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The Debt of Time
Parte Um - A Dívida de Vida
Capítulo Dois: Invocato Vita Debitum
"...Wake me up inside, Wake me up inside
Call my name and save me from the dark
Bid my blood to run, Before I come undone
Save me from the nothing I've become..."
(Bring Me To Life - Evanescence)
22 de julho, 1997
A Toca - Residência dos Weasley
"Eu disse a você, é uma surpresa." Hermione com um grande sorriso. "Apenas me deixe fazer isso, ok?" Seu sorriso azedou enquanto encarava Ron na sala de estar d'A Toca. "Tonks e Remus acabaram de se casar e ela tem várias ideias sobre presentes de casamento para Fleur, então eu pedi ajuda a ela." Ela mentiu com aparente facilidade, apesar de, por dentro, seu estômago ter dado um grande nó.
"Eu só não entendo porque ela não pode vir aqui," Ron choramingou. "Com tudo que está acontecendo..." Ele suspirou em óbvia frustração. "Inferno, mamãe odeia quando papai sai para o trabalho de manhã. Não é seguro lá fora, Mione."
Hermione revirou os olhos em resposta. "Sim, bom, eu vou estar com uma Auror..."
"Que tropeça nos próprios pés," Ron cortou.
"E Remus provavelmente estará conosco. Eu vou estar perfeitamente segura," ela insistiu. "Além disso, falando em segurança," ela falou, olhando para ele. "Você deveria aproveitar essa oportunidade para contar a sua mãe qual nosso plano para esse ano." Ron revirou os olhos, mas ela continuou. "Não ouse esperar até o último minuto, Ronald Weasley." Ela pôs seu dedo no peito dele e ele fez uma careta. "Você não vai jogar Harry e eu embaixo do ônibus."
"Embaixo do ônibus?" Ele levantou uma sobrancelha.
"Expressão trouxa." Ela suspirou. "Significa que você não vai deixar isso para Harry e eu explicarmos só porque você morre de medo da sua própria mãe. Explique você mesmo e eu vou ver quando voltar." Ela se dirigiu para a lareira. "Não sei quanto tempo isso irá tomar - podem ser algumas horas - então só por via das dúvidas, não peça para sua mãe guardar um prato para mim. Eu poderia convencer Tonks a fazer um dia de garotas depois."
Ron fez uma careta. "Você odeia coisa de menina."
"Não odeio não." Ela fez outra careta para ele. "Eu odeio as coisas de garota que Lavender e Parvati fazem, não de Tonks ou Gina. Existe uma grande diferença." Ela lhe dirigiu um sorriso debochado, podendo ser confundido com o de Malfoy facilmente. "Menos risinhos e gritinhos," ela explicou. "Agora para de enrolar e vá conversar com sua mãe. Escreva um discurso, se você acha que ajudaria." Ela enxotou-o para longe antes de atirar o pó de Flu, gritando, "O Recanto!" e desapareceu nas chamas.
oOoOoOo
Ministério da Magia
Menos de uma hora mais tarde, Hermione e Remus se aproximaram da entrada do Ministério da Magia, liderados por Tonks em seus trajes de Auror. Remus não foi transfigurado pois já era conhecido por passear o Ministério de vez em quando para falar com vários conhecidos, entrar com pedidos de emprego, ou para ver sua esposa. Hermione, por outro lado, era facilmente reconhecida, então, antes de aparatar Tonks transfigurou seus cabelos para um preto, alisou seus cachos e a envelheceu uns bons dez anos. Um par de óculos e roupas de secretária depois e Hermione não seria reconhecida por ninguém, exceto talvez Harry ou Ron.
Tonks pressionou a ponta de sua varinha contra uma porta suja ao lado de um grande vazio que imediatamente virou um elevador que parecia exatamente como o que Hermione tinha usado durante sua primeira entrada no Ministério da Magia, só que dessa vez não tinha uma voz acima os recepcionando. Esperaram até serem deixados totalmente dentro do elevador com a porta batendo atrás deles, mergulhando-os na escuridão e, então, Tonks pegou uma caixinha que brilhava um pouco, batendo nela com sua mão para acessar um painel ainda mais mal iluminado. Hermione notou vagamente que ela pressionou o número nove. O elevador se moveu imediatamente e enquanto eles desciam, Hermione pegou o galeão no seu bolso. "Você tem o seu, certo?" Ela perguntou a Tonks, checando.
