The Debt of Time

Parte Dois – O Vira-Tempo

Capítulo Cinquenta e Três: Feitiços Silenciadores

"...Made a wrong turn once or twice
Dug my way out, blood and fire
Bad decisions, that's alright
Welcome to my silly life..."
(Fuckin' Perfect - Pink)


30 de julho, 1876

Mansão Potter – Residência dos Potters

Havia algumas horas desde que Mia tinha deixado o quarto e, apesar dela ter jurado não se arrepender de dormir com ele, Sirius não conseguia evitar se repreender continuamente pelo fato de ter cruzado uma linha que ele jurou nunca cruzar sem ter certeza absoluta de que poderia. Nada de sexo. Essa era a regra dele com Mia. Mas Godric sabia como ele a desejava há tempos e ela estava bem ali quando ele acordou, sentada na cama dele cheirando como uma tempestade e parecendo ter a habilidade de curar não só suas feridas externas, mas tudo que havia dentro dele também. Ela era a perfeição e o deixava irritado que ele não pudesse ser. Algo sombrio dentro dele queria tomar dela – aquilo dentro dela que a fazia ser tão boa enquanto ele era um inútil. Então, ele tentou do único jeito que podia, a beijando com força e botando toda a raiva e ressentimento do mundo no beijo.

E aquele beijo inflamou outra coisa; a parede que ele mantinha ao seu redor para esconder as emoções e para mantê-lo forte o suficiente para não a tocar, desmoronou e como um completo viciado, ele entrou em um frenesi para ter tanto dela quanto possível. Até que ela o tocou no rosto e a realidade do que estava fazendo o inundou. Aquele simples toque foi a ruína absoluta dele. O lembrou da primeira vez que ela tinha feito no Expresso de Hogwarts. Eles tinham onze anos e ela exalava conforto de maneiras que ele nunca tinha conhecido. A família dele nunca tinha sido carinhosa com ele e Sirius não tinha percebido que não possuía algo tão inacreditavelmente necessário para a vida até que conheceu Mia e os Potters. Ele não queria ter dormindo no trem, mas quando acordou no colo dela com os dedos dela passando pelo seu cabelo, ele forçou as paredes a crescerem imediatamente em volta de si para que ninguém percebesse o que o toque dela tinha causado nele. Pela primeira vez em onze anos, Sirius Black se sentiu bem cuidado. Tudo por causa de um simples toque de uma menina de cabelos cheios.

Ele desejou o toque dela por anos e anos e o matou quando ela ficava irritada e não fazia carinho dele, e o matou mais ainda quando se tornou inapropriado uma vez que ela estava namorando Remus. Ele não era apenas viciado no corpo dela e no jeito que isso mexia com ele, um jeito que nenhuma outra garota conseguia. Ele não era apenas viciado no cheiro dela e na maneira que ele parecia poder limpar todos os pecados para fora dele. Ele não era apenas viciado pela sensação dela, ou pela visão dela, ou pelo gosto absolutamente divino dela... ele era viciado pela maneira que ela o amava.

"Merda!" Sirius rosnou enquanto se sentava na borda da cama, se forçando a ignorar o fato de que os lençóis cheiravam como ela. Seus olhos cinzas se focaram nas suaves luzes que espreitavam pelas cortinas, indicando que o sol iria nascer na próxima meia hora mais ou menos. Um novo dia. Ele não queria um novo dia. Ele queria aquele noite de novo e de novo, desejando que pudesse esquecer a maldita cicatriz nas costelas dela. Que diabos ela estava escondendo? Quem a teria ferido e como ele poderia descobrir para que pudesse machucá-lo de volta?

"Senhorzinho Sirius?" Tilly apareceu com suave 'pop'. Sirius gritou surpreso e caiu da cama, caindo no chão com um alto baque, a perna direita emaranhada nos lençóis, o impedindo de levantar sem parecer um idiota desajeitado. Ele suspirou e levantou os olhos para olhar a pequena elfo que tinha a audácia de parecer divertida com a situação dele.

"Tilly, não é um pouco cedo para vir arrumar meu quarto?" Ele gemeu, esfregando os olhos. Ele não estava com humor para ter companhia, ainda mais da elfo mandona.

