Capítulo Quinze
Isabella Swan
"Mais caos para a família Swan, Charlie e Renée anunciam divórcio."
Eu sabia que Charlie amava Renée, via isso na forma como ele olhava para ela e como sempre lhe entregava um buquê de flores só por querer a presentear a qualquer dia, sem ser em uma data comemorativa. Talvez quando eu era mais nova não conseguia perceber como Renée não devolvia o sentimento na mesma intensidade, mas isso ficou claro quando o Escândalo Swan estourou e ela facilmente deu as costas para a nossa família, pois preservava seu trabalho em primeiro lugar.
Charlie ficou arrasado com o divórcio, talvez ele também não tinha, até aquele momento, percebido como amava mais do que sua esposa. Ainda assim, por mim, ele se manteve o mais forte para me proteger.
Nunca vi meu pai chorar pelo fim do seu casamento, mas sabia que acontecia. Ele sempre se refugiava no seu estúdio e colocava música alta para tocar, toda vez que ele deixava aquela sala estava com os olhos vermelhos e marejados, eu sabia o que aquilo significava.
Demorou muito tempo para novas flores entrarem em nossa casa, mais tempo ainda para eu ver Charlie dar um sorriso sincero. E eu nunca mais o vi amando alguém como amava Renée, até Carmen aparecer.
Por isso eu a queria longe, não podia deixar meu pai quebrar novamente. Ele tinha cuidado de mim durante toda minha vida, estava na hora de cuidar dele e o manter longe daquela mulher que eu sabia que era um problema.
(...)
Eu estava fodida.
No sentido figurado e no literal da palavra.
Que merda eu tinha acabado de fazer? Por que diabos acabei transando com Edward?
Porra, porra, porra!
— Tudo bem, senhorita Swan? — Emmett perguntou do banco da frente do carro, ele estava me levando para longe da mansão do Cullen, depois de eu ter cometido mais um estúpido erro na minha vida.
— Sim — respondi rispidamente, sem querer ficar de papo furado com o segurança.
— Eu lamento muito por ter deixado a festa chegar tão longe…
— Apenas dirija, Emmett! — exigi, olhando pela janela do carro. Eu tinha dado o endereço de Tanya para ele, precisava falar com ela, era a única pessoa que podia saber sobre meu mais novo erro.
Fechei os olhos, respirando fundo, tentando manter a calma. Não adiantou muito, aquilo só fazia as imagens de Edward e eu nus na sua sala de música voltarem a atormentar minha mente.
Me remexi no banco, ignorando o arrepio que cruzou meu corpo ao pensar no Cullen me fodendo. Não podia ficar relembrando aquilo como algo bom, tinha sido algo terrível.
Certo, ele fodia bem pra caralho, mas foi um erro. Um gigantesco erro, grande como a porra do pau dele.
— Estúpida — falei para mim mesma.
— Disse algo, senhorita Swan?
— Não, Emmett! — praticamente rosnei a negativa. — Já mandei você dirigir.
— Sim, senhorita.
Quando por fim Emmett estacionou diante ao prédio que Tanya morava, eu saltei do carro o mandando embora de volta para Edward. Tinha passe livre ali, então só segui até o elevador e apertei o botão para o andar do apartamento da família Denali.
Toquei a campainha um milhão de vezes, querendo ser atendida logo. Eu precisava de uma bebida e de Tanya me garantindo que eu não tinha ferrado tudo, não podia estragar minha vida uma segunda vez.
— O que diabos é essa barulheira toda? — Santiago reclamou ao abrir a porta.
— Cadê a Tanya?
— Nós acabamos de colocar a Tina para dormir, Isabella — ele seguiu reclamando. — Você não pode chegar aqui fazendo esse barulho todo.
— Preciso falar com a Tanya, Santiago — afirmei, passando por ele e seguindo até a sala.
— Claro que precisa — bufou atrás de mim. — Não faça barulho, se você acordar a Valentina irá ficar com ela até a menina dormir — anunciou, indo até as escadas.
Sentei em um dos sofás, mordiscando meu dedo sem parar. Eu ainda sentia o cheiro de sexo em mim, precisava de um banho urgente.
— O que você veio fazer aqui? — Tanya indagou quando apareceu na sala, amarrando o laço do roupão que usava.
— Eu fiz uma besteira — murmurei.
Ela suspirou.
— Não me diz que você bateu boca com alguém na internet, Bella.
— Pior do que isso. — Engoli em seco.
— O que pode ser pior do que isso? — Tanya questionou confusa.
— Transar com Ed Cullen.
Tanya ficou me encarando em silêncio por um longo tempo, parecendo petrificada diante a informação compartilhada.
— Você o que? — ela sussurrou.
— Eu transei com Edward. Transei com Ed Cullen — contei.
Minha amiga e sócia colocou o rosto entre as mãos, caindo sentada na poltrona próxima de si.
— Isso não é uma brincadeira de mau gosto, né? — Voltou a olhar para mim.
— Não, não é — afirmei. — Acabei de vir da casa dele, acabei de foder com ele.
Tanya respirou fundo.
— Preciso de uma bebida — ela falou se levantando.
— Eu também preciso.
— Você precisa ficar quietinha aí e não fazer mais nenhuma besteira! — Tanya exclamou antes de desaparecer pelo corredor que levava a cozinha.
É, talvez ela estivesse certa.
Tanya não demorou a retornar para a sala, trazendo consigo uma taça cheia de vinho. A mulher sentou ao meu lado, tomou um gole de sua bebida e disse:
— Conta tudo.
— Eu estava no meu apartamento, o Emmett ligou falando que Edward estava dando uma festa em casa. — Tanya revirou os olhos, mas não disse nada. — Obviamente fui lá acabar com essa festa, coloquei todo mundo pra fora e Edward e eu começamos a brigar. — Tanya me passou a taça de vinho por fim, me permitindo beber um pouco. — Acabamos transando.