"Sim!" Tonks sorriu e mostrou a moeda antes de guardá-la de novo em seu bolso. "Vou ficar checando de tempos em tempos só por via das dúvidas. Não fui chamada para ficar na frente da imprensa, só andando devagar atrás, para que ninguém perceba," ela prometeu. "Falando nisso..." Ela se concentrou um pouco até que seu cabelo rosa brilhante se tornou do mesmo tom de areia do loiro de Remus, menos as mechas grisalhas que ele tinha.
"Adorável." Remus revirou os olhos.
"Ohh, você sabe que é lindo, amor." Tonks sorriu para ele e Hermione abafou uma risada enquanto ele cruzava os braços sobre o peito em uma pequena birra enquanto sua esposa carinhosamente bagunçava seu cabelo.
"Departamento de Mistérios," a voz de repente falou enquanto as portas abriam.
"Certo," Hermione disse com a voz um pouco estremecida. Ela respirou nervosamente. "Aqui é a nossa parada." Ela saiu do elevador lentamente quando as grades se abriram e Remus a seguiu de perto, parando apenas para dar um beijo de despedida em Tonks.
"Vejo vocês logo." Tonks sorriu. "Fiquem a salvo!" Ela emendou antes das portas do elevador se fecharem e a levarem embora para, o que Hermione assumiu, o Átrio. Ela se virou e olhou em volta, sua respiração acelerando.
"Vai com calma." Remus colocou uma mão sobre seu ombro e ela reagiu a tocando, usando o gesto dele para acalmar a si mesma.
"Obrigada," ela sussurrou antes de seguir em frente pelo corredor, Remus no seu encalço. Eles andaram em silêncio absoluto antes de chegarem na grande porta preta no final do corredor. Hermione fechou os olhos, respirando forte, antes de botar a mão na maçaneta. A porta abriu imediatamente.
"Sério?" Ela piscou. "Não está nem trancada. O que diabos eles estavam pensando? Cinco adolescentes invadiram esse departamento não tem nem um ano e eles nem se importam de trancar-"
Remus a interrompeu com um sorriso. "Hermione? Não vamos olhar o presente que o hipogrifo tem no bico." Ele segurou a varinha na mão, embora ele estivesse igualmente suspeito e pronto para um ataque.
"Você está certo, você está certo," ela reconheceu. "Mas mesmo assim, talvez eu mande uma coruja anônima depois," ela murmurou e sorriu quando o ouviu rir atrás dela.
Entrando na grande sala, Hermione acenou com a varinha e de repente a escuridão em torno deles era iluminada por velas acesas que mostraram um grande número de portas que rodeava os dois. "Tudo bem, feche a porta," ela instruiu e ouviu Remus quando fechou sua entrada e eventual saída. No momento em que a porta se fechou atrás deles, Hermione virou-se e disse, "Flagrate!" como tinha feito no verão anterior, gerando uma grande cruz de fogo para marcar a saída deles.
A sala começou a girar e Hermione se apoiou contra o braço de Remus, que a abraçou protetoramente. Uma vez que as portas pararam de girar, Hermione voltou sua atenção para a que ela tinha marcado. "Isso não vai durar para sempre", ela resmungou.
"Que tal nós adicionarmos isso?" Remus apontou a varinha para as chamas e sussurrou: "Immobulus!" O fogo que marcava a porta congelou no lugar. Ele sorriu debochadamente e Hermione o seguiu.
"Como é que eu não pensei nisso antes?" Ela perguntou a ele, frustrada com ela mesma. "Está em O Livro Padrão de Feitiços 2o ano, pelo amor de Godric", ela disse irritada. "Eu uso esse encanto desde que eu tinha doze anos."