"Depois do que aconteceu aqui há algumas horas," os imensos olhos de Tilly analisaram a cama e ela fez uma careta. "Tilly gostaria de lançar os bons feitiços de limpeza."

Sirius arregalou os olhos. Merda. "Eu... anh..." ele gaguejou.

"Tilly veio para dizer que a Senhora está esperando o Senhorzinho Sirius na biblioteca," ela disse docemente, apesar de ter um brilho de malicia nos olhos que ele não conseguiu evitar pensar que ela estava escondendo algo. Ele, tecnicamente, era o Senhorzinho dela agora e Sirius estava tentado a ordená-la que contasse tudo, mas os Potters pareciam tratá-la bem. E ele sabia que Tilly respondia a ordens diretas diferente de Monstro ou qualquer outro elfo doméstico que ele conhecesse. Pelo o que ele sabia, se ele desse uma ordem a Tilly, ela iria socá-lo por ter tal atitude.

"Agora?" Ele finalmente perguntou. "O que ela quer de mim?" O temor o encheu. Se a elfo sabia que Mia tinha estado no quarto dele naquela noite, quem diria que o resto da Mansão não sabia? Ele sabia que Feitiços Silenciadores foram lançados, mas e se eles não tivessem aguentado?

"Não tenho tempo para explicar," Tilly se abaixou e libertou a perna de Sirius da coberta. "Senhorzinho deve se levantar e ir. Vai, vai, vai," ela o puxou para cima e, então, começou a empurrá-lo na direção da porta. Sirius estava tentado a fincar os calcanhares no chão para retardar o inevitável. "Tilly vai levá-lo."

"Tudo bem, sua elfo insistente!" Ele resmungou e finalmente deu passos por vontade própria quando Tilly começou a empurrar com suas pequenas mãos as costas de Sirius para que ele fosse mais rápido. Ele botou as próprias mãos para trás, empurrando as dela para longe dele, o que só fez com que ele ganhasse um tapa no traseiro. Ele rosnou ameaçadoramente, mas acabou apenas andando mais rápido até a biblioteca, em uma tentativa de fugir de Tilly. Infelizmente, ele esqueceu no meio de seu desejo de escapar rapidamente, que ele estava indo ao encontro de Dorea Potter – uma Black, uma Sonserina, e a mãe da garota que ele tinha acabado de transar.

oOoOoOo

Biblioteca da Família Potter

"Ah, aí está você, querido. Bom dia," Dorea sorriu brilhantemente enquanto Sirius entrava no recinto, o que imediatamente o deixou nervoso. Ele aprendeu rapidamente enquanto crescia que era a mesma sorte de jogar um Galeão para cima quando recaía sobre a personalidade da Casa Black. Um lado era volátil, de temperamento quente e fácil de provocar: Bellatrix, sua mãe e, infelizmente, ele mesmo. Mas era o outro lado da moeda que era preocupante. Narcissa, Andromeda e Dorea tinham aperfeiçoado a parede de pedra que escondiam seus verdadeiros pensamentos: um sorriso para esconder suas presas de serpente.

"Tilly, muito obrigada por acordá-lo," Dorea se virou radiante para a pequena elfo.

"Senhorzinho Sirius já estava acordado," Tilly sorriu debochada, os olhos o examinando. "Tilly está surpresa."

"Assim como eu, Tilly, assim como eu," Dorea sorriu docemente enquanto falava com a elfo como se Sirius não estivesse ali. Ele já viu esse jogo acontecendo com suas primas. "Especialmente considerando a hora que minha filha saiu do quarto dele nesta manhã."

Merda. Sirius abaixou a cabeça nas mãos e gemeu.

"Tilly, você pode ir se certificar de que Mia está dormindo bem? Se James acordar, deixe-a ficar deitada mais um pouco. Ela provavelmente está muito cansada," Dorea sorriu debochada e consciente de algo, enquanto seus olhos cinzentos finalmente caíam sobre a figura de Sirius.

"Sim, Senhora," a elfo concordou antes de sussurrar. "Tilly vê o Vínculo. Mais forte."

"Sim, Tilly, por que não estaria?" Dorea riu enquanto a elfo desaparecia com um 'pop'.

