The Debt of Time

Parte Dois - O Vira-Tempo

Capítulo Dezoito: Viva A Sua Vida

"...I learned from you that I do not crumble
I learned that strength is something you choose
All of the reasons to keep on believin'
There's no question, that's a lesson, that I learned from you..."
(I Learned From You - Miley Cyrus)


2 de agosto, 1971

Mansão Potter - Residência dos Potter

Hermione dormiu profundamente, sem sonhos e acordou descansada e com os olhos turvos no conforto da cama de dossel. Confusa no início com a sensação de que a cama era tão diferente da menor que havia no seu quarto no Largo Grimmauld Número 12, Hermione se esforçou para reconhecer seus arredores. Seus olhos embaçados olharam ao redor do grande quarto da direita para a esquerda, demorando-se, eventualmente, na silhueta parada na frente de grandes janelas que deixavam entrar ansiosamente o sol da manhã.

A figura se aproximou e Hermione piscou vendo uma cabeça com cabelos negros bagunçados. Hermione sorriu, abafando um bocejo. "Hmm... Harry?" Ela murmurou no seu estado sonolento.

"Quem é Harry?" Uma voz vagamente familiar, mas ainda estranha respondeu.

Os olhos castanhos de Hermione se abriram e ela piscou rapidamente para clarear a visão. Ela olhou para o rosto de um menino com cabelos negros familiares que se levantavam na parte traseira, mas em vez dos olhos esmeraldas cintilantes que ela tinha crescido se acostumando ao longo dos últimos oito anos, ela viu seu reflexo no marrom avelã.

Esse não era Harry.

... 1971...

Hermione respirou fundo quando tudo veio à tona. A caixa carmesim na biblioteca da família Black. O Vira-Tempo encantado em uma Chave de Portal. A carta de Remus. Reunião com um muito vivo Albus Dumbledore. Madame Pomfrey e uma Poção Rejuvenescedora. Indo de Flu para uma grande Mansão e conhecendo os Potter. Aquela incrivelmente mandona elfo doméstico.

E agora um menino de pé ao lado de sua cama, olhando para ela com olhos curiosos e um sorriso torto.

"Então, você é a minha nova irmã, ein?" Ele sorriu e Hermione gritou.

"Quem é você?!" Ela gritou, indo para longe para o lado oposto da cama grande que, aparentemente, apesar de seus gritos, se traduziram em um convite para o garoto subir na cama com ela, para obter um olhar mais atento. "Espera," ela parou e olhou para o garoto de perto, chocada com a semelhança quase idêntica ao seu melhor amigo. Como ela não tinha percebido? 1971, Mansão Potter.

"Você é o James?" Ela engasgou, o encarando. "Ah meu... Merlin, você... você parece..."

"Lindo? Maravilhoso? Brilhante?" James sorriu presunçosamente e Hermione soltou uma gargalhada, chocada em como parecia genuína. Ela não tinha rido uma vez desde que todo este fiasco começou na noite de seu aniversário.

"Você parece uma bagunça," Hermione sorriu para ele, sua forte semelhança com Harry e sua aparente falta de compreensão em relação ao espaço pessoal de uma pessoa fez dele um pouco cativante. "Você ao menos tem uma escova?" Ela inconscientemente estendeu a mão para alisar o cabelo dele como tinha feito com Harry durante os últimos oito anos, incapaz de se impedir, como se seus músculos agissem por conta própria.

"Olha só quem fala," James riu, estendendo uma mão para cima para sacudir seus cabelos, tornando-os duas vezes pior. Ele, então, estendeu a mesma mão e bagunçou o cabelo dela, a provocando. "Você pode esconder lanches nessa juba?"

"Nunca pensei nisso," ela fez uma careta, quase pegando a oportunidade para repreender corretamente o rapaz por falar com um adulto assim, até que se lembrou de que ela já não era uma adulta. Sua mente realizava as memórias de uma velha bruxa de 19 anos a partir de 1998, mas na verdade, ela era agora uma menina de 11 anos que vive em 1971.

"Bem, desde que você não faz isso, eu posso esconder lanches aí?" James perguntou com um sorriso. "Parece um pouco mais conveniente do que encher meus próprios bolsos."

"Não, você não pode esconder doces no meu cabelo," ela revirou os olhos.

