The Debt of Time
Parte Um - A Dívida de Vida
Capítulo Cinco: Companheiros no Canto da Tristeza
"...But nothing's greater than the rush that comes with your embrace
And in this world of loneliness
I see your face..."
(Bleeding Love - Leona Lewis)
1o de agosto, 1997
A Toca - Residência dos Weasley
"Cuidado aí", disse Hermione enquanto se aproximava Sirius, tomando o assento ao lado dele na grande mesa redonda na parte de trás do letreiro. A mesa estava tomada por cadeiras abandonadas e garrafas vazias de cerveja amanteigada que o cercavam. Todos os outros no quintal estavam em pé, dançando, desfrutando da companhia, e felicitando Gui e Fleur.
Sirius olhou a bruxa curiosamente. "Cuidado com o que?"
"Cuidado ou você pode se enterrar tão fundo nessa miséria que você criou que você vai chegar do outro lado feliz." Ela sorriu para ele.
Ele levantou uma curiosa sobrancelha para ela. "Quantas cervejas amanteigadas você tomou?"
"Três, mas esse não é o ponto," ela encolheu os ombros e Sirius riu, tomando um gole do pequeno copo de firewhisky em cima da mesa na frente dele.
Hermione olhou para as pessoas e riu quando viu Ron desconfortável tentando dançar com Luna Lovegood, que parecia feliz dançando sozinha. Hermione estava bem, mas insistiu que seria gentileza dele convidar a jovem Corvinal para uma dança, e o resultado foi uma situação perfeitamente divertida.
"Por que você não está lá?" Sirius perguntou a ela, olhando o vestido lilás e rindo dos sapatos ridiculamente desconfortáveis que ela estava usando.
"Por que você está sentado aqui?" Ela rebateu.
Ele apontou o copo para ela. "Você primeiro."
"Nervosa," ela encolheu os ombros de novo. "Se nós não estivéssemos no meio de uma guerra e nos preparando para partir a qualquer momento, eu provavelmente ainda estaria aqui," ela admitiu em voz baixa. "A última vez que me pediram uma dança, eu tinha quinze anos e aquele homem," ela disse enquanto apontava para um grande cara com uma barba curta em vestes elegantes, "foi meu par. Ele falava pouco, irritou meus amigos, e não poderia sequer pronunciar o meu nome." Disse ela com uma risada.
Sirius estreitou brevemente os olhos para o rosto familiar de Viktor Krum, lembrando dos artigos exagerados no Semanário das Bruxas e no Profeta Diário sobre o caso de amor entre seu afilhado, a bruxinha e o famoso apanhador búlgaro. "Você tem medo que ele vá pedir para dançar com você?" Sirius sorriu para ela.
Ela balançou a cabeça enfaticamente. "Fiz questão que no segundo em que ele passasse pela porta, Fred e George o apresentassem para pelo menos uma das primas veelas de Fleur." Ela apontou para duas mulheres loiras que piscavam seus cílios na direção de Viktor Krum. Fred e George estavam persistentes nas proximidades, provavelmente esperando que Viktor escolhesse uma garota, deixando assim os gêmeos livres para pegarem os pedaços de um coração partido deixados para trás pela estrela de Quadribol.
"Então, em vez de encontrar alguém para dançar com você, você veio para ter a companhia do triste cara sentado no canto?"
"Ah, mas por que... Não vou discutir isso," ela insistiu balançando a cabeça. "Por que você está triste e sentado no canto?" Ela perguntou a ele com cuidado, observando seus movimentos como se ela pudesse dizer se ele estava mentindo.
Desde que ela tinha trazido Sirius volta do véu, Hermione mantinha uma estreita vigilância sobre o homem. Enquanto os Weasley foram destinados a preparar o casamento seguindo as ordens dadas pela sua matriarca, Hermione e Harry iam despercebidos para a casa de Remus e Tonks para visitar Sirius. Harry porque ele queria ficar com seu padrinho tanto quanto fosse possível, e Hermione porque ela estava achando cada vez mais difícil manter-se afastada. Ela se sentia confortável na sua presença, mais aquecida.