"Você é muito brilhante às vezes," Remus riu. "Você pensa muito grande. Lembre-se, foram esses pequenos feitiços nos seus primeiros anos que mantiveram você viva enquanto percorria o castelo nos calcanhares de Harry."
"Por favor", disse ela com um revirar de olhos. "É mais como perseguir os calcanhares dele. Esse menino não pode deixar de correr direto para o perigo."
"Melhor ainda que você sempre estivesse lá cuidando dele," ele disse. "De todos," ele acrescentou em voz baixa.
"Qual é a porta?" Ele perguntou a ela. "Eu não consigo lembrar. Quando chegamos para socorrer vocês, estava uma confusão só e as portas abriam com pessoas correndo para todos os lados."
"Não me lembro especificamente. Acho que vamos ter que investigar com cuidado." Ela suspirou levemente e se aproximou de uma porta. Ao abri-la, ela olhou em volta, mas se recusou a botar o pé dentro sabendo dos perigos que poderiam estar à espreita dentro da sala. Ela piscou algumas vezes quando o quarto parecia conter nada além de escuridão. "Hm", ela murmurou. "O que isso parece para você?"
Remus olhou de relance e acendeu um Lumos com sua varinha, que não teve nenhum efeito na escuridão da sala. Ao longe, as luzes brilhavam acima deles. "O céu, eu acho", ele sugeriu.
"Sala do Espaço." Hermione concordou e imediatamente fechou a porta. "Não vamos entrar aí. Eles botaram uma variação de encantamento de névoa e limbo no chão," ela explicou. "Harry teve que passar por algo parecido no Torneio Tribruxo. Ron, Ginny e Luna ficaram presos aqui da última vez," ela disse, marcando a porta com um grande círculo em fogo, que ela imediatamente congelou, igual Remus fez.
Remus se virou para a próxima porta e a abriu. A vista fez seus olhos arregalarem.
"Uau," Hermione disse, entrando. "Cuidado. Eu vi o que esses Vira-Tempos são capazes de fazer."
"Você não tem ideia," Remus disse baixinho enquanto entrava na sala e verificava cada detalhe.
O repentino sorriso de Hermione carregava uma nostalgia surpresa. "Eu não posso acreditar que eles conseguiram consertar tudo de volta."
"Você os destruiu?" Remus perguntou com um sorriso afetado no rosto. "Por que eu não estou surpreso?" Ele riu baixinho antes da sua atenção ser atraída por um objeto familiar. Um Vira-Tempo com areia azul dentro de uma ampulheta construída cuidadosamente, envolto por uma caixa prata com uma fina corrente saindo dela como se fosse um colar. Ele estendeu a mão e tocou a peça com reverência e temor, olhando para a parte inferior do mesmo, onde ele viu gravada uma runa que ele sabia significar predestinação. Um sorriso cruzou seu rosto.
"Comensais da Morte," ela explicou, sua voz ecoando nas paredes e teto enquanto ela examinava uma grande ampulheta posta em uma prateleira do lado oposto da sala. "E eu não destruí nada," ela bufou ligeiramente ofendida. "Eu sei mais do que bagunçar com Vira-Tempo," disse ela com firmeza. "Mas então, novamente, você sabe tudo sobre isso."
"O quê?" Remus pulou e virou, olhando para ela como se tivesse sido flagrado com a mão no pote de biscoitos. "Por que eu saberia disso?"
"Porque eu usei o Vira-Tempo no terceiro ano," ela explicou. "Eu te disse isso. Quando nós salvamos Sirius dos dementadores?" Ela sugeriu com uma sobrancelha levantada.
"Ah." Remus concordou. "Claro." Ele balançou a cabeça. "Desculpe, eu estava perdido em alguns pensamentos."
Ela sorriu e se adiantou para a porta. "Bom, nós estamos enrolando."
"Nós estamos indo embora?" Remus enrugou a testa em confusão.
"Sim," Hermione assentiu ante a afirmativa. "Eu não preciso da Sala do Tempo," ela explicou rapidamente enquanto saia, esperando por ele do lado de fora.