"Olhe para nós, irmãos já", ele riu. "Sempre quis uma irmã mais nova," James respondeu quando ele se inclinou para trás contra a cabeceira da cama, apoiando as mãos atrás da cabeça e fazendo-se estranhamente confortável na presença de uma garota estranha em sua casa. Hermione imaginou que seus pais o tinham informado de sua aparente adoção. Hermione ficou chocada ao ver que ele parecia tão ... relaxado sobre ela.

"Quando é o seu aniversário?" Hermione perguntou imediatamente.

"20 de março."

"Bom, o meu é 19 de setembro, então tecnicamente eu sou mais velha do que você... irmãozinho," ela sorriu debochadamente.

"Tecnicamente a mãe disse que nós iremos dizer a todos que você é minha irmã gêmea. E eu insisto que eu nasci primeiro. Afinal, eu estava aqui antes," ele encolheu os ombros despreocupadamente.

"Gêmeos?" Ela levantou uma sobrancelha. "Nós não parecemos nada com o outro."

"Esse é o seu problema?" James riu alto. "Considerando que eu acordei esta manhã com os meus pais me dizendo que eu tinha uma nova irmã gêmea, e oh não diga a ninguém que Albus Dumbledore a deixou aqui... Eu acho que estou lidando com isso muito bem e o seu problema é que não somos parecidos? Mas ei, se você não quer um irmão, tudo bem. Não é como se partisse meu coração ou qualquer coisa," ele fingiu um beicinho.

"Não, eu... eu gostaria de um irmão," ela disse as palavras com uma pitada de dor em sua voz enquanto pensava sobre Harry. Harry tinha ido embora, mas James - o pai de Harry - parecia tanto com ele. Doía olhá-lo por muito tempo.

James percebendo a mudança em seu humor franziu o cenho e pensou por um momento antes de chegar ao outro lado da cama e puxar um pedaço do cabelo dela.

"Ai!" retrucou, estreitando os olhos para o garoto. "O que foi isso?!"

"Bom, nós somos irmãos agora e eu acho que perdi uns bons anos de puxar o cabelo da minha própria irmã."

"Lembre-se disso quando eu azarar tufos do seu cabelo para fora da sua cabeça," ela o olhou e esfregou o local dolorido no lado de sua cabeça.

"Não pode me azarar sem uma varinha. E na semana que vem tenho certeza que você vai ter superado isso. Eu tenho um rosto bem perdoável. Mãe diz isso." Ele era incrivelmente arrogante e Hermione não pôde evitar rir de sua confiança.

"O que tem semana que vem?" Ela perguntou.

"Nós vamos ao Beco Diagonal," ele sorriu com excitação. "Para comprarmos nossas varinhas e as coisas de Hogwarts."

"Ah, eu nem tinha percebido." É claro que ela sabia que estaria voltando para Hogwarts, e que ela tinha, aparentemente, deixado sua varinha para trás em 1998, mas ela tinha esquecido que precisaria de uma nova se planejasse ir a Hogwarts novamente. Ou sobreviver neste mundo.

"O que? Acha que pode fazer mágica sem varinha?"

Hermione riu, sabendo que ela poderia, de fato, fazer exatamente isso. Ao contrário de bruxos e bruxas mais velhos e mais poderosos como Professora McGonagall, Sirius e Remus, Hermione só poderia fazer tal magia sob grande estresse. "Você nunca cala a boca?" Ela perguntou.

"Muito raro," ele respondeu, claramente não se ofendendo. "Levanta, Mãe me mandou para avisar que o café já está pronto." James pulou da cama e se dirigiu para a porta.

"Bom, estou faminta," Hermione sorriu.

"Ah ei, já que você vai ser minha irmãzinha e tudo, acho que tem algo muito importante que eu deveria saber," ele parou, a mão na maçaneta.

"O que?"

"Qual o seu nome?"

"Você nem sabe o meu nome?! Seus pais não falaram meu nome?" Hermione perguntou incrédula. "Seus pais falaram que você teria uma nova irmã, e você a acordou, pulou na cama dela, puxou o cabelo dela e você nem sabe o nome dela?" O que tinha de errado com ele? Será que ele tinha algum problema nesse corpo magricela e ingênuo?

"Eles podem ter mencionado isso. Eu ouvi irmã, gêmea, mas aí Tilly apareceu com meu café..." ele explicou.