Também era mais fácil bolar planos para o ano seguinte, pois a Senhora Weasley estava marcando em cima do trio em sua organização na caçada às Horcruxes, então Harry e Hermione tinham que trabalhar os detalhes fora da Toca. Desde que Harry se recusava a deixar Sirius no escuro sobre qualquer coisa, o Animago rapidamente sugeriu transformar o trio em um quarteto.
"Eu estou triste porque não gosto de casamentos," Sirius admitiu. "Passei muito tempo da minha infância indo a eles com vestes desconfortáveis."
"Daí a sua escolha rebelde com a roupa atual?" Hermione riu, apontando para sua jaqueta e calças de couro.
"Couro fica bem em qualquer ocasião." Sirius piscou para ela e sorriu ao vê-la corar. "Mas sim, eu evito essas vestes a menos que seja absolutamente necessário. Não que eu não as tenha, ou fique feio nelas. Eu fico malditamente fantástico nessas vestes,", disse ele com um tom presunçoso. "De qualquer forma, a maioria dos casamentos de primos, tias e tios meus, todos destinados a se casar um com o outro." Ele riu enquanto observava Hermione vacilar diante da ideia de tradição da família Black de endogamia. "Ou eles se casam fora família com o pior tipo de pessoas que já existiu, como os Malfoys e os Lestranges."
"Um brinde a isso." Hermione alcançou o copo com firewhisky e tomou um pequeno gole e então começou a engasgar imediatamente com ele.
Sirius riu e tirou o copo de perto dela. Ele se levantou e estendeu a mão para um garçom que passava carregando uma grande bandeja de champanhe. "Aqui, não é água, mas é melhor do que asfixia."
"Isso é horrível!" Hermione empalideceu quando ela sentia o gosto de sua boca. "Como você pode beber isso? Na verdade, como você pode até gostar disso?"
"Você se acostuma." Sirius sorriu, pensativo. "Firewhisky ocupa um lugar especial no meu coração." Ele rodou a bebida âmbar em seu copo, observando o brilho à luz de velas através da cor. Fazia um longo tempo desde que ele viu um par familiar de olhos cor de âmbar olhando para ele. O mesmo par de olhos que tinha sido sua ruína, o mesmo par de olhos que tinha dominado o coração de Sirius Black tanto tempo atrás.
"Bem, pelo menos o meu quase encontro com a morte fez você sorrir." A voz de Hermione trouxe Sirius de volta à Terra. "Então, de volta ao ponto. Você não gosta de casamentos."
Sirius franziu a testa. "Só fui a um bom."
"Os pais de Harry."
Sirius assentiu.
"Foi bonito?"
"Claro que foi." Sirius sorriu largamente. "Lily estava maravilhosa como sempre," ele explicou. "James estava nervoso como a gente esperava. Nós o mantivemos bem cheio com firewhisky apenas para levá-lo até o altar." Ele riu com a lembrança, distraidamente dedilhando uma pequena corrente de prata que estava pendurado em seu pescoço.
Hermione arregalou os olhos. "Ele precisou ser embebedado para conseguir se casar? Isso é horrível!"
"Não, ele teve que ser embebedado para ser convencido de que Lily não iria mudar de ideia." Sirius riu. "Passei toda a noite no nosso... No meu flat lendo de trás para frente uma lista de razões pelas quais Lily iria fugir no último segundo."
Hermione sorriu. "Mas ela não fugiu."
"Absolutamente não. Neste ponto, os dois eram tão intoxicados um com o outro que era até difícil ficar em volta deles. "Ele abriu um grande sorriso, mas, em seguida, uma nuvem pairava sobre a memória." E depois eles se casaram, tiveram uma lua de mel maravilhosa, chegaram em casa e a vida virou uma merda".
"Eles tiveram Harry," Hermione argumentou. "Talvez nem tudo fosse uma 'merda' como você falou."
"Harry foi... foi uma coisa muito boa em um momento muito ruim da vida," Sirius explicou. "Depois que James e Lily se casaram, nós... eu..." Ele suspirou e esfregou a ponta do nariz em frustração.
"Eu sinto muito." Hermione franziu as sobrancelhas. "Eu realmente não queria trazer más memórias. Na verdade eu vim aqui para te animar."
