The Debt of Time

Parte Um - A Dívida de Vida

Capítulo 10 - Você Não É Um Assassino

"...Another head hangs lowly,
Child is slowly taken.
And the violence caused such silence.
Who are we mistaken?..."
(Zombie - The Cranberries)


30 de abril, 1998

Chalé das Conchas - Residência de Gui e Fleur Weasley

"Tem que estar lá," Hermione insistiu. "Ela estava inflexível de que tínhamos invadido o cofre dela."

Eles tinham andado ao redor desse argumento em círculos antes. O comportamento de Bellatrix na Mansão Malfoy no mês anterior havia indicado que algo importante estava alojado no cofre Lestrange, e não apenas uma imitação a Espada de Gryffindor. Infelizmente, não havia nenhuma maneira de entrar. Ron tinha sugerido Poção Polissuco, mas sem um pedaço de Bellatrix para usar era impossível. Harry tinha sugerido alguém retornar à Mansão para procurar algo, mas Sirius se recusou a permitir qualquer um deles a se arriscar em algo assim, era suicídio.

Hermione teve a ideia de pedir ajuda a Narcissa, considerando que, apesar de tudo, ela era família de Bellatrix, mas Sirius explicou que uma vez que a Horcrux tinha sido escondida no cofre dos Lestrange, Narcissa não tinha direito algum sobre ela, mesmo com a ligação de sangue. Não enquanto o marido e cunhado de Bellatrix estivessem vivos. Foi Ron que sugeriu então a ideia de caçar e matar os irmãos Lestrange, ao que todos prontamente o ignoraram.

Harry sugeriu pedir ajuda a Grampo, ao que Sirius rejeitou rapidamente, tendo lidado com Duendes no passado. Ele insistiu que Grampo iria se voltar contra eles mais rápido do que Monstro os tinha traído.

Parecia que apenas quando eles tinham perdido a esperança de que a Horcrux fosse entregue em uma bandeja de prata, o milagre aconteceu.

A bandeja de prata veio na forma de um dragão prateado que apareceu na cozinha do Chalé das Conchas noite adentro quando todos os moradores estavam dormindo, exceto por Harry, Hermione, Sirius e Ron. O grande dragão pairou por alguns momentos e Hermione arregalou os olhos com a beleza intrigante do Patrono. Logo a boca dele abriu e voz de Draco foi ouvida.

"Potter, eu tenho uma informação que você talvez se interesse. O Lorde das Trevas queria que eu e meu tio Rodolfo Lestrange fôssemos ao Gringotes para pegar um item de suma importância. Ele estava furioso sabendo que não só Bellatrix foi morta, mas que a espada de Gryffindor poderia estar sumida do cofre dela. Nós vamos para o Beco Diagonal amanhã ao meio dia. Se vocês acharem essa informação útil, eu vou esperar para ser abordado fora do Gringotes. Deixe que Granger ou Black sejam os envolvidos nisso. Weasel pode acabar se machucando."

"Babaca,"Ron olhou o dragão desaparecer.

"Você ouviu o que ele disse?!" Os olhos de Hermione arregalaram e praticamente brilharam de excitação.

"Sim, eu ouvi a doninha," Ron olhava zangado.

"Não era uma doninha, era um dragão," ela o repreendeu.

"Como ele pode ter recebido um dragão?" Harry parecia estar dividido numa linha de entusiasmo e auto-piedade.

Hermione examinou a sala e olhou para os bruxos ao redor da mesa, cada um parecendo um pouco irritado por causa da aparência do Patrono. "Vocês estão brincando?" Ela estreitou os olhos para cada um deles. "Malfoy está oferecendo a chance de nos entregar uma Horcrux e vocês decidiram que em vez de celebrar, vão ter um piti sobre o fato do Patrono dele ser um dragão?"

"O meu é só um estúpido cachorro," Ron franziu a testa.

"Ei!" Sirius rebateu. "Eu me sinto ofendido com isso. O meu é um cachorro também."

"Bom, claro que o seu é um cachorro, você é um cachorro!" Ron respondeu.

"O meu é um cervo que nem meu pai," Harry acrescentou, tentando se sentir melhor.

"Então por que o meu é um cachorro?" Ron perguntou. "Não tem nada a ver comigo!"

"Ah pelo amor, você acha que a minha lontra tem algo a ver comigo?" Hermione bateu na cabeça de Ron.

"Seu Patrono é uma lontra?" Sirius perguntou, as sobrancelhas levantadas em puro choque.

"Sim," Hermione botou as mãos no quadril. "Tem algo a dizer sobre isso?" O desafiando a zombar de sua lontra.