— Estúpida! — Tanya deu um tapa no meu braço.
— Isso dói! — reclamei, devolvendo a taça para ela.
— É para doer, quem sabe assim você para de fazer merda. — Tanya largou a taça sobre a mesinha de centro, ficando de pé, andando de um lado para o outro na sala. — Precisamos ir com calma sobre tudo isso. Primeira coisa, alguém sequer desconfia que você fodeu com Edward?
— Estávamos só nós dois na casa, quero dizer, Emmett estava lá fora e a gente na sala de música — expliquei. — Não acredito que ele tenha duvidado de algo, deve ter pensado que eu estava brigando com Edward. Fiz o Cullen prometer que não contaria para ninguém, apenas espero que ele cumpra o acordado.
Tanya assentiu, sentando na mesinha, o olhar fixo em mim.
— Você sabe o motivo que te levou a acabar transando com o Edward, não sabe?
Franzi o cenho, confusa por sua fala.
— O que está querendo dizer, Tanya?
— Quero dizer que não parece uma simples coincidência você foder com Edward justamente após aceitar o pedido de casamento do James. — Balancei a cabeça, discordando da fala dela. — Sabe que não estou falando nenhuma besteira, Isabella. — Ela segurou em minhas mãos. — Eu acredito que você ame o James, mas está insegura sobre esse noivado e por isso acabou fodendo com o Cullen.
— Não fodi com o Edward por estar insegura da minha relação com o James! — exclamei, tirando minhas mãos das de Tanya. — Só cedi aos desejos idiotas do meu corpo, isso poderia ter acontecido com qualquer um, mesmo com você e Santiago. — Ela balançou a cabeça discordando da minha fala.
— Certo, então o que acontece agora? Você vai fingir que nunca fodeu com Edward?
— Sim, isso mesmo — declarei decidida. — Foi um deslize, um erro, sei disso, mas não vou contar para o James. Eu o amo, como você bem sabe, não vou perdê-lo.
— Não quer perder a segurança que esse relacionamento te dá — Tanya murmurou.
— Pare de tentar bancar a psicóloga! — gritei com ela, que bufou. — Eu amo o James e vou me casar com ele, fodi com o Edward e ponto, meu noivo não precisa saber disso. — Olhei para minhas mãos sobre meu colo. — Não posso por tudo a perder, por isso preciso que você me ajude a guardar essa bosta de segredo.
— Sabe que não contaria isso para ninguém — ela disse, segurando meu rosto e fazendo com que a olhasse. — Você pode confiar em mim para tudo, Isabella. Sabe disso, não sabe?
— Sei.
— Excelente. — Sorriu para mim, mas não estava nada animada. — Agora é esperar que Ed não conte nada para ninguém.
Coloquei uma mão sobre o rosto.
— Se ele contar eu estou tão fodida — choraminguei.
— Tecnicamente você já está fodida, Bella — Tanya falou, rindo da minha cara quando olhei para ela. — O quê? Só estou tentando suavizar o clima — se defendeu. — Agora que você já transou não adiantar ficar por ai chorando, e fingir para mim que não aconteceu vai ser um pouco difícil. Como você mesma falou, veio até aqui para compartilhar o segredo comigo, isso é porque você não quer suportar o peso desse segredinho sujo sozinha.
— Por que você é uma tremenda sabichona? — Peguei sua taça de vinho, bebendo o resto do líquido.
— Como foi? — ela perguntou com malícia na voz.
— Não vou contar.
Tanya gargalhou.
— Ah, você vai sim, querida. — Ela passeou uma mão por minha coxa, fazendo com que eu me arrepiasse. — Você não negaria nenhum pedido meu, Isabella.
Tirei a mão dela de mim, com uma careta no rosto.
— Já fiz sexo com que não devia hoje, Tanya — alertei. — Não me faça aumentar a lista.
Tanya riu mais, apoiando suas mãos sobre a mesinha.
— Sabe que apesar de ser você, Bella, eu não trairia o Santiago.
— Até parece!
— Estou falando a verdade — ela teimou. — Eu o amo demais para o trair.
— Não tem dessa de amor intocável, Tanya — a contrariei.
— Talvez não para todos, pode ser seu caso com o Jimmy, mas eu acredito no meu relacionamento com o Santiago.
— Pare de jogar indiretas.
— São bem diretas. — Piscou para mim. — Adoro o Jimmy, Bella — proclamou. — Eu também gosto de como você fica segura e confortável ao lado dele, mas não tenho certeza de que esse relacionamento é o melhor para ambos. Antes era apenas uma desconfiança, só que agora estou cada vez mais certa disso.
— Bom, eu acho que posso dizer o que devo ou não fazer com minha vida amorosa — falei entre dentes.
— Só dando minha opinião como amiga! — Tanya ergueu suas mãos em sinal de rendição. — Agora pare de me enrolar. Quero saber sobre seu sexo sujo com o Cullen.
— Como sabe que foi sujo?
— É do Ed que estamos falando, Bella — ela disse, pulando para se sentar novamente ao meu lado no sofá. — Com certeza foi sujo, ele não deve fazer sexo doce. Como foi? — Deu uma batidinha na minha coxa, eu soltei um gemido baixo, ela gargalhou outra vez, Tanya conseguia ser bem escandalosa quando queria, principalmente depois de álcool. — Ele bateu em você?
— Tanya!
— O quê? Só estou curiosa. Você adorava aquele cara australiano que tinha tendências de BDSM, afinal, você curte ser submissa na cama e sei bem disso. Com foi? — repetiu a pergunta.
— Foi bom pra caralho — confessei, ela assentiu, parecia já suspeitar daquilo.
— Com aquele pau grande eu ficaria bem decepcionada se tivesse sido ruim. Onde transaram mesmo?
— No chão da sala de música da casa dele. — Tanya assobiou em aprovação. — Ele com certeza não faz sexo doce. — Passei a mão por meus cabelos, lembrando-me de Edward os puxando.
