Disclaimer: Não possuo os personagens de Furuba, estes pertencem a Natsuki Takaya. Esta fic tem apenas o intuito de entreter.

Capítulo 4 – Only You

By Dark Annek

Ouvira a voz de Yuki naquele momento como se estivesse em câmera lenta. Sentiu-se congelar naquele instante. Sua pulsação acelerou, os batimentos cardíacos retumbaram em seus ouvidos.

Levantou seus olhos cor de rubi encontrando com os olhos cor de ametista dele. E o viu, como se fosse a primeira vez. Os cabelos cinzentos molhados emoldurando seu rosto alvo, os braços cruzados. Ele estava parado no umbral da porta de seu quarto.

Pareceu-lhe tão lindo naquele instante que Kyo sentiu seu próprio olhar preso ao dele. Não conseguia desviar embora soubesse que devia fazê-lo antes que suas atitudes o denunciassem mais.

E como se estivesse em transe, sussurrou aquelas palavras descuidadas que calavam fundo em sua alma.

"Por você..." Ele apenas disse, como se sua própria mente e corpo, tivessem se unido para conspirar contra sua vontade.

Yuki fitou-lhe com profundo assombro.Abriu a boca para falar, mas descobriu-se incrivelmente sem palavras e tornou a fecha-la.

"Merda. Eu falei mesmo isto em voz alta? Parece que sim, pela cara que ele fez. Kyo, seu completo imbecil!" Teve vontade de chutar a própria bunda pela mancada que dera.

"O que vocês dois estão fazendo parados aí?" Gritou Shigure do outro lado do corredor. "O jantar está pronto".

Kyo aproveitou-se da distração criada pelo cão e correu desesperado em direção ao banheiro. Deixando para traz um Yuki completamente aturdido.

Shigure fitou o primo em busca de repostas para a atitude de Kyo.

Yuki fingiu que não viu que o cão estava doido de vontade de saber o que tinha acontecido. Refez o caminho de volta em total silêncio, ignorando-o.

"Eu nunca pensei que um dia fosse agradecer por Shigure ser tão intrometido do jeito que ele é" Suspirou encostando a cabeça contra a porta.

"Céus, como pudera dizer aquilo?"

Mas era verdade, não era? Todavia achava que Yuki não precisava ficar sabendo do real motivo de sua volta.

"Com que cara eu vou descer para jantar? Perguntou-se, enquanto deixava a água fria cair em sua cabeça".

"Eu não vou jantar, pronto, vou sair daqui e me trancar no quarto por um longo tempo".

"Que coisa mais deprimente... Quando minha vida começou a ficar tão patética?".

Durante o jantar, Yuki viajou em seus pensamentos. O que Kyo quis dizer com aquilo? Não podia ser o que estava pensando, era ridículo. Mas será...Ele não poderia brincar com algo tão sério. Não, ele tinha deixado aquilo escapar, pela sua reação.

"Eu o vi corar!" Uma pontada de esperança surgiu em seu coração.

"Souma-kun a comida não está boa?" Perguntou-lhe Tohru, aflita.

"Ah, hum... É que estou com pouca fome" respondeu meio sem jeito por ter sido pego perdido em pensamentos.

"Algo o preocupa, Yuki?" Shigure perguntou, tentando soar casual.

"Não, nada" murmurou Yuki, mal humorado, postando-se a encher a colher de sopa.

"Por que ele não desce de uma vez? Acho que posso supor que ele esteja envergonhado" Yuki sorriu bobamente diante deste pensamento.

"Vá chamar Kyo, Yuki." Provocou o cão.

Yuki limitou-se a continuar em silêncio. Estava morto de curiosidade de saber o que dera no gato, contudo não correria o risco de ser interrompido novamente. Ele o confrontaria quando estivessem a sós.

"Er, eu vou chamá-lo, Shigure-san" Oferece-se Tohru, gentilmente.

Kyo recusara-se terminantemente a descer. Estava trancado no quarto, olhando as estrelas pela janela, consciente de que teria que explicar muitas coisas ao rato. E quanto mais pudesse adiar, melhor.

Sentia seu rosto enrubescer de vergonha cada vez que se lembrava da cena.

Yuki resolvera ir se deitar já que pelo visto, Kyo não iria dar as caras naquela noite. Subira as escadas, resignado, imaginando que não seria capaz de dormir em paz. Estava totalmente desassossegado desde que ouvira aquelas palavras.