Houve um bangue na porta da frente. As cabeças de todos viraram. Gui veio correndo do quarto, parecendo preocupado, a varinha apontada para a porta. Harry, Ron, Sirius e Hermione fizeram o mesmo.

"Quem é?" Gui perguntou.

"Sou eu, Remus John Lupin!" Veio uma voz mais alta que o vento uivante. "Sou um lobisomem, casado com Nymphadora Tonks, e você, o fiel do segredo do Chalé das Conchas, me disse para vir aqui em uma emergência!"

"Lupin," murmurou Gui, e correu para a porta e a abriu. Remus caiu sobre o batente. Ele estava com o rosto branco, envolto em uma capa de viagem, seus cabelos grisalhos bagunçados pelo vento. Ele se endireitou, olhou ao redor da sala, certificando-se de que estava lá, então clamou em alta voz "É um menino! Nós o nomeamos homenageando o pai de Dora! Edward Remus Lupin!"

Hermione gritou e correu para ele, arremessando os braços ao redor de sua cintura. "Parabéns, Remus!"

"Tonks teve o bebê?" Sirius sorriu largamente.

"Sim, sim, ela teve o bebê!" gritou Remus. Todos no cômodo choraram de alegria, suspiros de alívio: Fleur gritou quando entrou na sala, ouvindo o anúncio, "Parabéns!" e Ron disse, "Caramba, um bebê!" como se nunca tivesse ouvido isso antes.

"Sim... sim... um menino," disse Remus de novo, que parecia tonto com a própria felicidade. Ele caminho pela sala e abraçou Sirius e depois Harry; a cena no porão do Largo Grimmauld talvez nunca tenha acontecido.

"Você vai ser o padrinho?" Remus disse enquanto soltava Harry, seus olhos demorando na face sorridente de Hermione por um momento como se ele quisesse falar algo, mas se segurasse.

"E-eu?" Gaguejou Harry.

"Você, sim, claro... Dora concorda, ninguém melhor..."

"Ei!"Sirius disse, suas sobrancelhas levantando. "Eu vou te falar que eu sou o único aqui experiente na arte de ser padrinho," ele respondeu, claramente irritado com a última fala.

"Pobre Sirius," Hermione sorriu e andou até ficar atrás dele, dando um beijo no topo da cabeça dele e apertando os ombros dele como consolo. De algum modo a ação de carinho o calou rapidamente, apesar dele continuar com os braços cruzados contra o peito como um protesto silencioso, murmurando ocasionalmente, "Não é como se eu fosse seu melhor amigo ou algo do tipo."

Gui estava correndo para pegar vinho e Fleur estava persuadindo Remus para se reunir a eles para uma bebida.

"Não posso ficar muito tempo, tenho que voltar," disse Remus, exalando felicidade para todos: Ele parecia anos mais jovem do que qualquer um já tinha visto. "Obrigado, obrigado, Gui!"

Gui tinha logo enchido suas taças, eles se levantaram e botaram as taças para cima para um brinde.

"Para Edward Remus Lupin, Ted," disse Remus, "um ótimo bruxo em crescimento!"

"Um bruxo?" Hermione o questionou, apesar de parecer que ela estava tentando marcar um ponto. Remus notou o olhar no rosto dela e sorriu para ela largamente.

"Sim, um bruxo," ele respondeu e beijou sua bochecha. "Obrigado, Hermione."

"Com quam ele parrece?" Fleur indagou.

"Acho que parece com Dora, mas ela acha que é como eu." Remus sorriu.

"Pobre criança," Sirius riu e Hermione olhou para ele em resposta, mas Remus só riu.

"Pouco cabelo. Parecia preto quando nasceu, mas juro que virou ruivo desde então. Provavelmente estará loiro quando eu voltar. Andromeda diz que os cabelos de Tonks começaram a mudar de cor no dia em que ela nasceu." Ele esvaziou a taça. "Ah, aceito, só mais uma," acrescentou, sorridente, quando Gui fez menção de tornar a servi-lo. "Então, eu perdi algo importante aqui?" Remus perguntou.

Hermione, Harry, Ron e Sirius dividiram um olhar antes de Sirius finalmente falar.

"Nada que precisemos nos preocupar, Moony," ele sorriu. "Você tem uma esposa e filho pra cuidar. Na verdade, desde que você machucou minha alma, não me tornando o padrinho do seu primogênito, eu vou aceitar suas desculpas na forma de você ficar dentro de uma trancada e protegida casa com sua família."

"Até quando?" Remus revirou os olhos.