"Está tudo bem, gatinha." Sirius sorriu e alcançou a mão dela, dando um leve aperto. "Isso é o que você faz. Tenta consertar todos. Apenas... apenas lembre-se que você nem sempre vai conseguir deixar todos felizes. Não é o seu trabalho consertar o mundo... Eu..." Ele fez uma pausa e olhou para o copo, e então estendeu a mão para ela com a mão vazia, devolvendo o firewhisky à mesa. "Vamos lá", disse ele ficando em pé.
"Aonde?" ela perguntou, afastando-se dele.
Ele alcançou a mão dela de novo. "Você, venha dançar."
"Absolutamente não." Hermione riu, balançando a cabeça.
"Ahh, você é fofa. Realmente pensou que era um pedido." Ele pegou sua mão rapidamente e puxou-a para ficar de pé e puxou seu braço até que ambos estivessem na pista de dança. Hermione lutou todo o caminho até lá, quase tropeçando em seus saltos altos no processo, amaldiçoando seu nome enquanto eles se moviam. Ao lado, ela avistou um Harry Potter disfarçado com Polissuco rindo da cena.
"Sirius Black, eu vou... me vingar por isso," ela resmungou.
"Ah, a gatinha tem garras." Ele sorriu debochadamente e a puxou ao seu encontro, perto o bastante para que ele pudesse ver a variedade de castanho e âmbar nos olhos dela. Longe eles pareciam chocolates, mas perto como agora com a luz refletindo neles, eles poderiam parecer com firewhisky se ele desejasse o bastante. Hermione cerrou os olhos para ele enquanto ele pegava uma mão dela com uma sua, e botava a outra na pequena cintura dela e a girava em seus braços. Em poucos segundos ela estava sorrindo e rindo, e batendo no seu peito, brincando. "Bem, quem diria, eu poderia gostar de casamentos."
"Ah, meu plano diabólico funcionou." Hermione sorriu triunfante. "Estou feliz que você esteja sorrindo de novo, Sirius."
"Eu também, gatinha, eu também."
Hermione olhou para ele. "Eu mencionei que odeio apelidos?"
"É um nome de animal, não um apelido. Além disso, você notou que eu nem sempre faço o que as pessoas pedem?" Ele argumentou.
"Sirius Black? Não, achava que ele era a perfeita personificação de obediência e atenção," ela disse sarcasticamente.
"Eu sou muito atencioso. Por exemplo, apesar do fato de você estar apreciando tanto a dança comigo -"
"Tanto." Ela riu.
"- eu vou me separar de você, apesar de ser óbvio que você quer dançar comigo a noite inteira," ele acrescentou cuidadosamente. "E eu só faço isso porque eu sou muito atencioso para o fato de que eu não sou o único cara triste sentado a um canto." Ele apontou para Remus que estava apoiado na entrada do letreiro sozinho, com um copo de firewhisky na mão.
"Ele não está sentado num canto," Hermione argumentou.
"Tudo bem." Sirius revirou os olhos. "Um cara triste em pé na porta."
"E você está me abandonando para ir ficar triste junto dele?" Ela perguntou.
"Pelo contrário, minha querida... gatinha," ele disse a palavra com um sorriso que se alargou quando ela estreitou os olhos. "Você pôs um final no meu ficar-sentado-nobremente-no-canto-da-tristeza, e eu quero dividir os dons dos seus movimentos de dança com outros. Aluado!" Sirius gritou. "Venha interromper. Ela não aguenta o meu ritmo!"
Remus levantou uma sobrecelha para seu amigo e Hermione, que de repente parecia a perfeita mistura de constrangimento e raiva. Ele não queria participar da pequena humilhação da garota, mas ele sabia por experiência própria que se ele não se intrometesse logo, Sirius iria apenas continuar e piorar as coisas. Deixando o copo numa mesa próxima, Remus se aproximou do casal que dançava.
"Se divertindo, Almofadinhas?" Ele olhou para seu amigo.
"Melhor casamento que vi em anos, Remus. Tenho certeza que o seu foi ótimo e elegante, mas visto que não fui convidado-"
"Você estava morto na época," Remus interrompeu.
"- eu decidi que posso te perdoar se você dançar com essa jovem bruxa ocupando meu lugar." Sirius pegou a mão de Hermione e a colocou em cima da mão de Remus. O lobisomem suspirou, mas gentilmente puxou Hermione de volta para a pista de dança enquanto Sirius sorria para eles e caminhava até Harry e Ron, que estavam sorrindo de volta na mesa deles.
