Capítulo Dezesseis
Edward Cullen
"Ed Cullen não fala com o pai há dois meses, afirmam fontes."
Nunca fui o filho perfeito, mas antes de me tornar um músico eu conseguia manter uma boa relação com meu pai. Nós brigávamos por uma porção de coisas, mesmo assim sempre nos resolvíamos logo.
Entretanto, esse clima amistoso se rompeu quando virei uma celebridade. Meu pai não parecia contente com nada que eu fazia, as brigas entre nós dois pioraram e passaram a não ser resolvidas facilmente.
Perdi a conta de quantas vezes eu parava de atender suas ligações, ou ele evitava as minhas. A última vez que nos falamos foi pouco antes do meu julgamento — que me mandou direto para a clínica de reabilitação —, uma conversa de cinco minutos, que fiquei mudo, ouvindo Carlisle dizer que esperava que eu não fosse condenado, mesmo que sua voz deixassem bem claro que ele estava tão decepcionado comigo que talvez ser condenado fosse o melhor.
Eu não vi, ou falei com meu pai desde então. Não tinha coragem de procurar por ele, me sentia culpado e ao mesmo tempo furioso com Carlisle Cullen.
(...)
Meu pai estava em Los Angeles, mais precisamente no condomínio que eu morava. Após séculos veria meu pai, eu não sabia se isso seria algo bom ou ruim.
— Edward?
Olhei para Isabella, que continuava perto do interfone, olhando para mim com hesitação.
— O que ele está fazendo aqui? — consegui perguntar, segurando com mais força o violão em minhas mãos.
— Eu não faço ideia — ela respondeu, jogando o resto do seu hambúrguer no lixo. — Mas, pode ser uma boa, não? Você e seu pai se acertando limpará seu nome, isso dará uma boa publicidade positiva. — Eu podia ver sua mente calculando os dólares que aquilo lhe renderia, só que no momento estava pouco me importando para o dinheiro.
Meu estômago doía com a ideia de reencontrar Carlisle, eu sabia que estava a um passo de ter uma crise de ansiedade. E não queria aquilo, porra, eu não queria mesmo perder o controle de mim novamente, como aconteceu pela última vez no meu primeiro dia na pré produção do novo álbum.
— Vamos lá para fora esperar seu pai. — Quando me dei conta Isabella já estava estalando seus dedos para mim, senti vontade de mandá-la se foder, só que não encontrava minha voz para isso.
Larguei as folhas de papéis, com minha composição da nova música, sobre o balcão da cozinha. Eu não conseguia soltar o violão, parecia que o instrumento era o que estava me mantendo de pé naquele instante.
— Vamos! — Bella insistiu, agarrando meu braço e me forçando a andar atrás dela.
Meu coração também entrou na onda da ansiedade, batendo muito rápido, assim como minhas mãos que começaram a suar muito. Eu estava me sentindo péssimo, queria voltar no tempo, apenas minutos antes, quando eu não sabia sobre Carlisle estando tão perto.
Isabella abriu a porta da mansão, bem na hora que um carro parava lá na frente. A mulher pegou o controle remoto do portão, que estava sobre uma mesinha no hall de entrada, o abrindo.
O táxi entrou nos limites da mansão, parando atrás do carro que usamos para ir a festa, Emmett e o motorista estavam recostados a ele, conversando em voz baixa. Um minuto inteiro se decorreu, até que visse meu pai sair de dentro do táxi. Engoli em seco, Carlisle estava sozinho.
Ele vestia uma calça e camisa social, seus sapatos eram lustrosos e refinados. Parecia que ele tinha acabado de sair do hospital, ou de um dos jantares que sempre ia com minha mãe da igreja.
Pensar em Esme só me fez sentir pior, ela sabia que Carlisle estava na cidade?
Enquanto o carro se afastava da mansão, Carlisle caminhava até a entrada da casa. Vi que Isabella me lançou um rápido olhar, então se colocou mais a frente, abrindo um sorriso falso e estendendo uma mão para meu pai.
— Carlisle, não? É um prazer lhe conhecer!
Os olhos dele se encontraram com os meus, Carlisle estava sério.
— Sim, sou o Carlisle — ele concordou, dando um rápido aperto de mão com Isabella.
Eu continuei sustentando o olhar dele, sem saber o que fazer ou falar. Bom, queria muito vomitar, mas sequer conseguia dar um passo.
— Que bom que está em Los Angeles! — Bella continuou falando, ainda um pouco bêbada ela parecia estar cansando de se forçar a parecer a pessoa mais feliz do universo.
— Desculpe... — Carlisle nem concluiu sua fala para Isabella, passando a ignorá-la. — Oi, filho! — falou comigo por fim.
Acenei com a cabeça, ainda sem conseguir dizer algo.
— Como você está? — Carlisle me perguntou.
Foi quando senti a raiva em meu corpo, cruzando cada pedaço do meu ser.
— Você se importa? — indaguei, Carlisle suspirou.
— Edward, vamos entrar e conversar, tudo bem? — Carlisle pediu, deixando seus ombros caírem. Seus olhos azuis pareciam muito frios, como gelo.
— Sim, é uma excelente ideia! — Bella exclamou, ainda tentando bancar a líder de torcida motivacional.
— Escute, será que você não pode ir embora? — Carlisle questionou Isabella, naquele instante qualquer vestígio da líder de torcida fugiu do rosto dela. A Swan ficou carrancuda, com seu olhar letal dirigido ao meu pai.
— Eu vou, mas não porque você acha que devo fazer isso — ela afirmou, se voltou para mim, ainda furiosa. — Se comporte.
— Bella... — Quis pedir para ela ficar, pois não acreditava que conseguiria ter uma conversa tranquila com Carlisle, entretanto a mulher me deu as costas, marchando até o carro para ir embora.
— Vamos entrar, Edward — Carlisle disse em um tom de voz superior, sempre querendo ser o último a dar a palavra em tudo.
