The Debt of Time

Parte Um - A Dívida de Vida

Capítulo Oito - Não é um Cão de Verdade

"...I'm all out of faith
This is how I feel
I'm cold and I'm ashamed
Bound and broken on the floor
You're a little late, I'm already torn..."
(Torn - Natalie Imbruglia)


26 de dezembro, 1997

Floresta do Deão

"Feliz Natal, Sirius," Hermione sorria tristemente quando entrou no quarto, vindo da cozinha da barraca para olhar o bruxo com cabelos cor de corvo que estava descansando na grande cama, com curativos ao redor do braço.

"Natal foi ontem" Sirius fez uma careta.

"Sim, mas você estava inconsciente ontem," Hermione explicou. "E eu trouxe chá," ela ergueu uma pequena xícara para ele. "Considere meu presente", ela sorriu quando ele a tomou ansiosamente, trazendo o líquido aos lábios hesitando apenas uma vez e olhando para ela.

"Não está enfeitiçada com nada", ela revirou os olhos.

"Você pode compreender minha hesitação?" Ele cerrou os olhos.

"Eu mantenho que estava fazendo a coisa certa quando pus uma Poção do Sono no seu chá," Hermione cruzou os braços contra o peito com firmeza. "Você estava exausto e recusava se cuidar."

"E é seu trabalho cuidar de mim?" Sirius piscou para ela.

"Para com isso," ela o olhou. "Beba a droga chá."

"Ela xinga agora," ele sorriu. "Estou começando a pensar que sou uma má influência para você."

"Beba o maldito chá, Sirius," Hermione fez uma careta, mas sua raiva foi embora quando viu que ele a obedeceu. Sirius sorriu para ela uma vez que a xícara estava vazia, a devolvendo para ela. "Sente-se melhor?"

"Sim, mas você poderia ter apenas pedido para eu tomar uma Poção para Dor," ele olhou para ela com um olhar conhecido e sorriu quando ela corou com a acusação.

"Bem, eu nunca sei quando você briga comigo sobre algo," Hermione caiu na poltrona, um olhar perturbado no rosto. "Você sempre quer discutir."

"Porque te irritar é divertido," ele sorriu com deboche.

"Eu não gosto de brigar com você," ela franziu a testa.

"Você vai gostar," ele sorriu e flagrou o olhar de irritação no rosto dela, então antes que ela pudesse contra argumentar, ele a interrompeu. "Harry está bem?" Ele perguntou.

"Sim, ele está com a minha varinha," ela explicou. "Ele está lá fora a algumas horas."

"Ainda não acredito que perdemos duas varinhas naquela luta. Cobra maldita," Sirius resmungou.

A viagem para Godric's Hollow foi menos do que sucesso. Uma armadilha. Eles sabiam que poderia ter uma armadilha, óbvio, mas uma cobra escondida dentro de uma velhinha? Isso, eles não perceberam. Sirius claro tinha sentido algo fora do normal logo e implorou para Harry e Hermione que fossem embora. Quando os dois recusaram, ele insistiu, segurando os dois e ameaçando Desaparatar. Quando ficou claro que ele estava falando sério com as ameaças, Harry e Hermione concordaram e só então a cobra atacou, bem no meio da rua. Comensais da Morte Aparataram e começou um duelo. Sirius contra Dolohov e Rowle enquanto Hermione encarava MacNair. O próprio Harry foi deixado para a serpente que deslizou em torno da rua, golpeando-o rápida e repetidamente.

Hermione facilmente superou MacNair, o jogando para o chão. Quando ela correu para ajudar Sirius, Rowle entrou em seu caminho. Sirius se sentiu perfeitamente justificado em nocautear Dolohov. Os Comensais da Morte atacavam ferozmente, mas quando Sirius foi brevemente distraído pelo som de Harry gritando, Dolohov apontou sua varinha para Hermione.

Isso foi o suficiente para que o pouco que sobrou dentro de Sirius saísse e uma luz verde explodiu da sua varinha de fibra de coração de dragão, atingindo Dolohov no peito e o mandando de encontro ao chão, duro e para sempre em silêncio. Sirius deu uma breve respirada com a visão, de algum jeito sentindo que a justiça tinha sido feita. Afinal, esse era o Comensal responsável por matar Gideão e Fábio Prewett.