"Quanto que ele teve que beber?" Remus perguntou.
Hermione sorriu. "Eu não quero saber. Mas ele não pisou nos meus pés durante a dança, então acho que ele vai ficar bem."
"Você ficaria surpresa com a quantidade de coisas que aquele homem pode fazer enquanto está apropriadamente embriagado." Remus riu suavemente e instintivamente a puxou para mais perto. "Você está linda por sinal." Ele sorriu para ela. "Lilás é uma boa cor para você."
"Obrigada, Remus." Ela enrubesceu. "Onde está Tonks?"
"No trabalho." Ele franziu a testa. "Eu me ofereci para acompanhá-la, mas ela insistiu para que eu me divertisse," ele disse as palavras como se fossem a deixa para uma piada.
"Esposa feliz, vida feliz," Hermione o lembrou.
"Eu tento." Ele concordou. "Os mantenha fora de perigo, sim?" Ele pediu a ela, apontando para Harry, Ron e Sirius. "Eu sei que vocês vão partir em breve, e é perigoso para todos vocês." Ele suspirou ansiosamente. "Eles vão estar atrás de todos vocês por causa do Harry. Atrás de Ron por traição, atrás de você por ser nascida trouxa, e atrás de Sirius porque ele não foi ainda ao Ministério depois que todos descobriram que ele está vivo. Ele nem deveria estar aqui agora," Remus disse sombriamente. "Se vocês tiverem que sair, tente o manter na forma Animaga, por favor?"
"Pode deixar," ela prometeu. "Eu vou cuidar deles, Remus."
"Eu sei que você vai. Mas... por favor, cuide de você, Hermione. Se algo acontecesse com você..." ele parou no meio da frase quando uma luz prateada apareceu na entrada na forma de lince. Hermione se virou para olhar o grande gato como todo mundo. Então o Patrono abriu a boca e falou na alta, profunda voz de Kingsley Shacklebolt.
"O Ministério caiu. Scrimgeour está morto. Eles estão vindo."
"Hermione, vá!" Remus gritou e pegou sua varinha. "Tire-os daqui. Nos falamos quando for seguro," ele prometeu, a abraçando apertado antes de a deixar ir.
Hermione pegou sua varinha e correu para a mesa onde Harry, Ron e Sirius estavam, mas a multidão explodiu em caos. Os convidados estavam correndo em todas as direções; muitos foram desaparatar - os encantos de proteção ao redor d'A Toca tinha quebrado. "Harry!" Hermione gritou. "Sirius! Ron!"
"Hermione!" Ela ouviu Harry gritar e logo ela caiu em seus braços. Correndo, Sirius e Ron logo estavam ao seu lado, um deles segurando seu braço com força.
"Nós precisamos de um lugar seguro para nos escondermos," Ron disse enquanto os quatro se afastavam da multidão em pânico.
"Largo Grimmauld," Harry sugeriu.
"Não seja bobo, Harry, Snape pode entrar lá!" Hermione respondeu.
"O pai de Ron disse que botaram feitiços contra ele... e mesmo se eles não funcionarem," ele pressionou quando Hermione começava a argumentar. "E dai? Eu juro, não há nada que eu queira mais do que encontrar com Snape!"
"Mas -"
"Hermione, o que mais tem lá? É a melhor chance que tempos. Snape é somente um Comensal da Morte."
"Harry está certo." Sirius concordou. "Aparate no último degrau do Número Doze. Não dá para ver da rua, só por via das dúvidas caso eles tenham alguém de olho."
"Lado a lado, então." Hermione insistiu. "Ou então vamos acabar tropeçando uns nos outros uma vez que vamos Aparatar," ela apontou ao mesmo tempo em que pegava o braço de Ron e Sirius pegava o de Harry. Nenhum dos dois jovens garotos estranharam apesar de Sirius ser um bruxo poderoso que vinha Aparatando há décadas, enquanto Hermione era a primeira da turma a tirar licença. Contando até três, os quatro giraram no lugar, desaparecendo na comprimida escuridão.
oOoOoOo
Largo Grimmauld Número 12 - A MuiAntiga e Nobre Casa dos Black
"Acho que alguém esteve aqui," Hermione murmurou, apontando para a porta.