Eu entrei na casa primeiro, o ouvindo me seguir e fechar a porta.
— Rosalie não está aqui — falei quando chegamos a uma das salas, eu depositei o violão em um canto.
— Eu sei. — Ele olhou ao redor. — Sei que ela está em New York.
— É, então, você pode ir embora agora. — Cruzei meus braços na frente do corpo. — Não há nada para você aqui.
— Você está aqui, Edward. — Carlisle voltou a me olhar.
A fala dele me desarmou, fazendo com que eu descruzasse os braços.
— O que veio fazer aqui? — indaguei.
Carlisle respirou fundo, sentando-se em um dos sofás.
— Eu vim... — Ele desviou o olhar para suas mãos. — Vim trazer os documentos do divórcio, para Esme assinar.
— O quê? — gritei.
Não, não, não mesmo!
Aquela merda não podia estar acontecendo, meus pais não podiam se divorciar. Era errado... Era minha culpa!
— Você não pode fazer isso — murmurei, sentindo-me pior do que antes.
— Rosalie me contou sobre sua mãe, quero dizer, sobre ela estar com outro cara.
Rosalie, porra!
— Eu tenho certeza de que é uma besteira qualquer, tecnicamente vocês estão separados, então não é traição. Vai até a mamãe, resolve essa merda toda e esquece isso tudo. Você ainda a ama, não?
— Edward, não é assim...
— Claro que é!
— Não, não é! — ele teimou. — Eu também não estou exatamente solteiro agora.
O enjoo voltou com tudo, a qualquer momento eu colocaria meu lanche do McDonalds para fora.
— Você está com alguma vagabunda? — gritei.
— Ei, ei, calma lá! — Carlisle se levantou. — A Francesca é uma mulher decente.
— Quem diabos se chama Francesca? — Passei a mão por meus cabelos, pensando em meus pais com outras pessoas, quando deviam estar juntos.
— Vamos mudar de assunto, por favor — Carlisle pediu, também passando a mão por seus cabelos, só que loiros. — Eu não vim só resolver meu divórcio com sua mãe, vim te ver, faz muito tempo...
— Faz muito tempo porque você quis assim, há semanas eu já sai da porra da reabilitação. — Comecei a andar pela sala, abrindo os primeiros botões da minha camisa, sentindo-me sufocado.
— Edward, pare um pouco — ele pediu. — Precisamos conversar melhor, se acalme.
— Estou cansado — falei. — Praticamente acabei de chegar de uma festa, preciso descansar. — Ele não parecia nada contente com a minha recusa de conversar naquele momento. — Você pode subir e escolher um quarto para ficar, eu vou ficar um pouco na sala de música.
— Estou em um hotel — Carlisle contou. — Já me registrei e deixei minha bagagem lá.
— Por que ficaria em um hotel? — indaguei. — Quando há vários quartos aqui para se estabelecer.
— Acho que é melhor assim, Edward. Eu vou embora, acho que está certo, precisamos descansar. Tive uma longa viagem e você está cansado da tal festa. Falei com Rosalie, ela disse que cozinhará para a gente amanhã no jantar, então poderemos conversar. Tudo bem para você assim?
— Acho que sim — sussurrei, ainda tentando processar tudo aquilo.
— Certo, eu te vejo amanhã. — Ele sorriu para mim, só que era um sorriso entristecido. Fiz menção de ir até a porta com ele, mas Carlisle ergueu uma mão, em um gesto claro pedindo que eu ficasse no mesmo lugar. — Conheço a saída, não se preocupe comigo.
— Ok — foi tudo que falei, o deixando sair.
Desabei sobre o sofá, colocando minha cabeça entre as mãos. O mal estar persistia, só que eu ainda estava pilhado demais para qualquer coisa.
— Precisa de algo? — Ergui o olhar, me deparando com Emmett.
— Não — respondi irritado. — Só suma do meu caminho — exigi, ele assentiu, deixando a sala que eu estava.
Saquei meu celular do bolso, ligando para Rosalie, só que ela não me atendeu. Então, me vi ligando para minha mãe, não nos falávamos desde que descobri que ela estava tendo um caso com aquele cara, o tal de Blake.
— Oi, Ed. — Minha mãe atendeu no segundo toque.
— Você sabe quem está em Los Angeles?
— Sei, ele me ligou assim que o avião posou — respondeu, sua voz era distante.
— Sabe o motivo?
— Sei, ele me contou assim que fez a ligação.
— Mãe, você não pode assinar esses papéis, por favor — implorei, apertando meu nariz entre meus dedos.
Nós ficamos em silêncio por um tempo, até que por fim ela falou:
— Sinto muito, Edward. Isso é o melhor a ser feito. — Sua voz estava chorosa.
— Eu vou ai...
— Quero ficar sozinha. — Ela fungou. — Vá para a cama cedo, certo? Sei que amanhã começa seus ensaios para o show, é bom que esteja descansado.
— Mas...
— Por favor, Edward — implorou. — Me obedeça, uma vez que seja.
— Tá, tá, que seja — concordei. — Eu te amo, viu?
Ela suspirou, depois voltou a falar com a voz um pouco melhor.
— Também amo você, nunca deixarei de amar.
Nós terminamos de nos despedir, para finalizar a ligação. Olhei ao redor, vendo o violão no canto da sala. Minha mente se iluminou, me fazendo lembrar que eu não tinha mostrado a composição nova para Isabella.
Aproveitando que ainda estava com o celular em mãos mandei uma mensagem, assim que obtive a resposta que queria eu sai de casa. Ordenei que Emmett não me seguisse, ou qualquer coisa assim, falei para onde estava indo e ele aceitou me deixar ir só, eu peguei meu violão, as folhas de papeis com a música e dirigindo um dos meus carros sai de casa, querendo um pouco me esquecer de tudo.