"Então," Sirius sentou, precisando falar primeiro para que sentisse que tinha algum controle na situação, o que era o mais longe da verdade quanto possível. "Eu perguntaria se você gostaria que eu fosse arrumar minhas coisas, mas vendo que tudo que eu tenho agora foi comprado por você..."

"Oh, você vai embora, querido?" Dorea perguntou curiosa enquanto bebia seu chá matinal. Ela sorriu e apontou para a outra xícara na bandeja em frente a ela, onde havia um pote de biscoitos.

"Suponho que sim," Sirius disser nervosamente, olhando o chá e a comida na frente deles como se existisse uma chance real deles estarem envenenados.

"Você tem um novo lar para viver?" Dorea perguntou casualmente.

"Não," Sirius franziu o cenho. Como ele tinha sido tão estúpido? Por que ele não tinha se controlado? Ele tinha se saído tão bem no passado; mas então, Mia morava com três outras garotas pela maior parte do ano, e ele dividia um quarto com o irmão e ex-namorado dela. Agora ela estava, literalmente, a alguns passos do quarto dele.

"E você espera que eu te deixe na rua?" Dorea subitamente perdeu o sorriso e pareceu ofendida. Sirius engoliu em seco, incapaz de dizer se a expressão dela era verdadeira ou não. "Meu próprio sangue?" A bruxa zombou. "Sirius, amor," ela sorriu quando disse o termo carinhoso geralmente reservado para James e Mia, e Sirius olhou para longe dela quando percebeu. "Eu entendo que você teve uma visão parcial da nossa família pelo jeito que seus pais te criaram, mas a Casa Black realmente é Antiga e na maior parte Nobre," ela insistiu firmemente. "E eu não vou deixar seu verdadeiro herdeiro – e, na minha opinião, a única pessoa capaz de purificá-la – viver como um menino de rua."

Sirius olhou para a mulher com olhos arregalados. Ele sempre ouviu Dorea falar mal de sua mãe e do resto da família, exceto Andromeda, que a tinha visitado uma ou duas vezes desde que tinha sido apagada da tapeçaria da família. Sirius imaginava que a matriarca Potter odiasse a Casa dela, mas aparentemente ela era tão orgulhosa quanto qualquer outro Black, com a exceção que ela não gostava dos membros, e não da Casa e sua história.

E ela pensava que Sirius poderia consertar isso?

"Mas e sobre o que você disse... você sabe," ele limpou a garganta. "Sobre Mia e eu?"

"Que eu estava a par das suas atividades românticas com minha filha?" Dorea riu. "Ah, doce menino, você realmente abraça seu lado Grifinório." Ela sorriu e Sirius não conseguiu evitar sentir que estava sendo insultado. "Nada acontece nesta Mansão sem o meu conhecimento, querido. No momento em que Mia pisou no seu quarto, eu soube."

"E você não vai... eu não sei..."

"Ameaçar a sua vida por botar suas mãos imundas na minha preciosa menina? Dificilmente," ela riu. "Foi Mia que entrou no seu quarto, não o contrário, certo? Eu duvido muito que minha filha tenha entrado no seu quarto sem saber que se deitar com você era uma possibilidade. Feitiços Silenciosos foram postos, afinal de contas. Ela que lançou?" Dorea perguntou pondo a xícara vazia na bandeja e se recostando na cadeira para relaxar, os delicados dedos cruzados no colo enquanto observava Sirius cuidadosamente.

"Sim, senhora," Sirius assentiu.

"Boa, menina. Muito atencioso dela," Dorea sorriu debochada e Sirius ficou boquiaberto com a mulher. Como ela conseguia ser tão casual com isso? Ele esperava ser azarado e, ao invés disso, Dorea Potter estava sorrindo afetadamente para ele depois de admitir que sabia que Mia e Sirius tinham feito sexo, e que sabia o exato momento em que a filha entrou no quarto dele. Não apenas isso, ela permitiu que acontecesse e era grata que Mia tivesse sido atenciosa o bastante para lançar um maldito Feitiço Silenciador?

"Você não está irritada?" Sirius balançou a cabeça em descrença. "Sra. Potter, como você não está irritada?"