"Hermione."

"O que?" Ele levantou uma sobrancelha.

"Meu nome é Hermione," ela sorriu docemente.

"Isso não soa como uma palavra real," James sacudiu a cabeça.

Hermione fez uma careta para ele. "Não é uma palavra, é meu nome."

"É bem grande," ele riu. "Eu vou te chamar de Mia."

Hermione rosnou. "Eu não gosto de apelidos."

"Eu não gosto de irmãs mandonas," James deu de ombros, não afetado pelo humor azedo dela. "Claramente nós dois fomos sorteados para essa família."

"Meu nome é Hermione Granger," ela disse firmemente, já esquecendo como a carta de Hogwarts tinha se apresentado a ela.

"Potter," James a corrigiu.

"O que?" Ela piscou.

"Seu nome é Hermione Potter. Mas para mim, você é Mia Potter."

"Potter?" Hermione franziu a testa.

"Você é minha irmã," James sorriu para ela e o jeito que ele a olhou lembrou tanto Harry que doeu, mas ela ainda sorriu de volta para ele. "E isso a torna uma Potter," ele insistiu e o nariz de Hermione ardeu enquanto sentia lágrimas se formarem.

Não foi apenas na noite passada que Harry tinha dito à ela a mesma coisa?

oOoOoOo

"Oi de novo, Senhora e Senhor Potter," Hermione se dirigiu a eles educadamente enquanto se sentava ao lado de James, chocada quando ele puxou a cadeira para ela. Ela piscou para ele com olhos arregalados, surpresa que o garoto que puxou seu cabelo há menos de cinco minutos lá em cima, estava sendo um cavalheiro. Ela olhou para os pais Potter que sorriam orgulhosos para o filho, mas ainda agiam como se a ação dele fosse comum.

"Bom, nós devemos pular essa parte e ter você nos chamando de Mãe e Pai," Charlus sugeriu e o peito de Hermione se apertou. "Não tem sentido em viver uma vida dupla agora, só vai ficar mais confusa. Além disso, nós deixamos perfeitamente claro que você faz parte da nossa família agora," ele sorriu gentilmente para ela. "Está tudo bem se você não quiser falar sobre o que aconteceu. Albus não foi muito claro sobre os detalhes, apenas que havia uma jovem que precisava de uma família."

"Eu sempre quis uma garotinha," Dorea admitiu com um brilho nos olhos e Hermione não pôde deixar de se sentir dominada com sua aceitação instantânea.

"Obrigada, Mãe," James zombou.

"Coma seu café da manhã, filho," Charlus sorriu para o menino.

"Albus nos deixou alguns pergaminhos para assinarmos e enviarmos para a divisão de registros no Ministério, a fim de torná-la oficialmente Hermione Potter," explicou Dorea enquanto bebia seu chá matinal.

"Mia," James soltou, depois de engolir um punhado de mingau.

"O que é isso?" Charlus ergueu os olhos do jornal para o filho.

"O nome dela é Mia."

"Eu odeio apelidos," Hermione repetiu, estreitando os olhos para James.

"Eu acho que é bonito," Dorea sorriu para os dois filhos, contente de ver que James tinha se ajustado facilmente à recente adição à sua família. Até dando a Hermione seu próprio apelido carinhoso.

"Se você quiser, nós ainda a chamaremos de Hermione," Charlus insistiu, vendo o olhar de irritação no rosto da sua nova filha.

"Eu não vou chamar," James deu de ombros enquanto botava metade do pedaço de um bacon no prato. "Ela é Mia agora."

"Está bem," Hermione olhou para ele. "... Jamie," ela sorriu com deboche.

"Ora, isso é..." James franziu o cenho, passando o nome de novo e de novo em sua mente antes de acenar. "Na verdade, acho que até gostei." Hermione se eriçou.

"Estou contente que vocês dois já estejam se entendendo. Se você precisar de alguma coisa, Hermione querida, por favor, nos fale," Dorea insistiu.

"Obrigada Senhora... é... Mãe," Hermione engoliu, a palavra soando artificial em sua boca. "Acho que estou bem agora. Só me adaptando, imagino. Os últimos dias tem sido estranhos," ela admitiu baixinho, deixando cair o sorriso educado que possuía nos lábios.