"Ele está vindo!" Harry gritou e Sirius e Hermione correram para ele, Sirius segurando firme o braço de Harry e puxando o garoto para perto, lançando maldição atrás de maldição na cobra que parecia esquivar ou desviar de todas.

"Mais estão vindo!" Hermione gritou quando mais Comensais da Morte aparatavam ao redor deles. Harry deixou escapar um grito alto, segurando a cicatriz na testa e quando Sirius virou para vê-lo, um Comensal da Morte perto deles o desarmou.

"Merda!" Sirius gritou e Harry deu um grito de dor, seu corpo enrijecendo nos braços de Sirius. "Hermione! Nós temos que ir sair daqui!"

"Aguente firme!" Ela gritou e pegou os dois, Desaparatando bem na hora. Infelizmente a aterrissagem foi feita com menos delicadeza e Harry caiu para frente, quebrando sua varinha em três partes, os deixando com apenas uma varinha para os três.

"Pelo menos você pode fazer mágica sem varinha," Hermione suspirou e olhou para Sirius sentado na cama, ainda se recuperando do estrunchamento que aconteceu com ele na última escapada. Ela se sentiu péssima, claro, mas felizmente não foi tão ruim quanto o dela e os dois discutiram tempestuosamente sobre se ele devia ou não cuidar da ferida sozinho. No final ele acabou desistindo, mas só depois de Hermione ameaçar enfeitiçá-lo até a inconsciência.

"Não é difícil quando você tem o foco certo," Sirius insistiu.

"Como você aprendeu? Não é algo que ensinam em Hogwarts," ela puxou os joelhos contra o peito e se acomodando na cadeira, puxando um cobertor sobre ela; desejando que ela tivesse sua varinha agora para lançar um feitiço de aquecimento na tenda, já que o último parecia estar se desfazendo.

"Uma amiga na escola que me ensinou," Sirius sorriu. "Uma bruxa muito poderosa."

"Por que não estou surpresa por ser uma garota?" Hermione riu.

"Porque eu sou tão devastadoramente lindo?" Sirius sorriu.

"Eu não vou acariciar o seu ego", ela balançou a cabeça.

"Bom, se não for o meu ego, que tal -"

"Não termine essa frase!" Hermione o olhou e ele deixou escapar uma de suas risadas que mais pareciam latidos.

"É tão fácil irritar você. Muito agradável," ele sorriu largamente.

"Hermione! Sirius!" Harry chamou do lado de fora e entrou rapidamente na barraca, encharcado e tremendo. Hermione levantou na hora e correu para ele.

"Harry! O que aconteceu!?" Ela gritou, pegando sua varinha da mão dele e lançando um feitiço para secá-lo e em seguida, empurrando-o para uma cadeira próxima e alcançando uma pilha de cobertores que ela rapidamente jogou sobre seu corpo. "Você está bem?"

"Está tudo bem, está tudo bem. Mais do que bem, eu estou ótimo. Tem outra pessoa aqui."

"O que você quer dizer? Quem?" Hermione olhou para cima e olhou quando Ron entrou na barraca, parando na entrada segurando uma espada e pingando no tapete puído. "Você!" Hermione rosnou e fechou os punhos, batendo nele em todos os centímetros que conseguia alcançar. "Você é um completo idiota, Ronald Bilius Weasley!"

"Eu sei, eu sei, sinto muito!" Ele gritou, tentando se proteger dos punhos dela.

"Ah, você sente muito?!"

"Sim," Ron disse calmamente. "Eu... eu fui um babaca de marca maior," ele concordou. "Você estava certa, foi aquele maldito medalhão. Eu sinto muito pelo o que eu disse," ele levantou os olhos e pegou o olhar de Sirius sentado na ponta da grande cama no canto. "Eu sinto muito," ele disse para o homem que parecia estreitar os olhos para o garoto, mas depois de um longo tempo, Sirius assentiu.

"Desculpas não aceitas!" Hermione gritou.

"Hermione," Harry suspirou. "Ele acabou de salvar a minha vida."

"O que?" Sirius levantou. "Por que ele precisou? Os feitiços foram invadidos?"

"Não, eu... eu vi uma coisa."

