Avisos ou alertas: Essa fic ignora completamente o sexto livro. Além disso, há cenas de sexo, consentido e entre adultos.
Resumo: Snape ganha uma segunda chance da vida.
Agradecimentos: A Lud, que criou esse desafio, um espaço para nós que amamos o Snape e que me ensinou a postar no rs. E à boa alma que me mandou a mp3 de Miss Sarajevo, sem a qual todo o embate (com trocadilho, por favor) entre Snape e Hermione não teria existido, rs.
Disclaimer: Nada disso me pertence, eu apenas peguei emprestado da tia JK Rowling e de seus associados para poder brincar.
Esta fic faz parte do SnapeFest 2006, uma iniciativa do grupo SnapeFest, e está arquivada no site http// fest
CAPÍTULO XIII
Desta vez é Snape quem acorda sozinho em sua cama. Ao lado da mesinha de cabeceira, devolvendo a gentileza que ele lhe fizera na manhã anterior, Hermione deixara uma bandeja com o café da manhã. Junto, em um pedaço de pergaminho, ela escrevera.
"Estarei no segundo ano da Lufa-Lufa, mal esperando a aula acabar para te ver.
Amor
HG"
Snape sente um aperto no peito e a garganta fechar-se com a declaração singela. Por várias vezes, na noite anterior, quando tocava com veneração e desejo o corpo de Hermione, ele ficara tentado em dizer o quanto a amava. Mas anos de emoções reprimidas cobram um preço alto e ele deixara as palavras morrerem na garganta, tentando transmitir seus sentimentos através das carícias.
Agora, ao ler a assinatura do bilhete, sentia-se arrependido e com uma sensação incômoda de que estava perdendo A grande chance que a vida lhe dava de finalmente amar e ser amado, de construir ao invés de destruir, de se expressar ao invés de conter, de sentir ao invés de reprimir.
Tomado de súbita coragem, mas ainda sem entender a urgência que o movia, Snape decide procurar por Hermione. Que se danem os alunos, ele iria interromper a aula e pedir para falar com ela. Iria cobri-la de carinhos e confessar o que já não dava para esconder. Decidido a deixar aquelas três palavrinhas saírem por seus lábios, ele deixa as masmorras em direção à nova sala de aula de Poções.
Na sala de aula, Hermione passeava por entre as bancadas dos segundanistas da Lufa-Lufa. Estava lhes ensinando uma simples poção de limpeza, mas todo cuidado era pouco quando eles manuseavam substâncias que, na ordem errada, poderiam causar um grave acidente.
Talvez por estar pensando nessa possibilidade foi que ela intuiu, mais do que percebera, que o líquido no caldeirão de um dos alunos começava a borbulhar.
- York, afasta-se do caldeirão, agora. Longe, todos vocês, grita a professora, enquanto corre para a bancada, já procurando entre as mesas as bagas de zimbro que fariam com que a poção se estabilizasse. Mas acabou sendo tarde demais e o caldeirão explode justamente quando a grifinória se aproxima dele.
No corredor, Snape ouve o barulho da explosão e corre até a sala de aula. Quando se aproxima, ouve os gritos desesperados dos alunos e abre a porta com violência.
- O quê..., começa a dizer, mas uma olhada para o corpo de Hermione, caído no chão ao lado dos restos de um caldeirão destruído, é suficiente para que ele perceba o que aconteceu. Ele corre até o corpo da professora, pega-a nos braços e grita para os alunos.
- Fora, todos, avisem à diretora sobre o que aconteceu aqui e digam que eu estou levando a professora Granger para a ala hospitalar. Vão, o que estão esperando, grita Snape, antes de passar pela porta.
Andando rápido pelos corredores, ele aperta Hermione junto ao seu corpo e, sem ao menos perceber, começa a falar:
- Hermione, não morra, por favor. Eu sei que nunca te disse o quanto você é uma pessoa especial, eu sei que eu escondi de você o quanto eu admirava a sua inteligência, o seu talento e a sua dedicação. Eu sei que isso te magoou. Mas não me deixe, por favor. Não morra. Eu não vou conseguir sem você.
Snape não percebia, mas pela primeira vez em décadas, lágrimas corriam pelas suas faces, sem que ele tentasse contê-las. E em meio à sua dor, ele volta a apertar o corpo inerte da grifinória de encontro ao seu corpo. Sem se deter no caminho para a ala hospitalar, ele beija o rosto de Hermione, meio oculto pelos cabelos, e volta a pedir.
- Agüente firme, Hermione. Volta, por favor, não se vá, não morra. Eu não vou conseguir prosseguir sem você. Olha, eu nunca disse isso para ninguém, mas eu preciso de você, eu amo você. Você é a chance que a vida me deu e eu não quero e nem posso perder essa chance. Você é a luz que vai expulsar definitivamente as trevas. Você é o perdão que Dumbledore insistia em me dar. Volta, não morre, volta, dizia, entre os soluços que não conseguia conter e as lágrimas que já embaçavam a sua visão.
Snape invade a ala hospitalar, logo encontrando Gina Weasley, que - avisada sobre a explosão -, já tinha separado várias poções e curativos que, acreditava, a amiga iria precisar. Depois de depositar com toda delicadeza o corpo de Hermione no leito que a medi-bruxa indicou, Snape vira-se para a ex-aluna e surpreende Gina a dizer.