O porteiro do prédio de Bella não me deixou subir sem antes avisá-la, algo sobre ter regras muito especificas que a Swan exigia que todos os funcionários do prédio que morava seguissem. Eu não estava surpreso, ela era mesmo cheia daquelas merdas.
Assim que deixei o elevador, às portas do seu apartamento — era apenas um por andar —, vi a Capitã parada lá, de braços cruzados na frente do corpo. Não estava mais vestida com o vestido da festa — o que era uma pena —, usava um short jeans e uma regata azul escura, seus cabelos tinham sido presos em um coque bagunçado, estava descalça e sem maquiagem. Ela conseguia ser bonita mesmo sem maquiagem, ainda que eu a preferisse com.
— O que veio fazer aqui? Como conseguiu meu endereço?
— Você não deveria andar por ai sem maquiagem — avisei. — Podem te confundir com uma bruxa. — Ela não deu um mínimo sorriso. — Credo, você não tem senso de humor?
— Como conseguiu meu endereço?
— Renesmee, sua irmã foi bem gentil em me responder.
Bella bufou.
— Não me diz que você colocou fogo na sua casa e agora está sem onde passar a noite.
— Não. — Lancei um sorriso malicioso para ela. — Mas, eu adoraria passar a noite entre suas pernas, o que me diz?
Isabella corou, me fazendo rir.
— Relaxa, Capitã. Eu apenas vim mostrar minha música nova. — Ergui meu violão, que estava dentro de uma capa em minhas mãos.
— Você não desiste, que merda! — ela resmungou, mas abriu espaço para que eu entrasse em seu apartamento. — E o seu pai? — indagou quando passei por ela.
— Não quero conversar sobre isso.
Ela abriu a boca para protestar, só que fui mais rápido.
— Só vim mostrar minha música.
— Você não brigou...
— Capitã, a música, se concentre na música! — implorei, seguindo por seu apartamento, deixando-a fechar a porta, parando na sala.
Vi sua gata, a que Bella sempre reclamava de ser arisca com ela, sobre o sofá. Eu me aproximei da gatinha, que estava dormindo, coçando atrás de suas orelhas.
Norma Jeane, era esse o nome dela, não? Acordou, miando.
— Olá! — falei com a gatinha, que ficou dando cabeçadas em minha mão, pedindo por mais carinho.
— Ah não, você tá de sacanagem com a minha cara! — Bella protestou atrás de mim.
— O que foi?
— Essa gata me odeia e te trata bem? Qual o problema dela?
— Eu sou Ed Cullen, Isabella. — Continuei acariciando a gata. — Claro que ela gosta de mim, diferente de você que é uma megera, deve ficar gritando com a pobre felina. — Me voltei para Norma Jeane. — Você quer ir para casa comigo, lindinha? Eu tenho um grande quintal, irá poder correr e se ver livre dessa sua dona infernal. — Mal tinha acabado de falar e senti algo atingir a parte de trás da minha cabeça, uma almofada.
— Pare de tentar roubar a minha gata! — Isabella ordenou.
— Sei que você gosta das coisas agressivas, mas não precisava me atingir com nada — reclamei.
— Edward, eu estava na cama quando você apareceu para atrapalhar minha noite, é melhor que toque de uma vez essa música e caia fora.
— Na cama, é? — provoquei. — Estava brincando consigo mesma, Capitã?
— Não — negou rápido demais.
— Eu posso resolver isso se quiser. — Deixei o violão ao lado de Norma Jeane no sofá. — Minha mão é bem melhor que a sua.
— Edward, a música — a capitã disse entre dentes.
Bufei, me voltando para o violão. O tirei da capa, junto com as folhas da composição da música. Eu sentei ao chão da sala, colocando os papeis a minha frente sobre a mesinha de centro. Isabella se sentou em uma poltrona, seu olhar fixo em mim, até que senti algo em meus cabelos e ela olhou para lá, dando um sorriso pequeno.
Era Norma Jeane brincando com meus cabelos, a gata com certeza me amava. Como não amar, certo?
— Eu não acredito que ela nunca brincou comigo assim — Bella disse. — Acho que essa gata me odeia mesmo.
— Eu disse. — Mexi um pouco na afinação do violão.
— Como a música se chama? — O sorriso de Isabella morreu a me perguntar.
— Endorfina — respondi, vendo-a franzir o cenho. — Sim, é exatamente o que está pensando, eu a compus depois que fodemos, é sobre aquela noite.
Os olhos dela se arregalaram, a Capitã estava em pânico.
— Não, nem pensar...
Eu a ignorei, começando a tocar a melodia de Endorfina. Ela ainda estava crua, no violão não ficava exatamente como eu queria, algo mais agitado. Entretanto, aquilo serviria por hora.
— Eu não deixarei os vilões — comecei a cantar, de fato nem precisava olhar a letra anotada, já tinha a decorado. — Roubarem nossas emoções. Erga suas mãos. Grite suas saudações. Os deixe saberem que esta noite estão sob nossas condições.
Olhei rapidamente para Isabella, que me escutava cantar atentamente.
— Sem constrangimentos. Nós não deixaremos ninguém minar nossos sentimentos. Grite seus cumprimentos. Escute os sons dos instrumentos. Faça aqueles movimentos.
Bella bufou, mas não deixei aquilo me atrapalhar.
— Eles não irão nos alcançar aqui em cima. Ninguém irá acabar com nossa autoestima. Pela sua voz afinadíssima. Eu sei que está excitadíssima. — Sorri ao cantar aquela parte. — Eles tentaram nos aplicar morfina. Mas nós somos os donos da endorfina. Eles tentaram nos aplicar morfina. Mas nós somos os donos da endorfina. Endorfina. Endorfina. Endorfina. Endorfina.
A Capitã se moveu até o chão, ficando perto de mim, pegando as folhas sobre a mesa. Eu me concentrei em continuar a cantar, enquanto ela lia.
