BRATJA
Epílogo
"Prosti menya, mladshiy brat!
Ya tak pred toboy vinovat
(…)
Tebya soblaznil ya
(…)
Moy brat, ya vo vsem vinovat
Nye plach', nye pechal'sya, starshiy brat!
Nye tyi odin vinovat.
Doroga u nas odna,
Iskupim vinu do dna.
Mnye nye v chem tebya upreknut'.
I ya nye obihen nichut'.
(…)
Ya sam vo vsem vinovat.
No chto zhe nam delat', kak byit'?
Kak vse ispravit', zyabyit'?"
- Shaka...
Os passos, lentos, ecoaram nas paredes de pedra do salão comunal da casa de Virgem. A figura masculina começou a divisar-se por entre as sombras das pilastras enquanto encaminhava-se ao centro, onde o cavaleiro de ouro se localizava. Shaka estava sentado no chão, em sua já tradicional posição meditativa.
- Demorou a dar notícias dessa vez, Ikki. Shun estava inconsolável.
Shaka ergueu-se num movimento fluido e caminhou em passos leves até Fênix. Virgem vestia um sari branco e encontrava-se descalço. Os longos cabelos loiros desciam, suaves, ao redor do rosto e por suas costas, dando-lhe um ar etéreo, quase transcendental sob a pálida luminosidade do salão de seu templo.
Parou em frente a Ikki – próximo, mas não demais – e abriu os olhos. Lentamente as pálpebras afastaram-se e o azul-claro encarou o escuro. E Shaka sorriu. Um sorriso puro, ingênuo, despretensioso – seus olhos, entretanto, diziam tudo que os lábios escondiam.
- Sabia que voltaria.
Sem uma única palavra, Fênix dominou o espaço que o separava de Shaka e tomou-o entre os braços. Sem pedir licença, beijou-o.
Beijou-o de forma quase violenta, extremamente desejosa. Virgem correspondeu-o da mesma forma, com o mesmo ardor, e entregou-se entre os braços fortes de Ikki. O cavaleiro de bronze puxou-o, empurrando-o contra uma das pilastras que havia por perto e deixou as mãos vagarem. Tocou, apertou, acariciou braços. Peito, cintura, coxas. Empurrou e puxou o sari, abrindo-o e lançando-o ao chão com a facilidade de quem está acostumado a fazê-lo.
Shaka tentou parar o beijo para respirar, mas Fênix não permitiu, segurando-lhe a nuca, aprofundando o contato tanto quanto era possível. Virgem tentou, então, despir Ikki, mas isso também não lhe foi permitido.
- Eu comando hoje, Shaka. – sussurrou de forma decisiva, sem romper o beijo.
Virgem sorriu, como que concordando e não esboçou mais nenhuma espécie de reação às investidas. Permitiu-se ser agarrado e tocado sem a menor delicadeza. Deixou-se ser conduzido ao quarto, lançado na cama e atacado por lábios famintos. Fênix beijou-lhe lábios, pescoço, ombros e peito, mordeu-lhe os mamilos, fazendo a pele arrepiar. Shaka, completamente entregue, gemia apenas, contorcendo-se enquanto se excitava mais e mais.
Ikki virou-o de bruços e – enquanto Shaka se ajeitava, abrindo as pernas, empinando o quadril – despiu-se com rapidez, lançando casaco, blusa e jeans ao chão. Deixara os tênis em algum lugar no caminho, não importava onde.
Deitou-se sobre as costas de Shaka, posicionando-se entre as coxas dele. Tocou-lhe as nádegas, afastando-as e penetrou-o. Penetrou-o devagar, sentindo o homem sob si relaxando aos poucos, tragando-o para dentro dele. Afundou-se no corpo de Virgem com um gemido longo. Shaka ofegava, agarrando-se ao lençol, empinando-se, abrindo mais as pernas.