— Ele te chupou?
— Não, mas chupei ele. Eu deveria ter feito ele me chupar. — Suspirei, com certeza o Cullen seria bom naquilo.
— Ei! — Tanya estralou os dedos na minha frente. — Nem pensa em ir foder com o Edward de novo, Isabella. O pobre do Jimmy não merece um segundo chifre.
— Não vou transar mais com o Edward — assegurei.
— Espero que sim. — Tanya me lançou um olhar duro. — Não esquece que além do fato de você ter um noivo, Ed e você trabalham juntos, não precisam adicionar mais confusão a essa situação. Promete que não vai mais ficar com ele. — Estendeu uma mão para mim. — E se descumprir essa promessa eu terei direito a usar violência contra você.
— Na cama? — Arqueei uma sobrancelha para ela.
— Isabella!
— O quê? Apenas um simples questionamento.
— Pare de enrolar e prometa.
Olhei para a mão dela, respirei fundo lembrando com exatidão da sensação de Edward se afundando dentro de mim. Ergui minha mão e a entrelacei a de Tanya, eu teria de controlar meus desejos.
— Prometo nunca mais foder com Edward Cullen.
(...)
Eu decidi ficar trancafiada em casa no sábado, assim fugiria de problemas. Dispensei sair com Renesmee para almoçar e também recusei o convite de Alice me chamando para ir aquela noite para uma boate, não queria sair.
Também não queria visitas em casa, por isso Norma Jeane seria minha única companhia. Não que ela estivesse animada com a minha presença, talvez um dia aquela gata tentasse me matar. Por que eu não tinha preferido um cachorro? O de Edward era bonitinho e amigável.
— Isabella! — chamei minha própria atenção, querendo impedir meus pensamentos sobre Ed. Não que estivesse sendo muito produtiva nisso, na noite passada quando deixei o apartamento de Tanya e voltei para o meu, só dormi após um banho gelado, controlando a vontade de me masturbar.
Aumentei o volume da música do som da sala, enquanto continuava deitada em meu sofá mexendo tediosamente pela internet. Tinha acabado de desistir do Twitter, indo jogar Candy Crush, quando recebi várias mensagens de Edward ao mesmo tempo.
Gelei, com medo do que ele poderia querer comigo. Com a mão trêmula eu abri as mensagens, eram pelo menos dez fotos do pirralho na academia, estava usando luvas de boxe, estava só de short e com o peito a mostra, todo suado e com uma aparência sexy como o inferno.
Edward queria postar uma no Instagram, estava me perguntando qual era a melhor. Não respondi, eu não queria bater papo com ele de jeito nenhum, isso poderia me fazer ser fraca novamente, precisava de um tempinho sem Ed Cullen por perto para não ceder aos malditos desejos.
Fechei a conversa com ele, indo apagar as fotos, tê-las no meu celular não era uma boa ideia. Voltei para meu joguinho, consegui me distrair com ele por um tempo, foi quando meu celular anunciou que Ed Cullen tinha acabado de postar uma foto, eu fui notificada disso, afinal continuava sendo sua empresária e precisava segui-lo de perto nas redes sociais.
Abri o Instagram, vendo a foto de Edward. Suspirei baixinho, tentando não gemer com a simples ideia de foder com o Ed daquela foto, ele parecia tão mau e sexy, quente pra caralho, enquanto treinava.
Me vi curtindo a foto, depois disso joguei meu celular do outro lado do sofá. Fechei os olhos, colocando as mãos sobre o rosto.
Tanya estava errada, eu não tinha transado com Ed por conta de qualquer insegurança sobre meu noivado, só foi desejo e minha facilidade em cometer burrices. Claro que estava insegura, mas todas as noivas deviam se sentir assim, eu amava Jimmy e ele era o cara certo para mim. Certo, sabia que não o amava tanto quanto ele me amava, mas ia fazer isso mudar, quando nos cassássemos eu o amaria muito, muito mesmo.
Eu tinha um relacionamento perfeito com James, ele era atencioso, carinhoso, independente, maduro e me amava de verdade. Porra, ele me amou mesmo com a minha reputação lixo, tinha enfrentado todas as criticas que fizeram sobre nosso namoro, isso era muito.
Edward tinha sido somente uma aventura de uma noite, o sexo foi bom, mas não trocaria a estabilidade por sexo. Por mais que eu amasse sexo, mas também não era como se Jimmy não fosse bom transando, ele era, talvez só um pouco doce demais para mim... Eu sempre tinha gostado de sexo sujo, de ser submissa na cama, talvez eu tivesse algum problema correlacionado a ter sido uma bonequinha na mão de Paul, mas que se foda, era a forma como eu mais curtia uma transa.
Jimmy nem sempre fazia coisas assim, ele era muito delicado, me tratava como uma princesa. E eu deveria valorizar isso, não?
— Talvez eu precise de meditação — murmurei.
Meu celular tocou no instante seguinte, me movi para pegá-lo, vendo o número de James no visor. Estremeci, seria a primeira vez que falaria com ele desde os acontecimentos da noite passada.
Quase sem conseguir respirar, eu atendi a ligação, levando o aparelho à orelha.
— Alô — falei.
— Baby! — Jimmy exclamou, ao fundo eu ouvi barulho de martelo e furadeira.
— Ei, oi — continuei falando pouco, sem querer entregar meu segredo.
— Como você está? — ele perguntou.
— Bem e você? — Não, eu não estava nada bem, estava encrencada comigo mesma.
— Estou péssimo — ele respondeu com irritação na voz. — Os problemas no prédio do restaurante aqui em Seattle estão piores do que imaginado, Baby. O corpo de bombeiros até expediu uma ordem de interdição, o restaurante vai ter de ficar fechado até tudo estar certo de novo. Eu vou ter de ficar aqui por mais uns dias, para fazer um pouco de pressão na equipe da obra e depois nos bombeiros para eles liberarem o funcionamento novamente. Não quero deixar tudo nas mãos do gerente, ele é bem lento, na verdade, vou aproveitar que estou aqui e contratar um novo gerente.