Parou, subitamente ao passar pela porta do quarto do gato. Fez menção de bater, mas hesitou. Algo o dizia que não era a melhor hora para ter aquela conversa com o primo. Aproximou-se encostando os ouvidos a procura de algum som lá dentro. No entanto, não ouviu nada. Ele deveria estar dormindo. Ou assim parecia.

Kyo abriu os olhos pela manhã quando ouviu o despertar insistente do relógio. Praguejou quando o desligou. Era seis da manhã, mas ele só tinha conseguido pegar no sono as três, praticamente não dormira nada.Resmungou baixinho um palavrão e levantou-se.

Abriu a porta do quarto ainda meio grogue. Precisava jogar um pouco de água fria na cara para acordar direito.

Olhou-se no espelho e viu os sinais da noite mal dormida. Escovou os dentes, passou um pente rápido pelo cabelo e trocou de roupa para descer.

Encontrou Tohru já na cozinha preparando o café da manhã.

"Cê não precisava acordar tão cedo".Kyo resmungou, abrindo a geladeira para pegar seu leite.

"Já estou acostumada" murmurou a garota, sorridente "Quer um pouco de panquecas?".

"Eu aceito sim, obrigado" disse ele agradecido, enquanto colocava um pedaço na boca "Hum, está uma delícia!".

"O que está uma delícia?" Shigure perguntou quando adentrou a cozinha.

"Por que, raios, aquele cão tinha que acordar cedo logo no sábado? Algo conspira contra mim".Pensou irritado ao fitá-lo.

"Oh, panquecas".O primo mais velho exclamou em tom infantil "Eu já disse que te amo hoje, Tohru-chan?".

Kyo revirou os olhos. Por que ele era tão bobo daquele jeito? Só sabia deixar a pobre da Tohru sem graça.

"A propósito, Kyo-kun, por que você correu desembestado ontem?" Shigure perguntou estreitando seus olhos escuros.

Kyo lançou-lhe um olhar mortífero por cima do ombro que parecia dizer claramente que o primo mais velho devia cuidar da própria vida.

"O que você disse ontem que deixou o Yuki tão agitado?" Insistiu ele.

"Esse cão bastardo não tem amor à vida?"Uma veia saltou na testa do gato.

Kyo levantou-se bruscamente da mesa e pôs-se a sumir o mais rápido possível antes que estrangulasse Shigure ali mesmo.

"Essas crianças de hoje em dia" O cão deu um muxoxo de desaprovação "Cada vez mais mal educadas".

Kyo resolvera caminhar um pouco naquela manhã e tomou o rumo do bosque que cercava a propriedade dos Souma.

Estava distraído enquanto terminava de beber o seu leite matinal. Pensava em como tudo estava complicado em sua vida. Não que ela um dia tivesse sido tranqüila. Mas agora, depois de tudo que se passara entre ele e Yuki o negócio desandara de vez.

Relutou muito antes de admitir para si próprio que o que sentia pelo rapaz possuído pelo espírito do rato era apenas atração momentânea. Ele nunca havia se sentido atraído por rapazes de qualquer tipo. Mas com Yuki, enfim fora diferente.

Quanto mais pensava sobre isso, mais tinha a impressão nítida que aquele sentimento estava ali. Enraizado nele de forma profunda, onde não poderia arrancá-lo. Sentia-o sufoca-lo cada vez que olhava para o primo. Era como se fosse uma terrível doença. Se não fizesse nada a respeito tinha certeza de que iria enlouquecer.

E como se fosse a resposta para suas dúvidas e anseios, Yuki lhe apareceu diante de uma clareira. Ele estava ajoelhado no chão, cuidando de sua pequena horta.

Kyo imaginou que o destino novamente lhe pregava peças já que estando distraído, não notou que suas pernas o tinham trazido até a base secreta de Yuki.

"Kyo?".

Por certo, teria tentado evitar aquele encontro. Nunca imaginou que ele pudesse ter acordado tão cedo. Costumava dormir até tarde nos fins de semana. Era um maldito preguiçoso.

Com visível apreensão viu-o levantar e caminhar em sua direção. Ele possuía na face uma expressão indecifrável.

Kyo sentiu-se pregado ao chão. Seu corpo no mínimo se recusara a obedece-lo e temia fazer papel de idiota novamente.