Fênix puxou-lhe a cintura, colocando-o de quatro e começou as estocadas. Vieram fortes, duras, lançando o corpo de Virgem para frente, puxando-o de volta em seguida. Ia fundo, arrancando gritinhos dos lábios do outro. Os fios loiros caiam sobre o rosto de bochechas rosadas, grudando-se à testa suada, ao pescoço. O suor escorria-lhe pelo peito e costas. Mas Fênix não parecia notar nada daquilo.
- Ikki... Vai com calma... – conseguiu sibilar, a voz arrastada, soltando mais um gritinho em seguida.
Fênix pareceu notar então como estava agindo e parou por alguns segundos. Murmurou um "desculpe" quase inaudível e tornou as estocadas mais suaves. Tomou o membro de Shaka entre os dedos, manipulando-o com cuidado, nom mesmo ritmo das estocadas.
Não demorou para que Shaka gozasse, em um gritinho seguido de um ofego, e levasse Ikki junto consigo, apertando o corpo ao redor de seu membro. Fênix gozou, cravando-se no corpo do outro uma última vez, e ofegou.
Esperou alguns segundos e, delicadamente, retirou-se do corpo de Shaka. Jogou-se sobre os travesseiros e recebeu Virgem entre os braços, aninhando-o contra si. Ele manteve-se recostado no ombro de Ikki por pouco tempo, soltando-se em seguida. Com suavidade, sentou-se contra a cabeceira da cama e inclinou-se para a mesa que ficava ao lado. Da segunda gaveta retirou um maço de cigarros e o ofereceu a Ikki. Fênix surpreendeu-se ao reconhecer a marca e sorriu, relaxando. Shaka ofereceu-lhe fogo e ficou a observar enquanto Ikki começava a tragar a fumaça cinzenta.
Ikki endireitou-se, sentando decentemente ao lado de Shaka, puxando o rosto dele contra seu ombro novamente e pôs-se a fitar o nada, a mente vagando, longe dali. Virgem permitiu-lhe o silêncio, sabendo que ele começaria a falar em breve. Ikki queria falar, precisava.
- Shun perguntou-lhe a meu respeito?
- Ele sabia que você viria parar aqui...
- Quando fujo de você, corro para ele. Quando fujo dele, volto para você... – tragou longamente. – Vocês são meus dois extremos. – observou a fumaça que subia em círculos, dançando no ar.
- Mas você o ama... – sussurrou com alguma tristeza.
- Amo. – replicou simplesmente, sem dar importância ao tom utilizado por Shaka.
Ikki amava Shaka também, de seu próprio jeito. Amava-lhe o corpo e a totalidade de sua entrega, amava-lhe a paixão e o abandono. E amava, principalmente, o fato de que Shaka não precisava dele.
- Por isso preciso me manter longe dele... – completou baixo, como que para si mesmo.
Shaka suspirou suavemente, engolindo tudo que pensava e sentia, e deixou que Ikki prosseguisse, caso desejasse.
Realmente, amava Shun. Não havia dúvidas, não tinha como haver. Daria vida, a alma pelo irmão – isso em uma situação hipotética, claro. Mas Ikki passara das hipóteses, ultrapassara os limites. Entregara-se ao irmão, tomara seu corpo, consumara o desejo de anos, a vontade que ardia no corpo e na alma. Mas não podiam permanecer juntos. Não, jamais!
Já não tinha certeza de como classificar o amor que sentia. Tudo ficara tão confuso... Por que voltara ao Japão? Por que permanecera? Para que jogar tudo fora? Por que confundir tudo que já era confuso o bastante?
Fora por amor, apenas e tão somente por amor, que resolvera se afastar de Shun. Novamente. Para sempre, desta vez. Ou o máximo de tempo que conseguisse.
Sempre amara Shun. Desde muito cedo sentia algo que não conseguia explicar com simples palavras. Mas amar uma criança quando se é criança, é muito fácil. A maior parte delas não possui as odiosas características dos adultos. A maior parte delas é ingênua e gentil. E assim fora Shun. Aliado a isso, havia ainda uma espécie de alegria eu podia ser vista no rosto infantil sempre que este encontrava-se perto do irmão mias velho. Era algo que Ikki não compreendia e ainda naqueles dias, preferia não entender.