"Nada de franzir o cenho agora," disse Dorea imediatamente. "Eu sei que você teve algumas dificuldades ultimamente, mas somos Potters e nós seguimos em frente. Você pega o que aconteceu, aprende com ele e corajosamente segue em frente."

"Coragem e Astúcia," Hermione murmurou concordando.

"Palavras da Casa," Charlus disse impressionado.

"Eu espero que possa viver de acordo com elas," Hermione sorriu, tocando o bracelete em seu pulso, contente que nenhum dos Potters o tivesse notado até agora. Ela estava preocupada que eles fossem acusá-la de roubo, especialmente visto que ela os conhecia há menos de um dia. Claro que Sirius tinha de dar-lhe uma herança Potter em seu aniversário. Seria difícil explicar como ela conhecia seu descendente.

"Acho que ela vai ser uma Grifinória," Charlus sorriu orgulhoso.

"Claro que ela vai ser. Todos os Potter são Grifinórios," James revirou os olhos como se o ponto fosse discutível.

"Eu não fui," Dorea cruzou os braços contra o peito.

"Bom, você não teve a sorte de nascer uma Potter, querida," Charlus provocou.

"Não quer dizer sorte para você?" Dorea piscou para ele.

"Em qual casa você ficou... Mãe?" Hermione perguntou educadamente alcançando um pedaço de torrada na frente dela.

"Eu fui uma Sonserina, querida," Dorea explicou e os olhos de Hermione arregalaram. A avó de Harry era uma Sonserina?!

"Serpente esperta me enganando em nosso primeiro encontro," Charlus arrastou sua cadeira mais para perto de sua esposa, pegando a mão que ela casualmente lhe permitiu tomar, um sorriso diabólico nos lábios dela.

"Você está reclamando?" Dorea perguntou.

"Nem um pouco," Charlus sorriu e beijou o pulso da esposa. Hermione riu e olhou para James que estava revirando os olhos para o flerte dos pais.

"Não se preocupe, Mia. Mãe foi provavelmente a única boa Sonserina a sair do ninho de cobras."

"Não comece a causar problemas, James," Dorea balançou a cabeça. "Já há animosidade o suficiente entre as Casas. Eu não vou deixar você entrar naquela escola e ser uma criança problema."

"Isto se parece com o rosto de uma criança problema?" James arregalou os brilhantes olhos cor de avelã e esticou o lábio inferior enquanto olhava inocentemente para sua mãe.

"Não me dê esse olhar inocente, James Charlus Potter," Dorea estreitou os olhos cinzas. "Eu sei muito mais agora. Falando em inocente, é melhor que você seja exatamente isso quando formos ao Beco Diagonal amanhã."

"Pensei que iríamos ao Beco Diagonal semana que vem?" James perguntou enquanto botava mais suco de abóbora no seu copo, estendendo a mão para o copo de Hermione para fazer o mesmo, mas deu pouca atenção para ver se ela reagia. Hermione ficou chocada ao ver o menino fazer tais coisas sem algum tipo de razão alternativa.

"Não, nós falamos semana passada que iríamos essa semana. Amanhã, no caso," Dorea suspirou frustrada. "Charlus, você tem certeza de que ele está pronto para ir para Hogwarts sozinho? Pobre menino, pode se perder no trem, ou cair no lago."

"Ninguém cai no lago," Charlus riu e Hermione se juntou, apesar dela estar rindo da lembrança do jovem Dennis Creevey que realmente tinha caído no lago a caminho da Cerimônia de Seleção.

Houve um suave pop e Tilly apareceu na mesa, levando embora alguns pratos, levitando novos para a mesa e repondo os copos que eles não repuseram sozinhos. A pequena família sorriu para ela, dizendo palavras de agradecimento enquanto ela rondava pela mesa com um sorriso determinado. "O Senhorzinho de Tilly não vai cair no lago," ela insistiu. "Tilly o ensinou a nadar, ah sim, ela ensinou."

"Tilly," James falou. "A Mãe não tem certeza de que eu estou pronto para ir para Hogwarts," sua fala se tornando um sorriso de deboche e Hermione franziu as sobrancelhas, reconhecendo o olhar. Era o mesmo olhar que Harry tinha quando ele e Ron planejavam sair do castelo debaixo da capa.