Yuki levantara a cabeça instintivamente ao ouvir o barulho de passos ao seu redor. Sabia quem era antes mesmo de seus olhos recaíssem sobre os olhos rubros.

Sua primeira reação foi surpreendente até para si mesmo. Sentiu-se impelido por uma força misteriosa que o fez andar até Kyo.

Sua face continuava impassível como sempre, embora seus pensamentos estivem agitando-se furiosamente dentro de sua cabeça. Com uma única pergunta que esperava ver respondida.

Kyo pode sentir todos os seus músculos se retesando quando se viu tão próximo dele. Sua garganta estava seca. O coração quase parecia sair pela boca.

"O que você quis dizer com aquilo, Kyo?" Veio a pergunta, que não poderia ser mais evitada.

Kyo respirou fundo. Por que responder lhe parecia tão difícil? Por que não simplesmente dava-lhe as costas? Por que se sentia como se devesse uma explicação?

"Conte a verdade e acabe com todo esse sofrimento. Isto o está dilacerando por dentro".A voz sensata em sua cabeça dizia.

"Isso é tão difícil..." Pensou, infeliz ao encarar aqueles olhos violetas. "Eu não sei por onde começar".

Yuki apenas continuou a encará-lo em busca da resposta. Não esperava que ela viesse tão rápida. Depois de tudo que havia passado entre eles sabia que aquela conversa seria no mínimo, muito difícil.

"Yuki, eu...eu..." Ótimo, Kyo pensou. "Só faltava agora eu começar a gaguejar. Estamos mesmo começando muito bem".

Yuki notou que o primo tinha os punhos cerrados, o rosto contraído. Falar sobre os seus sentimentos não era a melhor habilidade de Kyo. E pensando bem, nem a dele. Estava tão acostumado a manter sua pose inabalável que, agora, se estivesse na mesma situação que ele, também não saberia ao certo como dizer. Sentiu uma estranha sensação de compaixão pelo gato.

"Se é tão difícil, não precisa dizer" murmurou aproximando-se ainda mais.

Kyo o encarou atônito. Yuki estava sendo legal com ele?

"Eu não deveria ter dito aquilo".Kyo disse.

"Que droga é esta que está dizendo???"

"Mesmo?" Yuki dissera confiante, dando mais um passo e ficando a centímetros dele. "Então você vai negar..." E a sua súbita compaixão foi pelo ralo.

"Eu me expressei mal, foi só isso".Murmurou Kyo, sentindo a respiração dele tão próxima. "Oh, por favor, não chegue assim tão perto...".

"Por favor, não faça isso".Yuki dissera, os lábios tão próximos dos dele que podia sentir-lhe a respiração em sua face.

"Isso o que?" Kyo tinha problemas para raciocinar com primo tão perto. Fitou-lhe o rosto alvo, tingido por um certo rubor, que o deixava ainda mais bonito.

"Beije-o" a voz interna o atormentou.

Por que ele tinha que ser tão malditamente lindo?

"Não tente negar que não me quer" Murmurou Yuki, admirado com sua própria audácia.

Kyo de repente sentiu-se terrivelmente quente. Como podia fazer tanto calor àquela hora da manhã?

"Acho que está imaginando coisas, ratazana" murmurou o gato tentando soar convincente.

"Só mais um pouco e você pode provar daqueles lábios tão saborosos" A voz insistia."Só mais um pouquinho..."

Yuki assumiu uma expressão de profundo descontentamento. Agarrou o primo pelos ombros, duramente e o empurrou contra a árvore mais próxima. Kyo o encarou estarrecido e profundamente excitado.

"Repete o que acabou de dizer" sussurrou-lhe roçando seus lábios nos dele, provocativamente.

Kyo deixou um gemido escapar. Seu corpo praticamente implorando agora para ser satisfeito. Queria agarrar Yuki e fazer amor com ele ali mesmo.

"Repete!" Ordenou Yuki, que o segurava firmemente com os braços, determinado.

"Eu não..." tentou dizer quando Yuki o calou com um beijo. Kyo abriu sua boca instintivamente, estremecendo com o primeiro toque da língua de Yuki sobre a sua. Sentiu-se derreter sob o calor do corpo dele tão próximo. Queria tocá-lo, como naquele tarde em que tinha se deixado levar pelo desejo. Sentir suas mãos macias passearem pelo seu corpo, sem pressa alguma.

