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Vampira apalpou a cama inconscientemente ao mesmo tempo que tentava abrir os olhos. Desde que os pesadelos haviam cessado, seu sono havia se tornado pesado e profundo, algo que vinha a calhar no Instituto onde ela morava com mais de vinte outras pessoas, na maioria adolescentes barulhentos.

Ainda meio grogue, ela conseguiu abrir os olhos, porém já sabia onde estava, pois o cheiro dele estava por toda a parte. Ela soltou um grunhido de dor ao perceber que havia dormido de mal jeito; o pescoço estava duro, o braço direito dormente e vergões causados por suas roupas, predominantemente ao redor do quadril e nas costas. Choramingando ela rolou o corpo para mudar de posição, fazendo uma nota mental para nunca mais dormir de sutiã e calça jeans. Sequer sabia ao certo quando havia caído no sono. Ficou abraçada a Remy pelo que pareceram horas, ouvindo a respiração dele, antes que perdesse a consciência.

Permaneceu deitada, ainda com a cabeça leve pelas poucas horas de sono, quando viu Remy deixar o banheiro, usando a toalha para secar os cabelos, de costas para ela. Da cama, Vampira admirou a visão com um sorrisinho travesso. Quando ele viu que ela estava acordada, rapidamente desceu a toalha e a enrolou na cintura.

"Acho que já passamos dessa fase, gatinho" ela murmurou com uma voz que saiu rouca.

Ele caminhou até ela e se sentou. "Estava tentando ser um cavalheiro."

Vampira ergueu o corpo e se sentou; endireitou as costas e as ouviu estalar. "É a primeira palavra que me vem à cabeça quando penso em você."

Ele curvou o corpo para mais perto dela. "E com que frequência você pensa em mim?"

"Não muita" seu sorriso espelhava o sorriso descarado dele. Ela acariciou os cabelos molhados dele, passando os dedos por eles como se os penteasse. Notou pelo seus olhos que ele não havia descansado um minuto sequer.

Remy pareceu tomar fôlego para dizer algo, mas apenas sorriu um sorriso meio murcho e deitou um beijo na testa dela. Ele tentava disfarçar, mas estava atordoado pelas revelações de horas atrás. Por experiência, Vampira sabia que o melhor que poderia fazer era estar ao lado dele.

Após voltar para o quarto de hóspedes à procura de um banho e roupas limpas, Vampira voltou para o quarto dele. Ela agora vestia shorts, uma blusinha com bastante pele à mostra e um pouco de cor no rosto. Sentia-se completamente confortável em expor a pele. Agora escolhia o que ia vestir de acordo com o clima e seu humor, não mais pensando na probabilidade de causar um acidente. Não havia trazido muitas mudas de roupa, mas, como o clima estava quente, trouxera as roupas certas.

Trocando poucas palavras, os dois desceram para tomar café da manhã, mas Remy apenas beliscou. Não encontrou o pai e Tante Mattie não estava por perto. Remy desconfiou de que Jean-Luc houvesse aberto o jogo com ela após a verdade ter sido exposta. Era melhor assim, ele pensou, não querendo lidar com mais ninguém, ao menos não tão naquele dia. Lançou um olhar para Vampira e se sentiu aliviado por não encontrar piedade, mas sim um sorriso encorajador.

Deixaram uma mensagem para avisar que haviam saído para trabalhar em sua investigação e que provavelmente não retornariam naquele dia. Mas, na realidade, voltaram ao apartamento dele. Primeiramente cogitaram sair para investigar, para mover os pensamentos para outro lugar, porém não havia pistas para seguir. A segunda opção seria sair e fazer "coisas normais de casal", nas palavras de Gambit. Mas, no fim, perceberam que o que queriam mesmo era ficar apenas os dois. Privacidade não era algo de que Vampira dispunha com frequência no Instituto, então queria aproveitar o tempo que pudesse a sós e ele compartilhava do sentimento, mesmo que fosse para passar o dia abraçados em silêncio.

"Desta vez lembrei de trazer a mochila" Vampira comentou de bom humor, jogando a mochila ao pé do sofá.