— Isso quer dizer que você estará longe por uns dias? — indaguei.
— Isso. — Ergui uma mão para o céu, se existia um Deus, naquele momento eu tinha acabado de ser abençoada por ele, teria mais alguns dias para treinar guardar meu segredo de James, iria usar todos meus anos de atuação para isso. — Lamento por isso, Baby — ele continuou a falar. — Queria estar ai para aproveitarmos nosso... Bom, você sabe.
— Eu estarei te esperando ansiosamente — falei. — Fique ai o quanto precisar, no entanto — acrescentei. — O restaurante precisa voltar a funcionar.
— É — James resmungou. — Mas, ainda odeio estar longe de você. Como estão as coisas por ai?
— Normais.
— Ed Cullen não está te dando dor de cabeça?
— Hum, não — neguei, eu sempre falava para Jimmy como Ed era uma dor de cabeça, mas depois do acontecido não conseguia parar de surtar sobre meu noivo sequer desconfiar de algo. — O de sempre, nada que me surpreenda. Jimmy, preciso desligar agora, vou checar uns e-mails que a Tanya me mandou — menti.
— Certo, falo com você depois, Baby. Amo você.
— Eu te amo mais!
Jimmy ficou em silêncio, então voltou a falar com animação em sua voz:
— Mal vejo a hora de te ver, meu amor.
Eu via, não estava pronta para encará-lo depois de trai-lo.
(...)
O sofá virou meu melhor amigo durante aquele sábado, não tinha coragem de sair dele. Eu estava quase caindo em cochilo, quando meu celular tocou, pelo toque sabia que era Charlie, o que me fez atender o aparelho rapidamente.
— Papai! — exclamei, feliz em finalmente estar falando com ele, já que o cantor esteve a semana inteira ausente.
— Hey, Bells — ele falou comigo soando animado, mas ainda assim hesitante.
— Tudo bem? Como foi a viagem?
— Ótima, escute, Carmen e eu daremos uma festa aqui em casa amanhã — contou.
— Uma festa de despedida para ela, espero — falei, o ouvi bufar.
— Isabella, não fale assim.
— O quê? Não falei nada demais! — me defendi.
— Pare de falar mal da Carmen, ok? Você parece uma criancinha reclamando — ele esbravejou, mordi minha língua, sem querer brigar com ele por telefone.
— Me dê mais detalhes sobre a festa — pedi, no lugar de iniciar uma nova discussão. — Preciso saber como me vestir e essas malditas coisas.
— Começa as quatro, vai ser na beira da piscina.
— Ok.
Pensei em contar para ele naquele momento sobre meu noivado, mas era melhor fazer aquilo pessoalmente. Após a festa acabar, ou, ele acabaria a transformando no meu noivado — mesmo sem meu noivo presente —, afinal ele adorava o James e ficaria muito feliz pelo fato de estarmos noivos.
— Agora, Carmen insistiu que eu tenho de ter um bom relacionamento com o Cabeludo Britânico por conta do fato de estarmos próximos agora por sua culpa — falou com acusação na voz. — Então, aquele filho da puta está convidado para a festa também.
Não!
Não, não, não!
Edward na mesma festa que eu não seria nada bom para o controle dos desejos estúpidos que estava tendo de lidar.
— Bella?
— Oi?
— Você me ouviu?
— Ouvi. — Revirei os olhos. — Ed estará lá — anunciei, mesmo contra minha vontade, afinal eu não podia privar o Cullen de ir aquela festa e de ter ele e meu pai socializando de forma amigável — ou o mais perto disso — diante outras pessoas, a mídia precisaria acreditar que eles eram melhores amigos, isso seria ainda melhor quando os convencesse a gravarem uma canção juntos.
— Ok, te vejo amanhã.
— Claro. — Suspirei. — Até amanhã, papai.
— Prometa se comportar, certo?
— Sempre! — debochei, meu celular tocou, indicando uma nova ligação, afastei o aparelho e vi que era Tanya. — Falo com você depois, pai. Tanya está me ligando. — Finalizei a ligação com ele rapidamente e atendi a dela. — Oi!
— Entra no Instagram do Edward, agora!
— O quê?
— Entra logo!
Ela desligou a chamada sem falar mais nada, fiz o que ela mandou, com medo do que ele tinha aprontado daquela vez. Ed Cullen estava ao vivo na rede social, cliquei no vídeo, o vendo sem camisa, sentado no chão da sua maldita sala de música, tocando violão e cantando Animals do Maroon 5.
— Foda-se! — exclamei injuriada, percebendo o que aquele Cabeludo Britânico idiota estava querendo dizer com a porra daquela música.
Terminei de assistir o vídeo dividida entre a raiva, pela escolha da música — também por ele não ter pedido permissão, ao menos não para mim para estar fazendo aquela transmissão — e o desejo de agarrá-lo.
Por que ele tinha de ser fodidamente sexy?
Assim que Ed encerrou o vídeo mandei uma mensagem perguntando para Tanya se ela tinha aprovado aquilo, assim que recebi sua resposta informando que não, eu disquei o número dele. Era isso, eu não podia ficar fugindo do Cullen para sempre, o dia anterior seria finalmente esquecido.
— Oi! — ele me atendeu sem demora
— Quem te deu permissão para fazer uma live? — o questionei, em meu melhor tom sério, estava ali para falar com ele sobre trabalho.
— Ninguém, eu sou maior de idade, posso fazer o que quero — ele respondeu, soando como um garotinho de cinco anos de idade.
— Até parece. — Bufei.
— Você assistiu, né? Gostou?
— Não deveria ter feito sem uma aprovação de alguém da produtora.
— Eu teria falado com você pedindo sua benção, Capitã, mas mais cedo te mandei as fotos e nem se deu ao trabalho de me responder. Não venha me dizer que estava ocupada, pois você curtiu a que postei bem rápido.