Quando foi que tudo se mesclara? Quando foi que o ingênuo amor fraternal adquirira ares de amor carnal? E quando diabos este abrira espaço para que o outro retornasse? Não que não desejasse mais o irmão – isso seria simplesmente impossível! -, mas a paixão, o tesão puro, havia se misturado a algo doce, que conhecia há tempos. Em algum momento, deixara de ver Shun como irmão e passara a encará-lo como homem. Agora, tanto tempo depois, quando finalmente encarara seu pecado e – depois de lutar arduamente contra ele – aceitara-o, novamente os mesmo sentimentos modificam-se e ele passou a encarar seu então amante como irmão novamente.
O problema não era o fato de ter voltado a encarar Shun como seu irmãozinho. O problema consistia no fato de não mais saber se estava com ele por causa disso. Ikki não tinha mais certeza se teria ficado com Shun caso este não fosse seu irmão.
oOo
Ikki estava recostado no parapeito da sacada, sozinho. Fumava em silêncio, com as luzes apagadas, fazendo a pequena brasa cintilar. O céu estava escurrecido, com as primeiras estrelas surgindo no firmamento noturno, indicando que chegava a hora de recolher-se. Tragou mais uma vez. O cigarro estava acabando quando a porta atrás de si abriu-se e um par de braços envolveu-lhe a cintura.
- Odeio quando você fuma, Ikki...
Ikki... Desde a virada do ano, Shun chamava-o exclusivamente pelo nome, não mais de "nii-san" como era costumeiro. De certa forma, Ikki sentia falta disso. Sentia falta de tanta coisa...
Shun estreitou o abraço, beijando um dos braços de Ikki, buscando-lhe o olhar.
- Sozinho, fumando... No que está pensando?
Ikki soltou a fumaça, tragando novamente, em silêncio. Deixou a fumaça escapar dos lábios, ainda fitando o nada. Virou-se para Shun, tomando-lhe o rosto com a mão livre, e encarou-o de forma enigmática. Quase sorria, mas mantinha-se sério. Em seus olhos havia uma confusa mescla de sentimentos – dor, medo, paixão, carinho, amor... Tudo sobreposto, misturado. Um arrepio percorreu o corpo de Shun, como um mau pressentimento.
- Pensava em como tenho sorte de ter um irmãozinho como você... – falou, carinhoso, correndo os dedos pela bochecha de Shun. Ensaiou um sorriso, como que querendo confirmar suas palavras.
O coração de Shun pareceu falhar uma batida e ele, instintivamente, deu um passo para trás, afastando-se de Ikki. Seus olhos encontravam-se arregalados e os lábios estavam suavemente abertos, em surpresa. Ikki não o chamava de irmão há meses! Os dois haviam praticamente esquecido o vínculo sanguíneo que os unia; não tocavam no assunto, ignoravam para evitar problemas.
Mas nada pode ser evitado para sempre. E Ikki deu o primeiro passo na direção contrária à ignorância. Alguma hora eles teriam de lembrar que eram irmãos. Em algum momento teriam de tocar no assunto. E aquele era o momento.
Shun, tal qual Ikki, temia este momento mais que tudo. Lágrimas cobriram os olhos verdes, as faces tornaram-se rosadas e os lábios tremeram.
- Desde que voltamos a ficar juntos, você parou de me chamar de irmão... – sussurrou encarando os olhos azul-escuros de Ikki.
"Se você voltou a me chamar assim, quer dizer então, que vai me abandonar novamente." – era o sentido implícito naquelas palavras. Shun fechou os olhos, permitindo que um par de lágrimas descesse pelas faces rubras e balançou a cabeça, como que afastando a tristeza do olhar. Tornou a abrir os olhos, encarando o irmão, e ensaiou um sorriso.
