Medos são Segredos
Shipper: Harry e Hermione
Disclamier: Se Harry Potter fosse minha obra, eu estaria podre de rica, morgando numa belíssima praia do Caribe e não na frente desse pc ruim pra caramba, escrevendo sem fins lucrativos em um teclado com a tecla de espaço estragada.
N/A: Já agradeço aos que tiveram coragem de entrar aqui. Hehehe. Boa leitura.
Cap.1: Não existe nada que se conheça por completo, nem a si mesmo.
Era madrugada. A chuva batia levemente no vidro de sua janela. Agosto quase chegava ao fim, e com ele o verão e as tão doces férias. Duas orbes se mostraram em meio à escuridão. Ela estava com muita sede. A temperatura do carpete mostrava que já estava esfriando mais rapidamente do que o desejado, seu casaco seria necessário. Ela nunca realmente entendeu porque a cozinha tinha que ser tão longe dos quartos. E seguiu seu caminho silenciosamente para não acordar ninguém. Sua garganta estava arranhada, e começava a suar. Tirou o casaco. Uma onda inesperadamente gelada subiu por sua espinha; estava em perigo. Apertou os olhos e se concentrou em ouvir ao seu redor. Deveria me acostumar-pensou, logo agora que estou em direção a um caminho tão...
Ouviu vozes. Caminhou vagarosamente do corredor para um cômodo e viu que uma fraca luz entrava por uma segunda porta aberta. Recostou-se na batente e tentou ouvir. Alguém ligara a lareira. O silêncio agora era sepulcral. Encorajou-se e espiou pela porta. Suspirou aliviada ao constatar que eram apenas seus pais. Estou ficando paranóica-virou os olhos, toda essa pressão vai me deixar maluca.
-Sarah, você não pode continuar desse jeito.
Sua mãe estava visivelmente abatida. Deveria ser algo realmente importante para uma breve reunião a essa hora. Estava preocupada, mas nunca foi de seu feitio escutar as conversas dos outro, principalmente em particular, principalmente de seus pais.
-Você não diria isso se estivesse em meu lugar.
-O que é que você está insinuando com isso? Já tivemos essa conversa milhões de vezes.
Queria desesperadamente sair dali sem fazer nenhum barulho. Mas simplesmente não conseguia. Era muito errado, foi o que pensou, mas estranhamente aquela sensação ruim voltou.
-Não, por favor, querido, não me interprete mal. Depois de tudo o que aconteceu, não posso evitar.
-Escute. Ela é uma boa menina, e é tão forte e independente que eu tenho mais medo pelo resto do mundo.
Estavam falando dela. Isso a manteve presa no mesmo lugar. Era sim, muito errado. Mas não era proibido.
-Todas aquelas pessoas ao redor dela, tanta gente que pode pôr tudo a perder com meia dúzia de palavras...
-Do jeito que ela é inteligente, três seriam o bastante.
-Estou falando sério e estou falando sobre nossa filha. Eu sinto, e sinto aqui dentro-e apontou o coração, que tem algo de errado. É como se ela fosse fazer alguma coisa muito, muito ruim e perigosa.
-Como pode dizer isso? Eu já não te disse que ela é uma boa menina?
-É isso que me assusta. –Por um momento balançou sua taça e o vinho dentro dela. Bebericou.- Uma boa menina, uma boa menina caçada até o fim do mundo.
-Uma boa menina que faria qualquer coisa pelos amigos. Isso é algo nobre.
-Sabe, o pai dela também era um bom homem. Um ótimo homem, com o coração do tamanho do mundo, pronto para entregá-lo aos chacais por um amigo. E veja bem, você o está vendo aqui?
-Sarah, já combinamos um milhão de vezes que este assunto está morto e enterrado.
-Assim como ele.
-Não gostei de ter insinuado que MINHA filha esteja caminhando para a morte apenas por ter amigos.
-Ela acha que não sabemos. Acha que não temos idéia do quanto ele é perseguido, do quanto aquele desgraçado quer ver o pobrezinho morto. Acha que não sabemos o que ela faz quando não vem para o Natal. É ela que não faz idéia. E é disso que eu tenho mais medo. Que alguém descubra antes dela mesma, que a pessoa errada descubra e tente...
-Se ela não faz idéia, quer dizer que tudo está certo, não é? Está tudo como deveria estar e ainda melhor do que você previa há tanto tempo. Dezessete anos não foram capazes sequer de fazer que esta proteção falhasse.
-É o segredo mais bem guardado da história. Talvez o seja sempre. É assim que deve ser.
-Agora, esqueça seus sonhos, querida. Não te faz bem algum.
-Jamais poderia esquecê-los, John, porque são as minhas lembranças. Pode ser que eu me esqueça de lembrar delas, mas jamais poderia esquecê-las.