Pigarreei, não queria falar daquilo.
— Te liguei para fazer um convite.
Edward riu.
— Já? Não passou nem vinte e quatro horas e está sentindo minha falta.
— Edward — rosnei seu nome.
— Ok, o que tem para falar? — perguntou.
— Meu pai vai dar uma festa na casa dele amanhã, à beira da piscina, ele quer que você vá — contei.
— Nem pensar! — exclamou com raiva na voz.
— Edward. — Suspirei, sem paciência para seus ataques. — Olha, a tal da Carmen insistiu que ele te convidasse para manter uma boa relação, então aparece, tá? Se eu tenho que aturar aquela mulher você pode suportar o Charlie.
— Ele não é nada meu, não tenho que aturá-lo coisa nenhuma.
— Vocês dois trabalham para mim...
— Você trabalha para mim — ele me interrompeu.
— Sabemos que não é bem assim.
— Não adianta, eu não vou... Bom, talvez se nós pudermos ter uma comemoração particular depois...
— Não termine essa fala! — gritei, o impedindo de dar continuidade aquele assunto.
— Vai acabar me deixando surdo, Capitã — protestou.
— Alice estará lá, não vai perder a oportunidade de jogar seu charme barato para cima da minha irmã, né? — Tentei barganhar com ele.
— Você está mesmo sugerindo que eu vá tentar algo com sua irmã? Quero dizer, depois de ontem. — Ele parecia realmente surpreso.
— Não sei do que está falando — foi tudo que falei.
— Sabe sim — insistiu. — Tudo bem, eu aceito ir, mas só se você vier me buscar.
— Sério?
Ainda teria de ser a babá dele? Que porra!
— Sério, odeio chegar sozinho a eventos.
— Leve sua mãe, sua irmã, ou seu cachorro, não me importa.
— Até que é uma boa ideia levar o Shrek, mas não. E minha mãe não vai poder. Rosalie foi para New York com Demetri, também não poderá ir.
A irmã dele continuava com Demetri? A garota era burra, não estava claro para ela que seu perfil não se encaixava ao do ator? Em breve ela seria chutada por alguém que fosse muito melhor para ele.
— Ela ainda está com ele?
— Sim.
— Que idiota!
— Ei, cuidado com o que fala da minha irmã. — Edward estava novamente irritado.
— Tanto faz — resmunguei. — Que seja, eu passo ai e te busco amanhã, às cinco da tarde, esteja pronto.
— Sim, senhora, Capitã.
— Adeus! — Desliguei na cara dele, sem querer muito papo com Ed.
A partir daquele momento seria absurdamente profissional com o Cullen.
(...)
No dia seguinte, quando o motorista particular que eu tinha contratado parou o carro na frente da mansão do Cullen eu tentei manter a confiança de que nada daria errado naquela festa. Ninguém só de nos olhar chegando juntos suspeitaria do que aconteceu entre nós dois na sua sala de música na sexta-feira.
Ninguém podia suspeitar, seria um escândalo e não iria passar por outro.
Emmett abriu a porta do banco de trás para Edward, deixando com que o Cullen se unisse a mim.
— Oi — murmurei para ele, continuando a mexer em meu celular, me movendo no banco para ficar mais afastada do músico, evitando olhar para ele.
— Oi — ele falou de volta, podia sentir seu olhar passeando por meu corpo.
— Podemos ir agora, direto para o endereço que te dei antes — falei para o motorista.
— Sim, senhorita Swan. — O homem começou a dirigir.
— Para que essa festa? — Edward me questionou.
— Papai gosta de festas, ele sempre está dando uma — respondi, lendo e respondendo em meu celular uma mensagem de Renesmee, ela já estava chegando à festa. Alice também mandou uma mensagem, iria se atrasar.
— E o Jimmy? — Parei de digitar, apertando o celular em minhas mãos, ao ouvir a pergunta do Cullen.
— Ele está em Seattle — respondi simplesmente.
— Ele está bem? — Tinha provocação clara na voz de Ed.
Eu o olhei por fim, com raiva. O cantor estava usando roupas claras, que davam a ele um ar mais leve, e que deixavam suas tatuagens aparentes mais destacadas por conta do contraste de cores.
— James e eu estamos ótimos, Edward — eu disse com confiança, ele assentiu.
— Tenho certeza de que você está bem, Capitã.
Não continuei a conversa, era melhor falar só o essencial com Ed.
Pareceu durar horas o caminho até a casa do meu pai, o condômino que ele morava estava cercado por paparazzis, o que me deixou irritada, mais do que já estava. Edward e eu seguimos juntos para o interior da casa, indo para a área da piscina onde aconteceria a festa. Não me importei em prestar atenção na decoração, estava mais preocupada em observar as pessoas presentes.
— Senhorita Swan, uma foto! — O fotógrafo contratado pediu para mim.
Era Arthur Davis, um dos fotógrafos que quase sempre trabalhava para a minha produtora. E bom, eu já tinha ido para a cama com ele uma ou duas vezes no passado, antes de eu virar uma empresária.
Quis negar a foto, mas sabia que seria melhor não insistir contra. Quanto antes tirasse a foto mais rápido me livraria daquilo, me posicionei na frente do painel, deixando Arthur me fotografar. Para meu alivio, o fotografo após nosso envolvimento nunca ficou jogando indiretas ou coisa do tipo, sabia guardar um segredo.
— Ed Cullen, junte-se a ela — Arthur pediu ao Cullen.
Não tive tempo de protestar, logo Ed estava ao meu lado, colocando seu braço ao redor da minha cintura, com um sorriso no rosto. Assim que a foto foi tirada me soltei do Cullen.
— Agora só uma dele.
Sendo um perfeito exibicionista, Ed deixou com que Arthur praticamente fizesse um ensaio fotográfico com ele. Assim que acabou o Cullen foi para meu lado, bem no momento que meu pai se aproximou da gente.