"Você não sabe o que anda fazendo comigo..." sussurrou-lhe o rato ao pé do ouvido, lambendo o lóbulo de sua orelha. Depois traçando com a língua uma linha em torno de seu pescoço.

Kyo pensou em dizer que fazia uma vaga idéia, mas imaginou que seus gemidos diziam por si só.

Sentiu quando os braços de Yuki se desprenderam de seu pulso já quase dormente pela pressão aplicada. Rodeou sua cintura delgada, trazendo-o para mais perto, sua coxa encontrando o caminho entre as pernas dele, pressionando sua ereção.

"Kyo, pára..." murmurou ofegante contra seus lábios. "Estamos aqui e de dia"

"Você me atiça e depois me diz isto?" Indignou-se o gato ao notar o sorriso sexy nos lábios do primo. "Você é um maldito provocador".

"E o que você pretendia fazer? Me jogar aqui no chão e transar comigo loucamente?" Yuki arqueou as sobrancelhas.

"Não é uma má idéia" Replicou sorrindo maliciosamente. Logo em seguida tomando uma cotovelada em sua costela. "Eu só estava brincando!"

"Podemos ir para o meu quarto..." Disse Yuki, mordendo levemente seus lábios carnudos.

"Ah sim, e nos trancarmos lá dentro com que desculpa?" Perguntou Kyo, tentando recuperar seu bom senso. "Caso vossa alteza ainda não tenha percebido, nós não somos melhores sarcástico.

"Nem amigos nós somos" Teve vontade de acrescentar.

"E são o quê, namorados?" A voz novamente se manifestou.

Kyo tentou ponderar consigo próprio. Não, aquilo era ridículo.

"Você está certo".Yuki dissera-lhe cortando sua linha de pensamento.

"O que disse?" Kyo perguntou incrédulo. "Creio que não entendi direito".

Yuki bufou. Kyo era extremamente obtuso em alguns momentos.

"Eu disse que está certo" repetiu contrafeito.

"Há, finalmente admitiu que sou mais esperto!" Sorriu-lhe Kyo, abertamente.

"Não foi o que eu disse. Eu disse que você estava certo e não que era mais esperto, gato idiota".

Kyo o encarou com olhar sombrio. Afastou-se dele andando na direção contrária a casa. Precisava esfriar os "ânimos".

"Aonde você vai?" O rato perguntou, confuso com a atitude do outro.

"Vou até o dojo ver o mestre".Disse o gato, com um aceno. "Avise a Tohru que vou almoçar por lá".

"Não sou o seu garoto de recados".Respondeu Yuki aborrecido.

Kyo deu meia volta e caminhou até ele. "Eu esqueci" Beijou-o nos lábios, gentilmente "Avise a Tohru, por favor. E mantenha a porta do seu quarto destrancada. Temos assuntos inacabados para resolver hoje à noite".

Yuki não conseguiu conter uma sonora risada. Assuntos inacabados? Ele poderia dar o nome que quisesse para aquilo. Não o incomodava nem um pouco.

"Vejo você mais tarde" Kyo dissera.

Yuki ficou ali durante uns minutos, fitando seu amado desaparecer por entre o bosque. Sua respiração voltando ao normal.

Ficou imaginando no caminho de volta se toda aquela conversa os levaria a algum lugar. Kyo ainda parecia muito confuso com relação aos seus sentimentos. Ele no entanto, tinha certeza do que sentia.

Quando se aproximou da casa, avistou Shigure sentando na varanda.

"Você viu o Kyo?" Perguntou o cão.

"Sim, ele foi para o dojo, ver o mestre".Respondeu rapidamente e já ia entrar quando Shigure o deteve chamando-o.

"O que foi?".

"Ele te disse isso?" Perguntou ele com curiosidade.

"Não abuse de minha paciência, Shigure" Ele dissera com tom de aviso.

O cão sorriu divertido. Yuki seria um tolo se pensasse que ele não enxergava as coisas.

Yuki passou boa parte do dia tentando ocupar sua mente para se distrair e não pensar em Kyo. Tentou ler, estudar para o teste de segunda, ver televisão, ouvir música...

Pelo visto não estava sendo eficaz já que todo momento lhe vinha na mente imagens altamente perturbadoras.