-Mesmo depois de...
-Depois de tudo que você fez por mim e minha filha, a parte mais justa de tudo isso seria apenas enterrá-las. Foi o que fiz por todos esses anos. Mas ela cresceu e seu caminho encontrou os rastros de tudo que eu quis esquecer.
-Odeio quando você fala assim. Ela é minha filha também e eu não fiz nada por vocês duas. Vocês são minha família, são tudo o que tenho. Não importa o que diz o passado, porque no presente, somos um só.
-Às vezes eu simplesmente queria poder...
Não podia ouvir mais nada. Era demais para uma vida inteira. Voltou pelo mesmo caminho. A sede subitamente esquecida dava lugar a alguma coisa enorme e muito difícil de engolir. Sua garganta estava mais arranhada do que nunca, mas ainda assim não se comparava ao estado de seu coração. Como tudo isso era possível, ela não tinha idéia. Não que sua vida pudesse ser descrita como normal, mas uma coisa assim já era apelar.
Não, ela na era uma garota comum. Não foi isso o que ela pensou ao sentar-se com um baque surdo na cadeira de sua bela penteadeira. Levantou-se e ligou as luzes do banheiro para que pudesse ver alguma coisa. Voltou para a cadeira e olhou fixamente o espelho. Era um reflexo obviamente familiar, mas ela não sabia dizer ao certo quem estava ali. Não sabia o verdadeiro nome daquela pessoa, muito menos sua verdadeira história. Uma única lágrima silenciosa delineou seu rosto. A chuva lá fora imitou sua perplexidade e começou a cair mais forte e mais volumosa. E mais forte, à medida que aquele susto se transformava em raiva. Raiva por tanta coisa escondida, mas incrivelmente não conseguia ter raiva de seus pais. Teve raiva de si mesma, por ter sido tão estúpida, tão alienada quando as coisas se tratavam dela mesma. Como é que nunca havia reparado antes?
Sim, ela era uma boa menina, a única que realmente raciocinava entre seus amigos. Permitiu-se um leve sorriso ao lembrar-se daqueles dois. Idiotas, pensou. Quem diria que a vida fosse tão complicada. Podia sentir seu corpo formigar inteiro por causa de um sentimento que ela não sabia dar nome. Estranho, não se lembrava de não conseguir nomear alguma coisa, principalmente quando era consigo mesma. Então um jato de consciência lavou sua mente. Parou e pensou no que havia ouvido. Não demorou a perceber que ninguém tinha culpa, nem sua mãe, seu pai e muito menos ela. Se era tão importante ser mantido em segredo, deveria haver um ótimo motivo, sua mãe só queria seu bem. Sorriu por ter tido esse juízo todo por si mesma, de uma maneira tão orgulhosa e cheia de si como só ela sabia fazer. A chuva amansou lá fora, agora a lua brilhava tão forte pela porta da sacada que parecia que alguém havia ligado uma lâmpada ali. Talvez a chuva imitasse sua alma, o que não era de todo impossível. Porque ela não era uma menina comum. Ela era uma bruxa, uma bruxa muito poderosa e esperta demais para a idade que tinha. Era uma menina adorável que amava seus amigos e iria visitá-los em apenas algumas horas. Era uma menina correta e muito, muito talentosa. Ela era Hermione Granger.
Cap.2: Nunca é fácil partir, por mais que você queira, por menos que você faça.
Aquela manhã na casa dos Granger foi incomparavelmente mais tranqüila do que a madrugada. Tomavam café da manhã no jardim, que estava especialmente belo com o orvalho resultante da chuva constante da noite passada.
-Então, querida, pronta para seu último ano na escola?
-Na verdade, eu jamais estaria pronta. Ma estou conformada, muito obrigada.
Hermione engoliu algo muito pesado naquele momento. Mesmo que seus pais soubessem de mais coisas do que ela gostaria, não havia lhes contado a decisão que havia tomado junto de seus amigos. Não teria coragem de estragar a refeição admitindo para os pais que não passaria o ano todo na escola. Iria, junto de Harry e Rony, procurar pelas horcruxes perdidas. Faria isso por Harry, faria isso pelo diretor. Era seu papel em toda essa guerra.
Haviam decidido durante o casamento de Fleur e Gui, no início do verão. Estavam todos felizes demais para notar a atmosfera densa que circundava os três inseparáveis amigos. Logo após o enterro de Dumbledore decidiram que não retornariam para seu último ano. Partiu de Hermione a idéia de que talvez essa não fosse a melhor maneira de começar.
-Eu estive realmente pensando muito sobre isso tudo..e...acho que nós deveríamos voltar para Hogwarts no dia 1º de setembro.
-Eu já dei minha opinião sobre isso, Mione. Eu até acho melhor que vocês fiquem...