— Ai está você! — exclamei.
— Olá, Bells! — Papai beijou meu rosto. — Oi, você — falou com nojo na voz para Edward.
— Ei, foi você quem convidou o Ed, não seja um péssimo anfitrião — chamei a atenção dele, sem querer que os dois discutissem com tanta gente por perto.
— Só convidei porque a Carmen insistiu — papai disse.
— Ela queria me ver era? — Edward provocou, olhando ao redor, ele parou seu olhar sobre Carmen que estava conversando com minha irmã caçula. Edward acenou para ela, que começou a andar em nossa direção.
— Cuidado com sua boca, garoto! — Charlie exclamou furioso.
— Posso garantir que a minha boca está muito bem, Charlie.
Bufei, cansada daquela briguinha deles.
— Isabella, será que podemos...
— Que bom que vieram! — Carmen chegou até a gente, atrapalhando a fala do meu pai. — Estou muito feliz que aceitaram o convite. — Ela segurou no braço de Charlie.
Arfei ao ver o que tinha na mão dela, um grande anel. Puxei sua mão, querendo ter uma visão melhor daquilo, só para ter certeza de que não estava louca.
— O que isso significa? — questionei em um tom de voz baixo, contendo minha vontade de gritar e matar a puta mexicana.
Charlie suspirou, Carmen sorriu, soltando-se de mim.
— Charlie me pediu em casamento, essa é nossa festa de noivado — ela contou com alegria na voz.
Voltei meu olhar para meu pai, ainda sem querer acreditar naquilo.
— Você não fez isso, Charlie.
— Isabella... — É, ele tinha feito.
Dei meia volta, saindo rapidamente da área externa da festa para o interior da mansão, se eu ficasse lá fora iria quebrar a cara de Carmen. Pisando firme segui até o estúdio do meu pai, batendo com força a porta atrás de mim.
— Bells, me escute — papai pediu, chegando logo depois de mim.
— Como você pode fazer isso?
— Eu amo a Carmen, Isabella!
— Ela está com você por conta do seu nome!
Charlie se aproximou mais de mim, seu olhar era severo.
— Carmen me ama e eu a amo.
— Você não pode casar com essa mulher! — gritei.
— Isabella, eu amo a Carmen — Charlie disse pelo que parecia a milésima vez.
— Você também amava a Renée e sabemos onde isso acabou. — Charlie deu um passo para trás, me encarando como se eu tivesse acabado de lhe dar um tapa. — É isso que você quer, papai? Se envolver com uma nova Renée. Minha mãe era uma interesseira, Carmen não está nada atrás.
— Não conhece a Carmen, Isabella — ele disse entre dentes. — Ela me ama de verdade, eu lamento muito se você é cega e não consegue perceber isso.
— Ela ama sua fama e seu dinheiro, Charlie.
Ele riu, tirando o chapéu da sua cabeça.
— Deixa eu te dizer algo, filha — falou. — Não é porque você caiu naquele golpe do Paul que quer dizer que estou caindo em um.
O olhei indignada, sem acreditar que ele tinha mesmo dito aquilo.
— Como você tem coragem de falar isso para mim? — gritei com ele. — Sou a sua filha, porra! — Papai suspirou, passando uma mão pelo rosto.
— Bells, sei que peguei pesado, mas você também...
— Quando aquela vagabunda foder com você não pense em chorar no meu colo.
— O quê? Vai negar ajuda para mim? Sempre estive ao seu lado, garota.
— E agora está jogando na minha cara, muito obrigada, papai. — Engoli em seco, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas, mas não me permiti chorá-las.
— Isabella, preciso que você entenda que amo Carmen, que suas suposições sobre ela não vão me fazer mudar o que decidi, que é me casar com aquela mulher. Espero que você possa ser madura e aceitar isso, espero que você aceite as milhões de tentativas de Carmen de se aproximar de você, pois em breve serão da mesma família.
— Eu me recuso a ser da mesma família daquela mulher.
— Você não pode fazer isso por mim?
— Não, eu não posso — respondi, Charlie assentiu.
— Sabe que sempre poderá contar comigo, filha. Agora, repense um pouco e tente fazer o mesmo por mim — dito isso ele saiu do estúdio.
Uma lágrima rolou por meu rosto no momento que papai saiu, mas a limpei rapidamente. Não choraria por aquilo, o papai que iria quando ele visse que Carmen era igual Renée, quem sabe até pior.
Disquei um número em meu celular, precisava fazer algo urgente para afastar Carmen do meu pai. Aquilo tudo estava indo longe demais, estava na hora de agir.
— Oi, chefe! — Alistair exclamou a me atender. — Estou indo para a festa do seu pai, só vou buscar Kate antes disso.
— Preciso que faça algo por mim.
— Só mandar.
— Quero que descubra tudo sobre Carmen, a namoradinha do meu pai, quero saber absolutamente cada detalhe da vida dessa mulher. Quero que encontre um grande podre fedorento a respeito dela, você me entendeu?
— Entendi, claro. Mas, e se eu não encontrar nada?
— Você irá, eu tenho certeza. Entretanto, caso não descubra algo iremos criar alguma coisa.
— Isabella — Alistair disse meu nome rindo.
— Faça o que estou mandando. — Desliguei na cara dele quando ouvi a porta se abrindo, Edward surgiu no estúdio. Ele tinha colocado seus óculos apoiados em sua camisa, tinha no rosto um sorrisinho cínico.
— Fugindo do noivado do seu papai, Capitã?
— Me deixe sozinha — exigi.
— Acho que você irá apreciar minha companhia — falou cheio de si, trancando a porta. — Você sabe, como apreciou tão bem na sexta-feira.
— Não sei do que está falando, agora saia. — Cruzei os braços na frente do meu corpo.
Edward não me obedeceu, pelo contrário, ele caminhou até mim, parando bem na minha frente.