Tilly de repente se virou para Dorea, seus grandes olhos olhando para a bruxa mais velha. "O Senhorzinho de Tilly irá para Hogwarts," disse o elfo-doméstico com uma voz feroz. "Senhorzinho é o bruxo mais inteligente, corajoso e valente," ela sorriu para James. "Eles vão deixar o Senhorzinho entrar em Hogwarts para ser o maior bruxo," e ela olhou para Dorea com um silencioso 'ou então' pairando no ar.

Hermione olhou para a cena. Charlus estava rindo baixinho, Dorea parecia levemente irritada e James parecia abundantemente presunçoso. Bem, agora Hermione tinha certeza de que ela sabia de onde veio o ego de James.

"Não acredito que você jogou um elfo-doméstico contra sua mãe," Hermione balançou a cabeça e pegava o prato enquanto se levantava.

"Tilly vai pegar o prato da Senhorinha," a elfa-doméstico estendeu a mão, mas Hermione puxou o prato para longe.

"Tilly, eu posso limpar meu próprio prato," Hermione franziu a testa, uma parte forte dela incapaz de deixar a elfa ter trabalho com ela. Tilly, no entanto, persistiu, apesar de em vez de cair no choro como na noite passada no corredor, a pequena elfa foi direto rosnando, e Hermione liberou o prato com olhos arregalados.

"Senhorinha é a bruxa mais inteligente," Tilly de repente sorriu com o mesmo carinho que ela tinha mostrado a James momentos antes. "Ela vai para Hogwarts em breve com o Senhorzinho e deixará sua Casa muito orgulhosa, sim, ela vai!" E então Tilly desapareceu com um pop suave, tendo o prato vazio de Hermione com ela.

"Eu nunca vi um elfo tão..." Hermione começou, ainda em choque.

"Arrogante?" Charlus sugeriu com uma risada. "Ela tem sido assim desde cerca de uma semana depois de se mudar para o Mansão," explicou. "Estava tão feliz de estar aqui que ela exagerou em tudo," ele balançou a cabeça. "Eu não cresci com elfos domésticos, então eu estava acostumado a fazer a maioria das coisas no meu próprio jeito, assim como você," ele sorriu para ela e Hermione não pôde deixar de se sentir melhor. "Eu aprendi rapidamente a não entrar no caminho dela. A terceira vez que ela me pegou pendurando minhas próprias vestes, ela ameaçou morder minha mão."

"É verdade," Dorea riu suavemente com a lembrança. "Então se acostume com ela, amor," ela sorriu para Hermione. "Mas tente não deixar subir na sua cabeça como outra pessoa," ela olhou para o filho afetuosamente.

"Eu não sei do que você está falando, Tilly é um gênio," James deu de ombros e bebeu o suco de abóbora.

"Eu vou manter um olho nele em Hogwarts," Hermione ofereceu, olhando para James. "Tenho certeza que a cabeça dele vai esvaziar um pouco sem Tilly lá para mimá-lo," ela sorriu.

"Você está oficialmente tomando a posição de irmã?" Charlus riu.

"Coragem e Astúcia," Hermione repetiu as palavras de sua nova Casa. "Eu sou uma Potter agora," ela disse em voz alta, entregando-se às circunstâncias ela tinha sido forçada a entrar - ou talvez tivesse sido sorteada. "Algo me diz que cuidar dele vem com o meu novo nome."

"Você é uma boa menina, Hermione," Dorea disse orgulhosa.

"Mia," Hermione engoliu com força e se virou sorrindo para James. "Acho que eu gostaria de ser chamada de Mia."

James jogou os punhos para o ar em sinal de vitória.

oOoOoOo

Depois do café da manhã, Hermione foi para o seu quarto onde foi forçada a entrar em uma banheira incrivelmente grande por uma elfo bem intrometida que concordou em não esfregar as costas de Hermione contanto que Hermione prometesse deixar Tilly pentear os seus cabelos quando ela tivesse acabado. Hermione relutantemente concordou e foi um prazer para ela no final, já que Tilly penteava as mechas espessas de Hermione com determinação, domando os cachos e prometendo procurar um feitiço que tornasse mais fácil da próxima vez. Hermione desejou-lhe sorte com isso.