"Voltei a ser a Sra. Potter?" Dorea franziu o cenho. "Oh, querido, tão formal. Como eu venho dizendo desde que você é um menino, você pode me chamar de Dorea ou até Mãe se te agradar," ela riu suavemente. "Sempre me agradou, considerando como deve ser divertido o olhar no rosto de Walburga se um dia ela ouvir isso."

Sirius bufou um pouco com o pensamento, apesar de que se fosse um mês atrás ele teria rido; agora, no entanto, pensar em sua mãe apenas o deixava irritado, amargo e até triste – apesar dele nunca admitir.

"Quanto ao meu descontentamento, ou falta dele, não se preocupe," ela balançou a mão, mandando a preocupação dele embora como se não tivesse sentido. "Apesar de eu não conseguir negar que seja muito divertido ver um Grifinório se contorcer sob o meu olhar," ela sorriu ironicamente para ele e os olhos cinzas dela brilharam um pouco. "Você deveria trabalhar nisso. Eu não sou a última Sonserina que vai tentar te intimidar."

"Eu não estou intimidado," Sirius mentiu desafiadoramente.

"Mesmo?" Dorea riu. "Você deveria estar," ela insistiu, a alegria desaparecendo dos olhos dela, a leveza casual do tom de voz fora das próximas palavras. "Nem um mês vivendo sob o meu teto e já dormiu com minha filha. Pelas tradições da sociedade Puro-sangue você deveria ter escrito uma carta formal de intenção antes mesmo de pensar em começar um namoro, ainda mais levá-la para a sua cama."

Isso era o que ele esperava. "Então, eu estou um pouco intimidado," Sirius admitiu dolorosamente enquanto via a expressão de Dorea mudar mais uma vez. Godric, ele tinha certeza que o Chapéu Seletor tinha botado ele na Casa certa. De jeito nenhum ele conseguiria acompanhar o comportamento dos Sonserinos. "Você vai me perguntar quais são minhas intenções com Mia?" Sirius quebrou o silêncio. "Não é assim o discurso?"

"É assim que vai ser o discurso de Charlus," Dorea respondeu e Sirius subitamente empalideceu. Ele tinha se preocupado tanto em enfrentar Dorea que nem tinha pensado sobre o que o pai de Mia iria fazer. Conhecendo James, Charlus com certeza tinha um temperamento que não era calmo, especialmente quando se tratava da família dele. "Quando ele eventualmente descobrir," Dorea acrescentou. "Mas isso não vai acontecer em um bom tempo, eu imagino, a não ser que você esteja planejando contar a ele."

"Não!" Sirius mal conseguiu soltar a palavra.

"Bom," a bruxa acenou aprovando. "Eu não confidenciaria a James também. Grifinórios são horríveis em mentir e em guardar segredos."

"Mia, na verdade, é muito boa nisso," Sirius zombou secamente, falando as palavras por baixo da respiração enquanto se lembrava do olhar no rosto dela ao perguntar sobre a cicatriz. Ela não imaginou que ele fosse descobrir, o que significava que ela já estava ali há um tempo e que não planejava contar a ele, ou talvez a ninguém. Sirius não conseguiu evitar pensar se Remus já tinha visto ou sabia sobre a origem dela.

"Sim, mas há uma diferença entre aqueles que nasceram para a Casa de Godric Gryffindor e aqueles que a escolheram, você não acha?" Dorea perguntou educadamente. "Charlus e James, abençoados, leõezinhos tão fofos," ela riu docemente. "Todo bravos e corajosos, mas muito imprudentes e irracionais. Você honestamente pensa em minha Mia como uma criatura irracional?"

"Não," Sirius balançou a cabeça. Imprudente, claro. Foi Mia quem ameaçou Bellatrix cara a cara. Foi Mia quem entrou na Floresta Proibida com o plano de acabar com o lobisomem mais louco e perigoso conhecido. Mas irracional? Não. Se pudesse, Mia pensaria em absolutamente tudo até o último detalhe, o que o deixava nervoso considerando o que tinha acontecido na noite passada. "Ela disse que o Chapéu Seletor quase a botou na Sonserina."