-Quando é que você vai aprender a deixar eu falar até o fim, hein?
-Me desculpe, é só que...ah... você entendeu.
-Impressionantemente, sim, eu entendi. Agora escute. Suponha que comecemos hoje. O plano original seria ir até a antiga casa de seus pais, certo?
-Sim.
-E o que você acha que encontraríamos lá?
-Foi só um pressentimento, Hermione, achei que seria bom começar exatamente onde tudo começou.
-Eu não tiro sua razão. Continuando, chegamos lá e descobrimos algo, certo? E depois? Apoio de quê teremos? Todas as informações do mundo não cabem na cabeça de três bruxos de dezessete anos, cabe?
-Eu achava que toda a informação do mundo estava aí dentro, Hermione. Assim você me desaponta!- Rony se manifestou pela primeira vez, cutucando delicadamente o topo da cabeça da amiga.
-Eu juro que se você estragar meu penteado eu arranco a sua cabeça fora, Weasley!
Os garotos riram por algum tempo, mas logo pararam. Harry e Hermione riram nervosamente. Nenhum dos dois conseguira tirar da cabeça a perspectiva aterrorizante de vasculhar o mundo atrás de fragmentos da alma de Lord Voldemort. Rony tinha uma facilidade imensa em se desligar destes detalhes tristes. Por um momento, ao ver o amigo rir com tanta vontade em tempos tão sombrios, Harry pensou como teria sido a vida sem seus dois melhores amigos no mundo inteiro. Com certeza, pensou, já teria afundado em um ataque de nervos se não tivesse o ruivo por perto. Ele era a alegria e as risadas do time, a vida não teria muita graça sem Rony Weasley. Olhou para a amiga e sorriu nervosamente. Sabia, que em um ponto do passado- vários, na verdade, se tivesse dado atenção à Hermione, teria evitado muitas coisas. Sirius, por exemplo. Não era um pensamento muito feliz para o momento. Mas o que ele estava fazendo outra vez? Pouco caso das palavras da morena.
-Hermione?
-Sim?
-Será que você poderia terminar o que estava tentando dizer?
-Ah sim, claro, me desculpem.-Passou as mãos nervosamente nos cabelos- O que no final quero dizer é... porque não voltamos a Hogwarts? Quero dizer, depois de verificarmos a casa de seus pais. Teremos as coisas de Dumbledore, alguma anotação, por exemplo, seria muito valioso. Além disso, com a biblioteca a nosso dispor...
-Há! Sabia que tinha que ter a biblioteca no meio de tudo isso!- apontou vitorioso Rony.- Não achava que a sabe-tudo de Hogwarts iria desperdiçar seu último ano sem se despedir...
Um silêncio constrangedor se instalou. Podiam ouvir a alegria dos convidados a alguns metros de onde estavam. Este seria seu último ano, quando teriam de se despedir de tudo que eles aprenderam a amar naquela escola. Teriam que se despedir do lugar que aprenderam a chamar de lar. Talvez se não tivessem passado tantas aventuras incomuns, a dor da despedida não seria tão intensa. Só agora percebiam o quanto aquele tempo significou. Eram apenas crianças quando se conheceram, entusiasmados com o que essa novidade tinha a oferecer. Tinham crescido dentro das paredes daquele castelo. E embora a idade não condissesse, eles eram inegavelmente adultos.
-É a primeira vez que passa tanto tempo em casa antes das aulas! Parece que se lembrou de seus velhos, não?
-Ora, mamãe! Não diga uma coisa dessas! Ainda faltam três semanas, e eu ainda tenho alguns assuntos pendentes antes das aulas. Se der tempo de passar aqui em casa eu aviso, se não, apenas me encontrem na estação.
-Hm, o que a senhorita tem de tão importante para fazer que não pode esperar?
Hermione gelou. Não sabia se deveria admitir o que faria. Afinal, eles não lhes escondiam tantas coisas? Não, não jogaria o jogo deles. Se alguma coisa acontecesse esse ano eles tinham o direito de saber. Foi para isso que cada membro do trio passou o resto das férias separados: para informar a família.
-Mamãe, papai? Tem uma coisa realmente importante que eu preciso que vocês saibam.
Sarah e John trocaram um longo olhar e se sentaram à mesa.
-Bem, isso não vai ser nada fácil de explicar.
-Estamos ouvindo, querida.
-Vocês sabem quem é Voldemort, não é?
A mãe de Hermione deu uma remexida desconfortável na cadeira e fez uma careta. Para Hermione era engraçado ver como a mãe reagia da mesma maneira que os bruxos. Eles assentiram.
-Olha, eu nem vou perguntar como é que vocês sabem dele, mas continuemos. Harry, meu amigo é seu inimigo mortal. E vocês ouviram falar que meu diretor faleceu, não é?