— Sabe, você deveria extravasar a raiva que está sentindo, Capitã — falou, segurando em meus braços, os soltando do aperto que eu mantinha. — Posso te ajudar com isso.
— Não, você não pode — teimei, tentando me afastar dele, mas meu corpo não obedecia.
— Eu posso sim. — Ele olhou para o piano. — Estou pensando em deitá-la sobre o piano, Capitã — disse, voltando o olhar para mim. — Então, chupar sua boceta.
Expirei alto, sem conseguir me sentir imune ao que aquelas palavras provocavam em mim.
— Depois de chupar sua boceta. — Edward soltou meus braços, levando uma mão à fenda do meu vestido, subindo seus dedos por minha coxa. — Eu pensei em foder seu rabo. — Sua mão chegou a minha calcinha, ele se inclinou e depositou um beijo na minha garganta. — Você quer que eu a chupe, Capitã? — Seus dedos invadiram o tecido da calcinha de renda que eu estava usava. — Olha só, você já está molhada e mal comecei a te tocar!
Tirou seus dedos de mim, os levando a sua boca.
— Preciso provar direto da sua boceta.
Ele tentou voltar a me tocar, mas consegui recobrar o domínio do meu corpo e me afastei.
— Não! — falei, o mais firme que consegui, Edward arqueou uma sobrancelha. — Ouviu, não? Tudo que aconteceu entre nós dois na sexta-feira deve ser esquecido. Não irá se repetir, entendeu bem? Tudo que existe entre você e eu agora é apenas um laço profissional.
Edward riu.
— Até você bater na minha porta pedindo para eu fodê-la.
— Isso não irá acontecer.
— Sua tentativa de enganar a si mesma é tão engraçada. — Ele caminhou até a porta, não disse mais nada e saiu, deixando-me para trás irritada e louca para ser fodida.
— Dia de merda! — xinguei, fiquei mais um tempo sozinha no estúdio, me recuperando de tudo antes de voltar para a festa.
Alice já estava lá, assim que me viu andou até mim. Por sua expressão de desgosto ela já tinha sido informada sobre o noivado, para meu contentamento estava odiando aquilo tanto quanto eu.
— Isso não pode ficar assim, Bella.
— Eu sei, já tomei providências. — Peguei a taça de champanhe da mão dela.
Minha irmã sorriu, aprovando minha fala.
— O que vai fazer?
— Você verá, na hora certa. — Pisquei para ela, tomando um longo gole do champanhe.
— Ok, mas aja com rapidez, quanto antes a puta mexicana estiver longe das garras de papai é melhor.
— Eu vou cuidar disso — garanti.
— Ed está bem quente hoje — Alice mudou de assunto, olhando para o cantor, ele estava conversando com Renesmee e outras pessoas, parecia estar indo bem.
— Cadê seu namorado mesmo? — Acenei para algumas pessoas, com um sorriso falso no rosto.
— Achei melhor não trazê-lo, papai ainda não o aceitou. — Alice revirou os olhos. — Não aceita o Randall, mas eu e você temos de aceitar Carmen.
Olhei para onde papai estava com Carmen, ele sorria como um tolo para ela.
— Já contou para ele sobre seu noivado?
— Não — respondi. — Eu não quero entrar nesse assunto com ele hoje, conto outro dia.
— Jimmy está no trabalho?
— Em Seattle resolvendo algumas coisas no restaurante de lá. — Voltei a atenção para Alice. — Mais alguma pergunta?
— Sim, quando Ed participará do meu programa?
Sorri, devolvendo a taça vazia para minha irmã.
— Você nunca terá o Ed em seu programa, Alice. — Ela tornou a fechar a cara. — Não adianta tentar um de seus joguinhos com ele, querida irmã. — Joguei meus cabelos por cima do ombro, enquanto ela olhava para mim com raiva.
— O que custa fazer isso? Sou sua irmã, droga! Você é uma cobra, sabia?
— Sabia, e para sua informação você também é. — Belisquei sua bochecha. — Fique longe do Cullen — alertei, enquanto me afastava dela e seguia até ele.
(...)
Socializei com todos na festa, mesmo odiando a ideia do noivado do meu pai com aquela mulher, afinal eu não podia ficar bancando a revoltada diante de todos, muitos ali trabalhavam para mim, ou comigo, tinha de preservar a imagem. Fingi muito bem que estava feliz com o noivado, até aceitei tirar fotos com os noivos felizes.
Também apresentei Edward para quem ele não conhecia, fiz Arthur tirar mais fotos dele, principalmente com os anfitriões e com praticamente todos os convidados, especialmente Kate quando esta chegou. Era uma pena Riley estar em sua turnê, ou eu teria tido uma foto completa com minhas estrelas.
— Como você está se saindo? — Tanya me perguntou em determinado momento da festa, ela obviamente tinha sido convidada assim como seu marido, por sorte deixaram a pirralha da filha deles com uma babá.
— Sobre?
Ela gesticulou com a cabeça na direção de Edward, que estava conversando com um produtor musical e um ator.
— Muito bem — respondi para minha amiga, ocultando o que tinha acontecido mais cedo no estúdio.
— Que bom. — Tanya suspirou aliviada. — E sobre o noivado do Charlie?
— O que você acha? — perguntei impaciente, ela me lançou um sorriso amarelo.
Ouvimos som de microfone e olhamos em direção ao barulho, Carmen estava com um em mãos, sorrindo de orelha a orelha.
— Olá, todos vocês! — ela falou em seu forte sotaque. — Só queria roubar a atenção de todo mundo rapidinho para dizer algumas coisas. Primeiro, queria agradecê-los por terem vindo à festa, segundo agradecer a toda a equipe que preparou esse encontro para a gente com tanto carinho. Uma salva de palmas para eles!
Os convidados aplaudiram.
— Quando ela vai parar de bancar a boa moça? — Alice surgiu ao meu lado. — Quem diabos se importa com o pessoal que organizou essa merda de festa?