"Pode ter sido quando a Ordem foi embora," Ron murmurou de volta.
Harry franziu a testa e estudou as sombras. "Então, cadê os feitiços que eles botaram contra Snape?"
"Talvez eles só se ativem caso ele apareça?" Ron sugeriu.
Eles continuaram juntos perto da soleira da porta depois que entraram, suas costas contra a parede silenciosamente, com medo de ir mais adentro da casa.
"Bem, nós não podemos ficar aqui para sempre," Harry disse e deu um passo a frente.
A voz de Olho-Tonto Moody sussurrou na escuridão. "Severo Snape?"
"Eu pareço um idiota feio para você?" Sirius retrucou. "Nós não somos o maldito do Snape!"
Mais algumas maldições e azarações destinadas a prender Snape foram facilmente evitadas pelos quatro, embora a coisa que fez os três jovens saltarem o mais alto possível era o som estridente do retrato preto de Walburga no corredor.
"Sangue-ruins! Sujos! Manchas de desonra! Como vocês se atrevem a sujar os corredores da Casa dos Black!"
"CALA A BOCA!" Harry e Sirius gritaram ao mesmo tempo, o mais novo levantando sua varinha e com um golpe de faíscas vermelhas, as cortinas se fecharam, a silenciando.
"Eu estive fora por um ano e ninguém pensou em nada melhor do que cortinas?" Sirius perguntou aos três, que encolheram os ombros em resposta. Sirius suspirou e esfregou a ponta do nariz. "Inferno, vou acabar passando reboco nessa velha puta quando acabarmos com essa guerra maldita."
Hermione balançou sua varinha para acender as luzes dos antigos lampiões a gás, tremendo um pouco no quarto frio, e foi embrulhar-se no sofá, abraçando os joelhos contra o peito. Instintivamente, Sirius fez o seu caminho em direção a ela e puxou um cobertor velho para fora de um armário próximo, o envolvendo em torno da figura tremendo. Ela sorriu para ele com gratidão antes que seu foco fosse desviado para Ron, que foi cuidadosamente olhar através das janelas.
"Não vejo ninguém lá fora," o ruivo anunciou.
"Harry?" Hermione virou e viu seu melhor amigo fazendo uma careta de dor e apertando sua testa. "Harry!"
"O que você viu?" Ron perguntou, indo em direção ao Harry. "Você o viu na minha casa?"
"Não, eu só senti raiva... ele está realmente irritado..."
"Mas isso poderia ser n'A Toca," Ron disse em voz alta. "O que mais? Você não viu nada? Ele estava amaldiçoando alguém?"
"Não, eu só senti raiva... não poderia dizer..."
"Ele ainda está conectado a você?" Sirius perguntou cuidadosamente, tirando Ron de perto de Harry. "Eu pensei que isso tivesse sido consertado aprendendo Oclumência?" Ele se virou para Hermione esperando por respostas uma vez que Harry ainda parecia estar lidando com as consequências da dolorosa visão.
"Ele nunca terminou as aulas," ela explicou. "Snape se recusou."
"Babaca," Sirius rosnou. "Então nós vamos retomar as aulas," ele insistiu. "Eu não sou o melhor nisso, se você não se importa," ele zombou da sua própria confissão. Isso com certeza foi um eufemismo. Memórias da primeira vez que ele tentou o fizeram ficar um pouco enjoado. "Mas melhor isso do que ignorá-lo e deixar o cobra doente entrar na sua cabeça."
Harry suspirou. "Obrigado, Sirius."
Hermione gritou e imediatamente os outros três sacaram suas varinhas, girando ao redor para ver um Patrono prata passar através da janela da sala e pousar no chão em frente a eles, onde se solidificou na forma de uma doninha que falou com a voz do pai de Ron.
"Família a salvo, não respondam, estamos sendo vigiados."
O Patrono se dissolveu no nada. Ron soltou um ruído entre um lamento e um gemido e caiu no sofá. Hermione se juntou a ele, agarrando seu braço. Sirius se aproximou e deu um tapinha no menino no ombro. "Viu? É preciso mais do que o Ministério cair e um casamento ser invadido por Comensais da Morte para derrubar a família Weasley." Ele riu, tentando diminuir a tensão. Ron deu um meio sorriso em resposta apesar de ainda parecer meio verde.