Novos robes esperavam por Hermione, postos em sua grande cama em uma variedade de cores bonitas. Ela sorriu quando os tocou, sem nunca imaginar que ela fosse casualmente vestir algo tão fino em toda a sua vida. Ela odiava estar apaixonando-se assim, mas ela não podia evitar se sentir muito grata pelos Potters que a trouxeram para sua casa com tanta facilidade e sem constrangimento. Diferente do elfo-doméstico, nenhum deles a mimando ou com pena dela. Porque todos sabiam que sua família poderia ter sido abatida por Comensais da Morte e, ainda assim, a tratavam como qualquer outra criança. Como sua própria filha.

E James a tratava já como uma irmã. Com o mesmo carinho que ela tinha aprendido a amar em Harry ao longo dos anos, embora Harry não tivesse as maneiras que haviam sido incrustadas em James, mais do que provavelmente devido às tradições de sangue puro. Hermione se perguntou o quanto disso iria mudar quando ela e James fossem para Hogwarts e ele não estivesse mais sob o olhar de seus pais. Uma parte dela não podia esperar para ver. O pensamento a surpreendeu e ela engoliu uma nota de ansiedade que ameaçava fazer seu caminho para dentro dela.

Depois de se vestir nas novas vestes, Hermione alcançou sob o colchão de sua cama e tirou o pergaminho dobrado que Remus tinha deixado na caixa de carmesim. Ela o leu novamente, mais e mais e franziu a testa para as palavras. Uma parte dela ainda estava com raiva, mas mais com o fato de que ela não tinha sido consultada. As palavras dele eram bastante fáceis de decifrar.

'Só estou seguindo as instruções de alguém que entendia o tempo melhor do que eu jamais consegui '

'Eu não poderia deixar ao acaso. Você precisava voltar.'

Remus a enviou ao passado porque ela já esteve no passado. Se Remus e Dumbledore estivessem certos e o tempo fosse um looping, então em algum momento do passado dele, Remus tinha conhecido Hermione e descoberto seu segredo sobre o Vira-Tempo, e ela disse a ele como tinha chegado em 1971. Remus estava dividido em suas ordens, esta missão, e Hermione descobriu que foi ela que o implorou há muito tempo para ter certeza de que ela seria enviada de volta.

Mas por quê? Se não para acabar com a guerra mais cedo, se não para destruir Voldemort antes que seu poder aumentasse, se não para salvar tantas vidas... então o que?

'Viva a sua vida. Aproveite a sua vida.'

Era essa a razão? Remus estava dando a ela uma segunda chance na vida? Era essa sua recompensa por todo o seu esforço na guerra? Uma infância normal e a chance de crescer no mundo Bruxo sem ser deixada de lado por causa de preconceito? Ela tinha ido embora há menos de um dia inteiro e de alguma forma ela já tinha sido presenteada com uma família e um irmão. Com a chance de experimentar Hogwarts sem a necessidade de lutar contra trolls, cães de três cabeças, Basiliscos, Comensais da Morte e Voldemort.

Dumbledore disse a ela que a carta de Remus era o seu guia agora. Suas novas regras para respeitar e, tanto quanto doía concordar, ela concordou. Ela era boa em seguir regras. Especialmente quando Harry e Ron não estavam lá para convencê-la do contrário. Pensar neles a magoava. Pensar em todos em casa em 1998 a magoava. Mas magoar era contra as regras.

'Viva a sua vida. Aproveite a sua vida.'

Hermione respirou profundamente e lentamente a deixou sair. Ela podia fazer isso. Ela usaria a carta como seu guia. Ela viveria sua vida como foi instruída por Remus e Dumbledore. Ela tentaria aproveitar sua vida. Mas a vida de Hermione Granger vinha com uma bagagem. Bagagem que ela não poderia carregar aqui em 1971. Então ela faria a única coisa possível. Ela deixaria a bagagem com Hermione Granger e começaria de novo... como Mia Potter.

oOoOoOo

Mia passou o seu primeiro dia como Potter tendo um tour pela grande Mansão e uma lição de história sobre sua nova família ancestral. Dorea era uma bruxa qualificada e exalava inteligência e graça, mas de alguma forma ainda agarrada a um pedaço de malícia que permanecia em seu olhar. Charlus, não sabendo o quanto Mia estava a par sobre o mundo bruxo, tentativa de educá-la e ela pouco fez para impedi-lo, uma vez que parecia um momento oportuno para se relacionar com o homem que o mundo iria ver como seu pai.