- Então, vou te deixar com seus pensamentos, ta? – firmou o sorriso – Estou indo pro quarto – e deixou o convite no ar.
Antes que Ikki pudesse responder, Shun deixou-o. Fênix tragou mais uma vez e jogou a bituca longe. Não demorou e seguiu os passos do irmão, encaminhando-se ao quarto. Lá chegando, encontrou Shun apenas de jeans, jogado na cama de casal, abraçado a seu travesseiro, com o rosto recostado nele, de olhos suavemente cerrados. A tristeza parecia exalar de seu corpo, como uma aura que o envolvia. E Ikki teve ímpetos de lançar-se na cama, beijá-lo, possuí-lo, entregar-se a ele e fazer sanar toda aquela infelicidade. Conteve-se, entretanto, e, sob o olhar atento de Shun, arrumou-se para sair. Vestiu um jeans escuro, uma camiseta preta grudada ao corpo e saiu sem falar com ele. Sabia onde ir para ter o que queria naquela noite.
A boate estava espantosamente lotada para uma quinta-feira. Ikki nunca gostara de lugares muito cheios, mas naquela noite não importava. Queria aquilo. Pessoas. Pessoas sem rosto, sem nome, sem importância. Belos corpos, pedaços de carne sem valor. Mas não fazia diferença. Era aquilo que desejava.
Entregou-se à dança, às bebidas, ao entorpecimento dos sentidos. Entregou-se e perdeu-se entre luzes e sons. Mal sentiu quando um par de mãos envolveu-lhe a cintura. Mal notou quando se virou e tomou o homem que o abraçara entre os braços, afundando-se nos lábios róseos que se ofereciam, tentadores. Abriu os olhos no meio do beijo, observando as feições do homem, coisa que não pudera notar antes.
O beijo foi rompido para que ambos respirassem. O homem sorriu-lhe, sedutor, e Ikki agarrou-o novamente. O homem inominado era um pouco mais alto que Ikki e parecia ser bem mais velho, quase trinta anos, talvez. Tinha cabelos pretos, lisos, jogados displicentemente sobre o rosto. Parecia ter olhos escuros, mas não era algo definível na escuridão da boate. Possuía um rosto de traços delicados, quase femininos, o qual lembrava Shun, mas Fênix empurrou as lembranças para longe e deixou-se levar pelas sensações.
Não demorou para que Ikki arrastasse o homem da pista de dança, empurrando-o contra uma das paredes escuras, beijando-o e tocando-o de forma ávida, íntima. O homem não parecia se incomodar, pelo contrário, correspondia aos toques com outros, ainda mais ousados. Ikki pareceu não dar importância quando o zíper do seu jeans foi aberto e uma mão escorregou para dentro de sua cueca, mas fez cara feia ao perceber-se observado por um dos seguranças da boate.
- Aqui não. – sussurrou entredentes.
- Quer vir para o meu apartamento então?
Ikki respirou fundo quando a mão em seu baixo ventre apertou-lhe a ereção entre os dedos e acabou por cabecear positivamente.
- Hnm... E seu...?
- Nome? Tatsuhiko. – sorriu-lhe
- Ikki... – respondeu antes de segui-lo.
Tatsuhiko deixara a moto perto da boate. Ikki subiu na garupa e deixou-se ser guiado a um bairro que não conhecia. Pararam em frente a um belo prédio, onde subiram a um andar ao qual Ikki não deu importância e seguiram para o pequeno apartamento no qual ele morava. Sequer teve tempo de observar o lugar – logo seguiram para o quarto onde o homem entregou-se por completo.
Possui-o uma, duas, três vezes. Não entregou-se; não podia, tampouco queria. Mal notou as horas que passavam e, ao dar-se conta que passavam das quatro da manhã, resolveu ir embora. Pegou o número do outro por insistência, jogando-o fora assim que deixou o prédio – não ligaria, de qualquer forma. Tomou o primeiro táxi que viu, voltando para a mansão Kido em silêncio.