"Até eu te mandar um Patrono!" Sirius rebateu. "Não estou brincando, Remus. O único motivo para você ou Tonks porem o pé para fora da casa é se eu falar para vocês fazerem isso. Ou Hermione," ele acrescentou, uma parte dele se perguntando se iria sobreviver a guerra.

"Está bem, está bem," Remus levantou. "Vou ocupar meu tempo com longas noites de alimentação e trocação de fraldas. Agora eu realmente preciso voltar," disse o lobisomem, recusando outra taça de vinho. Ele se pôs sobre os pés e puxou a capa de viagem de volta. "Tchau, tchau... vou tentar trazer umas fotos dentro de alguns dias... todos ficarão muito contentes quando souberem que estive com vocês..." Ele abotoou a capa e se despediu, abraçando as mulheres e apertando as mãos dos homens e então, ainda sorrindo, voltou para a noite tempestuosa.

"Padrinho, Harry," Gui riu, dando um tapinha nas costas do jovem bruxo.

"É," Harry sorriu, um pouco tonto ainda pelo pedido. "Sirius, o que um padrinho faz?"

"Não sou exatamente um expert," Sirius encolheu os ombros tristemente. "Você só... só toma conta dele. O deixa seguro," os olhos cinzas olharam para dentro da taça de vinho vazia. "Os primeiros anos são relativamente simples," Sirius sugeriu, tentando mandar embora a tristeza que tinha de repende se instalado na conversa. "Mime o diabo dele," ele declarou, devolvendo a taça para a mesa com um suspiro alto. "Tudo bem, chega dessa bobagem sentimental," Sirius pigarreou. "Nós temos um Malfoy para atacar amanhã!"

oOoOoOo

1o de maio, 1998

Beco Diagonal - Do Lado de Fora do Gringotes

O plano era simples, considerando tudo.

Sirius aparatou para uma rua de trás ao lado da Travessa do Tranco, imediatamente mudando para sua forma de Animago, fazendo seu caminho para o início da estrada onde os olhos podiam ser colados à entrada de Gringotes. Ron tinha sido transfigurado para ter o cabelo preto desarrumado que caía passando de seus ouvidos e um longo cavanhaque. Ele parecia um Comensal da Morte deslocado de Durmstrang, assemelhando-se a Igor Karkaroff mais do que a um Weasley.

O plano era para Ron ficar de guarda enquanto Harry e Hermione iriam atordoar Rodolfo e Malfoy, momento em que Sirius iria correr e abocanhar o pacote e os quatro deles iriam aparatar de volta para o Chalé das Conchas. Deveria ter sido simples, considerando todas as coisas.

O que eles não tinham planejado era que Voldemort tinha perdido a confiança em Draco Malfoy depois de chegar à Mansão e encontrar seus dois Comensais da Morte mais fiéis mortos no chão, Narcissa tinha fugido, uma mão cheia de Batedores mortos, e um cadáver em decomposição do lobisomem. Ele tinha imediatamente atacado o jovem bruxo loiro, infiltrando sua mente e procurando por respostas. O que ele viu o enfureceu. Harry Potter tinha sido capturado, aquilo era certeza. Voldemort viu flashes de memórias onde Potter desarmava o jovem Draco depois de Bella ter torturado a sangue ruim. Alguns pedaços e nada mais. Malfoy disse ter estado no outro quarto a maior parte do tempo, observando outro prisioneiro - Sirius Black que, depois que Draco se virou, foi libertado por Narcissa. Não somente isso, mas Rabicho morreu tendo libertado Harry Potter, seus amigos e o fabricante de varinhas, Olivaras. Mas o pior de tudo era uma imagem ligeiramente desviada. A imagem de uma espada e os gritos abafados de Bellatrix dizendo a palavra: cofre.

Voldemort estava fora de si de fúria e tinha descontado no jovem herdeiro Malfoy. Draco ficou inconsciente por uma semana antes que seus olhos abrissem para ver seus tios Rodolfo e Rabastan olhando para ele, balançando a cabeça em decepção. Dia após dia, Malfoy foi nutrido de volta à saúde por uma dispersão de elfos domésticos, e uma vez que ele estava bem o bastante para suportar a Cruciatus sem desmaiar, foi dada uma missão a ele para redimir a si e o nome da família.

O que ninguém planejou foi que a perda de confiança em Draco Malfoy significava que o plano seria mudado no último minuto e que Rodolfo não era o único a escoltar o jovem Sonserino para dentro de Gringotes.

Quando as portas para o banco abriram, os olhos de Sirius se arregalaram com a visão de não só Rodolfo, mas Rabastan Lestrange flanqueando cada lado de Draco Malfoy com Travers e os Crabbe e Goyle adultos seguindo atrás. Draco parecia desconfortável enquanto descia as escadas para fora do banco, seus olhos cinzentos brilhantes olhando em torno do Beco Diagonal, seus lábios curvados em uma careta. Os Comensais da Morte tinham percebido que isso poderia ser uma armadilha e eles estavam usando Malfoy como isca.