— Faça aqueles movimentos. Siga os sons dos instrumentos. Sem constrangimentos. Mostre todos seus talentos. — Eu ainda podia sentir Norma Jeane brincando com meus cabelos. — Eles tentaram nos aplicar morfina. Mas nós somos os donos da endorfina. Eles tentaram nos aplicar morfina. Mas nós somos os donos da endorfina. Endorfina. Endorfina.
Isabella se levantou, andando por sua sala, ainda lendo a letra em suas mãos.
— Aqui do alto. No palco. Ninguém irá nos alcançar. — Parei de tocar, eu esperava que naquele instante da música todos os instrumentos parassem. — Grite. Excite. Não hesite. Esta noite não há um único limite — cantei em um sussurro rouco, atraindo o olhar de Isabella para mim.
Voltei a tocar, em um ritmo mais acelerado ainda. Fechando os olhos e apenas me concentrando em cantar e tocar, como eu amava aquilo.
— Eles tentaram nos aplicar morfina. Mas nós somos os donos da endorfina. Eles tentaram nos aplicar morfina. Mas nós somos os donos da endorfina. Endorfina. Endorfina. Endorfina. Endorfina.
Quando acabei de cantar, abri meus olhos, buscando pelo olhar de Isabella. Eu queria saber o que ela tinha achado da canção, confiava na opinião dela.
— Então?
— Não acho que deva lançar essa música — Isabella falou, com a maldita pose de dona do mundo que ela sustentava.
— Não tô nem aí para o que você acha, eu vou lançar a música que quiser, o álbum o meu — anunciei decidido.
— Você é maluco? — gritou comigo. — Acabou de pedir minha opinião.
— É, eu devo estar maluco mesmo. Como você pode não ter gostado dessa música? Foi a melhor que já compus!
Ela revirou os olhos, jogando as folhas de volta sobre a mesinha.
— Não achei a música ruim, eu só não quero que lance uma música sobre mim.
Ah, claro!
A Capitã não queria seu segredinho descoberto.
— Ninguém vai saber que é por você, fora que a letra não está explicita, ninguém vai associar logo de cara a sexo.
— Você fala a palavra excitada.
— Excitação não é uma palavra exclusivamente referente ao sexo, Capitã. — Fiquei de pé. — A música está boa, você mesmo concordou com isso, eu irei a lançar.
— Não, a parte "aqui do alto" vai fazer as pessoas entenderem que você está falando sobre drogas e não precisamos disso.
— É sobre orgasmo — alertei.
— Eu sei! — outro grito. — Mas com a sua reputação de merda vão achar que é estar chapado.
— Bom, de certa forma orgasmo é como estar chapado — declarei, Bella bufou mais uma vez.
— Eu estou vetando essa música e ponto final.
— E você quer que eu lance no show uma daquelas músicas pré prontas de Jasper?
— Sim. — Bella assentiu. — Elas são perfeitas para sua volta.
— E eu posso ao menos lançar Endorfina depois no álbum?
— Não — respondeu sem hesitar.
— Porra, Isabella!
— Não adianta discutir, está decidido, sou sua empresária e tenho a palavra final. — Piscou para mim.
Eu me aproximei dela, ficando bem perto. Tão próximo que os seios dela estavam tocando em meu peito, eu podia senti-los se eriçando devido o contato. Ainda assim, a Capitã se manteve de cabeça erguida, sem se deixar abalar mais.
— Você quer fazer isso do jeito difícil ou do fácil, Isabella? — questionei. — Eu vou lançar essa música, você querendo ou não. Posso lançar na internet por uma rede social qualquer, posso ir tocar num bar de quinta categoria, ou posso mudar o repertório do show de última hora e colocar Endorfina no lugar de qualquer outra coisa. É isso que quer? Um lançamento tumultuado de uma música muito boa? Ou, você quer um lançamento apropriado para o que será meu próximo sucesso.
— Ed...
— Diga de uma vez! — exigi, já farto daquela briga.
— Eu ia falar que Norma Jeane está rasgando as folhas da música agora mesmo — alertou, apontando para trás de mim.
— O quê? Porra! — gritei, olhando para trás e de fato vendo sua gata brincando com as folhas onde tinha anotado minha composição. — Jean! — Chamei a atenção da gatinha, tirando as folhas de perto dela, por sorte o estrago não tinha sido grande e eu tinha uma cópia de tudo aquilo em casa.
— Jean? Você está apelidando minha gata?
— Estou! — Alisei as folhas, querendo deixá-las esticadas. — Claramente eu sou o humano favorito dela. — Gesticulei para a gatinha, que estava se enroscando entre minhas pernas.
— Não, é o Jimmy, ela tem adoração por ele — Isabella contou, me deixando com uma careta no rosto.
— Que bom que seu gosto está melhorando, Jean. — Me abaixei para pegá-la no colo, a gatinha adorou aquilo, se aconchegando em mim.
— Sério, isso não pode ser possível! — indignada, Isabella tirou Jean de mim, mas assim que viu que estava nos braços da dona ela pulou para o chão e desapareceu para o corredor.
Eu não contive uma gargalhada a ver aquilo.
— Se você continuar rindo eu vou manter minha posição sobre Endorfina.
Parei de rir na hora. Isabella estendeu sua mão para mim, entendi o que ela queria e lhe passei as folhas.
— Sem chances de fazer algumas alterações?
— Não, eu quero que fique do exato jeito que está.
Ela ergueu o olhar para mim.
— Tudo bem, você pode lançar Endorfina. — Sorri satisfeito. — Mas, terá de desconversar sempre que perguntarem em quem se inspirou, pois sabemos muito bem que farão essas perguntas.
— Fica fria, eu não contarei para ninguém que te comi. — Mal tinha terminado de falar e Bella acertou um tapa em meu rosto. Agarrei sua mão, voltando a ficar perto dela. — Se me bater mais uma vez eu serei obrigado a castigar você, Capitã.
