tom irônico que sempre caracterizou Snape.

"Eu não quero discutir isso. Isso não é relevante. Eu estou concentrado em saber o que vou fazer agora da minha vida. Até conversar com a Granger, eu tive a ilusão de que eu poderia ficar aqui, dando aulas em Hogwarts, mas pelo visto não há lugar para mim na escola. E eu estou irritado com esse meu ataque de pieguismo, estou confuso, sem saber o que fazer, e isso também me deixa irritado".

Snape não se reconhece em seu atual estado de nervos. Se ele pudesse imaginar que um dia estaria em suas masmorras conversando com uma voz em sua mente, a quem acredita ser seu inconsciente que aflorara, certamente teria se internado na ala psiquiátrica do St. Mungus.

Mas o mestre estava transtornado realmente. Ele decide que ter uma conversa com o retrato de Dumbledore será a melhor coisa a fazer nesse momento e, convocando um elfo, envia um pergaminho para McGonagall, pedindo permissão para usar o seu escritório.

Já na sala da diretora, Snape chama por Dumbledore e logo é respondido pelo ex-diretor.

- Severus, meu caro pupilo, em que posso te ajudar?

- Dumbledore, eu realmente não sei o que fazer. Snape joga-se em uma cadeira e enterra a cabeça nas mãos, para surpresa do ex-diretor, que nunca vira seu pupilo agindo desta forma tão sem controle.

- Diga-me, Severus, o que está acontecendo?

O professor explica ao ex-diretor que fora conversar com Hermione sobre o fim da guerra e descobrira que – com a passagem de tantos anos – já não havia lugar para ele em Hogwarts e que isso o estava deixando confuso.

- Se eu ficar aqui, Albus, vou fazer o que? Ficar atormentando os corredores do castelo, como se fosse um dos fantasmas da escola? Ou terei que sair de Hogwarts e tentar arrumar um outro emprego? A idéia de me transformar, para ter uma identidade nova, não me atrai nem um pouco. Você sabe que eu sonhava com o fim da guerra para não ter que fingir uma personalidade que, em grande parte, não era verdadeiramente a minha, afirma Snape.

- É verdade, Severus. Esse era o seu grande objetivo com o fim da guerra. Arrumar uma nova identidade para você, então, está fora de cogitação. Mas eu gostaria que você continuasse em Hogwarts. Com certeza encontraremos uma nova função para você. Não podemos prescindir de seu conhecimento sobre poções e nem sobre defesa contra a arte das trevas. Eu só não acho justo demitir o professor de Poções para lhe devolver o cargo, pois ele é brilhante e os alunos adoram as aulas, complementa Dumbledore, com semblante pensativo.

- Coisa que nenhum deles fazia no meu tempo, responde Snape, amargo.

- Severus, haviam alunos que adoravam as suas aulas.

- Sim, os sonserinos, porque eu os favorecia. E talvez a Granger, que gostava até mesmo das aulas do Binns.

- Meu pupilo. Isso ficou no passado. Já estamos 15 anos na frente dos dias em que você precisava aparentar uma frieza que não tem, um distanciamento indesejável. Agora, você pode voltar a se relacionar com as pessoas. Eu já lhe disse isso, Severus. Uma vez eu lhe dei uma segunda chance, e você nunca me decepcionou. Agora é a vida quem está lhe dando uma segunda chance. Não a decepcione. Agarre essa oportunidade, se atire, se jogue. Você quer continuar em Hogwarts? Eu e Minerva podemos providenciar isso, apela Dumbledore.

- Certo, Albus. Eu sempre confiei em você. Não há motivos para não fazer isso agora. Se você acha que pode encontrar espaço pra mim em Hogwarts, eu aceito ficar. Mas eu quero que o mundo bruxo saiba que eu não morri e que passei 15 anos desaparecido porque estava cumprindo a última missão que a Ordem me deu, exige Snape.

- Muito justo. Falarei com Minerva ainda hoje e creio que poderemos anunciar a sua volta ao mundo dos vivos amanhã, já no desjejum. O que acha, indaga o ex-diretor.

- Acho perfeito, conclui o professor.