Ao adentrar o quarto que dividia com Shun, encontrou o irmão adormecido, na mesma posição de antes. Despiu-se em silencio, deitando ao lado dele, abraçando-o por trás com cuidado.
- Ikki, você está cheirando a sexo... – murmurou Shun, completamente desperto, antes de levantar da cama e deixar o quarto.
Fênix demorou alguns segundos para processar a informação. Shun estava acordado? Será que o esperara a noite toda? Não teve tempo de concluir os pensamentos – em poucos minutos o sono venceu-o, carregando-o em seus braços para o reino de Morfeus.
Os dias passaram, lentos; as semanas, arrastaram-se, e quase todas as noites Ikki repetia o mesmo processo: caía na noite à procura de novos corpos para satisfazer-se, retornando para casa cansado demais para pensar em tocar o irmão.
A princípio Shun sequer comentava o que estava acontecendo, mas com o tempo a situação tornou-se insustentável. Discussões começaram a ocorrer, tornando-se mais acaloradas a cada dia que passava. Não eram poucas as vezes que terminavam aos gritos ou próximo da agressão física. Ikki ainda tentava se controlar, sabendo que a causa de tudo aquilo eram suas atitudes, mas nem sempre conseguia tolerar as ironias que o irmão lhe lançava. Andrômeda, por sua vez, sentia-se sozinho – ressentia a presença-ausente do irmão. E a falta de sexo estava para enlouquecê-lo.
Então, depois de uma discussão que terminou em um Shun aos prantos, Ikki decidiu partir novamente.
Seguiu o irmão, o qual correra para o quarto e batera a porta. Adentrou o quarto que dividiam, trancando a porta atrás de si e tomou Shun entre os braços. A princípio Andrômeda tentou se debater, fugir do contato, mas logo se entregou entre os braços do irmão mais velho. Permitiu-se soluçar escorando-se no peito de Ikki, que o consolou até que as lágrimas cessassem. E, então, beijou-o.
Beijou-o com doçura, de lábios entreabertos, sem buscar um contato maior. Shun permitiu-se beijar e até acalmou-se com o gesto. Estava com Ikki novamente. Tudo ficaria bem. Lentamente Fênix aprofundou o contato, passando a língua pelos lábios do irmão em uma carícia gentil. Andrômeda correspondeu ao toque empurrando a língua na boca do irmão com avidez. Esperava por aquilo há pelo menos duas semanas. Ansiava pelos beijos, abraços e toques do irmão há dias – e cada hora a vontade parecia crescer mais e mais.
Shun caminhou para trás em passos lentos, trazendo Ikki consigo para a cama. Permitiu-se ser deitado com uma delicadeza quase esquecida, teve o rosto tomado entre as mãos do irmão mais velho e foi forçado a encará-lo.
- Eu te amo, Shun. – encarava o irmão mais novo, que não desviava-lhe o olhar.
Andrômeda sentiu os olhos encherem-se de lágrimas novamente e este puxou o corpo do irmão para cima do seu.
- Eu também te amo, Ikki! De corpo e alma! – abraçou-lhe os ombros e permitiu-se ser beijado novamente.
Fênix desta vez beijou-o de forma desejosa, deixando as mãos vagarem pelo corpo menor, empurrando o quadril em direção ao dele. Sentiu-o endurecendo sob si e seu próprio membro pulsou em resposta. Deixou os lábios diante do primeiro ofego do irmão, descendo ao pescoço, passando a língua lentamente na pele salgada de suor. Sabia que Shun adorava quando o beijava naquele lugar. E tudo que desejava era satisfazer o irmão mais novo.
Mordeu, beijou e lambeu-o. Shun deslizava as mãos por suas costas, erguendo com elas a blusa que Ikki vestia. Fênix parou de beijá-lo apenas o tempo suficiente para desnudar seu torso e erguer a blusa do irmão mais novo. Lambeu cada pedaço de pele que aparecia enquanto o tecido era empurrado. Assim que se livrou da camisa, desceu as mãos ao zíper, descendo-o empurrando a calça logo em seguida. Beijou a ereção por sobre a boxer verde escura que Andrômeda usava. Pôde sentir o cheiro de seu sexo sob o tecido e retirou-o, tocando a pele com a língua.