"Ou talvez na Corvinal, em outra vida," Dorea sorriu. "Mia é uma garota inteligente que entende que dentro de nós reside as qualidades de todas as Casas. Você, por exemplo, possui a inteligência de um Corvinal, a gentileza de um Lufa-lufa, a desenvoltura de um Sonserino, mas é a sua coragem e sua ousadia que o definem como um Grifinório, Sirius."

Ele franziu o cenho. Enquanto gostava de se vangloriar, constantemente, ele tinha dificuldade em aceitar elogios quando vinham sob a forma de valorização ou de afeição genuína. "E Mia?" Ele perguntou, já sabendo onde a conversa estava indo.

"Mais sábia que Rowena Ravenclaw até onde sei, apesar de eu ser apenas uma mãe babona," Dorea falou orgulhosa e Sirius franziu o cenho. Tudo o que Walburga tinha falado para ele era como ele era um inútil. "Ela é justa e dedicada como os Lufa-lufa são conhecidos, mas ela é astuta e esperta e, de algum modo, ela encontrou o belo equilíbrio entre a bravura da Grifinória e a autopreservação de um Sonserino. E isso significa que ela guarda segredos e, sim, ela mente."

"Você sabe o que ela está escondendo?" Sirius perguntou sem rodeios.

"Claro," a bruxa mais velha concordou com a cabeça. "Eu posso ser muito engenhosa quando preciso. Você confia em mim quando digo que os segredos que ela guarda não possuem nenhuma malícia ou má intenção para com você?"

"Eu daria uma mecha de cabelo se ela tivesse alguma intenção de me machucar," ele zombou. "Eu estou preocupado com ela. Ela tem uma cicatriz nas costelas de um feitiço negro," ele deixou escapar antes que pudesse perceber que estava dizendo que tinha visto o corpo nu de Mia e, apesar de Dorea admitir que sabia o que havia acontecido entre os dois, ainda era estranho. "Ela... ela não disse isso exatamente, mas eu perguntei e ela não negou. Tem algo a ver comigo," ele franziu o cenho enquanto se lembrava do olhar de pena no rosto dela. Ele, de algum modo, fez com que ela fosse ferida e ela se sentia mal por ele saber.

"E se esse for o caso, como mudaria seus sentimentos por ela?" Dorea perguntou.

"Eu..." Sirius parou para pensar. Mudaria algo? Tinha mudado algo? "Bom... não muda," ele admitiu. "Não como eu..." ele tentou esclarecer, mas as palavras não vinham. "Mas eu só quero que ela fique a salvo."

"Porque você se sente culpado por colocá-la em perigo," Dorea declarou.

"Sim," Sirius concordou triste. Ele viu em primeira mão como o relacionamento de Mia – como amiga ou mais – com Remus a tinha colocado em perigo não só com Fenrir Greyback, mas com Professor Higgs. Ela pulou para defender Remus na primeira aula, basicamente colocando um alvo nas costas dela como uma simpatizante dos lobisomens. E depois o amor pelo amigo a levou para aquela floresta. Claro, Sirius e James foram com ela, mas apenas provou que Mia sempre iria ao resgate. O que aconteceria se um Comensal da Morte invadisse Hogwarts para pegar Sirius? Ele sabia que Mia iria tentar ajudar, se jogando no perigo.

"Eu quero dizer que não a quero em perigo, não importa a situação," Sirius acrescentou, limpando a garganta.

"Mas porque você a ama. Saber que você poderia ser a causa da dor e sofrimento dela te faz sentir dor."

E lá estava: amor. Sirius queria se encolher com a palavra, mas imediatamente subiu suas paredes enquanto Dorea falava de amor tão facilmente, como se fosse natural para ela. Sirius não conseguia entender como um membro de sua Casa tinha conhecimento do sentimento e conseguia falar tão abertamente sobre ele.

"Ah, tem mais da Casa Sonserina em você do que você percebe, querido," Dorea riu. "Diga-me, Sirius, quando você estava com minha filha... intimamente," Sirius finalmente deixou seu exterior de pedra quebrar um pouco. "Você sentiu algo diferente de quando você estava com outras bruxas?"