"Nós devemos descansar um pouco," Hermione insistiu enquanto alcançava a bolsinha de contas e tirando de dentro um punhado de pijamas.
Sirius sorriu nostalgicamente com a vista. "Feitiço Indetectável de Extensão?" Ele perguntou e ela sorriu ao assentir. "Não vejo um desses há anos." Ele pegou as roupas oferecidas a ele com um agradecimento, embora ele tivesse se perguntado internamente se o seu quarto no andar de cima tinha sido deixado do jeito que era. Ele provavelmente teria coisas para vestir lá, embora a ideia de revisitar os velhos tempos agora não fosse atraente. Melhor esperar pela manhã.
oOoOoOo
2 de agosto, 1997
Largo Grimmauld Número 12 - A Mui Antiga e Nobre Casa dos Black
Harry acordou primeiro, cedo na manhã seguinte, embrulhado em um saco de dormir no chão da sala. Uma fresta do céu era visível entre as pesadas cortinas. Era um fresco azul claro, em algum lugar entre a noite e o amanhecer, e não havia qualquer som, salvo as respirações lentas e profundas provenientes de Rony, Sirius e Hermione. Harry olhou para as figuras escuras que eles formavam no chão ao lado dele. Ron tinha tido um ataque de galanteio e insistiu que Hermione dormisse nas almofadas do sofá, de modo que a silhueta dela estava acima do resto deles. Seu braço curvado para o chão, largado sobre o corpo peludo de Sirius na forma Animaga, Ron, do outro lado de Sirius, dormindo profundamente.
Harry levantou e se espreguiçou, o som acordando Almofadinhas. O grande cão negro se espreguiçou nas patas dianteiras, e depois nas traseiras, sacudindo o pelo. Seu olhar se desviou para a menina dormindo ao lado dele e ele chegou para frente, puxando a manga de seu braço caído com suas mandíbulas e pondo de volta embaixo das almofadas. Ele olhou para Harry antes de fazer o seu caminho até as escadas, Harry seguindo de perto.
"Que babaca," Sirius rosnou quando ele abriu a porta do quarto, olhando para dentro para ver que seu quarto tinha sido completamente destruído. Ele ainda podia sentir o cheiro da presença de Snape lá, embora o seboso tivesse claramente ido embora meses atrás. Largo Grimmauld deve ter sido primeira parada do traidor após ter assassinado Dumbledore antes de fugir.
"Devo assumir que você não fez isso?" Harry perguntou enquanto andava atrás dele.
"Não. Eu admito que fosse bagunçado, mas eu respeitava minhas coisas," Sirius murmurou enquanto caminhava para uma pilha de papeis e fotografias caídas, a maioria delas dele, James e Remus, com Peter riscado fora delas. Ele estava feliz em ver que Snape não tinha pegado as poucas fotos que ele tinha de Lily. Sirius sorriu para as memórias vivas e as entregou para Harry. "Aqui está, filhote. Guarde para você."
Harry hesitou em pegá-las. "Você deveria ter algumas, Sirius."
"Tenho minhas próprias cópias e mais algumas." Sirius acenou para uma grande caixa trancada perto da cama. Ele pegou sua varinha e acenou-a sobre o recipiente oxidado e sorriu quando ela brilhou ouro por um breve momento. "Ainda intacta. Você precisa de um maldito Desfazedor de Feitiços para entrar nessa coisa."
"O que você tem além de outras de fotos?" Harry perguntou curioso.
"Fotos são o bastante. Memórias o mantém no chão quando o resto do mundo vai pelos ares," Sirius explicou, mas claramente não em detalhes. Ele pegou uma antiga cópia de Uma História da Magia do chão a jogou em cima da caixa trancada, como se sutilmente falasse a Harry que ele não estava disposto a abri-la na frente do menino.
"Ah, merda," Sirius sussurrou enquanto pegava um pedaço de pergaminho amarrotado, um sorriso triste cruzando seu rosto. "Aqui," ele disse e entregou a Harry. "É uma carta que sua mãe me escreveu." Ele se concentrou em seu afilhado quando ele foi sugado para a caligrafia de Lily. Sirius sorriu, enquanto observava Harry ficar com um pouco de lágrimas nos olhos ao ouvir as palavras.