Mas não tinha mais nada a ser feito. Draco segurava um pacote nas mãos, mãos essas que pareciam estar cobertas em queimaduras recentes. Sirius se balançou no lugar reconhecendo o resultado do que deveria ter sido a combinação do Feitiço Abrasador e Geminio que foram ensinados às crianças Black bem cedo quando eram pegos espionando através dos pertences de seus pais. Era cruel e duro, mas Sirius não podia evitar que seria uma armadilha perfeita para botar dentro de um cofre.

Os olhos de Draco examinaram mais uma vez o beco e imediatamente perceberam a imagem de um grande cão com olhos anormalmente fixos. Vendo isso como sua única chance, Draco segurou a varinha em sua mão, rapidamente lançando um feitiço escudo não verbal ao redor do seu corpo. Como se soubesse o que o garoto estava fazendo, Sirius voltou à forma normal, lançando um feitiço através da multidão, acertando Crabbe primeiro, antes que lançar outro feitiço, acertando Goyle.

Do outro lado da rua, Harry e Hermione saíram da capa que os escondia, lançando feitiços e azarações nos Comensais da Morte reunidos. Hermione observou cuidadosamente Draco Malfoy desiludindo-se e indo para o fundo com o pacote nas mãos. Feitiço atrás de feitiço e logo todos estavam emparelhados. Sirius contra Rodolfo, Ron contra Travers, e Harry e Hermione contra Rabastan.

"Estupefaça!" Harry gritou, mas seu feitiço foi desviado por Rabastan.

"Temos que terminar isso rápido! Nós estamos chamando a atenção e um deles poderia facilmente pedir ajuda!" Hermione gritou para Harry e Ron que estavam mais próximos a ela.

"Mantenha-os juntos!" Sirius gritou, e um por um eles encaminharam seus oponentes para trás a fim de ficassem perto um dos outros.

"Impedimenta!" Ron gritou, acertando Travers direto no peito e o nocauteando no meio dos corpos de Crabbe e Goyle, depois foi para o lado de Sirius para ajudá-lo com Rodolfo.

"Eu sabia que era você, Black!" Rodolfo gritou. "Eu sabia que o menino Malfoy era um traidor e que minha Bella não seria sido dominada por um maldito lobisomem!"

"Não? Mas ela foi dominada tão facilmente por um simples cão," Sirius riu.

"Você vai pagar pelo que fez!" Rodolfo berrou e mirou a varinha. "Avada Ked-"

"Confundo Maxima!" A voz de Hermione veio de trás de Harry e atingiu Rodolfo Lestrange antes que ele conseguisse terminar de falar a maldição e o homem tropeçou nos próprios pés.

"Petrificus Totalus!" Ron gritou, prendendo o corpo de Rodolfo.

"Um pouco de ajuda aqui!" Harry gritou quando Rabastan se virou para ele e Hermione, os gritos do irmão o encorajando, lançando maldição atrás de maldição na direção dos dois. Ron continuou atrás para olhar os corpos dos nocauteados Comensais da Morte, mantendo um olho cuidadoso para se certificar que não fossem atacados por nenhum reforço.

"Crucio!" Rabastan gritou, mas a maldição errou Hermione por centímetros. Antes que ele tivesse a chance de lançar outra na direção dela, uma voz veio de trás e disse, "Avada Kedrava!" E o corpo caiu para frente, pálido e sem vida. Hermione engasgou com a visão e olhou para cima, vendo Draco Malfoy tirar o feitiço da Desilusão.

"Que diabos, Malfoy?!" Ron gritou e foi andando para frente. "Você nos enganou!"

"Eu não falei para não deixá-lo fazer nada?" Draco repreendeu Harry. "Aqui, tire isso de perto de mim. Não me trouxe nada além de problema," ele entregou o pacote, empurrando-o nas mãos abertas de Harry antes de voltar seu olhar para Ron. "Se você não pôde perceber Weasel, eu não fazia parte desse vagão de boas-vindas para vocês! Estar do seu maldito lado não me deu nada, só problemas!"

"Ah coitadinho de você," Ron zombou.

"Granger, tire seu namorado da minha frente antes que eu ponha fogo nele!" Draco berrou.

"Ron, chega!" Hermione gritou. "E ele não é meu namorado."

"Como se eu me importasse com os detalhes," Malfoy revirou os olhos. "Bom, é isso?" Ele perguntou Harry que estava encarando a fina e dourada taça com um texugo gravado na lateral.