Remus hesitou, olhando ao redor da sala em hesitação. Mas se ela não veio aqui por isso... Ele olhou de volta para o Vira-Tempo com a runa marcada. Relutantemente de botar sua fé nas mãos do destino, ele pegou o dispositivo e o guardou firmemente nas suas vestes, antes de sair apressadamente para a sala circular de novo. Quando a porta fechou atrás de si, Hermione a marcou e se dirigiu a próxima porta.
"Hermione, você vai me contar..." Remus começou enquanto ela abria a porta seguinte. O olhar em seu rosto o calou imediatamente; ele voltou sua atenção para o interior da sala e deixou escapar um suspiro, suas narinas dilatadas com a visão.
Um grande, mal iluminado e retangular recinto estava diante deles. No centro estava um familiar poço de pedra cercado por assentos que se espalhavam pela sala como se fosse um grande teatro. Um grande estrado de pedra encontrava-se no centro da sala onde um enorme arco mantinha-se de pé, sem o apoio de qualquer parede envolvente. Remus mal conseguia tirar os olhos arregalados da maldita coisa, seu olhar bastante intenso. Tão intenso que ele nem percebeu Hermione passar pela porta até que ela começou a se mover em direção ao buraco.
"Hermione!" Remus chamou por ela em pânico. "O que você pensa que está fazendo?"
"Foi por isso que eu vim." Ela se virou e olhou para Remus, uma pitada de remorso em seu rosto. "Eu pedi para você confiar em mim," ela explicou cuidadosamente. "Você ainda confia?"
"Eu..." mas as palavras ficaram dolorosamente presas em sua garganta. "Hermione, por favor, por favor, não chegue perto dessa coisa. Eu não..." A quantidade de dor em seus olhos era tão grande que por um momento Hermione pareceu hesitar.
"Se você não quiser descer comigo, então guarde a porta," ela insistiu.
Remus ficou lá, amedrontado, enquanto ela continuava a se mover para frente, aproximando-se do arco de pedra muito mais rápido do que ele teria gostado, considerando que ele preferia que ela não chegasse perto de modo algum. Ele não tinha tido tempo para observá-lo de perto a última vez que ele esteve aqui e agora ele não queria nem olhar para a coisa. Parecia ser apenas uma construção simples, embora o que havia além era indefinido. Essa era uma ideia horrível. Remus tinha certeza de que ela tinha vindo pelo Vira-Tempo. Na verdade, ele sabia que este específico Vira-Tempo em suas vestes era o único motivo para ele estar ali. Então por que ela o trouxe para essa horrorosa sala de morte e miséria?
"Desculpe por não ter te dito tudo, mas eu viria aqui independente da sua ajuda," ela explicou enquanto botava a varinha ao seu lado e ajoelhava em frente ao grande arco. Ela puxou uma pequena e familiar bolsa de contas para fora de suas vestes e afundou seu braço nela até o cotovelo.
Ele tentou apelar para a razão dela. "Hermione, eu não posso imaginar o que você pensa que pode fazer aqui, mas... Eu imploro para que você não chegue perto dessa coisa. Por favor." Seu coração afundou com o pensamento do pior desfecho.
"Eu não vou atravessá-lo, eu garanto a você," ela prometeu enquanto vasculhava sua bolsa. Ela puxou o que parecia uma camisa manchada, seguida de uma caixinha preta que Remus reconheceu como o kit de primeiros socorros dos bruxos, que geralmente trazia uma variedade de poções dentro.
Hermione pegou a varinha com a mão trêmula enquanto se levantava e encarava o arco.
"Hermione..." Remus choramingou enquanto dava um passo para perto dela, seu olhar preso e apavorado enquanto mantinha um olhar atento sobre ela, tomando nota de cada respiração que ela dava, tendo certeza de que se ela chegasse muito perto ele a afastaria a tempo. Ele não teve a chance de salvar Sirius. Ele estava quilômetros longe quando perdeu James e Lily. Ele não poderia viver consigo mesmo se ele visse Hermione cair no véu.
"Eu agradeço a sua preocupação, Remus, eu realmente agradeço, mas agora eu preciso me concentrar ou então teremos vindo aqui à toa," ela insistiu firme, uma nota de irritação em sua voz. Remus parou de falar e respirou pesadamente pelo nariz, seu coração batendo rápido em seu peito.