Isabella tentou sufocar um gemido, mas não obteve sucesso.
— Vai embora, Edward — ordenou, se soltando de mim. — Já conseguiu o que queria.
— Agora só falta você calçar as botas e me pedir por mais sexo. — Recolhi meu violão, o colocando na capa. — Sabe que é só me procurar quando estiver disposta a um pouco mais de diversão.
— Edward, cai fora. — Atirou as folhas em meu peito, eu logo as segurei.
— Eu vou. — Caminhei até a porta do apartamento, com ela me seguindo. — Mande um oi para Jean. — Bella destrancou a porta, me empurrando para o corredor. — E espero que você consiga se satisfazer sozinha com sua mão.
Ela bateu a porta na minha cara.
— Faça aqueles movimentos! — cantarolei o trecho de Endorfina.
(...)
Na segunda-feira de manhã encontrei com Isabella e os outros na gravadora, para que começássemos a trabalhar na gravação de Endorfina, uma vez que eu lançaria a música no meu show e logo depois a colocaria à venda, como disponibilizaria o áudio no Youtube e principais sites de música. Laurent não parecia muito contente com a mudança abrupta de escolha de música, já que tínhamos quase tudo pronto com as outras canções compostas por Jasper, meu amigo também não estava nada feliz com aquilo.
— Ah, que bom que vai ser uma música sua — ele disse, com falsa felicidade em seu olhar.
Eu me perguntava o quão mais puto ele ficaria se soubesse que eu tinha fodido Isabella Swan, mas preferi manter aquilo como um segredo. Não precisava da Capitã mais surtada comigo, o que já era muito.
Nós passamos a manhã na gravadora cuidando dos primeiros passos da gravação de Endorfina, com a banda, as backing vocals e todo o resto. Pela parte da tarde seguimos para o Four Seasons, tinha sido por fim o lugar de escolha para meu primeiro show.
O show contaria com dez músicas minhas, nove delas antigas, a outra Endorfina. Como seria um show pequeno, apenas para cem pessoas, não teria números de dança, nem uma grande produção, o que eu agradecia muito, pois já estava muito pilhado com um show simples, um grandioso me deixaria maluco.
— Não sei se gosto dessa roupa — falei, enquanto a figurinista, Alessa, tomava minhas medidas no fim do ensaio do show.
Eu estava no camarim, junto dela e Tanya, que já tinha tirado algumas fotos minhas e gravado vídeos. Tudo para alimentar minhas redes sociais, ela disse que estavam todos muito ansiosos pelo show.
Bom, não mais do que eu. A ansiedade estava tomando conta de mim, principalmente pelo fato de que naquela noite eu iria rever meu pai e ter de conversar com ele por mais de cinco minutos.
— Ei, isso doeu! — protestei quando a figurinista encostou um alfinete em meu braço.
— Foi sem querer — ela falou, claramente era uma mentira.
— Sinto muito, Edward — Tanya disse. — Bella quer que seja essa roupa.
— Ela é uma ditadora — reclamei.
— Eu ouvi isso — Bella entrou no camarim naquele instante.
— Era para ouvir, quem sabe assim você vira uma pessoa melhor.
— Aham, claro — ela debochou. — Alessa, você pode continuar com isso amanhã, estamos dispensado Ed por hoje.
— Amém! — exclamei, deixando com que a figurinista me ajudasse a tirar as roupas, eu não perdi o sorrisinho que ela me lançou ao fazer isso.
— Eu acho que você deveria tocar só de cueca — Tanya proclamou quando a figurinista saiu, me deixando só em minha cueca, enquanto eu ia pegar minhas roupas para vestir e poder ir embora. — O que acha, Bella?
— Eu não acho nada. — Ela pigarreou, Tanya deu uma risada maliciosa.
O que eu estava perdendo? Será que Tanya sabia sobre minha noite com Isabella?
O celular de Tanya tocou, ela disse que precisava atender e saiu, me deixando sozinho com a Capitã, que rapidamente se distraiu com seu próprio celular.
— Tanya sabe sobre nós dois? — indaguei.
— Não sei do que está falando — Bella respondeu.
— Ela sabe, não?
— É melhor você se vestir e sair logo, vá para casa descansar, amanhã será um dia longo.
Bufei, aquilo era claro, ela tinha contado para Tanya.
— Não vou descansar porra nenhuma — falei, pegando minhas roupas e começando a me vestir. — Meu pai vai jantar lá em casa hoje.
— Você ainda não falou como foi ontem.
— Uma merda, não resolvemos nada, acho que hoje algo pode se resolver, mas sei lá. — Abotoei minha calça. — Por que não vem comigo?
— O quê? — Bella arregalou os olhos.
— Vem jantar lá em casa — falei, passando a camisa por minha cabeça. — Assim você fica de olho em mim, me impede de fazer alguma merda.
— Não sei...
— Vamos, Capitã — insisti, sentando para calçar meus tênis. — Prometo me comportar.
— Aham, até parece.
— Sério, nada de te levar para minha sala de música. Ou para minha cama, mesmo achando que você iria gostar muito dela. — Isabella me encarou com seriedade. — Só um jantar, você pode fazer sua manipulação para Carlisle e eu nos entendermos, já pensou na boa publicidade quando todos souberem que ele e eu estamos nos dando muito bem?
Isabella suspirou.
— Que seja, eu vou, mas só porque não tenho nada melhor para fazer.
— Uau, essa doeu! — debochei, ela deu um sorriso vitorioso.
— Te encontro lá, vou no meu carro — falou. — Só preciso resolver algumas coisas com o pessoal do hotel antes.
— Beleza. Então, você concorda com Tanya que eu deveria me apresentar só de cueca?
— Morra, Cullen! — exclamou, dito isso deixou o camarim.
(...)