"É isso," Harry assentiu. "Vamos voltar para o Chalé das Conchas."

"Ainda não," Malfoy insistiu. "Vocês querem que eles os sigam?" Ele disse, apontando para os corpos adormecidos dos Comensais da Morte atrás deles.

"Eles precisam ser presos," Hermione insistiu.

"Ah, vou chamar os Aurores então, Granger," Malfoy revirou os olhos. "Exceto que se você não reparou, eles estão todos trabalhando para o Lorde das Trevas!" Balançando a cabeça, os olhos voltaram para Sirius que começou a dar uns passos.

"Olhe para longe se você não pode fazer isso," Sirius murmurou baixinho, apontando sua varinha para o corpo preso de Rodolfo Lestrange que olhava para ele com uma crueldade que Sirius tinha raramente visto fora de sua própria família.

"Sirius..." Hermione choramingou um pouco, tentando fazer as pazes com a ideia de matar uma pessoa desarmada, Comensal da Morte ou não.

"Isso é guerra, Granger," Draco insistiu, sacando a varinha e lançando outra Maldição da Morte no corpo desacordado de Travers.

"Sirius, por favor," Hermione implorou. Ela sabia que era guerra. Ela sabia que pessoas iriam morrer. E ela não se importou em ver os corpos de Bellatrix e Lucio lá na Mansão. Mas eles foram mortos enquanto lutavam, com uma varinha na mão. De outro jeito parecia assassinato, não defesa.

Sirius apertou sua mandíbula, tentando tomar uma decisão. Ele normalmente não teria dado mais do que um pensamento, mas o olhar nos olhos dela estava trazendo-lhe dor, e ele não podia evitar, mas abaixou sua varinha uma fração de centímetro.

"Malditos Grifinórios," Draco fez uma careta e ultrapassou Sirius, mirando a varinha e gritando "Avada Kedrava!" matando o último da Mui Antiga e Nobre Família Lestrange. Bem rápido, ele virou a varinha para Crabbe, mas ser forçado a matar o pai do seu amigo fez Draco hesitar e ele respirou devagar profundamente. Sirius, imediatamente ciente da mudança de comportamento do garoto, se aproximou e botou uma mão no ombro do garoto.

"É muito," Sirius balançou a cabeça. "Você não pode tirar vidas sem consequências," ele admitiu. "Não acabe como ele," ele disse, e apesar de não ser nenhum nome em específico, Draco pareceu entender que Sirius falava de Voldemort. "Você não é um assassino," Sirius deu um tapinha nas costas deles. "Vamos, vamos ver sua mãe, sim?"

Draco meramente concordou.

O momento entretanto foi cortado por um longo grito, Harry apertava sua cabeça e caiu no chão. "Harry!" Múltiplas vozes gritaram e se moveram para o lado dele, Hermione pegando logo a Horcrux antes que Harry a derrubasse.

"O que foi?" Sirius perguntou rápido, segurando o afilhado pelos braços. "O que você viu?"

"Potter é um vidente?!" Draco perguntou de olhos arregalados.

"Ele... ele..." Harry forçou as palavras para fora da boca. "Ele está vindo."

"Rápido, precisamos Aparatar de volta para o chalé," Ron insistiu.

"Não seja estúpido, Weasel," Malfoy rosnou. "Ele tem os Aurores do lado dele!"

"O que diabos isso tem a ver com alguma coisa?"

"Eles podem rastrear Aparatação agora!"

Todos ficaram boquiabertos.

"O que fazemos?" Hermione perguntou.

"Nós deixamos uma trilha difícil de seguir," Sirius suspirou. "Vamos nos separar por agora. Ron, aparate lado a lado com Draco para a floresta onde você voltou para a gente," ele explicou. "Harry e Hermione vão para o Chalé, eu vou Aparatar para a caverna onde fiquei quando estava fugindo," ele falou. "Depois precisaremos Aparatar para outro lugar e nos encontrar."

"Mansão Malfoy," Draco ofereceu.

"O que?!" Ron gritou.

"Se o Lorde está vindo para cá, então significa que não tem ninguém lá!" Malfoy berrou. "O Flu na nossa sala de estar está conectada diretamente com o gabinete do Diretor em Hogwarts. É como eu e Snape temos nos comunicado."

Sirius rosnou com o nome e Draco revirou os olhos. "Olha, sei que vocês têm um problema com ele, mas ele está do lado de vocês!" O bruxo loiro gritou. "E nós estamos perdendo tempo!"