"Invocato Vita Debitum!" Hermione gritou, mexendo sua varinha em um movimento circular a sua frente. Redemoinhos dourados pairavam no ar enquanto ela se movia e o círculo seguindo frente enquanto ela apontava em direção ao arco. "Aperi!" Ela falou e o círculo dourado se encaminhou para o arco, o engolfando com a luz. De repente, o véu negro que fluía no arco ficou branco e Hermione e Remus deram um passo atrás, cobrindo seus olhos devido ao brilho do véu.
Hermione pegou a camisa, que agora Remus podia ver que estava manchada com sangue. Seus olhos se abriram e ele engoliu com força, não estando disposto a cheirar o ar e descobrir de quem aquele sangue era. Ele não queria saber. Ela não disse nada a ele sobre o que estava fazendo e Remus estava sinceramente com medo de descobrir a resposta. Uma parte dele estava muito preocupada em enfrentar seu bicho papão, considerando tudo.
"Por sangue," Hermione sussurrou enquanto ela incendiava a camisa, levitando as cinzas no ar e as empurrando através do véu. "E sacrifício," ela disse e deixou a mão aberta, enquanto um Diffindo a cortava o bastante para sangrar. Hermione apertou sua mão com força, permitindo que o sangue se juntasse numa pequena poça na palma da sua mão antes de lançá-lo no véu. "Do ut des!" Ela gritou e o véu brilhou mais ainda.
"Eu vim para coletar!" Ela disse para a luz antes de empunhar a varinha para frente. "Debitum Naturae! Domum filius Nigrum!"
Remus arregalou os olhos enquanto ela falava, de repente muito consciente do que Hermione estava tentando fazer. Ele respirou preocupado em antecipação. Não era possível. Como ela poderia ter encontrado tal feitiço? Ele deu um passo à frente, as mãos tremendo, querendo chegar até ela. A luz ao redor do véu pareceu queimar, jogando ambos para longe do arco, na parte de trás do poço, antes que a sala ficasse completamente no escuro.
Remus tossiu, segurando suas costelas machucadas. "Hermione..." ele sussurrou, procurando por ela no escuro. "Hermione, no que você estava pensando?" Ele gritou.
"Filho da Casa Black." Hermione sussurrou as últimas palavras do encantamento dessa vez em português. Ela tossiu, se levantando, alcançando sua varinha que tinha caído de sua mão.
Remus rosnou para ela. "Eu sei o que você disse!"
"Accio varinha!" Hermione gritou, ignorando o grito de Remus enquanto sua varinha voava para sua mão. "Lumos Maxima!" ela falou e uma luz brilhante saiu de sua varinha, iluminando a sala inteira.
O foco dela caiu para o arco, que parecia o mesmo de quando entraram na sala, exceto pela bolsa de continhas no chão, o kit médico e uma grande figura tremendo largada no centro da estrutura de pedra.
"Não pode ser..." Remus murmurou enquanto se levantava, olhando para o corpo com receio.
"Sirius!" Hermione gritou e correu em direção à figura que tremia, pondo suas mãos gentilmente nas suas costas. O homem estremeceu em resposta. "Me ajude, Remus! Vire ele para cima," ela instruiu enquanto abria o kit médico, a varinha em sua boca, e puxava uma variedade de poções.
Com os olhos arregalados, Remus encontrou-se em movimento involuntariamente, caindo de joelhos ao lado de Hermione. Suas mãos tremiam quando ele agarrou firmemente os ombros e o virou. O corpo entrou em colapso e ele olhou, horrorizado, para o rosto do seu melhor amigo que ele tinha pensado estar morto. "Ele está... Ele está..." Remus balbuciou, "Merlin, Hermione, como você fez isso?"
"Dívidas de Vida," ela respondeu enquanto se atrapalhou com a tampa do frasco. "Abra a boca dele," ela insistiu. "E lance um feitiço de aquecimento," ela acrescentou enquanto puxava a rolha do frasco com força e inclinou a cabeça dele para trás, deixando o líquido verde escorrer na garganta de Sirius.