Rosalie já estava na minha casa quando cheguei lá, trabalhando no jantar na cozinha. Eu vi Shrek do lado de fora, como Carlisle não gostava de cachorros sabia que aquilo tinha sido algo que ela fez justamente com o intuito de agradar nosso pai.
— Oi — ela falou comigo, hesitante, quando me viu.
— Você deveria ter me dito que Carlisle estava vindo para Los Angeles — disparei, ela se encolheu.
— Eu pensei que as coisas seriam diferentes — se justificou. — Pensei que ele viria e se resolveria com a mamãe, não que eles fossem assinar os papéis do divórcio.
— Isso...
— Aconteceu hoje de tarde — murmurou, seus olhos cheios de lágrimas. — Pelo o que papai me contou ainda há pouco. — Ela fungou. — Ele já está vindo.
— Isso é uma grande merda — resmunguei.
— Sinto muito, Edward — Rosalie sussurrou. — Mas, quando a mamãe falou que estava com aquele cara... Eu surtei também, liguei pro papai e contei o que estava acontecendo, ai ele disse que ia resolver tudo o quanto antes. Só que, eu realmente pensei que ia ser uma solução com eles dois voltando, não o contrário.
— Eles estão divorciados — falei, mais para mim mesmo do que para ela.
— A mamãe não deveria ter ficado com aquele tal de Blake — Rosalie falou com ódio.
— E o papai com a tal Francesca? — Ela me olhou confusa. — Ah, ele não te contou sobre a namorada dele?
— N-Não... Eu... Quero dizer, não sabia que ele estava mesmo com alguém, desconfiei, mas... — Ela largou a faca sobre o balcão, respirando fundo.
O interfone tocou naquele momento.
— Deve ser o papai — Rose disse.
Andei até o aparelho, o atendendo.
— Oi.
— Pirralho, sou eu.
Resmunguei, apertando o botão para abrir o portão para Isabella.
— Pode entrar. — Desliguei o aparelho em seguida.
— Vou agilizar o jantar, papai odeia esperar — Rosalie falou.
— Ainda não é ele, é Isabella.
— O quê? Por que ela está aqui? — minha irmã perguntou, não respondi, indo até a entrada da mansão abrir a porta para minha empresária.
— Espero que a comida seja boa — Bella falou assim que entrou.
— Sinto muito se nem todos tem um mestre cuca em casa — falei, ela revirou os olhos.
— Aliás, cadê ele? Por ai curtindo o chifre?
— Edward, cala a boca — Isabella ordenou. — Cadê seu cachorro? — indagou, já seguindo pelo interior da minha casa.
— No quintal, Carlisle não curte muito animais.
— E cadê seu pai?
— Ainda não chegou.
— Estamos sozinhos? — Ela não parecia contente com aquilo.
— Não, Rosalie está na cozinha. — Bella respirou aliviada, andando até lá.
— O que você veio fazer aqui? — Rosalie perguntou quando viu Isabella.
— Seu irmão me convidou. — Isabella espiou as comidas que Rose colocava sobre a mesa. — Tem certeza de que não querem pedir o jantar de algum bom restaurante?
— Estamos bem sem sua ajuda — Rose resmungou. — Esse era para ser um jantar em família — falou para mim.
— Família? Bem no dia que nossos pais assinaram o divorcio? Acho que não.
— Eles se divorciaram? — Isabella indagou, com uma careta no rosto.
— É, sim — respondi.
Ela massageou sua testa.
— Eles não podiam ter esperado até depois do seu show? A imprensa vai adorar falar sobre isso nos próximos dias, não será uma boa publicidade.
— O mundo não gira em torno de publicidade — Rosalie disse para Isabella, fazendo minha empresária revirar os olhos novamente.
— Publicidade é o que move o mundo, querida — debochou. — Faça com que seus pais não abram a boca para mais ninguém sobre o divórcio — ordenou para mim, pegando seu celular do bolso. — Vou avisar Tanya, precisamos estar prontos quando isso se espalhar. — Começou a digitar rapidamente em seu celular.
Rosalie me lançou um olhar indignado, mas não durou muito uma vez que o interfone tocou novamente e ela foi o atender. Daquela vez não restavam duvidas, era Carlisle. Deixei minha irmã ir atender a porta, enquanto sentava a mesa, Bella se sentou junto de mim, ainda mandando mensagens para Tanya.
Não demorou muito para Carlisle entrar na cozinha, junto de Rosalie. Meu pai estava sério, ficando ainda mais quando viu Isabella.
— Olá, Carlisle! — ela exclamou, forçando um sorriso para ele.
— Eu pensei que seria um jantar apenas com nós três — Carlisle falou para Rosalie.
— Edward a convidou de última hora — minha irmã contou.
— Claro. — Carlisle voltou o olhar para mim. — Oi, filho!
— Vocês assinaram mesmo os documentos do divórcio? — me vi perguntando.
— Edward, melhor não falarmos sobre isso agora! — Rosalie exclamou. — Pai, vai lavar as mãos para jantarmos.
Carlisle aceitou aquilo de bom grado, indo lavar suas mãos e retornando a mesa. Ele se sentou diante de mim, do outro lado do móvel, junto de Rosalie.
— Espero que goste do jantar, papai.
— Então, Carlisle — Bella começou. — Até quando vai ficar? Sabe que Edward vai ter um show semana que vem, não? Você deverá estar lá para apoiar seu filho. — Tinha certo tom de julgamento em sua voz.
Carlisle olhou para mim, ignorando Isabella.
— Edward, será que nós dois podemos conversa sozinhos?
— Mas e o jantar? — Rosalie questionou aflita.
— Nós comemos depois — meu pai falou, se colocando de pé. — Edward, vamos.
Engoli em seco, odiando a forma como ele sempre queria mandar em tudo. Mesmo assim, eu me levantei e o segui até a sala mais próxima.
— Por que você contratou aquela mulher como sua empresária? — me perguntou.
— Isabella é boa no que faz — respondi. — Mas, no que isso te importa?