Ao sair do escritório de McGonagall, Snape decide ir até a ala hospitalar. Ele acha justo que Hermione seja a primeira a saber da verdade, afinal fora a jovem quem lhe dera as informações que lhe permitiram ter noção do que acontecera em sua "ausência"!.

- Senhorita Granger... ocupada, pergunta Snape, antes de se aproximar da poltrona onde Hermione lia. Surpreendida pelo professor, a grifinória guarda o livro sobre uma mesinha baixa e responde:

- Na verdade não. Estou é entendiada e doida para sair daqui. Mas Madame Pomfrey ainda está no Ministério da Magia, tratando de sua aposentadoria. É bom ter a sua companhia, professor. O silêncio da ala hospitalar sempre me irritou um pouco, disse a bruxa, para em seguida abaixar o olhar para os pés, um pouco constrangida.

Snape finge que não percebe, para deixar a ex-aluna mais à vontade.

- Então Madame Pomfrey vai se aposentar este ano? Você sabe quem vai substituí-la? Não é uma tarefa das mais fáceis, indaga.

- Sei sim. É Ginevra Weasley, filha de ...

- Arthur e Molly. Eu me lembro dela. Estava no quinto ano quando tive que deixar a escola. Ora, ora, temos uma invasão de grifinórios no corpo docente de Hogwarts. Por Salazar, será que a Sonserina não vai reagir? O tom de voz, ligeiramente zombeteiro, abranda a frase, que dita na voz "normal" de Snape pareceria cortante.

- Talvez, com o retorno de seu melhor defensor, as cobri..., ops, os sonserinos resolvar tentar reverter esse quadro, provoca Hermione.

- Hummm, eu sempre achei que você daria uma ótima sonserina. Não sei se a sua frase foi um elogio ou se foi um insulto, analisa Snape, ainda zombeteiro.

- Ora, professor, e eu iria insultá-lo porque, contesta.

- Posso lhe dar uma lista enorme de motivos, rebate o professor.

Pega de surpresa, pois jamais imaginaria Snape fazendo esse tipo de declaração, Hermione decide incentivá-lo a falar.

- Como o quê, por exemplo?

- Pelo fato de eu não ter lutado no final da guerra, pelas pessoas terem achado que eu morri, pelo fato de eu ter reaparecido 15 anos depois, ansiando por um lugar em Hogwarts só porque eu não me imagino longe dessa escola, por ter ido um professor injusto com você. Quer ainda mais motivos ou apenas esses lhe bastam? Eu posso passar mais meia hora, meio dia, meio século citando possibilidades suficientes para que você me insulte, desabafa o Mestre de Poções, com a velha amargura de volta à sua voz.

Hermione olha para o ex-professor sem compreender a explosão de sentimentos de Snape. Aquele homem que estava a sua frente parecia completamente diferente do Severus Snape que ela conhecera e de quem nunca se esquecera. Se ela não soubesse que a hipótese era absurda, ela iria acreditar que alguém estava usando uma poção polissuco.

- Snape, eu não sei o que falar, mas já que você tocou nesse assunto, eu realmente gostaria de saber porque você esteve desaparecido por todos esses anos e porque fingiu que estava morto, questiona Hermione, assim que recupera a voz.

- Granger, você acreditaria se eu te dissesse que nem mesmo eu sabia que estava morto, rebate Snape.

Diante da expressão aturdita de Hermione, o Mestre de Poções revela à bruxa tudo que acontecera desde há – pelo menos na ótica dele – apenas uma semana. Snape conta a proposta inicial de Dumbledore, que eles usem um viratempo para descobrir como a guerra terminou, as dúvidas sobre a eficácia do plano, a chegada ao futuro e a descoberta de que Dumbledore fora assassinado por Voldemort e que isso foi decisivo para a vitória da Ordem.

E por fim, passa a ela a informação de que para proteger a vida dele, Dumbledore fora obrigado a anunciar que Snape estava morto e que graças a isso as atividades de Snape como espião da Ordem da Fênix foram reveladas ao mundo bruxo.

- Imagino o quanto deve ter sido confuso para você. Mas tem uma coisa que eu não entendo. Não bastaria retornar ao exato ponto de onde você partiu para se apresentar ao Fudge, questiona Hermione, lógica como sempre fora.