"Nós precisamos ir para Hogwarts de qualquer jeito, Sirius," Harry explicou, seus olhos fora de foco enquanto era segurado por Hermione. "É onde a próxima está. Eu vi na mente dele. Eu o vi pensando onde iremos agora."

"Ainda acho que não devemos confiar..." Ron começou, mas Harry o interrompeu.

"Nós precisamos ir," disse Harry firmemente. "Você pode imaginar o que ele vai fazer quando perceber que o anel e o medalhão foram embora? E se ele mudar a Horcrux em Hogwarts, se ele decidir que não está segura o bastante?"

"Essa coisa é uma maldita Horcrux?!" Draco ficou pálido, seu olhos cinzas arregalando, encarando a taça na mão de Hermione. "O que você quer dizer com anel e medalhão?" Ele olhou para Harry.

"Ele tem mais de uma e nós viemos destruindo elas," Harry explicou.

"Merda," Draco fez uma careta, o olhar em seu rosto claramente demonstrando medo, algo que ele tinha muito orgulho em conseguir esconder há anos.

"Todos vão... agora!" Sirius gritou.

E com um giro ao redor do chão, cada um desapareceu na escuridão.

oOoOoOo

Vilarejo de Hogsmeade - Fora de Hogwarts

Os pés de Sirius tocaram a pequena estrada em Hogsmeade que levava para a caverna onde ele se escondeu anos atrás enquanto fugia com Bicuço como sua única companhia. Ele pensou em Aparatar direto na caverna, mas sabia que se ele calculasse errado, ele acabaria na ponta de um precipício. Antes que ele pudesse dar outro passo, o ar foi cortado por um alto grito que enviou calafrios pelas mãos de Sirius até suas orelhas.

"Feitiço Miadura, que merda gigante," ele resmungou e tentou Desaparatar só para descobrir que feitiços de anti-Desaparatação foram postos na cidadezinha inteira. Ele rosnou baixo e se transformou na forma Animaga rápido, indo para a periferia das estradas, para os becos e as ruas laterais quando possível.

Comensais da Morte percorriam Hogsmeade em massa, varinhas em punho enquanto eles procuravam para cima e para baixo por intrusos. "Olhem em toda parte!" Um gritou para um pequeno grupo. "Potter está com uma capa de invisibilidade, então verifiquem todos os cantos, mesmo se você não vir nada!"

"Que tal uns Dementadores?" Gritou outro Comensal. "Se os deixássemos à vontade, eles não demorariam a encontrá-lo!"

"O Lorde das Trevas não quer que ninguém mate Potter, exceto ele..."

"... e os Dementadores não irão matá-lo! O Lorde das Trevas quer a vida dele, não a alma. Será mais fácil matá-lo se tiver sido Beijado antes!"

Sirius balançou com a visão de alguns Dementadores entrando e saindo das ruas com facilidade. Ele engoliu com força, se recusando a fazer contato visual, torcendo silenciosamente que nenhum deles o reconhecesse nessa forma. Tinha sido bem fácil escapar de Azkaban desse jeito, e tinha sido numa cela pequena e apertada com pelo menos cem Dementadores. Sirius poderia lidar com alguns. Era mais difícil, entretanto, pois quanto mais se aproximava das criaturas, mais ele sentia a felicidade ir embora do seu corpo. Focando-se o máximo possível, ele continuou em frente, agarrando-se a pouca esperança que lhe restava.

Finalmente alcançando a estrada que levava para Hogwarts, Sirius saiu rapidamente das vistas, esgueirando-se para a porta dos fundos da Dedosdemel. A loja estava fechada e não parecia que era só pelo dia. Comensais da Morte tinham tomado conta completamente do doce vilarejo que tinha preenchido a juventude de Sirius com felicidade. Deixava um gosto amargo na boca dele vê-lo tão vazio e sem vida, a felicidade realmente sugada de lá. Silenciosa e suavemente, Sirius se espremeu pela passagem no porão que ele sabia levar até a passagem da bruxa corcunda de um olho só e ele percorreu o caminho o mais rápido possível. Quando ele chegou ao final e viu a imagem da bruxa, Sirius se abaixou até o chão para continuar, vendo o que parecia ser um rosto familiar, apesar de ter envelhecido mais de vinte anos.

Alecto Carrow estava parada no final da passagem murmurando amargamente para si mesma.

"Verifique as malditas passagens, Alecto," ela disse num tom de voz debochado. "Olhe o corredor do sétimo andar, Alecto," ela continuou. "Guarde a Torre da Corvinal, Alecto. Como se ele não fizesse droga nenhuma," ela resmungou.

Sirius revirou os olhos e caminhou para o final, choramingando e mancando da perna direita.