"O que você viu?" Sirius perguntou se aproximando e tirando a varinha de Hermione da mão dela antes que ela acabasse amaldiçoando Ron com algo permanente.

"Um Patrono," Harry explicou. "Uma corça."

"O que você disse?" O rosto de Sirius perdendo a cor.

"Uma corça." Harry repetiu. "Me levou a um pequeno lago congelado. Acendi a varinha de Hermione, olhei para baixo e vi que," Harry fez um gesto para a espada na mão de Ron. "Nós temos isso", Harry sorriu. "Nós podemos destruir mais Horcruxes agora."

"Mais?" Hermione perguntou, seu temperamento finalmente acalmando.

Ron sorriu para a visão dela não gritando ou batendo nele e levantou o medalhão, quebrado e preto. Ela estendeu a mão para ele, tirando-o de sua mão rapidamente e pegando-o para examiná-lo com cuidado. "E você tem certeza que ele se foi?" Ela perguntou Harry.

"Com certeza," Harry riu, nervosamente passando os dedos pelo seu cabelo negro bagunçado. "Eu o abri e... bom... ele revidou, e Ron o apunhalou com a espada."

"Boa redenção," Sirius comentou, os olhos indo de Ron para Hermione com cuidado. "Como ele revidou?"

"Eu preferia não falar sobre isso," Ron olhou para baixo envergonhado.

"Espere, como você pegou a espada?" Hermione olhou para cima. "Você disse que estava num lago congelado? Ah não Harry, você não fez isso," ela franziu as sobrancelhas.

"Eu fiz," ele encolheu os ombros. "Estúpido, eu sei. Especialmente com o medalhão ainda no meu pescoço. Ele tentou me afogar."

"O que?!" Sirius olhou para rapidamente.

"Ron me salvou," Harry apontou. "Mergulhou atrás de mim, me puxou e voltou a mergulhar para pegar a espada. Então... podemos seguir em frente agora?" Harry perguntou, um olhar cansado no rosto. Sirius deu um curto aceno, mas Hermione parecia ainda estar zombando na direção de Ron. "Por favor, Hermione."

"Está bem," ela concordou. "Mas eu quero saber como você nos encontrou para começar," ela olhou para o ruivo.

"Com isso," Ron disse, puxando o Desiluminador.

oOoOoOo

27 de março, 1998

Mansão Malfoy - Residência da Família Malfoy, Quartel General dos Comensais da Morte

O grupo passou meses mudando de lugar para lugar continuamente, parando por apenas um dia ou dois antes de se mudar de novo. Sirius ajudou consideravelmente com as locações visto que ele passou um ano fugindo com Bicuço antes do retorno de Voldemort. Apesar de ter demorado várias semanas, Ron remendou sua amizade com Harry e Hermione, sendo que a última o mantinha numa distância considerável, passando a maior parte do tempo pesquisando com Harry ou treinando com Sirius para aprender a fazer magia sem varinha. Ron os proveu com mais do que apenas a espada de Gryffindor. Aparentemente, durante sua ida do acampamento muitos meses atrás, ele tinha sido capturado por um bando de Batedores e conseguiu desarmar um deles. Harry ficou com a varinha usada. Sirius a rejeitou, insistindo que qualquer mágica que ele precisasse fazer ele conseguia sem o uso de varinha - apesar dela ser mais fraca, com certeza.

Entretanto não fez diferença quando no final de Março, um do grupo acidentalmente ativou o tabu sobre o nome Voldemort e um grande grupo de Batedores os cercou e os desarmaram. Hermione foi esperta o suficiente para lançar uma azaração ferreteante no rosto de Harry, o desfigurando. Mas Sirius era muito facilmente reconhecível, então antes que alguém o percebesse ele se transformou em sua forma Animaga. As chances de escapar eram quase nulas pelo fato que ele não deixaria nenhum deles para trás, especialmente Harry e Hermione. Os Batedores amarraram os dois bruxos e a bruxa junto de outro garoto e o que parecia ser um Duende ferido, enquanto isso Sirius foi jogado no chão por Fenrir Greyback.

"Não é um cão de verdade," Greyback insistiu "Eu posso cheirar a mágica... mágica familiar nele."

"Então o traga junto e nós vemos o que faremos na Mansão," Scabior insistiu.