— Eu sei, foda-se eles — resmunguei.
— Em terceiro lugar, mas com certeza não menos importante, quero dedicar um brinde ao meu amado noivo. — Apontou para Charlie, que estava alguns metros de distância dela. — Junte-se a mim, querido. — Ele foi até ela, claro. — Como todos sabem, Charlie me pediu em casamento e eu ainda estou nas nuvens com a ideia de ser noiva desse incrível homem. — Ela tocou no rosto dele. — Amo você, sempre irei amar.
— Que nojo! — Alice e eu exclamamos juntas. — Mamãe vai rir muito quando souber disso — ela murmurou.
Senti meu corpo enrijecer ao ouvir aquilo.
— Ao Charlie! — Carmen ergueu sua taça.
(...)
Eu já estava levemente embriagada de champanhe quando avisei Edward que estava na hora de irmos embora, ele estava curtindo a festa — mesmo que estivesse proibido de sequer olhar para bebidas —, pois descobriu em minhas irmãs e em Santiago boas companhias para matar o tempo. Ele tentou protestar contra meu aviso de ir embora — afinal não o deixaria sozinho com a forte possibilidade dele fazer alguma merda —, mas claro que sai vencendo.
— Nem nos despedimos do Caipira Swan e da sua madrasta gostosa — ele falou quando entramos no carro.
— Como se você se importasse.
— Com seu pai? Não mesmo. Mas, com sua madrasta gostosa? Me importo muito. — Ele sorriu animado, olhando pela janela com admiração. — Que cidade linda, ela fica tão mais bonita de noite, puta que pariu!
— Cala a boca! — protestei, com dor de cabeça por conta do álcool.
— O que foi agora, Capitã?
— Estou bêbada e cansada de ouvir sua voz irritante.
— Você sabe o que fazer para calar a minha boca.
É, eu sabia, ele fazer sexo oral em mim. Mas, não estava bêbada aquele ponto.
— Me levar ao McDonalds — ele completou, me pegando de surpresa. — Tem muito tempo que não como nada de lá — continuou a falar. — E estou com fome, aquela comida chique da festa não serve para nada. Vai ser bom para você comer algo que realmente encha, não aquela porcaria de canapês.
Abri a boca para contestar, mas Edward já estava mandando o motorista parar no Drive Thru mais próximo da rede de fast food. Decidi não bater boca, já farta de discussões por aquele dia.
Edward e eu falamos para o motorista o que queríamos, deixando o homem fazer os pedidos para nós. Como o trânsito até a casa do Cullen estava uma merda, nós começamos a comer ali mesmo, Edward aproveitou para contar uma novidade.
— Comecei a compor uma música nova sexta-feira.
O olhei apreensiva, temendo o que ele queria dizer com aquilo.
— Descarte-a — ordenei, dando uma mordida no meu hambúrguer de bacon, bebendo um pouco do meu refrigerante.
— Você ainda nem a ouviu — ele protestou, revirando na sua caixinha com batatas fritas.
— Não tenho interesse — aleguei.
— Capitã, pare apenas por uns dez minutos lá em casa para ouvir o que tenho da música.
— A música tem dez minutos?
— Claro que não. — Edward bufou. — Mas, o resto dos minutos você usará para dar sua opinião.
— Não, não é um bom plano para mim. — Paramos em um sinal vermelho.
— Deixa de ser tão irritante.
— Olha quem fala! — Roubei suas batatas, já que tinha acabado as minhas no último sinal vermelho.
— Se você não aceitar eu vou sair desse carro aqui, Capitã, já pensou no caos? — Ele colocou uma mão na maçaneta da porta. — Pode imaginar as manchetes como eu? Ed Cullen causa transtorno em avenida. Enquanto isso, sua empresária estava se enchendo de batatas fritas no carro e alcoolizada.
— Você é ridículo.
— Eu sei, mas mesmo assim você irá ouvir minha música. — Recuperou suas batatas.
— Que seja — cedi por fim, iria lá, ouviria a música, faria Edward a descartar e cairia fora rapidinho.
Eu ainda estava comendo meu gigantesco hambúrguer quando chegamos a casa do Cullen, eu mandei o motorista e Emmett ficarem lá por fora com o carro, sem querer o risco deles ouvirem sabe-se lá o que Edward tinha escrito naquela canção. Assim que pisamos dentro da mansão fomos atacados pelo animal selvagem que era o cachorro do Cullen, ele tentou roubar minha comida, mas não permiti.
— Vamos para a sala de música — Edward falou, após colocar seu cachorro para o quintal, pois aquela coisinha fofa não saia do meu pé.
— Nem pensar, não piso mais naquele lugar — neguei, Edward bufou.
— Vamos logo, lá o som é melhor.
— Não, se insistir eu vou embora.
— Tá, tá, tá! — Ele passou por mim, parando para roubar um pedaço do meu hambúrguer.
— Se afasta! — o empurrei, ele riu de boca cheia, o que era muito nojento e foi em direção à sala de música no porão.
Ele ainda estava lá embaixo quando o interfone tocou, tive de atender já que era a única ali.
— Oi.
— Olá, há uma visita para o Senhor Cullen — o cara da portaria do condomínio anunciou.
— Quem? — Provavelmente era alguma das meninas que aquele idiota se esfregava, torci o nariz ao pensar que eu tinha sido uma garota dessas, mais ou menos.
— Carlisle Cullen.
Quase deixei o hambúrguer cair no chão quando ouvi o nome.
— O que você disse? Quem está ai?
— Carlisle Cullen — ele repetiu, Edward voltou para a cozinha naquele momento, segurando algumas folhas em mãos e seu violão, estava com um largo sorriso no rosto.
— Essa música está incrível, Capitã.
— Deixe-o entrar — falei para o cara no interfone, desligando.
— Quem vai entrar? — Edward franziu o cenho.
— Seu pai está aqui, Edward.