Os dois se entreolharam. Sarah arregalou assustadoramente os olhos e usou uma voz um tanto alterada.
-Como é? Alvo Dumbledore...está...morto?
-Sim. É uma longa história, que eu vou tentar resumir. É claro que vocês não sabem o que é um horcrux.
A perplexidade era evidente no rosto do casal.
-Uma horcrux é uma magia extremamente maligna e obviamente ilegal. Ela consiste simplesmente em dividir a alma de um bruxo e escolher um objeto para abrigá-la. Entre outras coisas, deixa o bruxo corrompido. Um dos passos para se fazer uma horcrux é matar uma pessoa.
-Isso é simplesmente horrível.
-Pouquíssimos bruxos fizeram isso e todos há muito tempo atrás. Voldemort conseguiu desenterrar essa prática e fez uma horcrux. Uma não, sete.
-Sete? Isso é realmente perturbador.
-Duas delas já foram destruídas. Ainda faltam cinco. E é por isso que é tão importante o que eu e meus amigos temos de fazer antes das férias. Porque o nosso objetivo, ainda esse ano, é reunir e destruir todas as horcruxes.
A mãe de Hermione parecia ter levado um tapa.
-Você está me dizendo que está indo caçar pedaços da alma de Lord Voldemort? Você TEM que estar de brincadeira, Hermione.
-Não sei porque brincaria com algo tão sério.
-Sobre meu cadáver, você ouviu bem? Sobre meu cadáver, Hermione! Eu JAMAIS deixaria você sair por aí numa loucura dessas. Eu sabia que você estava metida em alguma coisa perigosa.
-A senhora não pode, não tem esse direito! Eu já sou maior de idade, decido o que vou fazer ou não.
-Você pode ser maior de idade mas ainda é minha filha. E aqui no meu país você ainda não é. Em algumas semanas talvez, mas ainda não.
Hermione estreitou os olhos. Sentia que ali tinha mais coisas do que tinham sido ditas.
-Tenho certeza de que o senhor Weasley não diria nada assustador demais a um trouxa. Ele acha que vocês poderiam fugir. Então me diga, mamãe, como é que você sabe tanto sobre Lord Voldemort?
-Eu procurei me informar o suficientemente bem sobre onde minha única filha colocaria os pés. Eu preferiria morrer a ver você sequer pisar no mesmo chão de um Comensal da Morte.
-Bom que você saiba o que é um comensal. Odeio ter de lhe dizer isso, mas eu já enfrentei comensais da morte antes, e estou aqui, não é?
-Você o quê? Enfrentou um comensal? Como é que eu nunca soube disso?
-Eu pedi a Dumbledore que nunca relatasse demais, de qualquer maneira vocês não entenderiam.
-Isso não é justificativa. Mas a que nível caiu essa sua escola para não informar aos pais o que acontece com seus próprios filhos! Isso é inadmissível! Quer dizer que porque eu sou trouxa é a mesma coisa que se você não tivesse pais! Céus!
-Mamãe, eu só peço que você confie em mim. Não é...
-Nada demais? Meu amor, você não tem idéia do quão demais isso tudo é! E tudo isso debaixo do meu nariz, depois de tudo que eu fiz para manter você...
-Mamãe? Tem alguma coisa que eu deveria saber? Você sabe, não sou tão estúpida assim. Ou a senhora achou que eu passaria a vida toda sem desconfiar de nada?
-Sim, meu amor.- suspirou pesadamente encarando a grama. Voltava a garoar.- Tem uma coisa muito, muito importante que você deveria saber.
N/A: É, chegamos ao fim. Os capítulos não vão ser muito longos, já aviso. Então essa é minha fic de estréia aqui, e inclusive a primeiríssima a ser publicada. Antes eu escrevia algumas de anime, mas tenho um carinho especial por Harry Potter. Eu até tinha outras já prontas no pc, mas ele deu pau, tive que formatar Ç.Ç
N/A2: Eu mesma Beto minhas fics, mas toda ajuda é bem vinda.
N/A3: A propósito, uma coisa MUITO nervosa será revelada sobre Hermione em alguns capítulos. Vamos dar uma fuga LEGAL do original. Eu particularmente acho que ela é um dos personagens menos explorados pela JK. Consertaremos isso!
N/A finalmente: E SIM! Essa fic é HH! Mas pelo amor de Deus, não fiquem esperando melação e uma historinha cheia de "eu te amo" fácil, não! Sejamos realistas, isso não existe! Ninguém se apaixona da noite pro dia e se não for amor à primeira vista, vamos dar um tempo pra eles, ok? ¬¬
E é claro... mostrem que vcs gostaram, adoraram ou abominaram... DEIXEM REVIEWS, PLEEEAAASSEEE! D