Remus reagiu imediatamente, lançando o feitiço e observando em silêncio o corpo de Sirius ir parando de tremer. Quando seus membros relaxaram, uma varinha de castanheira que ainda estava firmemente agarrado em sua mão caiu no chão. Remus guardou o item instantaneamente.
"Dívidas de Vida?" Ele finalmente perguntou enquanto via Hermione administrar a terceira poção.
"Eu salvei Sirius, lembra?" Hermione respondeu rápido enquanto continuava mexendo no kit, atrapalhada com a varinha em sua boca. "Aqui, segure isso." Ela entregou sua varinha a Remus. "Ele teria recebido o Beijo do Dementador. Eles já estavam a caminho e eu o tirei de sua cela. Ele me devia uma dívida de vida."
"Hermione, dívidas de vida não podem trazer as pessoas de volta dos mortos!" Remus gritou, percebendo seu tom e imediatamente estremecendo. "Desculpe." Ele olhou para longe dela. "Eu devo estar entrando em choque." Ele esfregou as mãos pelo rosto.
Ela entregou a ele um frasco. "Aqui, tome um pouco de Poção Estimulante." Com um encolher de ombros, ela disse, "Com toda a certeza não a dê a ele." Sua risada era nervosa enquanto ela pegava a Poção Calmante. Quando ela empurrou o líquido na boca de Sirius, ela franziu a testa em concentração. "E não, geralmentedívidas de vida não podem trazer de volta os mortos."
"Então como você...?"
"A menos que eles não tenham morrido pela Maldição da Morte," ela acrescentou. "Então você usa o ritual da dívida de vida."
Remus a olhou boquiaberto. "Hermione, isso é Magia de Sangue".
"Sim," ela disse com um aceno, não entrando em detalhes.
"Como você conseguiu o sangue de Sirius?" Ele exigiu, de repente pensando há quanto tempo ela estava planejando essa missão.
"Não consegui. Não exatamente." Ela estremeceu. "Aquela era uma camisa de Harry. Malfoy quebrou o nariz dele no trem ano passado e aquela era a camisa que ele estava usando," ela explicou. "Ainda bem que eu nunca limpei a mancha." Ela sorriu. "Eu honestamente não sabia se iria funcionar." Ela riu nervosamente, claramente abalada com a energia que tinha colocado no feitiço.
"Como funcionou?"
"Harry é filho de James Potter, a mãe de James era -"
"Dorea Black," Remus terminou sua fala. "Merlin." Ele balançou a cabeça. "Aquela luz dourada." Remus virou e olhou para Hermione. "Eu só vi uma vez algo parecido em rituais de vínculos. Tonks e eu tivemos um no nosso casamento," ele disse, não dando mais informações quando ela olhou para ele com um olhar curioso, o mesmo olhar que ela tinha quando se via ansiosa diante de um conhecimento novo.
"Sim," Hermione balbuciou. "Vamos em frente e não vamos falar sobre isso agora." Ela pegou sua varinha da mão de Remus e apontou para Sirius. "Petrificus Totallus!" O corpo dele ficou duro. Fechando o kit médico e o guardando de volta na bolsinha de contas, ela alcançou algo que emitiu um brilho prateado.
"Não falar sobre isso?" Remus olhou para ela com cuidado. "Hermione, você acidentalmente se casou com Sirius?!"
"Não seja ridículo," ela disse balançando a cabeça. "É completamente diferente, então pare de falar e me ajude." Ela lhe entregou um tecido.
"E você roubou a Capa de Invisibilidade de Harry." Remus estremeceu quando uma enxaqueca começou a se formar.
"Peguei emprestado," ela o corrigiu. "Além disso, mesmo se eu tivesse roubado, acho que ele me perdoaria, você não acha?" Ela apontou para Sirius antes de o cobrir. "Agora, o levite, por favor, porque eu quase não tenho forças para me mover e nós precisamos sair daqui rápido." Ela pegou o galeão de dentro da bolsa, o encantou e enviou uma rápida mensagem para Tonks.