O grupo Desaparatou na escuridão e quando eles reapareceram, Sirius levantou os olhos e se deparou com a familiar visão da Mansão Malfoy. A última vez que tinha estado ali foi para o casamento de Lucius e Narcissa, que ele nem tinha sido convidado. Tinha sido um último esforço para ajudar a tirar sua prima de um casamento sem amor e perigoso, mas como de costume, Cissa tinha se acovardado com o pensamento sobre seu marido e mandou Sirius embora do local.

Agora ele estava de volta, na forma de um grande cão, amarrado e nos ombros do mesmo lobisomem que tinha infectado seu melhor amigo.

Um dos Batedores segurou o portão e o balançou.

"Como nós entramos? Ele está trancado, Greyback, eu não... caramba!"

Ele chicoteou as mãos no susto. O ferro foi se contorcendo,se torcendo para fora do portão, tomando a forma abstrata de uma cara assustadora, que falou em uma voz estridente. "Declare o seu propósito!"

"Nós temos Potter!" Greyback grunhiu triunfante. "Nós capturamos Harry Potter!"

Os portões se abriram.

"Vamos!" Greyback falou para os seus homens, apertando o corpo de Sirius contra o ombro e empurrando os prisioneiros amarrados para frente, seus olhos demorando em Hermione com um sorriso. No momento em que entraram na grande Mansão, Sirius ouviu uma voz familiar.

"Sigam-me," Narcissa disse, os liderando pelo corredor. "Meu filho, Draco, está em casa para o feriado de Páscoa. Se for Harry Potter, ele irá saber."

A sala de estar ofuscou a escuridão de fora. Um lustre de cristal se pendurava no teto, muitas fotografias nas paredes roxas. Duas figuras levantaram das poltronas em frente a uma lareira de mármore ornamentada quando os prisioneiros foram forçados a entrar na sala pelos Batedores.

"O que é isso?"

A terrivelmente familiar voz arrastada de Lucius Malfoy caiu em seus ouvidos. Ao som, Sirius soltou um rosnado baixo, mas perigoso.

"Leve a besta para fora," Lucius falou.

"Não acho que é um cão de verdade," Greyback explicou. "Eu senti sua mágica antes."

"Um Animago?" Lucius olhou para a criatura com cautela. "Leve-o para o outro quarto, o force a se transformar de volta," o bruxo loiro ordenou.

Greyback a contragosto obedeceu, levando Sirius para a próxima sala onde ele jogou o Animago ao chão com um baque forte, e estalou seu pescoço ansiosamente se preparando para apreciar este interrogatório. Greyback se inclinou para pegar o cachorro pelo pescoço, e Sirius virou-se, estalando suas mandíbulas para o lobisomem violentamente, latindo. Greyback respondeu, apertando a garganta de Sirius forte até que o animal soltou um grito alto choramingando, ofegante.

"Que barulho é esse?!" Um grito agudo entrou na sala e os olhos de Sirius se arregalaram e ele começou a se debater violentamente contra o domínio de Greyback.

"Achamos este vira-lata com o garoto Potter e seus amigos," explicou Greyback. "Malfoy queria que eu o transformasse de volta."

"Seu mestiço idiota!" Bellatrix gritou, usando a varinha para arremessar o lobisomem para trás em uma grande coluna de mármore, deixando-o inconsciente. "Ora, ora, ora," Bella sorriu olhando para baixo. "Você parece bem vivo, primo," ela zombou. Apesar dele ainda estar bem amarrado, Sirius lançou suas mandíbulas em direção a Bellatrix que só riu dele, balançando sua varinha no ar para contrair as cordas que prendiam o corpo dele com força. Sirius gemeu alto quando a dor esmagou suas costelas.

"Ah o Lorde das Trevas ficará tão feliz," ela sorriu. "Se o pirralho no outro quarto for realmente Potter, vou me divertir ao vê-lo morrer na sua frente", ela gargalhou. "Ou talvez eu deveria matar você na frente dele? De novo," ela sorriu e levitou a forma Animaga de Sirius, deixando-o a seguir para a outra sala onde ela viu Draco e Lucius olhando os prisioneiros, um olhar de medo no rosto do sobrinho.

"É ele, Draco?" Bella perguntou e Draco vacilou ao som da voz dela.