"Essa conversa parece que vai ser esquisita," Sirius levantou uma sobrancelha confusa ao mesmo tempo em que cruzava os braços no peito. Ele teria esperado que a bruxa começaria com 'a conversa' a qualquer minuto agora que sabia que ele tinha um bom conhecimento na área.

Dorea riu. "Mas nós somos Blacks, querido, logo coisas que são consideradas inaceitáveis, estressantes ou inconfortáveis, vem naturalmente para nós. Eu, pessoalmente, culpo a endogamia Puro-sangue..." ela deu de ombros e continuou. "Agora responda a pergunta."

"Não," Sirius exalou. "Mia foi diferente."

"Como se talvez algo invisível o conectasse a ela?"

Seus olhos cinzas imediatamente se arregalaram com as palavras dela. Ele sentiu, mas pensou que tivesse sido pego pelo momento. Algo dentro do peito dele, como uma corda o puxou para frente no mesmo momento em que Mia levantou na cama. Algo forte e pulsante com magia os uniu fortemente bem antes de se desfazer.

"Como você..." Sirius ficou boquiaberto e Dorea sorriu sabiamente.

"O que você sabe sobre Vínculos de Alma, Sirius?"

oOoOoOo

1 de setembro, 1976

Expresso de Hogwarts

"Eu transei com Sirius," Mia soltou no momento em que entrou na cabine que geralmente sentavam Lily, Alice, Mary e Frank.

Mia estava no final do trem com os meninos pela primeira hora da viagem para Hogwarts. Apesar dela e Sirius terem passado o resto do verão como se nada tivesse acontecido, Mia não conseguiu evitar se sentir como se todo o resto estivesse diferente, e não só por causa do sexo. Sirius continuou a fazer piadas e a rir com todos, mas havia momentos em que os dois se olhariam pela mesa de jantar e Sirius se viraria para longe, e ela podia ver que ele estava tendo uma guerra interna.

Quando eles encontraram os amigos na Estação Kings Cross, Sirius mostrou uma emoção genuína além de uma conflita. Mia viu Remus à distância e correu para os braços do melhor amigo, ansiosa e faminta pelos abraços que, de algum modo, caíam sobre ela com uma sensação de calma. Remus, no entanto, sorriu diabolicamente e em vez de cumprimentá-la com um abraço amigável, ele levantou a bruxa e a colocou em seus ombros rindo. Ela fingiu ficar com vergonha, mas era sempre muito bom ver o lado jovial do lobisomem que tornava óbvio seu lado genuinamente Maroto.

Quando Remus se virou para carregar Mia até o trem apesar da luta dela, os olhos castanhos dela caíram sobre Sirius que estava sorrindo suavemente para os dois amigos com uma expressão no rosto que surpreendentemente parecia com alívio.

"O QUÊ?" Lily berrou derrubando o livro de Poções Avançadas que estava lendo afim de se preparar para as aulas do sexto ano.

"Quieta!" Mia sibilou, fechando a porta da cabine e lançando um Feitiço Silenciador no processo, aliviada que Mary, Alice e Frank tivessem ido visitar outros amigos. "Godric, você quer que todos venham até aqui? Do jeito que você gritou Jamie provavelmente deve estar pensando que você está sendo torturada com um Crucio..." Mia balançou a cabeça com a imagem de Sirius se contorcendo no chão da sala de estar e estremeceu. "Eu... me desculpe, isso foi de mau gosto," ela franziu o cenho.

Lily levantou uma sobrancelha com a mudança da amiga e Mia soube que ela estava juntando as peças do quebra cabeças. Remus admitiu ter encontrado com Lily naquele verão e quando ela perguntou porque ele não estava com os meninos, ele acidentalmente deixou escapar que Sirius estava no hospital. Lily, apesar de sua antipatia geral por Sirius, mostrou preocupação pelo bem estar dele e perguntou se havia algo que ela pudesse fazer para ajudá-lo. Remus confessou que ele estava morando na Mansão Potter e que provavelmente continuaria lá. Apesar de ninguém além dos Marotos e da família Potter soubesse da verdade sobre aquela horrível noite, não era difícil unir as peças.

"Esqueça o mau gosto," Lily insistiu sabe que não faria bem insistir em algo que Mia não podia falar. "Ou talvez falando em mau gosto," a ruiva provocou. "Como diabos você acabou transando com Sirius Black?!"