Culpa do gato, lógico. Que vinha deixando-o neste estado de tortura há uma semana. Seus hormônios estavam pra lá de enlouquecidos. Teria que fazer um enorme esforço quando o primo chegasse para não pular em cima dele assim que ele cruzasse a porta.

Oh, isso era de fato constrangedor. Tohru ali perto dele, servindo o jantar enquanto sua mente viajava numa maneira mais prazerosa de utilizar a mesa da cozinha.

Controle-se, Yuki. Não é hora para este tipo de pensamento.

Forçou então um sorriso diante da garota que se sentou a seu lado. Graças a Deus, Shigure havia saído com seu irmão e Hatori. Era menos um ali.

"Kyo, seja bem vindo!" Ouviu Tohru dizer fazendo-o acordar. Quase deu um pulo, tamanho foi seu susto.

Kyo havia acabado de adentrar a cozinha. Lançou um olhar pra lá de significativo para Yuki quando se sentou de frente a ele.

Um silêncio mórbido os acompanhou durante todo o jantar. Apenas Tohru era capaz de quebrá-lo algumas vezes quando conversava com Yuki. Este fingia que não notava os insistentes toques dos pés de Kyo, que teimavam em subir pelas suas pernas. Nem os olhares cheios de luxúria. O maldito parecia estar se divertindo em torturá-lo ali mesmo na cozinha perto da inocente Tohru, que felizmente não desconfiava de nada.

"Ele vai me pagar caro por isto...".

Kyo não estava com um pingo de apetite. Correção, não aquele tipo de apetite. Estava muito a fim de subir logo até o quarto do rato e satisfazer o seu corpo até a completa exaustão. Isto era uma coisa que ele era completamente capaz de lidar. Deixaria para pensar nos malditos sentimentos depois.

Continuou provocando-o, observando satisfeito o crescente desejo naqueles olhos violetas que o fitavam. Ele também parecia não agüentar mais tudo aquilo.

Kyo deu boa noite a Tohru e subiu diretamente até o quarto de Yuki. Esperava que o primo entendesse a deixa e o encontrasse lá em pouco minutos.

O rato ficou lá ainda um pouco. Ofereceu ajuda a Tohru para tirar a mesa, pensando em como aquilo parecia loucura. Mas desejando ardentemente perder-se nela e esquecer de todo o resto.

Amar Kyo era de longe algo que ele nunca pensou que fosse acontecer em sua vida. No entanto havia acontecido. A questão era se ele o amava.

Parou diante da porta de seu quarto. Este último pensamento martelando em sua cabeça, fazendo-o hesitar, por um segundo.

Mas ele o queria, diabos! Não era o bastante?

Abriu a porta, decidido. Kyo estava parado perto da janela, os braços cruzados sobre o peito, encarando-o na penumbra do quarto.

Yuki trancou a porta para que não fossem interrompidos de forma alguma. O coração batendo mais forte a cada passo que dava em direção ao amado. O nervosismo se fazendo cada vez mais presente.

Kyo pensou que deveria dizer alguma coisa, muito embora o que queria naquele momento não precisasse de palavras. O primo parou a poucos centímetros de si, encarando-o com aqueles olhos violetas que pareciam acesos na semi-escuridão do quarto.

O gato deu o primeiro passo, reduzindo a já pequena distância com um cálido beijo. Isto não pareceu suficiente para o rapaz menor que tentava aprofundar mais aquele beijo, puxando-o pela nuca.

"Sem pressa" Kyo murmurou contra a sua boca faminta, que lhe mordia levemente, provocando-o "Não estamos no chão da sala".

Yuki sorriu lembrando-se da primeira vez que tinham se amado. Pensou em como aquilo tinha sido extremamente insensato e estúpido. Mas era inegável que tinha sido bom.

"Então você me provoca lá embaixo e acha que vai fazer as coisas do seu jeito?"Afastou-se com um sorriso travesso. Se ele queria que fosse lento, faria ser lento o bastante para enlouquecê-lo.

"Adorei ver o modo como você me olhava" Kyo aproximou-se novamente, sussurrando em seu ouvido, aproveitando para lamber seu pescoço alvo. "É ótimo vê-lo perder esta pose que você tem".