"Não tenho certeza," ele sussurrou em voz baixa.

"Mas certamente," ela disse baixo, "essa é a sangue ruim? Essa é a Granger?"

"Sim, sim, é a Granger!" Lucius choramingou. "E do lado dela, nós pensamos ser Potter! Potter e os amigos, capturados!"

"Claro que são eles," Bella sorriu debochadamente. "E eu acabei de pegar um traidor do sangue," ela apontou para o cão flutuando atrás dela. "Sirius Black, de volta dos mortos," sua risada estridente saiu como um grito e Lucius revirou os olhos ao ouvir o som enquanto Draco se encolheu novamente para longe de sua tia.

Narcissa, no entanto, olhou para a fera com olhos arregalados.

"Sirius?" Ela murmurou, olhando para ele com um misto de medo e pena.

Bellatrix puxou a manga esquerda: a Marca Negra toda a vista queimada na pele crua do braço dela, e eles sabiam que ela ia tocá-la, para chamar o amado mestre.

"Eu já ia chamá-lo!" Lucius falou, e fechou a mão sobre o punho dela, a impedindo de tocar a Marca. "Eu devo chamá-lo, Bella. Potter foi trazido para minha casa, e, portanto, está sob minha autoridade..."

"Sua autoridade!" Ela zombou, tentando soltar a mão do aperto do homem. "Você perdeu sua autoridade quando perdeu a varinha, Lucius! Como ousa! Tire suas mãos de mim!" Ela parou de se debater quando os olhos negros se fixaram em algo no canto da sala onde os outros Batedores estavam, provavelmente esperando o pagamento.

Contente com a redenção dela, Lucius atirou a mão dela e levantou a própria manga.

"PARE!" Bellatrix chiou, "Não toque, todos pereceremos se o Lorde das Trevas vier agora!"

Lucius congelou, o dedo indicador pairando sobre sua Marca.

"O que é isso?" Bellatrix soltou.

"Espada," resmungou um dos Batedores.

"Entregue-a."

"Não é sua, senhorita, é minha, fui eu que a encontrei."

Ouviu-se um estampido e, em seguida, um clarão vermelho; Sirius entendeu que o Batedor fora estuporado. Ergueu-se um clamor de raiva dos seus companheiros: Scabior sacou a varinha.

"Com quem acha que está brincando, mulher?"

"Estupefaça!" berrou ela. "Estupefaça!" Ela se voltou para o resto do grupo com rapidez.

"Onde foi que você obteve essa espada?" Ela gritou, indo até Scabior e o jogando no chão, "Snape mandou-a para o meu cofre em Gringotes!"

"Estava na barraca deles," resmungou Scabior.

"Draco, leve esse lixo para fora," Bellatrix disse, apontando para os homens inconscientes. "Se não tiver peito para acabar com eles, deixe-os no pátio para mim."

"Não se atreva a falar com Draco assim..." disse Narcissa, furiosa, mas Bellatrix berrou.

"Cale-se! A situação é mais grave o que você seria capaz de imaginar, Cissa! Temos um problema muito sério!"

Ela parou levemente ofegante, contemplando a espada, examinando seu punho. Virou-se então, para olhar os prisioneiros silenciosos. "Os prisioneiros devem ser levados para o porão, enquanto penso no que fazer! Leve os prisioneiros para o porão, Rabicho."

À menção do nome, Sirius rosnou e latiu violentamente, batendo no ar enquanto ele tentava se libertar das amarras, implorando para chegar a apenas um centímetro de carne para que ele pudesse arrancá-la do corpo do rato traidor.

"Espere," Bellatrix disse rispidamente. "Todos, menos a sangue-ruim e Sirius," ela apontou. "Deixe o traidor de sangue longe de Potter," ela insistiu, sabendo que deixando os dois separados causaria mais dor. Rabicho encaminhou os prisioneiros para o porão, ignorando seus gritos enquanto eles observavam Hermione e Sirius desaparecerem de suas vistas.

Hermione se encolheu contra um pilar próximo quando Bellatrix foi para cima dela, varinha levantada. A jovem bruxa deu uma curta respirada, tentando recuperar a compostura, mas as memórias dos pais de Neville no St. Mungos ainda estavam tão frescas em sua mente quanto no dia em que ela os viu pela primeira vez, e o medo era evidente em seu olhar.