— Bom, talvez pelo fato de ela ser uma completa promiscua? — Ergueu uma sobrancelha. — Não acho que seja um bom exemplo para você, dado o histórico dela.
Tive de rir daquilo.
— Meu histórico é bem pior que o dela, pai — aleguei.
— Sim, é sobre isso que queria falar. — Ele colocou suas mãos dentro dos bolsos de sua calça. — Eu acho que você deveria parar.
— Espera, do que está falando?
— Estou falando que acho que seria melhor você abrir mão desse mundo. — Gesticulou ao redor. — Venha para Bath comigo, filho. Largue esse mundo que só te faz mal, desde o primeiro momento.
— Você quer que eu abandone minha carreira? — questionei em choque.
— Era com isso que você sonhava? — indagou, com certo horror em seu olhar. — Todas as drogas, as festas sem sentido, essas mil mulheres em sua cama que não significam nada? Você pode continuar sendo um músico em Bath, pode dar aulas de música e ensinar crianças, fazer seu dom para música ser realmente algo útil. Deixe esse mundo quando ainda pode, filho. Eu acho que deveria passar mais alguns meses em uma clinica de reabilitação, depois disso poderá ter uma vida completamente diferente. Quem sabe ainda possa entrar numa faculdade, o que acha?
Eu continuei o encarando, chocado demais naquele momento.
— Você tem todo esse dinheiro, então poderá até abrir sua própria escola de música. Pode ser em Liverpool, sabemos que ama aquele lugar...
— Não, você não sabe de nada, Carlisle! — exclamei por fim, o calando. — Acha que sabe, mas não, não sabe. Se realmente me conhecesse não estaria aqui sugerindo essa loucura. — Ele negou com um aceno de cabeça.
— Não é uma loucura, estou pensando no seu bem.
— Não, não está, porque eu morreria em uma semana se voltasse para a Inglaterra e me tornasse a porra de um professor de música. Isso me destruiria, pai. Não consegue perceber isso?
— Você está se destruindo aqui mesmo, Edward.
— Vai embora! — Abri a porta, indicando o lado de fora da sala.
— Filho...
— Não, vai embora! — gritei com ele. — Estou farto dessa maldita conversa, exausto de você nunca me apoiando de verdade. Sinto muito por não ter seguido seus sonhos, mas estava ocupado demais seguindo os meus. — Tornei a apontar para o lado de fora. — Pode ir embora agora, nós dois sabemos que sua vinda até Los Angeles é um caso perdido.
— Um caso perdido como você? — Carlisle gritou de volta. — Acha que realmente está seguindo seu sonho enquanto fuma e bebe? Enquanto se enche de cocaína? Você não está fazendo nada além de ser uma estrela do pop drogada!
— Ei, ei, o que está acontecendo aqui? — Rosalie apareceu, Isabella logo atrás, com os braços cruzados na frente do corpo.
— Você só está se arruinando — Carlisle continuou. — Cada vez mais, Edward. Ela. — Apontou para Isabella. — É como uma sanguessuga, como o resto das pessoas nessa cidade, vai te deixar na merda como Caius deixou, como sua noiva fez. Venha comigo para Bath, me deixe cuidar de você, filho. Sai dessa vida, enquanto há tempo, antes de você ficar preso em definitivo aqui.
— Já mandei você ir embora — falei, olhando para meus pés.
Ouvi Carlisle suspirar, ele passou por mim e tentou me tocar, mas me afastei de sua mão. Então, o escutei ir embora, com Rosalie o chamando e o seguindo.
— Edward? — Bella me chamou, eu funguei, começando a chorar. — Ah não, Betty, sem choro — ela implorou irritada.
Eu não lhe dei ouvidos, continuando a chorar, enquanto me apoiava na parede atrás de mim e deslizava na até o chão. Senti Bella se ajoelhar ao meu lado, mas naquele momento só conseguia chorar.
— Ele está certo? — perguntei entre minhas lágrimas. — Por que continuo nessa droga de vida? Eu deveria largar tudo!
Isabella segurou meu rosto, com certa força, fazendo com que a olhasse.
— Você ama ser um músico, não?
Assenti, olhando no fundo dos seus olhos castanhos.
— Certo, você conseguiria se ver fazendo outra coisa que não fosse cantar?
Neguei rapidamente.
— Mas, é tão difícil, lidar com tudo isso.
— Eu sei — ela falou sabiamente. — Como também sei que nada vem sem certo sacrifício, se você quer continuar com sua carreira vai ter de lidar com as consequências que ela traz.
— Isso significa ter de me afastar do meu pai?
— Se ele continuar indo contra você? Sim. — Ela me soltou.
Voltei a chorar, agarrado as minhas próprias pernas. A Capitã não falou mais nada, somente ficou ao meu lado me ouvindo chorar.
Eu chorei pelo resto da noite, até que deixei Bella me levar para meu quarto. Estava tão cansado que apenas chutei meus sapatos para longe, deitei e dormi no segundo seguinte.
Quando acordei foi com alguém afagando meus cabelos, abri os olhos aos poucos. Então, me deparei com minha mãe sentada ao meu lado, por seus olhos vermelhos e inchados, eu sabia que ela tinha chorado também.
— O que está fazendo aqui? — perguntei.
— Isabella me ligou e contou o que aconteceu, pediu para vir ficar com você — Esme murmurou. — Sinto muito, Edward.
— Sinto muito pelo divórcio.
Ela assentiu, continuando a mexer em meus cabelos.
— Cadê ele?
— No hotel, com Rosalie — respondeu, limpando uma lágrima de seu rosto. — Ele vai voltar para a Inglaterra amanhã cedo.
— Ok. — Foi tudo que falei, voltando a fechar meus olhos. — Mãe?
— Sim?
— Você ainda sente orgulho de mim?
Ela demorou tanto a responder, que quando ouvi sua resposta não tinha certeza se estava mesmo sonhando, ou acordado.