"A gente tinha um gato?" Harry perguntou com uma risada.
Sirius assentiu. "Eu odiava aquela besta maldita. Ele era de Mi - meu." Ele limpou a garganta. "Mas nós não nos demos bem então eu o dei para sua mãe," Sirius explicou, de repente perdido nas suas próprias emoções.
"Harry!? Sirius!?"
"Aqui em cima, amor!" Sirius gritou. "O que aconteceu?"
Houve um barulho de passos fora da porta, e Hermione explodiu para dentro.
"Nós acordamos e não sabíamos onde vocês estavam!" Ela disse sem fôlego. Ela se virou e gritou sobre o ombro, "Ron! Eu os encontrei!"
A voz irritada de Ron ecoou longe vários andares abaixo. "Ótimo! Diga a eles por mim que eles são dois idiotas!"
"Harry, por favor, não desapareça assim, nós ficamos apavorados! Você fez toda essa bagunça ou já estava feita quando vocês chegaram aqui?" Ela olhou cuidadosamente para Sirius que estreitou os olhos para ela. "Desculpa." Hermione levantou as duas mãos em sinal de derrota. "Por que vocês dois não descem e nós comemos um café da manhã?"
Os três deixaram o quarto de Sirius, fechando a porta e indo em direção as escadas, Sirius logo atrás de Hermione e Harry se arrastando atrás. Enquanto eles passavam por uma porta à direita, por força de um hábito amargo, Sirius fechou a mão e socou a placa que pendia sobre ela enquanto ele continuava a descer as escadas.
"Hermione, Sirius! Voltem aqui!" Harry chamou.
"Qual o problema, Harry?" Hermione olhou para trás das escadas.
"Acho que o encontrei!" Harry gritou.
Sirius pareceu de repente preocupado. "O que houve? O que você encontrou?" Ele perguntou.
"R.A.B."
"Você encontrou... oh, Merlin. Como eu não juntei isso?!" Hermione disse excitada quando se aproximou da placa. Ela sorriu e abraçou Harry apertado e então se viraram para Sirius que se aproximava dos dois, Ron subindo atrás dele.
"Alguém quer me dar uma pista? Você encontrou R.A.B.?" Perguntou Ron.
"O que é R.A.B.?" Examinando a porta cuidadosamente. Com certeza eles não estão se referindo ao Regulus? O que diabos os três poderiam querer com seu falecido irmão Comensal da Morte?
"O falso medalhão que Dumbledore e Harry encontraram tinha uma nota dentro, de um dos seguidores de Você-Sabe-Quem," Hermione explicou para ele. "Um que desertou e roubou sua Horcrux com a intenção de destruí-la."
"Bom para ele, metendo no velho... espera aí... R.A.B.? Não." Sirius balançou a cabeça. "Absolutamente não."
"Se encaixa, Sirius," disse Harry.
"Não," Sirius rosnou. "Regulus era um Comensal da Morte. Ele era um maldito idiota que comprou todo o absurdo de puro-sangue que meus pais nos ensinaram."
"Você reconheceria a letra dele?" Hermione perguntou enquanto enfiava a mão na bolsa de contas e tirava o medalhão falso. Quando ela o abriu, um pequeno pedaço de pergaminho dobrado saiu.
Sirius o pegou rapidamente e o abriu, imediatamente reconhecendo a escrita. Ele e Regulus eram forçados a ter aulas de caligrafia desde o momento em que eles conseguiam segurar uma pena. Como de costume, Sirius se revoltou e rabiscou nos primeiros anos, só se preocupando com a necessidade de uma caligrafia adequada quando começou a escrever cartas de amor para as meninas no colégio. Apesar disso, era melhor do que a caligrafia de James, que mais parecia que um bando de tronquilhos foram nadar no tinteiro e depois se jogaram no pedaço de pergaminho. Regulus, por outro lado - como sempre - obedeceu imediatamente, pronto para provar que tinha a mais bela caligrafia.
"Isso... isso não prova nada. Por que isso importa? Regulus está morto e nós temos um medalhão falso," Sirius disse bruscamente.
"Estaria tudo bem para você se nós vasculhássemos o quarto dele a procura do verdadeiro?" Harry perguntou.