Gambit respondeu apenas com um resmungo distraído. Caminhou em direção ao quarto e parou a poucos passos da porta quando seus olhos caíram sobre a cama. Lembrando-se dos dois na cama, em como ele havia pensado que poderia recomeçar, que poderia deixar tudo para trás e começar do zero. O quão ingênuo havia sido. O dia anterior havia sido uma armadilha na sua perfeição. Fez com que ele sonhasse sonhos impossíveis, que acreditasse que havia a chance de mudar e fugir. Mas não havia escapatória, ele precisava voltar a se lembrar disso.

"Tem um detalhe que eu não te contei" ele disse de repente, virando-se para Vampira, que o havia seguido até o quarto e estava parada à porta, com os braços cruzados. Ela o esperou continuar, mas notou que os olhos dele haviam de repente se tornado opacos. "O casamento armado há mais de vinte anos... tentaram de novo... comigo."

Isso chamou a atenção de Vampira. "Você e a...?" o nome a escapou.

"Bella Donna, oui."

Vampira caminhou até ele, mas manteve os braços cruzados. Sentiu uma picada de ciúmes, que fez seu peito pesar. Não entendeu por que ele deixaria esse detalhe de lado para horas mais tarde lhe contar, propositalmente. "Por que não me contou antes?"

Gambit ignorou a pergunta. "Por que você confia em mim?" ele perguntou; seu tom de voz havia mudado, estava duro, monótono, sem emoção. Ela o encarou de volta com surpresa. "Tem muitas coisas que você não sabe sobre mim. Eu menti pra você mais de uma vez... eu... escondi a verdade sobre os documentos que provavam que você estava em perigo... eu até sequestrei você, eu... tudo que eu já fiz foi mentir pra você."

"Só que isso não é verdade" ela disse ao dar um passo vacilante na direção dele. O olhar dela era tão compreensivo que ele virou o rosto como se ele fosse um vampiro e ela lhe apontasse uma cruz. "Você escondeu os documentos de mim porque queria me proteger. Eu mesma demorei pra entender isso. Sim, você me jogou dentro de um trem e me trouxe para cá, mas havia um motivo."

"O motivo" ele a encarou novamente com o rosto sem expressão, a voz fria. "era que eu precisava dos seus poderes. Eu só usei você."

Vampira cerrou os dentes, mas segurou o olhar dele. Aquele era o assunto mais doloroso para ela e ele o estava usando contra ela. Era um golpe baixo, mas ela sabia o porquê. Teria doído mais se não fosse óbvio que ele estava mentindo.

"Você está com medo do que mais pode descobrir. Mas me afastar só vai te trazer mais sofrimento" assim que as palavras deixaram seus lábios, ela percebeu que era exatamente o que ele queria: afundar sozinho em sofrimento e autocomiseração.

Ele novamente fingiu não ouvir o que ela dizia, como se estivesse seguindo um roteiro. "Você não deveria confiar em mim."

"Não importa o que mais você descubra, Remy, não vai mudar quem você é."

"E quem eu sou?" sua voz mudou, finalmente voltou a ganhar traços de emoção. "Eu sou um ladrão. É tudo que eu sei ser. Será que você não entendeu ainda? Eu sou mesmo um LeBeau... e talvez algo muito pior. Minha... mãe tentou sair e acabou morta e sozinha. Não há escapatória de quem eu sou. Eu passei a minha vida inteira enganando, roubando e mentindo" ele falava mais rápido agora, mais odioso e intenso, "tirando vantagem de quem passasse no meu caminho... tirando proveito de garotas como você."

"Não faça isso" a voz dela também se tornou mais energética, embora continuasse baixa, dentes cerrados. "Você não vai conseguir me afastar, mas vai acabar me magoando."

"Você deveria ir embora" ele disse sem conseguir encará-la.

Houve um momento de silêncio durante o qual Remy achou que havia conseguido estragar tudo e afastar a única pessoa que queria ao seu lado. E mesmo doendo tanto, ele acreditou que seria melhor dessa forma.