"Ele... Ele realmente está vivo?" Remus perguntou a ela, não querendo criar esperanças. "Hermione, ele é meu melhor amigo e ele..."
Hermione estendeu a mão, pegou a mão de Remus suavemente dentro de sua própria e sorriu para ele. "Ele está vivo."
Antes que ela pudesse dar um passo em direção à saída, ela sentiu os braços de Remus envolvê-la com força. Hermione riu docemente e o segurou enquanto ele pressionou o rosto na curva do pescoço dela e sussurrou "Você é brilhante," repetidamente antes de beijar sua cabeça, bochecha e depois testa.
"Vamos lá, Remus." Hermione sorriu largamente. "Vamos ter muito tempo para comemorar depois que sairmos daqui."
Minutos depois eles se encontraram com Tonks do lado de fora do elevador. Devagar, Hermione e Remus entraram, Remus segurando sua varinha enquanto levitava o invisível Sirius.
"Boa viagem?" Tonks deu-lhes um sorriso provocante. "Trouxeram alguma coisa para mim?"
"Acho que posso dizer isso," Remus murmurou e tirou uma parte da capa de invisibilidade para revelar o rosto de Sirius.
"Que porra é essa!?" Tonks gritou, pulando para trás, quase nos braços de Hermione. Despreparada para o ataque, Hermione caiu ante o peso da Metamorfomaga e as duas mulheres caíram no chão do elevador quando ele começou a se mover para cima. Tirando seu foco do chão, Tonks olhou para cima, vendo a parte inferior do corpo de Sirius que não estava coberta pela Capa da Invisibilidade.
Hermione gemeu. "Você disse que gostava de surpresas." Ela tirou os óculos quando os feitiços transfigurativos acabaram, seu cabelo preto liso voltando a ser um castanho-mel com espessas ondas.
"Maldição," Tonks murmurou, levantando os olhos para encontrar os de seu marido. "Esse é...?"
"Sim."
"E ele está..."
"Está."
"E ela...?" Tonks apontou para Hermione.
Ele assentiu. "Sim."
"Maldição," Tonks repetiu.
Alguns níveis acima, o grupo de quatro pessoas saiu do elevador e foram embora do Ministério da Magia. Remus segurou Sirius enquanto Tonks segurava Hermione e eles aparataram de volta para a residência dos Lupin, também conhecida como O Recanto. Uma vez dentro da casa protegida, Hermione soltou um suspiro alto de alívio e caiu na grande poltrona macia perto do sofá onde Remus levitou o corpo de Sirius.
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O Recanto - Residência dos Lupin
"Finite!" Remus balançou sua varinha e Sirius estava livre do feitiço que Hermione tinha lançado nele. O lobisomem tirou a Capa da Invisibilidade, a passando para Hermione poder guardá-la na bolsinha e devolvê-la para Harry.
"Eu devo ir," Hermione disse. "Se eu não voltar para A Toca, eles irão me procurar e a última coisa que eu quero é que alguém apareça antes que eu tenha uma chance de explicar. Certamente não antes que as coisas possam ser explicadas a ele." Ela apontou para Sirius, ajoelhando ao lado dele e carinhosamente afastando o cabelo do rosto dele. Ele já não tinha as bochechas afundadas como tinha na sua primeira reunião na Casa dos Gritos, nem seu cabelo estava emaranhado, pendurado até a cintura. Ele era o Sirius que ela tinha vindo a conhecer ao longo dos anos, não tendo envelhecido um dia desde que caiu através do véu.
Enquanto sua mão roçava levemente no rosto dele, seus olhos cinzentos se abriram e ele olhou para o rosto dela. Hermione engasgou e Remus e Tonks correram para o seu lado.
"Sirius?" Hermione sussurrou.
O homem ficou boquiaberto como se estivesse assustado, uma mão fraca levantou, retornando seu gesto quando seus dedos roçaram a suavidade do rosto dela, traçando a linha da sua mandíbula. Ela viu a formação de lágrimas nos olhos dele e prendeu a respiração.
Ele estava tremendo quando seus lábios abriram e ele sussurrou, "Mia?"