"Quem está aí?!" Ela sacou a varinha e Sirius parou, deixando escapar um choramingo suave.

"Oi, cai fora vira lata maldito," ela franziu o cenho e abaixou a varinha.

Idiota de merda.

oOoOoOo

Hogwarts Escola de Magia e Bruxaria

O grito dela ainda ecoava na passagem quando Sirius se arrastou para fora da estátua da bruxa corcunda de um olho só, varinha empunhada e olhando ao redor em busca de sinais de vida. Desejando que ele tivesse tomado o Mapa do Maroto de Harry, Sirius voltou para sua forma de cão, sabendo que ele iria causar menos perturbação do que seu eu humano. Pelo menos apenas um punhado de pessoas sabiam que ele era um Animago.

Os corredores estavam silenciosos e vazios excetos por alguns Monitores aqui e ali, todos parecendo ser Sonserinos patrulhando os corredores com pouca atenção. Ele se mudou para alcovas escuras e atrás das cortinas esperando que eles passassem antes se mover rapidamente, fazendo o seu caminho em direção ao escritório do Diretor, na esperança de que Harry, Ron, Hermione e Draco não tivessem esperado por ele, mas em vez disso já estivessem em Hogwarts.

Quando ele estava quase chegando à gárgula, Sirius de repente percebeu que não tinha como entrar. O escritório de Dumbledore era muito fácil de entrar, especialmente com Remus como amigo, Sirius sabia todos os doces já feitos e em ordem alfabética. Mas Dumbledore estava morto e seu assassino agora ocupava sua cadeira. O assassino que agora estava descendo as escadas em caracóis atrás da gárgula com esvoaçantes vestes negras.

"Ranhoso," Sirius rosnou, agora na forma humana com a varinha apontada diretamente para a garganta do homem.

"Black," Snape fez uma careta. "Ouvi um rumor do seu infeliz retorno das tumbas. Não que você tivesse sido enterrado, claro. Diga-me, você estava mesmo morto ou foi outra fuga mal planejada de vocês?"

"Suba as escadas," Sirius rosnou ameaçadoramente.

"Eu o aconselho a tirar a varinha da minha garganta, cão," Snape disse com escárnio. "Eu parei de levar suas ameaças a sério há anos atrás."

"Você não deveria. Suba as escadas agora, Snape. Acontece que eu preciso usar o seu Flu."

"E por que eu deveria ceder acesso a você?" Os olhos negros de Snape encontraram os cinzas de Sirius e nenhum dos homens parecia disposto a ceder.

"Porque a sua única esperança de sobreviver outro encontro comigo, paira sobre o fato de um certo jovem Comensal da Morte loiro que responde à você, e eu preciso da porra do Flu para falar com ele," Sirius esperou por uma resposta, um olhar frio no rosto.

Se Snape estava surpreso com a revelação, ele não deixou Sirius saber.

"E como eu sei que o jovem Malfoy está de fato com você?" Snape cerrou os olhos.

"Porque diferente de vocês Comensais," Sirius rosnou. "Eu não mato crianças."

"Falando em crianças, só posso assumir pelo seu colapso emocional que Potter ainda vive?" Snape perguntou, movendo-se apenas um pouco para voltar para as escadas. "Dumbledore," Snape falou e a gárgula chegou para o lado de novo, revelando a escada de caracol.

"Dumbledore é a sua senha?" Sirius resmungou. "Você é doente."

"E você continua tão burro como sempre, Black," Snape comentou enquanto subia a escada. "Se de fato o Sr. Malfoy o informou sobre a minha lealdade, então você deveria saber que a morte do Diretor era, na verdade..."

"Eu não quero ouvir," Sirius interrompeu. "Apenas me dê o maldito Flu!"

"Muito bem," Snape resmungou enquanto entrava no escritório.

"Ah, vê?" Uma voz falou vinda da parede ao redor da mesa. "Eu sabia que meu inútil tataraneto não estava morto de verdade. Escondendo-se ele, Severo?" O quadro de Fineus Nigellus Black falou, soltando punhais pelos olhos para Sirius.

"Ele ainda não admitiu isso..." Snape murmurou. "Ainda."

"O Flu, Ranhoso!" Sirius interrompeu.

"Muito bem, está aberto para você usar. Apesar de apenas se conectar com um lugar e eu não consigo imaginar você sendo uma boa companhia," Snape cruzou os braços sobre o peito, enterrando-os dentro das mangas de suas vestes.

"Eu sei aonde vai!" Sirius olhou para ele. "E você vem comigo."

"Absolutamente não," Snape disse sem um pingo de emoção no rosto.

"Ele está vindo para Hogwarts," Sirius disse, a voz baixa e ameaçadora. "Agora."