- Foi o que eu aleguei a Dumbledore, mas, segundo ele, caso eu voltasse ao seu sexto ano, seria obrigado a matá-lo, em virtude de um voto inquebrável que eu fiz com o diretor, de obedecê-lo em tudo, explica Snape, relatando a Hermione o que ouvira de Dumbledore sobre a missão que seria dada a Draco Malfoy se ele ainda pudesse contar com Snape ao longo daquele ano letivo.

- É por isso que eu tenho que ficar no futuro, segundo Dumbledore, conclui o professor.

Se Hermione estava assombrada com as revelações de Snape, ficou ainda mais quando o professor confessou que estava sentindo-se confuso ao descobrir que não sabia lidar com a nova realidade que estava vivendo, principalmente por ter a oportunidade de despir-se da frieza e da indiferença que sempre o caracterizaram.

- Minerva e Albus vão revelar a verdade amanhã, e eu ainda não sei como me portar diante das pessoas que me conheceram, que vão esperar encontrar o miserável arrogante que elas acreditavam que eu era, diz Snape.

- Que elas achavam? Ora, professor, não me parecia que você fazia um grande esforço para ser arrogante, frio e sarcástico. Para mim, sempre pareceu um talento natural, responde Hermione, em voz magoada. A grifinória sentia-se traída por ter sofrido tanto com a suposta morte de Snape sem que Dumbledore, que testemunhara seu sofrimento, revelasse a ela a verdade. Como não podia brigar com o ex-diretor, atacou o alvo mais próximo dela.

- Pois eu lhe garanto, senhorita Granger, que ter sido frio e sarcástico, ignorando a melhor aluna que eu já tive em todos os tempos, em nome de manter uma posição entre o círculo fechado de Voldemort, me foi particularmente difícil. Difícil e doloroso, concluiu o ex-comensal, se preparando para deixar a enfermaria.

Desta vez, no entanto, é impedido de sair por Hermione, que segura seu braço.

- Espere! Eu ainda não terminei e você não vai fugir. Quer dizer que tudo foi de caso pensado? Quem dizer que você planejou cada humilhação que me fez passar naqueles quase seis anos? Quer dizer que você percebia os meus esforços em me destacar e zombava deles de propósito, para man-ter-uma-po-si-ção? Quer dizer que eu fui usada para que você pudesse manter a sua fama de mau? Snape, você realmente não é um bastardo arrogante, você é um monstro, grita a grifinória.

- Hermione, tente entender. Você acha que o Dark Lord iria acreditar em mim, na minha fidelidade à causa, se eu desse pontos para a Grifinória, ainda mais alcançados por..., Snape se interrompe.

- Conquistados por uma sangue-ruim? Claro que não. Mas e durante as reuniões da Ordem, na mansão Black? Você teve mil oportunidades de me dizer que eu era uma boa aluna, que você reconhecia o meu talento, mas que não podia fazer nada quanto a isso em sala de aula, interrompe Hermione.

- Senhorita Granger, tente entender...

- Entender? Entender o que? Que você era uma farsa? Eu poderia admitir que você fosse um espião e precisasse mentir e enganar o outros, mas nunca achei que você mentiria e enganaria a si mesmo, corta a jovem bruxa.

- Posso saber porque isso te incomoda tanto, exaspera-se Snape.

- Porque eu passei a minha vida inteira amando uma fraude – grita a grifinória. – Satisfeito em saber? Pode acrescentar isso às suas zombarias. Professor indiferente ganha o coração de aluna desprezada!

Sem raciocinar direito, Snape segura Hermione pelos braços e a puxa de encontro ao seu corpo. Segurando o rosto dela com uma das mãos, ele a beija com ferocidade e volúpia, com paixão e dor, com delicadeza e reverência e desejo reprimido, como se sua própria vida dependesse disso.

- Você acredita que isso também foi uma farsa, senhorita Granger, pergunta Snape, com a respiração entrecortada, ao final do beijo.

Sem esperar resposta, ele deixa a ala hospitalar e se encaminha para os seus aposentos nas masmorras.

Nota da autora: Enfim, capítulo postado. Andy, pode parar de andar para lá e para cá. Obrigada a BastetAzazis, Sheyla Snape, Andy, Sacerdotiza e Nina pelos comentários. Mil beijos para vocês.