"Como as pessoas não vão fazer perguntas sobre mim?" Ela perguntou a ele enquanto passeavam pelo pomar da família que a lembrou muito o do quintal dos Weasley.

"Bom, nós somos os últimos Potters," Charlus explicou. "Quando Dorea e eu nos casamos, uma boa parte das outras famílias Puro-sangue não ficou feliz. A mãe dela queria que ela se casasse com outra Família, mas o pai dela a amava e a deixou escolher seu próprio marido," ele sorriu. "Eu gosto de pensar que ela escolheu bem."

"Eu gosto também," Mia sorriu.

"Bom, quando nos casamos, a família de Dorea cortou laços com ela e meus pais tinham morrido um ano antes. Eu trabalhei de casa por muito tempo e levaram anos e anos antes que tivéssemos James," ele encolheu os ombros. "Quando tivemos o 'herdeiro Potter'," ele disse as palavras revirando os olhos, "a Sociedade não pareceu ligar para o que estávamos fazendo. As crianças que fomos para Hogwarts já estavam tendo netos, então nós não nos adequávamos à multidão depois que James nasceu. Nós nem anunciamos publicamente. Não queria a família de Dorea causando problemas," ele franziu o cenho. "É por causa disso que ninguém irá fazer perguntas sobre você," ele sorriu.

"James vai ficar chateado quando ele finalmente descobrir que ninguém no mundo sabe quem ele é?" Mia perguntou com uma risada leve e Charlus uniu-se aos risos.

"Seu irmão cria um mundo próprio dele, e nele, ele é a autoridade máxima," Charlus sacudiu a cabeça com uma risada.

"Vamos ver isso," Mia sorriu. Ela estava muito ansiosa para levar seu novo irmão para baixo de algumas estacas, uma vez que tivessem chegado a Hogwarts.

Refeições foram servidas na formal sala de jantar na longa mesa de carvalho, embora cada membro da família Potter se sentasse no final da mesa todos juntos, perto o suficiente para pegar algo dos pratos um do outro, algo que Charlus e James faziam constantemente apesar das objeções de Dorea e Mia. Depois do jantar a família se reuniu na sala de visitas onde Charlus e Dorea assistiram seus filhos jogarem jogo atrás de jogo de snap explosivo, falando constantemente sobre a ansiedade deles em entrar em Hogwarts em menos de um mês.

Quando Tilly anunciou que era hora da família ir descansar, Mia praticamente correu para seu quarto, tirando suas vestes e pondo a camisola rapidamente para que a elfo não fizesse por ela. Quando Tilly veio mais tarde ver se Mia precisava de algo, ela sorriu para a bruxa independente como se ela fosse um desafio, mas em vez de lutar com a nova Senhorinha, Tilly desejou bons sonhos a Mia.

Mas apesar de Mia querer muito deixar a bagagem com Hermione Granger, as duas identidades ainda eram parte da mesma pessoa e, apenas algumas horas depois de deitar, Mia começou a gritar durante o sono.

"Por favor! Não os machuque! Por favor! Não!"

"Mia?" Uma voz sussurrou da porta. James estava parado ali, olhos cansados e cabelo bagunçado enquanto ficava em pé na escuridão, ouvindo o choro da irmã. "Mia? Você está bem?" Ele entrou e imediatamente se apressou para a cama para ver Mia se debatendo e gritando, perdida nas profundezas no que tinha de ser um pesadelo horrível.

"Deixe-o ir. Por favor, deixe-o ir!" Mia gritou.

"Mia? Mia?" James se arrastou pela cama e colocou as mãos em seus ombros, dando-lhe uma sacudida suave, não querendo assustá-la. Quando os gritos dela pararam, ele soltou um suspiro de alívio, mas preocupado que ela pudesse ter acordado seus pais. Ele sabia que eles iam se aterrorizar se vissem e ouvissem o que ele acabara de testemunhar. "Está tudo bem," James deu um tapinha em sua cabeça carinhosamente. "É só um pesadelo. Você está segura," ele sussurrou.

"Harry?" Mia murmurou.

"É James," ele franziu o cenho.

"Jamie?" Mia olhou para ele, lágrimas ainda encharcando seus olhos.