- Senhorita Weasley. Eu sei que fui um maldito professor arrogante, que só fazia atormentar a vida dos meus alunos. E nem tenho o direito de lhe pedir nada. Mas Hermione é a minha única esperança... O Mestre de Poções interrompe a frase. Já não consegue dizer mais nada.
- Acalme-se, professor Snape, tudo vai dar certo. Ela vai ficar bem. Agora..., diz Gina.
- Sim, eu vou sair, a senhorita precisa trabalhar.
As horas passam lentas, aumentando ainda mais o desespero de Severus Snape, andando de um lado para outro do lado de fora da ala hospitalar. A antiga rivalidade com Potter parecia ter-se evaporado, pois ao lado dele caminhava o Menino-que-Sobreviveu, também angustiado com a saúde da melhor amiga.
Minerva McGonagall também estava na entrada da porta da enfermaria, temendo que o pior acontecesse àquela jovem, que ela amava como se fosse uma filha. Quando parecia que a tensão daquele trio chegara a níveis insuportáveis, uma Gina exausta abre a porta e explica para o grupo:
- Hermione está bem agora. Ainda precisa de cuidados e muito descanso, mas o pior já passou. Ela teve uma pequena concussão e o início de uma hemorragia interna, já contida. Professor Snape, o senhor salvou-lhe a vida. Se não a tivesse socorrido tão rapidamente, seria mais difícil conter os ferimentos, principalmente a hemorragia. Ela está dormindo agora, mas se o senhor quiser, pode entrar por cinco minutos, para confirmar o que lhe digo, completa a medi-bruxa.
Snape não espera por mais nada e entra na ala hospitalar. Por mais que quisesse correr ao leito dela, sabia que teria que ser o mais silencioso possível, para não perturbar o sono de Hermione. Ao se aproximar e segurar a mão da bruxa, que repousava sobre as cobertas, sua angústia e desespero são imediatamente substituídos pela felicidade. A jovem abre os olhos e, em voz sonolenta, diz apenas quatro palavras antes de voltar a dormir: - Você pediu. Eu voltei.
Foram cinco longos dias divididos entre sentar-se na poltrona ao lado do leito que ela ocupava e observá-la sedada, na esperança de vislumbrar um novo abrir de olhos, e as aulas para as turmas de Poções, que não poderiam ficar sem professor.
Ao final do quinto dia, ele é expulso da ala hospitalar por Gina Weasley, que não permite que Snape passe mais uma noite sem dormir, sentado, esperando que Hermione recobrasse a consciência.
- Vá dormir em seus aposentos, professor Snape. Você parece um zumbi e se não descansar essa noite, poderemos ter mais um acidente nas aulas de poções amanhã. Eu não salvei a minha amiga para que você se matasse antes que ela voltasse a acordar, afirma Gina, em um tom de voz que não admitia negociações.
Nas masmorras, o Mestre de Poções acaba vencido pelo cansaço e adormece durante a madrugada. Ao acordar, já com dia alto, e sentar-se na cama preparando-se para levantar, é surpreendido com um envelope colocado em sua mesinha de cabeceira. Ao abrir, curioso, emociona-se ao reconhecer a letra de Hermione:
"Ainda que o desejo de partir me levasse para novos mundos
Ainda que a ânsia por aventuras me fizesse percorrer desertos,
Encontrar novas cidades, recordar ruínas perdidas,
Desbravar florestas impenetráveis,
Mergulhar no fundo dos oceanos
Buscar o que existe entre as estrelas...
Ou apenas descobrir o mistério que se esconde por detrás do véu
Bastaria novamente apenas o som de sua voz
Para me trazer de volta correndo
Aos braços teus.
Com todo meu amor
HG".
Snape corre para se vestir e, usando pó de floo para ganhar tempo, vai para a ala hospitalar. Já era quase hora do almoço e ele encontra Hermione sentada em uma poltrona, depois de uma refeição leve. Ele pára de repente e apenas olha para ela, sorrindo abertamente.
- Você voltou, diz, depois de longos segundos.
- Você me pediu para voltar, responde a grifinória.
O Mestre de Poções se ajoelha e abraça Hermione, delicadamente.
- Eu achei que você tinha morrido, que eu te perdera para sempre, confessa.
- E eu achei que tinha ouvido você me pedindo para voltar, pedindo que eu não o deixasse, acrescenta a jovem.
Erguendo os olhos, ele afirma:
- Não foi impressão sua. Eu pedi que você não me deixasse, eu pedi que voltasse para mim. Eu não poderia conseguir sem a sua presença. Hermione, você é a segunda chance que a vida me deu e eu não poderia te perder. Eu não iria me perdoar nunca se eu tivesse perdido a mulher que eu amo sem nunca ter dito isso a ela. Snape deixa a declaração escapar de um fôlego só. Ele tem medo de perder a coragem de revelar seus sentimentos.
- Eu acho que ainda estou dormindo e sonhando, retruca a jovem, com um olhar zombeteiro.
- Hummm, será que a senhorita Weasley vai brigar se eu tentasse um método de histórias trouxas para te despertar, diz Snape, antes de beijar a professora com delicadeza e doçura.
Hermione se abandona ao beijo. Não sabe o que o futuro lhe trará, mas a coragem que lhe garantira um lugar na casa do leão fazia com que ela decidisse apostar. Severus não pensa no futuro. Sabe que o seu futuro é agora. E com ela.
FIM