"Na verdade, foi bem agradável," Mia soltou e, então, cobriu a boca.

"Mia!" Lily corou, o que apenas fez Mia rir.

Havia momentos em que Lily a lembrava de Ginny Weasley, mas a inocência de Lily Evans era o que diferenciava as duas ruivas. Ginny era a definição de depravada e sem vergonha, e Mia lembrava de uma Hermione Granger mais velha pedindo educadamente a Ginny e Harry para botarem um feitiço silenciador na primeira noite após a batalha final. Ela não queria invejar Harry por qualquer que fosse o prêmio que Ginny estivesse disposta a oferecer por ter derrotado o maior bruxo das trevas de todos os tempos, mas Hermione não precisava ouvir!

Lily, por outro lado, era tão doce e pura como a neve recém caída. Não era de admirar que ela fosse terminar com James, que não tinha sequer olhado para outra garota desde que Lily tinha batido nele anos atrás.

"Eu não posso te contar tudo," Mia admitiu. "Não é da minha conta para te dizer. Mas Sirius se mudou para a nossa casa e ele... bem," ela franziu o cenho pensando se já tinha falado muito, mas Lily não reagiu o que disse a Mia que a amiga já sabia de algo. "Ele tem tido pesadelos."

"Como os seus?" Lily perguntou.

Mia empalideceu com as palavras. "Como você sabe disso?"

"O quê? Que você põe feitiços silenciadores desde o nosso primeiro ano?" Lily revirou os olhos ofendida, como se tivessem questionado a inteligência dela. "Mary e Alice podem ser desligadas, mas a minha cama é bem do lado da sua e, apesar de eu ser grata por não ser acordada com roncos, é um pouco estranho quando não se pode nem ouvir uma amiga respirando. Eu vejo você de tempos em tempos," ela admitiu. "É sempre silencioso, claro, mas eu vejo que tem algo errado. Você se acalma bem rápido quando alguém apenas segura a sua mão."

Mia sentiu uma grande afeição pela bruxa. "Lily... eu não sabia... eu..."

"Não se preocupe," Lily sorriu docemente sabendo que Mia tinha dificuldade em admitir qualquer tipo de fraqueza ou falhas ou ser dependente dos outros. "Voltando ao Sirius."

"Certo," Mia concordou, agradecida por Lily não deixar que ela ficasse muito tempo no tópico dos próprios pesadelos. "Bom, eu fui vê-lo e ele acordou, muito assustado, na verdade," ela franziu o cenho enquanto se lembrava da expressão de medo e raiva no rosto dele. "Nós conversamos um pouco sobre nós e como nos sentimos constantemente atraídos um pelo outro."

"Constantemente?" Lily sorriu e Mia levantou uma sobrancelha. Talvez Lily fosse mais parecida com Ginny do que ela pensava. "Então isso aconteceu antes?"

"O quê?" Mia piscou. "Não," ela pensou brevemente no corredor do quinto andar depois da festa de aniversário de Remus. "Quer dizer, não exatamente."

"Você dormiu com ele antes?" Os olhos verdes de Lily se arregalaram e Mia empalideceu um pouco com a visão. Era impossível não ver Harry a olhando através dos olhos de Lily, e Mia se sentiu imediatamente estranha por estar conversando sobre dormir com Sirius enquanto encarava orbes esmeraldas.

"Não!" Ela disse envergonhada. "Só um pouco de... beijos e..." ela limpou a garganta. "Coisas."

"Então, essa foi a sua primeira vez?" Lily perguntou curiosa e Mia podia dizer que a amiga estava interessada por mais de um motivo.

"Não," Mia admitiu. "Eu namorei Remus por um ano," ela sorriu.

"Você transou com Remus e Sirius?" Lily riu. "Merlin, eles sabem?" Ela engasgou. "Eles vão lutar por você?" O sorriso dela se transformou em um olhar de puro pânico. "Oh, Godric, e se eles começarem a duelar por você no meio do Salão Comunal?! Remus é um Monitor! Como eu vou lidar com isso?!"

"Como minha vida amorosa de repente se tornou assunto para a sua reputação de Monitora?" Mia riu.