"Divirtam-se. Eu vou estar lá embaixo." Sirius virou e se adiantou para fora, caminhando pela sala de estar para a porta dos fundos, que ele abriu antes de retirar um maço de cigarros que ele mantinha em sua jaqueta de couro que estava na sala de estar. Tirando um, Sirius pegou sua varinha e usou um pequeno Incendio para acendê-lo. Ele deu uma tragada profunda e expirou lentamente, como se esse pequeno pedaço pudesse impedi-lo de quebrar.
Uma voz baixinha falou atrás dele. "Sirius?"
"Estou bem," ele respondeu antes que ela pudesse perguntar. "Vocês encontraram?"
"Ainda não. Harry e Ron ainda estão procurando." Hermione se aproximou dele.
"Boa sorte para eles, então," ele disse amargamente.
"Esse é um hábito nojento," ela comentou apontou para o cigarro.
Ele sorriu debochadamente para ela. "Você pode nem sempre pensar assim. É útil quando você está estressado."
"Me fale sobre seu irmão."
Sirius gemeu. Por que ela nunca deixava as coisas fluírem? "Talvez em outro momento, amor," ele insistiu. A última vez que ele se abriu e falou sobre o irmão foi há muito tempo atrás, uma memória que ele ainda não estava pronto para visitar de novo.
Ela tentou argumentar com ele. "Se isso for verdade, isso significa que ele não morreu em vão."
"Continua morto."
"Teve... um funeral?" Ela perguntou.
Sirius suspirou, desistindo e jogando o cigarro pela abertura da porta e depois a fechando para evitar o frio. "Imagino que sim. Eu não fui convidado. Eu recebi uma adorável carta da minha mãe me avisando que meu pai e meu irmão estavam mortos."
"Isso é horrível."
"Esse era o normal."
"Então você não teve nem a chance de se despedir?"
"Não do jeito que você está pensando." Ele se moveu e sentou no braço da cadeira, guardando o maço de cigarros no bolso da jaqueta. "Eu disse adeus para todos eles no momento que eles me riscaram da maldita árvore genealógica no outro quarto. Quando Reg morreu, no entanto..." Ele parou pensando se deveria dizer mais ou não. "Eu me despedi enchendo a cara de firewhisky com uma namorada."
"Pelo menos você não estava sozinho," Hermione disse, mas havia uma pitada de amargura em seu tom.
Sirius sorriu debochadamente com o jeito que ela respondeu. Era ciúme o que ele estava ouvindo? "Não, não nesse momento," ele continuou não querendo ver o breve olhar de raiva no rosto dela enquanto ela falava. "Nós ficamos bêbados enquanto ela inventava histórias sobre a minha família. Disse que lá no fundo eles eram boas pessoas que foram apanhadas em situações ruins. Contos de fada encantadores. Me fez sentir melhor até eu ficar sóbrio." Ele perdeu o pouco sorriso nostálgico que tinha aparecido momentaneamente em sua boca.
Hermione apertou seu ombro. "Talvez não fossem contos de fada."
"Vamos ver."
N/A: Então gente, o que acharam? Digam nos comentários!
Até quarta feira!
Felicia Malfoy: Pretendo responder sempre os comentários, já que a pessoa perdeu uns minutinhos do dia dela para falar algo, nada mais justo do que eu perder também respondendo né? :))
A relação do Sirius com Harry é muito fofa, eu adorei o desenvolvimento que a autora deu!
Quanto ao Remo... Ahhhh é muito bom! Você vai ver, mas isso é abordado melhor da Parte 2 em diante.
Hermione é mesmo uma muito sortuda né? Queria eu esses dois homens maravilhosos, sexys sentindo algo por mim! Hahahaha
Espero que goste do capítulo novo!
LadyHarukaS2: Não fique com medo! Hahahaha essa fanfic é bastante longa sim, mas ela é tão maravilhosa, bem escrita, bem desenvolvida, os personagens são tão cativantes e maravilhosos, que acaba sendo uma leitura boa, nada pesada! Me esforcei muito para traduzir de um jeito que captasse tudo que a autora escreveu em inglês, para ficar com o mesmo sentido e não perder a essência. Espero que você e os outros que lerem gostem tanto quanto eu gostei!