"Você não precisa ficar sozinho, Remy" ele a ouviu dizer tão sinceramente que sentiu uma pontada, como se tivesse sido esfaqueado no peito. Ela deu mais um passo à frente; seus braços agora pendiam ao lado do corpo. Sua voz pouco mais que um sussurro. "Você que ainda não entendeu que eu não vou te deixar..." ela pareceu tomar fôlego "eu estou apaixonada por você" ele ergueu o olhar até ela, mas manteve a cabeça baixa. "No começo eu não queria estar. Sabe quanta merda eu tive que aturar depois que você me trouxe para cá à força? Ouvi sermão do Wolverine, do Ciclope, do Kurt... é, você mentiu pra mim, você me enganou. E doeu muito. Eu fui usada a minha vida inteira e você me fez acreditar que era diferente, mas no fim você também me usou. Depois você voltou e eu quis te odiar. Eu quis tanto te odiar, porque era o que você merecia e teria sido fácil se você não tivesse mostrado quem realmente é.

"Quantas vezes tive que repetir para mim mesma pra começar a acreditar que eu mereço ser feliz porque isso não é natural pra mim. Eu fui criada em meio a mentiras e isolada; a Mística controlou cada aspecto da minha vida. Por muito tempo achei que era tudo o que eu merecia. Até que os X-Men me mostraram que eu não estava sozinha. E então você apareceu e..." ela se calou por um momento. A garganta ardia com lágrimas que ela não deixaria escorrer. "Quando estávamos sozinhos naquela cela você acha mesmo que o que aconteceu foi porque eu queria aproveitar a minha única chance? Era porque era você, Remy. Eu só queria que fosse com você porque eu te amo" a vulnerabilidade que ela sempre tentou esconder, de repente irrompeu sem que ela pudesse evitar. "Agora você pode dizer de maneira convincente que só me usou e eu saio da sua vida. Foda-se essa missão. Ou você pode parar com essa encenação ridícula e dizer o que realmente sente por mim."

"Eu te amo" ele disse sem um segundo de hesitação.

"Eu sei."

"Um pouco menos a cada referência de Star Wars" ainda era cedo demais, mas ele tentou rir e a tomou nos braços. Ela fungou, enxugando uma lágrima que escapuliu.

Nunca antes haviam sentido a necessidade de dizer em voz alta o que sentiam um pelo outro, pois palavras como aquelas poderiam ser enganosas ou ditas apenas no calor do momento. Entretanto, perceberam quase ao mesmo tempo, o peso real que aquelas palavras carregavam e que dizê-las e ouvi-las era libertador.

Ele a apertou forte, compreendendo, provavelmente pela primeira vez o que era não estar sozinho. Era um conceito que ela também havia custado a acolher. Foi apenas quando parou de relutar e aceitou a ajuda de seus amigos, daqueles que se importavam com ela, que Vampira finalmente compreendeu que não precisava passar por tudo sozinha. A maneira que ele a apertava, buscava conforto e extraía forças do seu apoio mostravam que ele precisava dela ali. Ele murmurou desculpas no ouvido dela.

"Você não está sozinho" ela repetiu, baixinho. Ele finalmente acreditou.

Permaneceram em pé, abraçados por um longo tempo. Em algum momento, ela sentiu ser levantada e, se impulsionando para cima, enrolou as pernas nele. Poucos passos mais tarde ela caiu de costas na cama, o cabelo se esparramando. Ele se deitou de lado, apoiado no cotovelo, seus rostos próximos.

"Eu queria que não houvesse segredos assim entre nós" ela murmurou, esperançosa.

Os olhos dele se entristeceram. "Existem sentimentos que são apenas nossos."

"Eu sei. São diferentes de segredos. Segredos corroem por dentro se os prendermos por muito tempo."

"Mas dividir o peso é injusto" seus olhos correram por todo o rosto dela, contemplativo. "Já fiz tantas coisas de que não me orgulho."

"Eu também" a sua imagem empurrando morro abaixo a estátua que achou ser a Mística e a assistindo se estilhaçar apareceu na sua mente, fazendo seus olhos doerem por trás como se tivessem sido penetrados por agulhas. O olhar de dor de Kurt, a vergonha que se seguiu. Ela abanou a cabeça, percebendo que ele tinha razão. Ainda assim havia segredos que poderiam ser compartilhados, que os libertavam ao serem revelados.

Ela murmurou o seu nome no ouvido dele.