"Eu não tenho pose alguma, bichano" Yuki desceu suas mãos pelo abdômen trabalhado deixando sua unhas arranharem de leve a pele. Kyo deixou escapar um gemido contido. Qualquer pensamento coerente se esvaindo de sua cabeça.

Yuki deleitou-se com aquele som. Esperava ouvir muitos como aquele durante toda a noite.

Com prazer voltou a beija-lo lentamente, de modo romântico. Observando o jeito que ele se agarrava a sua camisa, tentando inutilmente aprofundar o beijo.

Dava para começar a sentir uma certa irritação da parte do ruivo, que parecia querer manter o controle sobre aquele pequeno jogo de sedução.

Yuki o afastou gentilmente, com ambas as mãos em seu tórax, para em seguida prensa-lo contra a parede.

Sentiu a respiração entrecortada de Kyo em seu pescoço. Fechou seus olhos quando sentiu pequenas mordidas em toda a sua extensão fazendo com que correntes elétricas corressem por todo seu corpo.

"Este é o seu ponto fraco?" Kyo sussurrou, a voz rouca, que vibrava com o tom inconfundível de lascívia.

"Humm..." Yuki não conseguira nem responder. Puxou-o para um beijo voraz, desejoso e meio violento. Segurou-o firmemente pela nuca, saboreando aqueles lábios suculentos com ganância, como se quisesse devorá-lo.

Kyo sentiu-se entorpecido por um momento. Yuki parecia tão faminto que o surpreendeu.

O gato puxou-o pela cintura, aproximando mais o seu corpo do dele. Deixou suas mãos descerem pelo torso parcialmente descoberto pela camisa de botões. Rodeou-lhe os mamilos que ao leve toque de suas mãos enrijeceram. Deu um sorrisinho satisfeito, sem conseguir conter-se enquanto o primo parecia não estar disposto a parar com sua lenta sessão de torturas.

Yuki levantou-lhe a cabeça energicamente pelos cabelos ruivos, passando a língua quente e atrevida rapidamente pela boca entreaberta e descendo por seu maxilar. Subiu para o lóbulo da orelha, passou pelo pescoço, mas desviou, sorrindo abertamente ao ouvi-lo murmurar 'miserável'. Prosseguiu com a língua seu caminho através do peito forte, chegando ao mamilo. Sentiu-o trepidar ao ter o primeiro toque e gemer quando o sugou levemente.

Foi o que bastou a Yuki. Seu autocontrole estava vindo abaixo junto com as roupas que se apressavam em despir. Seus dedos abriam-lhe a braguilha da calça jeans escura. Kyo fez o mesmo, beijando-o desesperadamente.

Mal a calça do ruivo escorregou ao chão, Yuki abaixou-se, assaltando as coxas torneadas com lambidas e chupadas.

Kyo arqueava seu corpo involuntariamente por conta dos toques perturbadores que o enlouqueciam. Enterrou as mãos naqueles cabelos macios ao sentir mãos habilidosas se insinuarem pelo elástico de sua cueca. Um rosnado escapou de sua garganta ao sentir uma mão se fechar em seu membro, começando a masturbá-lo lentamente.

"Oh, Yuki... Assim ..." murmurou baixinho entre gemidos incontidos.

Mas o rato não parecia ainda satisfeito. Queria prová-lo, saboreá-lo. Interrompeu o que fazia descendo suas mãos pelas coxas firmes de Kyo. Ouviu um grunhido de protesto, mas não deu atenção. Estava altamente concentrado naquele momento único em dar prazer a pessoa que amava.

Ajoelhou-se no piso frio extasiado pela visão da ereção do outro. Olhou para aqueles olhos rubros que o fascinava desde sempre. Pareciam duas chamas acessas e brilhavam somente para ele.

Yuki tomou-o com a língua devagar, passeando com ela suavemente por toda extensão de seu membro enquanto a outra mão livre massageava-lhe os testículos. Seus olhos novamente buscaram os dele. Certamente era a imagem mais erótica que já tinha presenciado em sua vida: Kyo o observava, olhos semicerrados, enevoados de luxúria. Mordendo os lábios na tentativa de conter gemidos mais altos.

Na mente de Kyo, somente a visão de Yuki abaixado, lambendo-o e chupando-o daquele jeito era capaz de levá-lo a loucura. Seu corpo estava sendo tomado por ondas de prazer que o percorriam velozmente. Sentia suas pernas tremerem, cedendo ante ao clímax eminente que sabia, não demoraria a vir.