— Sinto, Edward.
(...)
Foquei nos ensaios para o show e na gravação de Endorfina pelos dias seguintes, me dediquei totalmente aquilo. Fiz de tudo para ignorar a situação com meu pai, dando tudo de mim para meu trabalho.
Toda vez que Rosalie tentava falar nele eu mudava de assunto, não queria conversar sobre aquilo. Ela e minha mãe também não estavam indo muito bem, eu sabia que era sobre o namorado de Esme, só que também não me foquei naquilo.
Eu tinha um show a fazer, uma música nova a apresentar e minha carreira a retomar. Que se fode-se todo o resto.
Me encarei no espelho, passando as mãos por meus cabelos. Já era o dia do show, alguns minutos antes de eu entrar no palco. Estava vestindo uma calça jeans preta, rasgada nos joelhos, uma camiseta branca, com uma camisa rosa por cima aberta, em meus pés tênis rosa também. Usava um relógio e alguns anéis. No fim curti o visual, eu estava bonito no fim das contas, como sempre.
Tanya tinha conseguido me manter o mais tempo possível sozinho antes do show, isso queria dizer que entrevista, ou encontro com os fãs aconteceria só depois. Eu agradeci isso, precisava de um tempo só.
Tanto que fiz até mesmo com que minha mãe e Rosalie fossem direto para os camarotes, sem querer as duas me deixando mais pilhado. Caminhei até a mesinha do camarim, pegando mais um pedaço de chocolate.
A porta se abriu e vi Isabella entrar, eu já tinha a visto antes aquela noite, mas não conseguia deixar de reparar o quão gostosa ela estava aquele dia. Usava uma calça de couro preta, tênis, uma camisa do Kiss que deixava sua barriga de fora e por cima uma jaqueta jeans, seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo no topo da cabeça.
— Pronto, Betty? — me perguntou.
Neguei, ela bufou.
— Vamos, não está animado para tocar Endorfina?
— Não me deixe mais pilhado! — reclamei, sentando no sofá do camarim. — Todos já chegaram?
— Sim. — Ela foi até a mesinha, pegar um pedaço de chocolate para si também, eu queria desesperadamente algo para fumar ou beber, mas sabia que se pedisse por isso a Capitã me deixaria com um olho roxo. — Estamos só esperando a hora certa para te colocar no palco. — Sentou ao meu lado. — Não se esqueça de tirar a camisa em algum momento.
Sorri para ela.
— Está louca para me ver nu, né?
— Sabe que não é isso.
— Ah, eu sei sim. — Depositei uma mão em sua coxa, sentindo a textura do couro da sua calça. — Como eu queria te foder aqui mesmo — sussurrei no seu ouvido, mordiscando sua orelha, ouvindo-a gemer. — Você está sendo resistente nos últimos dias, mas quando irá parar de bancar a boa menina e voltar a ser a mulher que me implorou para fodê-la outro dia?
— Ed.
— Vamos, Capitã. — Mordisquei sua orelha outra vez. — Basta pedir.
— Não, não, não! — Ela pulou para fora do sofá, estava vermelha e arfante. — Pare com essa merda, Cullen.
Eu apenas ri.
— Sério!
— Já parei. — Ergui as mãos para cima. — Ei, que tal uma daquelas suas massagens? Isso me ajudaria a relaxar, já que você não quer me ajudar nisso de outra forma.
— Só uma massagem — ela deixou bem claro, voltando a se aproximar do sofá.
— Mas, se você quiser mais é só ir em frente — falei, me virando de costas para ela.
— Cala a boca, pirralho! — Logo suas mãos estavam em minhas costas... E porra, eu adorava as mãos dela, eram excelentes em massagear.
Nós ficamos em silêncio durante a massagem, até que — infelizmente — alguém bateu na porta e Isabella precisou me soltar. Tanya entrou no camarim, seguida de um cara da produtora, ela estava agitada, exclamando que estava na hora de eu ir para o palco.
Eu me levantei, sentindo toda a tensão voltar a mim.
— Bom show, pirralho — Bella saudou. — Quebre a perna.
— É capaz de acontecer de verdade — protestei. — Vai assistir dos bastidores?
— Não — ela negou. — Vou assistir do camarote — respondeu. — Com James.
Quando o mestre cuca tinha retornado à Los Angeles?
— Sem tempo para papo furado, o show! — Tanya lembrou, agarrando meu braço e me puxando para fora do camarim.
Ela me levou para os bastidores do palco, o show aconteceria em um dos salões do hotel, onde o resto da banda já estava posicionada. Jasper contava piadas, fazendo todos rirem, mas eu não conseguia sequer prestar atenção, estava muito nervoso, esperando o sinal final para entrarmos no palco.
— Aqui, Ed! — Olhei para o lado, surpreso quando vi Bella ao meu lado, entregando o microfone que eu usaria aquela noite.
— Pensei que você fosse assistir do camarote.
— Dos bastidores é mais legal. — Ela piscou para mim. — Você vai se sair bem.
— Vou?
— Vai — garantiu.
Alguém gritou para a banda entrar no palco.
— Chegou sua hora.
— Obrigado, Capitã.
Ela sorriu brevemente.
— Me agradeça depois de fazer o melhor show da sua vida. — Apontou para o palco.
Eu assenti, respirei fundo e fui até o palco. Apertei o microfone em minha mão, pensando que aquele era meu recomeço definitivo como músico, estava voltando ao palco que era meu lar, apesar de todo o nervosismo estava feliz com isso.
Olhei uma última vez para Isabella antes de subir no palco, ela sorriu, indicando que eu deveria continuar andando. Foi o que fiz, quando pisei no palco os acordes de Endorfina já tocavam.
— Eu não deixarei os vilões — comecei a cantar para o público, que gritou meu nome. Sorri largamente, sentindo a endorfina em meu corpo, eu estava no paraíso.