"Vida amorosa?" Lily parou seu discurso com a menção da palavra e se virou para Mia com um sorriso conhecedor.

"Cala a boca, Lils," Mia fez uma careta.

"Então, qual dos dois você ama?"

"Ambos," Mia admitiu sinceramente. Era uma constante tempestade dentro dela, ter sentimentos pelos dois bruxos. Saber o resultado só tornava mais difícil. Ela pensou; se ela não soubesse o que o futuro guardava para todos eles, ela teria reagido diferente com cada um deles? Ela teria continuado com Remus apesar do fato dela não ser a companheira dele? Ela teria trazido à tona o assunto? E ela se perguntava se ele teria dito a ela; ou se ele teria continuado namorando com ela, ignorando o fato de que eles nunca foram feitos um para o outro. Ela se perguntava se teria lutado mais por Sirius depois do beijo após o casamento de Narcissa. Eles teriam terminado juntos sem o conhecimento de que eles já estavam envolvidos em um Vínculo de Alma provocado?

"Mas... eu os amo diferente. Eu... eu não posso ficar com Sirius." Mia franziu as sobrancelhas. O fato era, ela sabia o futuro e não poderia ignorá-lo. "Não agora. Não é o tempo certo."

"Há um prazo?" Lily perguntou.

"Sim," Mia suspirou. "É complicado."

"O que sobre você não é?" A ruiva riu. "Sem ofensas. Então, como foi?"

"O quê? Transar?" Mia zombou. "Qual dos dois?"

"Qualquer um," Lily admitiu corada. "Ambos? É tão ruim que eu não quero saber?" As bochechas delas ficaram muito vermelhas e ela escondeu o rosto nas mãos. "Ah, esqueça. Você não tem que me contar."

"Maravilhoso," Mia respondeu com um sorriso. "Cada vez," ela deixou escapar um suspiro feliz. "Os dois. Remus é cheio de paixão e, Godric," ela gemeu com as memórias que não eram tão recentes quanto ela gostaria. O evento com Snape no anterior ainda o mantinha longe dela. "Ele, às vezes, é feroz. Sirius foi... deliciosamente doloroso. Lento e controlado e..."

"Você gostaria de uma água com gelo?" Lily riu. "Talvez um mergulho no Lago Negro quando chegarmos a Hogwarts para resfriar sua lombar dolorida?"

Mia empalideceu. "Lombar dolorida? Você está lendo romances de novo?"

"Talvez," Lily corou. "Nem todas nós temos dois bruxos devastadores lindos atrás de nós."

"Não," Mia sorriu. "Você ainda só tem um."

"Vou ignorar isso," Lily disse estreitando os olhos verdes e Mia riu, feliz por saber que mesmo depois de tudo que tinha acontecido no ano anterior ela ainda podia brincar com o amor imortal de James por ela. "Então, me fala... qual dos dois é melhor na cama?" Lily perguntou curiosa mais do que apenas tentando mudar o assunto.

"Bom..." Mia corou.


N/A: olá, gente!
Acho que vocês estavam bem ansiosos p cap passado, né? Foram 98 acessos só no domingo, fiquei bem feliz :)
E estamos chegando nas 5000 visualizações, eba!
Espero que vocês continuem gostando da história tanto quanto eu gosto de traduzi-la e postá-la p vocês!

Nesse cap, Dorea sendo Dorea, sou apaixonadíssima por ela! As interações entre ela e Tilly p constranger alguém sempre me divertem.
E essa conversa com Lily vai ser mencionada quando Mia voltar a linha do tempo original dela hahahaha
Até o próximo domingo!

Motoko Li: você, fiel comentarista, já até sei seu modo de escrever hahahaha
Bom, Sirius realmente vai afastá-la, mas não com uma cagada. Acho que é no próximo capítulo, ou daqui a 2 caps, não lembro direito, eles vão ter uma conversa e ele vai falar bastante sobre a relação dos dois, do ponto de vista dele, etc. Até Lily vai concordar com ele hehe
Simmm, a cicatriz da Bellatrix também vai ser foda de explicar. Não lembro como eles descobrem, vou ter que reler!

alinefgs: que bom que está gostando, fico muito feliz! :)