"Sim, sou eu," ele olhou para ela com olhos simpáticos e no escuro quase podia confundir a cor avelã com a verde. Suas lágrimas transbordaram e uma bolha de dor explodiu dentro de seu peito enquanto ela gritava e estendia a mão para abraçá-lo perto dela, chorando baixinho em seus braços pequenos.

"Está tudo bem, Mia," James deu uns tapinhas nas costas dela como sua mãe costumava fazer quando ele era pequeno e se assustava. Ela o apertou forte e James não conseguiu evitar um sorriso, um estranho sentimento de proteção o inundou e ele a abraçou de volta tão apertado quanto. "Eu estou aqui com você agora. Você está bem. Eu vou... Eu vou te proteger agora."


N/A: Oi, gente! Como passaram o Ano Novo? Espero que tenha sido ótimo e divertido como o meu.
Então, estamos de volta com os capítulos, os quais eu pretendo continuar postando domingo e quinta feira :)
Nesse descobrimos da onde vem o nome Mia que tanto vimos Sirius e Remus falarem ao invés de Hermione.
Acho que sou apaixonada pelo James, uma criança adorável e brincalhona, queria um para mim!
E nos próximos capítulos vamos ver como Mia e James conhecem Sirius, Remus e claro... Peter, infelizmente. Pois é, lembram da carta?

"Toda ação que fazemos é a causa do destino, viagem no tempo não mudará nada. O que infelizmente significa que nada que você faça irá mudar o que é para ser. O que está para acontecer vai acontecer independentemente de como aconteça." :(

Felicia Malfoy: simmmm, amo Apaixonada pela Serpente e Cidade das Pedras! Essa última já tá se encaminhando para o final, infelizmente. Ao mesmo tempo em que eu quero saber o final, não quero que acabe :(
Quanto a nossa fanfic... Remus a manda para o passado por uma causa nobre sim e ela foi explicada nesse cap! Nossa Mia entende pq ele fez isso e vai seguir a carta até o final. :))
A Tilly... Ahhh, a Tilly... Ela é perfeita! E no final da fanfic tem uma descoberta maravilhosa sobre ela... Fiquei tão feliz quando li! Mas sem spoilers hahahaha
Sempre acabo soltando spoilers sem querer, minhas amigas ficam revoltadas comigo hehe
Espero que tenha gostado do capítulo, até o próximo!

Motoko Li: a relação do Remus e Mia vai se desenvolver bastante ao longo da fanfic, mas vou me esforçar para não dar spoilers por aqui! Hahahaha
Ele a mandou para o passado com um bom motivo que foi explicado nesse cap! Fui ficando menos irritada a medida que ia lendo e o entendi :)
Essa questão dos atores também me incomodou bastante, eles eram meio velhos para o papel mesmo! Mas a atriz que fez a Lily eu amei, achei muito parecida, senão idêntica, a personagem. Ela realmente me passou a imagem de uma mulher bondosa, gentil, mas que tem um temperamento forte em algum lugar hahahaha
Eu adoreeeii a amizade do Draco e da Hermione, foi algo tão natural que eu gostei. Algumas fanfics fazem com que eles fiquem amigos de um jeito tão rápido e artificial que sei lá... Nessa acho que foi no tempo certo, encaixou com a história.
Quanto ao nome Mia... Também foi explicado aqui! Jamie muito fofo, quando tiver um filho, quero que seja como ele hahahaha e pelo menos ela consertou os dentes, concordo, também usei aparelho por anos e hoje em dia estudo Odontologia, então entendo essa 'raiva' com os aparelhos fixos, apesar deles serem necessários em alguns casos hehe
POR FAVOR, veja sim Apaixonada pela Serpente e Cidade das Pedras! Sério, são umas das melhores fanfics Dramione que eu já li. No início de APS a escrita não é tão boa, mas a autora era jovem quando começou. Depois melhora absurdamente! E CdP é simplesmente maravilhosa... Amo as duas. Outra que eu gosto muito é 'Alugando Hermione Granger', é uma trilogia que já foi terminada, mas de vez em quando eu gosto de reler, muito muito boa :)
Obrigada obrigada obrigada pelos comentários, adorei vê-los quando voltei! Você é uma das que mais me anima a continuar!
Até o próximo capítulo!