"Mais rápido..." sussurrou com a voz soando fraca de tanto desejo. Sua mãos enterrando-se naqueles cabelos macios, tentando controlar a intensidade do movimento.

Yuki não parecia muito disposto a atendê-lo, pelo contrario, passou a ser extremamente lento, o suficiente para chegar a irritá-lo.

"Ratazana desgraçada..." Kyo grunhiu completamente ciente de que o rato tinha em mente torturá-lo. E o pior era que estava conseguindo. Daquele jeito não ia atingir o ápice tão cedo.

Então para sua grande frustração e fúria ele parou o que estava fazendo e se afastou com um sorriso suspeito.

" O que esse miserável tem em mente?"

O rapaz de cabelos cinzentos deitou-se na cama imaginando se tinha pego pesado demais com o primo que por um motivo tinha um olhar homicida no rosto.

Kyo se aproximou com aqueles movimentos sedutoramente felinos que somente ele era capaz de fazer e sentou-se na cama. Encarou-o de cima a baixo como se o devorasse com os olhos. Aquele olhar sobre si fez com que Yuki se sentisse pegar fogo.

Fechou os olhos violetas lentamente ao senti-lo tocar suas coxas alvas com a unha em direção ao seu membro que exigia atenção. Umedeceu os lábios em expectativa. Poderia vir qualquer coisa de Kyo e esse era um dos motivos que sempre o fascinara no gato. A sua completa imprevisibilidade. Além do temperamento explosivo que podia sentir na pele agora. Kyo tinha um sorriso malévolo e parecia disposto a castigá-lo.

"Oh, sim, castigue-me..." foi capaz de pensar entre os gemidos.

Mas o gato começou a gostar daquela brincadeira e não ia parar tão cedo. Ia fazê-lo implorar que o possuísse.

Continuou com o suposto 'castigo' dando leves mordidas, marcando a pele alva que rapidamente se tingia de vermelho. Lambendo onde antes havia mordido, tocando-o suavemente entre as pernas, penetrando-o com um dos dedos. Ouvindo sua respiração ficar cada vez mais rápida.

"Assim...mais...eu quero mais..." Yuki murmurou, ofegante, a voz embargada em prazer.

"Você é delicioso..." Kyo conseguira articular aos sons de seus gemidos. Seu controle caindo por terra ao contemplar a expressão de extasiado prazer na face do rato.

"Quero você...agora..." exigiu ele.

"Me quer dentro de você?" perguntou safado, o gato. O sorriso malicioso adornando os lábios generosos.

"Eu não agüento mais...Possua-me" Yuki pediu puxando-o pra cima de si.

Cada célula de seu corpo do gato vibrava de desejo. Não poderia negar o pedido do amado mesmo que quisesse prolongar aquele joguinho. Queria mergulhar naquele corpo quente e acolhedor. Perder-se nele.

Kyo o penetrou lentamente, tentando conter-se enquanto iniciava o vai e vem. Seus olhos concentrados no outro, deleitando-se em vê-lo arfar a cada movimento mais forte, pedindo por mais. Arranhando sua pele, marcando-o.

"Mais rápido..." Yuki sussurrou-lhe ao pé do ouvido.

Foi aumentando o ritmo devagar encorajado pelas palavras de Yuki. Sentindo-o estremecer quando ergueu sua cintura, penetrando-o mais fundo.

O rapaz de cabelos cinzentos puxava os lençóis com força, mordendo os lábios, totalmente entregue ao prazer que sentia.

Não queria pensar em mais nada. Queria apenas render-se ao momento. Senti-lo dentro de si. Mesmo que, quando aquilo acabasse, Kyo lhe virasse as costas. Ainda assim teria valido a pena.

Os movimentos foram se tornando mais possessivos e urgentes a cada estocada enquanto gemidos cada vez mais empolgados enchiam todo o quarto. Eles não eram capazes de se conterem mais e ambos atingiram o ápice quase simultaneamente.

Ofegante e completamente exausto, Kyo simplesmente largou-se sobre a cama. Olhou para o teto, intranqüilo diante daquela intimidade compartilhada com o primo. Os dois nus sobre sua cama. Os dois rapazes que desde a infância haviam sido inimigos. Os dois, minutos atrás gemendo o nome um do outro.