"Onde você conseguiu essa espada?" Bellatrix perguntou a garota com um olhar ameaçador em seus olhos. Antes que Hermione pudesse responder a pergunta, Sirius começou a chutar o meio do ar, as patas batendo contra suas restrições, latindo e rosnando loucamente tão alto quanto possível. Seus latidos ecoavam nos pisos de mármore e paredes, quase abafando os gritos do nome de Hermione que vinha do porão.

"Cale a boca seu maldito traidor de sangue!" Bellatrix gritou para o cachorro. "Cissa, leve-o para o outro quarto enquanto eu lido com a garota. Não posso tirar nada dela com ele fazendo todo esse escarcéu."

"Bella... a garota," Narcissa começou.

"Narcissa, vá!" Lucius gritou para a esposa, os olhos cerrados. "Draco, vá com sua mãe!" Ele berrou. Draco bufou, mas pegou a mão de sua mãe e a arrastou para a próxima sala, sacudindo a varinha para cima e levitando o Animago a seguir.

Uma vez que a porta da sala de estar fechou atrás dele, Sirius voltou ao normal, apesar de ainda estar amarrado. Seus olhos se voltaram para os orbes azuis de sua prima e sobrinho; cinzentos, como os dele. Ele nunca tinha visto antes uma semelhança tão grande com a família Black em Draco. Mas então, o jovem bruxo loiro era a perfeita imagem do pai. "Cissa, deixe-me ir," Sirius implorou. "Você sabe que é errado!"

"Sirius, por favor, fique quieto," ela foi para longe dele. "Você não sabe quão perigoso isso é. O que você trouxe para minha casa."

"O que eu trouxe?! Cissa! Nós fomos capturados e trazidos contra a nossa vontade. Você conhece Bella, sabe o que ela vai fazer! Você vai simplesmente deixá-la..."

Mas sua frase foi interrompida pelo alto som dos gritos de Hermione. Os olhos de Sirius arregalaram e um misto de raiva e medo cobriu sua face, enquanto sua cor sumia. "Não... Não!" Ele murmurou e gritou, "Hermione! Cissa! Ela está sendo torturada!"

"Eu sei," Narcissa sussurrou.

"Deixe-me ir!" Sirius gritou. "Cissa, faça a coisa certa. Pelo menos uma vez a sua vida, faça a coisa certa!"

"Não posso Sirius, nós estamos mortos se eu deixar você ir," ela olhou para o primo com lágrimas nos olhos.

"Vocês já estão mortos!" Sirius berrou. "Você está presa debaixo do sapato de um ditador, seu marido está sem varinha e seu filho foi sacrificado!" Ele olhou para o menino que virou-se, cobrindo conscientemente seu antebraço esquerdo. "Cissa, deixe-me ir e eu vou ajudá-la."

"Não tem como me ajudar," Narcissa sacudiu a cabeça.

"Mãe, talvez..." Draco começou hesitante, mas parou no meio frase quando os gritos vindo da outra sala ficaram mais altos.

"Sinto muito, Sirius," Narcissa balançou a cabeça.

"Eu também, prima," Sirius encarou os olhos aterrorizados dela, "Invocco Vita Debitum!" Ele gritou, e os olhos de Narcissa arregalaram dramaticamente.

"O que você está fazendo?!" Ela engasgou.

"Você me deve uma dívida de vida," Sirius disse firmemente. "E eu vou convocá-lo agora com ou sem o seu consentimento," ele ameaçou.

"Sirius..." a voz dela quebrou.

"Do que ele está falando?" Draco perguntou a ela.

Sirius a deu um perigoso olhar que dizia que ele estava no final da pouca paciência que ele estava oferecendo.

"Deixe-o ir," Narcissa ordenou ao filho rapidamente. "Primo, por favor, faça o que puder para nos salvar?" Ela disse enquanto Draco sacava a varinha e tirava as amarras que prendiam Sirius. O Animago imediatamente se levantou e se moveu para a porta.

"Fiquem aqui," ele ordenou os dois antes de voltar à forma Animaga de novo. Sirius ainda estava sem varinha, e tirando o seu poder, ele não tinha como encarar Bellatrix sem varinha.