"Como pode ficar cada vez melhor?" ela perguntou sem fôlego mais a sério do que o seu tom de brincadeira fez parecer após ter colapsado sobre o peito dele, que também oscilava rapidamente. Ouviu a gargalhada de concordância que veio do fundo da garganta dele. Ela ergueu o rosto corado buscando os lábios dele, sentindo o arrepio que os dedos emaranhados nos seus cabelos proporcionavam.

Desta vez ela sequer havia pensado em segurar os seus poderes sob controle. Até então havia a noção, no fundo da sua mente, de que havia a possibilidade de machucá-lo enquanto ela se deixava perder o controle de outras formas. Notou, com um sorriso largo, que não precisava mais temer perder o controle. Ela nunca achou que poderia ser tão livre.

As mudanças graduais pelas quais ela passou naqueles últimos tantos meses haviam culminado em uma total confiança de que ela sabia quem realmente era e o que queria. Já não temia que aqueles momentos com ele poderiam ser efêmeros ou se questionava se haveria um futuro para eles. Tinha certeza apenas de como seus corpos se encaixavam perfeita e harmoniosamente.

"Acho que estou ficando boa nisso" ela disse, em tom brincalhão, ainda sentindo uma sensação prazerosa entre as pernas.

"Não brinca. Eu... adorei... quando... você..." ele foi dizendo lenta e pausadamente enquanto aproximava os lábios da orelha dela, deixando a voz cair até se tornar um murmúrio, e terminou de dizer em um cochicho que fez o corpo inteiro dela se arrepiar antes de ele lhe mordiscar a orelha.

Ela jogou a cabeça para trás, as pálpebras pesadas, sentindo os lábios e a língua dele deslizando pelo seu pescoço até o ombro. Havia todas aquelas sensações que eram tão novas para ela; coisas que ela sequer sabia. Toda a vantagem de experiência que ele tinha sobre ela desaparecia a cada olhar de espanto e fascinação dele, a cada toque carinhoso e quase hesitante de seus dedos que exploravam cada parte do corpo dela, da mesma forma que ela explorada o corpo dele.

"A melhor parte" ele sussurrou, novamente perto da orelha dela, escorregando as mãos até a barriga dela "foi descobrir que você tem cócegas."

Ela convulsionou em gargalhadas, tentou protestar, se contorceu, tentando se esquivar. "Se você fizer isso de novo..." ela disse assim que ele parou, os olhos lacrimejados e o abdômen dolorido de tanto rir, mas não conseguiu pensar em nenhuma ameaça inteligente. "Você vai ver só."

"Vou ver o quê?" ele perguntou retoricamente, dobrando os braços e os colocando atrás da cabeça, com um sorrisinho sem-vergonha a desafiando.

Ela cruzou os braços lentamente, observando-o com as pálpebras semicerradas e uma expressão que apontava que iria encarar o desafio. Mas era um blefe, ela apenas tentava ganhar tempo. Para a sua sorte seu celular tocou.

"Salva pelo gongo" ela disse antes de apanhar o aparelho em um movimento ligeiro e sair correndo, levando o lençol consigo.

Ela voltou alguns minutos mais tarde. Gambit havia permanecido no mesmo lugar. "O que aconteceu com ser um cavalheiro?" ela perguntou, segurando o riso.

"Já passamos dessa fase, chérie" ela se aconchegou novamente nos braços dele. "Era o Wolverine?"

"Não. O Kurt. Queria saber como eu estou."

"Ele sabe que você está comigo?"

"Acho que sim" ela disse dando de ombros. Ela e Wolverine haviam saído às pressas, mas quem era mais próximo dela de certo ficou sabendo do seu paradeiro. "Ele sabe que estou aqui na cidade."

"Quanto eles sabem sobre nós?" ele perguntou após uma pausa, a voz séria.

Ela mudou levemente de posição para poder olhá-lo no rosto. "Eu não sei. Ninguém naquela mansão é cego."

"E tudo bem por você? Há pouco tempo eu era o inimigo."