Se Snape deixou alguma emoção aparecer, foi minúscula, mas ele silenciosamente andou até o Flu, como se as palavras de Sirius acendessem um fogo dentro dele, o forçando a agir rápido. "Eu quero saber quem está do outro lado?" Snape perguntou.

"Nada de inimigos," Sirius explicou.

"Quão vago, obrigado," Snape revirou os olhos e jogou pó dentro da lareira e falou alto. "Mansão Malfoy."

"Depois de você," Sirius apontou e observou enquanto Snape entrava nas chamas, o seguindo um momento depois.

oOoOoOo

Mansão Malfoy - Residência da Família Malfoy

Sirius e Snape entraram na sala de estar da Mansão Malfoy com olhos bem abertos. A sala estava muito bem iluminada com lâmpadas bonitas e de acordo com o estilo de Narcisa, cada peça de mobiliário combinado, antiquado, mas em maravilhosas condições. Os pisos foram bem polidos e belas artes penduradas nas paredes, centrados em torno de um grande lustre no meio da sala. Foi exatamente o oposto do que a sala de estar parecia como um mês antes.

Não foi a bonita ornamentação, ou a bela arte, nem o chão polido que chamou a atenção dos dois bruxos adultos. Não, seus olhos foram atraídos para o centro da sala onde dois jovens Grifinórios tinham as varinhas apontadas para Draco Malfoy, que tinha sua varinha apontada para Ron. Hermione estava do lado, gritando com todos, uma expressão impaciente e frustrada no rosto que rivalizava com a de Molly Weasley.

"Ah deuses, nosso mundo está salvo," Snape falou com raiva.

"O que diabos está acontecendo aqui?!" Sirius gritou.

"Sirius!" Hermione virou para ele com alívio nos olhos e correu para os braços, envolvendo a cintura do homem firmemente com eles. "Pensei... Merlin, quando você não apareceu..."

"Estou bem, gatinha," Sirius garantiu a ele. "O que Malfoy fez?" Ele perguntou.

Snape observou a interação com uma sobrancelha levemente levantada que rapidamente virou um sorriso de escárnio com um tique na mandíbula. Nem Sirius nem Hermione prestaram atenção, mas Hermione começou a explicar.

"Eu não sei. Harry e eu chegamos e Ron e Malfoy estavam gritando um com outro. Eles sacaram as varinhas, Harry entrou no meio, e tirando os xingamentos eu não consegui tirar nada de nenhum deles!" Ela disse com irritação.

"Ei!" Sirius gritou e os três jovens bruxos olharam para ele.

"Sirius!" Harry gritou com um sorriso.

"O que ele fez?" Sirius perguntou a Ron.

"O maldito me estrunchou!" Ron gritou, a varinha balançando com raiva.

"Um pouco," Malfoy zombou revirando os olhos. "Ele já Aparatou lado a lado alguma vez? Honestamente, Granger, achei que você já os tivesse treinado a essa altura."

"Olha!" Ron levantou a mão esquerda que possuía duas unhas faltando. Ambos Sirius e Hermione olharam para ele incrédulos. Antes que Sirius tivesse a chance de brigar com os dois por causa de unhas perdidas no meio da guerra, Hermione entrou num frenesi, indo até ele e dando uma pancada na cabeça dele, pegando a varinha de sua mão no processo.

"Você está brincando comigo!?" Ela gritou. "Isso não é um estrunchamento! Sirius se estrunchou, eu me estrunchei! Supere-se e entre no Flu nesse exato minuto Ronald Bilius Weasley!" Ela apontou para a lareira onde ela viu Snape e como ela não o tinha visto antes, seus olhos arregalaram e passou a procurar por sua varinha.

"Você!" Harry gritou, apontando a varinha para Snape.

"Agora não," Sirius insistiu, acrescentou secamente. "Peixes maiores para fisgar, bruxos maiores para lutar," ele alcançou Harry e botou uma mão no ombro do garoto. "Mas acredite em mim, Comensal da Morte ou Ordem da Fênix," seus olhos voltaram para Snape. "Você e eu teremos uma conversa," ele ameaçou.

"Mal posso esperar," Snape revirou os olhos e alcançou o pó de Flu no topo da lareira.


N/A: Pessoal, eu sinto muito por não ter postado ontem. Fiquei na faculdade das 7h até 19h fazendo clínica e atendimento e só fui chegar em casa 21h, acabei dormindo direto :(

Felicia Malfoy: Eu também adooooro Dramione, mas nessa aqui acho que o par perfeito é Sirius e Hermione hahahaha ela e Draco acabam ficando amigos, embora ele negue isso até a morte :)