Deslizando de volta para a sala de estar silenciosamente, Sirius captou rapidamente o cheiro de sangue e seus olhos arregalaram com a visão de Hermione largada no chão, lágrimas caindo dos seus olhos, seu braço estendido e uma familiar cicatriz cravada na sua outrora pele perfeita. Não, ele pensou. Não isso. Não aqui. Não agora.

Fúria o invadiu enquanto ele se arrastou para frente em um frenesi, tão silencioso quanto possível até o último segundo, quando ele soltou um grunhido baixo e viu os olhos de Bellatrix virarem para ver sua figura negra quando ele se lançou para frente, pousando em seu corpo, prendendo-a no chão e tirando a varinha de sua mão. Ela realmente parecia com medo por uma fração de segundo e Sirius imaginou como seria maravilhoso seria assistir a cadela ser levada para Azkaban novamente. Mas, então, as palavras de Remus a Harry meses antes ecoaram em sua mente.

"Harry, o tempo de Desarmar passou!"

E também passou o tempo para misericórdia.

Um olhar para o lado onde ele viu o corpo ainda parado de Hermione no chão o fez vacilar no canto de sua cabeça. Ele se virou e mostrou os dentes afiados para sua prima, abrindo as mandíbulas largas o suficiente para afundar suas grandes presas na carne do pescoço dela. Bellatrix tentou gritar, mas o som morreu na sua garganta quando Sirius apertou a mordida em seu pescoço e puxou para trás, arrancando do seu corpo.

"Crucio!" Ele ouviu brevemente atrás dele e de repente a dor inundou seu corpo e ele caiu no chão choramingando como se mil facas fossem enfiadas na carne da sua forma. Seus olhos viraram para cima e viu Lucius Malfoy olhando para ele com desprezo, a varinha roubada de Hermione na mão e uma pitada de alegria em seu rosto pela posição em que ele mantinha o cão no momento. Sirius rosnou entre gemidos de dor quando seus olhos encontraram os de Lucius e se recordou de um momento há muito tempo, quando o Comensal da Morte loiro tinha uma varinha apontada para ele assim. Uma pequena cicatriz à esquerda do nariz de Lucius lembrou Sirius como esse último encontro terminou.

"Narcissa!" Lucius chamou. "Acho que é tempo de você reafirmar sua lealdade, meu amor," ele disse friamente e Sirius observou quando sua prima e sobrinho entraram na sala. "Seu primo traidor de sangue acabou de matar sua irmã. Apesar de não existir amor entre Bella e eu, o Lorde das Trevas não ficará contente."

"Bella..." Narcissa murmurou, seus olhos arregalados.

"Mate a besta," Lucius mandou.

"Lucius..." Narcissa balançou a cabeça desafiadoramente.

"Faça você espontaneamente" Lucius rosnou. "Ou eu a farei fazer," ele ameaçou.

"Não," Narcissa se manteve firme. "Você tem usado a Imperio em mim por vinte anos, estou farta de ser sua marionete."

"Sua insolente..." Lucius rosnou e levantou a varinha para a esposa. "Avada-"

"Sectumsempra!" Uma voz gritou atrás de Lucius e o bruxo loiro mais velho virou com olhos frios para seu atacante e a varinha de forma agressiva em direção a ele. A varinha de Hermione caiu de sua mão quando o sangue atravessou sua camisa oxford finamente passada. Quando o corpo de Lucius caiu para frente, Sirius seguiu seu olhar ao longo da varinha de espinheiro no braço desonroso e depois para Draco, de pé alto e firme, devolvendo o olhar cinzento frio e duro de volta para seu caído pai.


N/A: Oi gente, mais um capítulo para vocês, espero que gostem!

Felicia Malfoy: hahahaha não é? Você tem que ficar pensando só no lugar em que quer chegar, isso exige muita concentração mesmo. Mas acho que é bem mais prático do que a maioria dos transportes deles, apesar de que eu iria preferir ir de Flu.
O Sirius é um amor com a Hermione, eu adorei como a Shaya fez a relação deles dois! O desenrolar também é bem fofo e cheio de confusões, bem estilo Sirius Black mesmo.
E não se preocupa que quando você menos esperar o seu Sirius vai aparecer :)