Yuki suspirou longamente tentando fazer com que seu batimento cardíaco voltasse ao normal. Subitamente sentindo seu peito comprimir. O que viria a seguir? Estaria ele preparado para a reação negativa de Kyo? Estaria ele preparado para magoar-se novamente? Tinha se deixado levar pelo momento mas qual seria o preço de sua atitude imprudente?

Por que Kyo não dizia uma única palavra?

Uma lágrima amarga teimou em surgir nos seus olhos. Ele virou-se para o outro lado não querendo que outro visse. Aquilo era vergonhoso. Era uma péssima hora para chorar. Que tipo de homem choraria naquele momento?

"O que houve com você?" veio rápida a pergunta de Kyo

Silêncio.

"Por acaso o machuquei?" o gato insistiu, sua voz assumindo tom de preocupação.

Soluços.

"Ei, diga-me o que houve?" Kyo sentou-se, puxando-o pelo ombro.

"Não...Não houve nada" mentiu Yuki.

Kyo perdeu a paciência.

"É óbvio que aconteceu alguma coisa!"

Yuki não foi mais capaz de segurar a torrente de lágrimas. Virou-se e o encarou nos olhos.

A surpresa momentânea de Kyo perante suas lágrimas deu lugar a um sentimento de desespero. Um nó se formou em sua garganta. Por que ele chorava? O que significava aquilo? E porquê aquilo lhe doía tanto?

"Yuki, eu..."

"Por favor, não diga nada" Yuki retesou-se abraçado os joelhos, afundando a cabeça entre as pernas.

Aturdido, Kyo lembrou-se terrivelmente de seus momentos de desespero, de desesperança. Lembrou-se que era ele que costumava ficar daquele jeito, não Yuki. Uma angústia apoderou-se de seu coração. E então deu-se conta de seus verdadeiros sentimentos pelo primo. Não mais se sentia satisfeito em atacá-lo. Não se comprazia de sua dor. Ao contrário, suas lágrimas o machucavam muito.

"Yuki..." tentou chamá-lo novamente, tocando-o gentilmente nos cabelos macios.

"Deixe-me sozinho..." ele dissera num sussurro quase inaudível. Sentia-se patético, nunca em sua vida imaginara-se naquela situação. Era melhor terminar aquilo tudo de uma vez. Kyo nunca o amaria. Quem poderia amar uma pessoa tão fraca como ele?

"Você não está mais sozinho..."

Aquelas palavras... Teriam elas o significado que imaginara?

Levantou seu rosto alvo ainda tingido por lágrimas, encarando o outro, em muda expectativa. Sua razão dizendo-o que talvez Kyo só quisesse consolá-lo.

O gato sorriu ao notar a dúvida estampada nos seus olhos violetas. Era natural, eles sempre haviam se odiado. Era normal que ele não acreditasse tão fácil no que dissera.

Sem dizer uma palavra, Kyo o abraçou ternamente pegando-o de surpresa. Em seguida sussurrou-lhe ao pé do ouvido:

"Voltei porque não queria mais fugir. Voltei pra esta casa porque o amo. Creio que o amo há algum tempo."

Em meio a surpresa da declaração repentina, o rato emudeceu. Ficou em silêncio alguns segundos saboreando o som e o significado daquelas palavras e depois o abraçou de volta, fortemente.

"Eu também amo você, Kyo..." falou baixinho, como se aquilo fosse um segredo há muito tempo guardado.

" E só agora me dei conta...Assim, em seus braços, que apenas você é capaz de me fazer sentir assim..." Pensou Kyo, uma imensa felicidade tomando conta de seu coração. Eles se amavam, o resto não poderia ser mais importante que aquilo.

N/A: Gente, peço mil desculpas...Tá bom eu sei que demorei demais...muito mesmo. Mas vocês devem compreender e desculpar esta humilde universitária que ultimamente não tem tempo pra nada. Eu queria ter atualizado há séculos mas é tanto trabalho, provas que não conseguia tempo e nem criatividade pra escrever. Espero que tenham gostado deste capítulo final, por favor revisem, a opinião de vocês é muito importante. E muito obrigado a todos que leram e curtiram, principalmente aqueles que comentaram no último cap: Ringo-go-go XD, Shido Kurokawa e Mo de Áries. Se esqueci de alguém, me desculpem...Beijos e até a próxima fic...XD