Ela percebeu que ia além de ele simplesmente ter lutado do outro lado, mas não disse nada a respeito disso. "Você não é o inimigo há bastante tempo" ela disse, acariciando o rosto dele. "Depois de todas aquelas semanas que você passou no Instituto, todos se acostumaram com a sua presença" ela fez uma pausa breve. "Acho que muitos já consideravam você um de nós."

Ele ofereceu um sorriso pouco esperançoso. "Você realmente acha que daria certo?"

Não era o que ela achou que ouviria. Por alguns instantes, não soube o que responder, então rebateu com outra pergunta. "Por que não daria?"

Remy deu de ombros de uma maneira incerta. Muitos motivos contra a ideia de fazer parte dos X-Men passavam pela sua mente e contrastavam com a lembrança da sensação de pertencimento da qual havia fugido. Embora conseguisse pensar em uma série de razões para que fosse uma má ideia, ele não disse nada. Vampira mudou levemente de posição até estar sentada, com uma perna de cada lado dele, prestes a fazer uma piada para suavizar o clima quando Remy endireitou as costas e a puxou para si; eles envolveram os braços ao redor um do outro, os rostos próximos, os narizes quase se tocando, o olhar preso um no outro. Não precisavam dizer mais nada.


Eles puderam desfrutar de mais um dia e noite de tranquilidade. Gambit se esforçava para manter os pensamentos longe do que havia descoberto e do que poderia vir a descobrir, mas era uma tarefa árdua. Ele não conseguia evitar repassar a história que Jean-Luc lhe contou no dia anterior. Tomava conta de seus pensamentos, ele quisesse ou não.

Várias vezes, Vampira o viu absorto, os olhos parados, parecendo olhar fixamente para um ponto qualquer quando na realidade não enxergava nada à sua frente. Às vezes ele tentava disfarçar, mas logo caía novamente em contemplação. Contudo, não conseguiria sem ela. Perguntou-se se Vampira tinha noção do quanto a sua presença e apoio eram fundamentais para que ele não enlouquecesse. Naquela noite, abraçados na cama, ele lhe disse isso. Os olhos dela brilharam em um verde líquido.

Na manhã seguinte, às seis horas de uma segunda-feira nublada, o celular de Gambit vibrou sobre a mesa de cabeceira, despertando os dois. Gambit resmungou e mudou de posição. Tinha acabado de conseguir cair no sono e esperava ficar na cama até mais tarde. Ele ignorou o zumbido até que parasse. Instantes mais tarde, o zumbido insistente recomeçou.

Suspirando, ele retirou os braços que estavam ao redor de Vampira, e apanhou o celular. Atendeu com a voz rouca.

"Você sabe que horas são?" perguntou para quem quer que estivesse do outro lado da linha.

"Na verdade não."

Ele então se espertou ao ouvir a voz de Fence, que não sabia que era cedo tampouco o dia da semana. Quando se empenhava em um trabalho desafiador, não havia descanso. Saber a hora e data era uma perda de tempo e esforço.

"Encontrei mais sobre o indivíduo que você está procurando" Fence informou. Podia-se ouvir o bater dos teclados. "Sabe o galpão abandonado? Não deve estar tão abandonado assim. Alguma coisa deve ter passado despercebida por você, Remy, pois o grandalhão voltou lá um dia depois. E a parte mais interessante é que ele não saiu pelo mesmo lugar que entrou."

"Não havia outra saída, Fence, só a entrada e janelas quebradas."

"O que eu sei é que o cara entrou em um galpão abandonado, e surgiu a quase um quilômetro de distância, saindo de outro galpão" afirmou e lhe informou o endereço. "Ainda tem mais. Sobre a louca suposta assassina de bebês, ela sumiu após ser inocentada, porém encontrei evidências de que ela voltou depois de alguns anos. Sua última aparição foi há uns quinze anos, o que faz dela uma bruxa muito, muito velha. E é agora que vem a parte interessante: ela foi vista pela última vez a poucos quilômetros de onde seu amiguinho brutamontes visitou."

"Alguma pista nova?" Vampira perguntou assim que ele desligou o telefone.

Gambit abanou a cabeça, pasmado. "A vinda de Dentes-de-Sabre pra cá pode estar conectada com a Amanda Mueller. Precisamos voltar àquele galpão" ele se voltou para ela. "Deixamos alguma coisa escapar."

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