Dançou a língua pela glande, sentindo o já conhecido gosto e engolfou o pênis do irmão por completo. Deslizou a língua devagar por todo ele, concentrando-se na cabeça como sabia que o outro gostava. Perdeu algum tempo ali até que Shun o puxasse para cima. Beijou-o enquanto o outro lutava contra seu jeans e cueca, empurrando ambos com força. Ikki ajudou-o erguendo o corpo, aproveitando para pegar o lubrificante na mesa de cabeceira. Com habilidade, espalhou uma grande quantidade por sua ereção colocando-se entre as pernas de Shun. Esfregou-se um pouco contra ele e começou a penetrá-lo. Devagar, foi sendo tragado pelo corpo do mais novo. Sentiu alguma dificuldade, mas Shun tentou relaxar um pouco mais, o que facilitou um tanto. Ao sentir que chegara ao máximo que o irmão podia suportar, puxou o quadril para trás, penetrando-o novamente com alguma força.
Puxou e empurrou o quadril com força, acelerando cada vez que ouvia o irmão gemer por mais. Shun mesmo começou a se masturbar, dispensando a ajuda do outro. Sua mão subia e descia no ritmo que Ikki impunha-lhe com as estocadas. Uma onda de arrepios percorreu-lhe o corpo, concentrando-se aos poucos em seu baixo ventre. Não demorou a gozar, sujando o abdômen do irmão mais velho no processo. Seu corpo apertou-se em espasmos, fazendo Ikki aumentar ainda mais o ritmo das estocadas no processo. Fênix gozou forte dentro do corpo de Andrômeda, e sorriu-lhe assim que as primeiras ondas do orgasmo deixaram sua consciência.
Abraçou Shun com carinho, gentileza, sentindo cada pedaço do corpo menor encaixar-se ao seu. Amavam-se. Completavam-se. Pertenciam um ao outro. Mas era hora de partir.
Naquela noite Ikki dormiu abraçado a Shun e, assim que o dia ameaçou clarear, beijou-lhe os lábios rosados, sussurrou-lhe um "te amo", arrumou suas coisas e novamente partiu.
Voltaria à antiga vida praticamente nômade. Apenas a solidão realmente pertencia-lhe.
oOo
Já estava no terceiro cigarro seguido quando Shaka perguntou-lhe:
- E pretendo avisá-lo de que está aqui ou esperará ele voltar a treinar e achá-lo por acaso?
- É claro que o avisarei. Devo enviar uma carta ou algo do tipo quando for embora novamente.
- E isso será quando? – havia dor em seu tom de voz, algo próximo da mágoa.
- Quando eu me cansar daqui... – sorriu, sacana, ao bater a cinza do cigarro no cinzeiro ao lado da cama.
Shaka suspirou e deu de ombros. Jamais poderia ser de outra forma. Aquele era Ikki e, tal qual sua constelação protetora, a Fênix, ainda que pudesse morrer e reviver diversas vezes a partir das próprias cinzas, estava destinado por suas próprias escolhas a seguir o longo caminho de sua vida na solidão.
FIM
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N.A.:
Epílogos existem porque, sinto informar, não sou fã de finais felizes em minhas estórias. Quando um casal termina por ficar junto no final, eu me pego pensando "mas não deveria ser assim!"
Sinto se os desapontei, mas esse é o verdadeiro final. Juro que não foi planejado – as palavras praticamente pularam sozinha para fora da minha cabeça.
Sou muitíssimo grata aos comentários recebidos, seja pelo seja pelo meu e-mail. O apoio de vocês é fundamental para eu conseguir levar esse "trabalho" (ou vício, se preferirem) em frente.
Mudoh Belial
22.09.06
19h 41min
