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The Debt of Time

Parte Dois - O Vira-Tempo

Capítulo Vinte e Três: Nosso Trabalho

"...Something's wrong, shut the light
Heavy thoughts tonight
And they aren't of snow white
Dreams of war, dreams of liars
Dreams of dragon's fire
And of things that will bite..."
(Ender Sandman - Metallica)


Capítulo 23 - Nosso Trabalho

18 de dezembro, 1971

Hogwarts Escola de Magia e Bruxaria

Torre da Grifinória

Neve cobria a parte externa do Hogwarts enquanto os estudantes reuniam seus malões e se preparavam para passar as férias de Natal em casa. Poucas crianças permaneceriam em Hogwarts, embora o clima fosse perfeito para as brigas de bolas de neve. Gideon e Fabian Prewett tinham criado ainda um concurso para toda a escola que terminou com sete Sonserinos - juntamente com quatro confusos Lufa-Lufas que foram pegos no fogo cruzado - na Ala Hospitalar. James, Sirius e Remus saíram por cima na divisão dos jogos do primeiro ano, mas todos os três meninos quase sofreram queimaduras por causa disso. Mia se recusou a participar, salvo pelos outros três Marotos que a pegaram uma vez rindo por cima do livro enquanto ela se sentava em um banco nas proximidades, quando uma lufada de neve caiu do telhado do castelo e efetivamente enterrou Peter Pettigrew sob três pés de neve fresca.

Era o dia seguinte da última lua cheia do ano e Remus estava parecendo surpreendentemente saudável, considerando que era logo após a transformação. De algum jeito com o passar dos meses, saber que Mia estaria lá para ele antes e depois da lua cheia o fez se recuperar muito mais fácil. Também ajudou Mia saber como tratar as feridas dele e que poções trabalhavam melhor para ajudá-lo a lidar com a dor. Ele tinha ganhado peso e a cor tinha voltado para seu rosto. O Natal se aproximava e as férias nunca pareceram melhores para o jovem bruxo.

"Sirius, por que você ainda está de pijamas?" Mia disse enquanto descia a escada dos dormitórios das garotas. "Nós precisamos pegar o trem em breve."

"Mãe..." Sirius disse a palavra com uma careta no rosto, "me disse para ficar aqui."

Sirius tinha enviado cartas para casa, especificamente a seu pai e irmão, deixando Walburga de fora da equação após o Berrador que ela lhe tinha enviado meses atrás. Orion Black escreveu de volta uma vez por mês solicitando relatórios de seu rendimento escolar e perguntando se ele estava precisando de alguma coisa, os pergaminhos parecendo mais um formulário de pedido de fornecimento em vez de uma carta de um pai para uma criança. Regulus escreveu de volta uma vez, dizendo a Sirius para parar de escrever para ele, chamando-o de traidor de sangue. As palavras claramente tinham sido alimentadas por Walburga, que provavelmente tinha ameaçado Regulus com o mesmo tratamento que seu irmão mais velho se ele não cortasse laços com seu único irmão. Mas o efeito foi o mesmo independentemente da intenção. Sirius dado um ataque na mesa do café, se retraiu por vários dias e, em seguida, agiu em sala de aula, terminando a semana com detenção. Mia não estava surpresa que Sirius não fosse desejado em casa para o Natal.

"Sua família está indo para algum lugar no feriado?" Remus perguntou enquanto descia as escadas com seus pertences em mãos.

"Se eles vão, eles não me incluíram em seus planos," Sirius deu de ombros amargamente.

"Ela ainda está com raiva por causa da Seleção?" Mia perguntou tristemente.

"Quem se importa?" Sirius fez uma careta, os braços cruzados sobre o peito lembrando a Mia um Sirius mais velho frustrado sendo forçado a ficar preso dentro de Largo Grimmauld, enquanto o resto da Ordem estava livre para ir e vir como quisessem.

"Você se importa," Mia franziu o cenho e se sentou ao lado dele no sofá.

"Não mesmo!" Sirius retrucou, mas apesar de seu humor amargo, ele reagiu à ela sentada ao lado dele como ele sempre fazia. Ele inclinou para o lado, pousando a cabeça no colo e silenciosamente pegando as mãos dela para agarrar oss dedos e colocá-los em sua cabeça. Mia sorriu e começou a acariciá-lo carinhosamente. "Eu estou melhor sozinho," Sirius acrescentou com um suspiro.

"Venha conosco," Mia disse, enquanto parava o cafuné.

"Mesmo?" Os olhos cinzentos se viraram quando ele olhou para seu rosto, todo sorridente.

"Absolutamente!" Mia sorriu. "Você vai passar o Natal na Mansão," ela insistiu excitada. "Você precisa de um bom Natal, Sirius. Eu não vou ficar sentada enquanto você está na Sala Comunal sozinho. Remus, você ainda vem também, certo?" Ela perguntou, de repente se sentindo culpada por não ter convidado Sirius antes.

"Claro," ele acenou. "Tentando completar a coleção?" Remus riu. "Vai perguntar se Peter quer vir também?"

"Absolutamente não!" Mia rosnou e os dois garotos arregalaram os olhos com o seu tom.

"Quero dizer," ela tentou se recuperar do erro. "Peter e eu não somos tão amigos como eu sou de vocês dois," ela encolheu os ombros, mas ambos Remus e Sirius sabiam que não havia amor entre Mia e seu pequeno amigo. Ela raramente era rude com ele, então eles nunca sentiram que era necessário falar e fazer uma confusão sobre.

"Eu só posso ficar até a Véspera de Natal, no entanto," Remus admitiu. "Meus pais já vão ter chegado em casa até lá."

"Claro," Mia acenou.

"Você vai ficar feliz em saber, querida irmã," James sorriu enquanto deslizava para baixo pelo corrimão da escada que ligava a sala comunal ao dormitórios dos garotos, "que eu tenho tudo guardado e eu não precisei usar sua maldita lista," disse ele presunçosamente.

"Guardou suas roupas?" Mia perguntou com uma sobrancelha levantada. Ela tinha feito a lista por uma razão. Ela viu quão frustrada a mãe deles estava nos dias anteriores ao 1o de setembro. O malão de James era um pesadelo.

"Sim," James respondeu.

"Guardou os livros que você precisa terminar os deveres de casa?"

"Sim, guardei."

"Jamie?" Mia olhou para ele cuidadosamente.

"Mia?"

"Cadê a sua varinha?" Ela suspirou.

"Droga!" James gemeu e rapidamente correu de volta pelas escadas.

"Fique com sua varinha sempre, James Charlus Potter!" Mia gritou enquanto ele subia.

"Como vocês dois podem ser parentes?" Remus riu enquanto observava o bruxo magro procurar - em todas as coisas - sua varinha perdida.

"Tenho quase certeza que minha Mãe acertou ele com um Confundus quando ele era um bebê," Mia riu.

"Há! Achei!" A voz de James pôde ser ouvida gritando lá de cima. Mia afagou a cabeça de Sirius mais uma vez e empurrou a seus ombros para sair de cima dela.

"Vá se aprontar," ela sorriu.

"James! Vem me ajudar a arrumar minhas coisas!" Sirius gritou enquanto subia pelas escadas.

"Achei que você tinha dito que ia ficar aqui?" James levantou uma sobrancelha enquanto girava sua varinha na mão, pulando os degraus.

"Sua adorável irmã," Sirius se virou e piscou para ela, mas rapidamente levou um tapa na cabeça por James, que vinha tentando tirar o mau hábito que Sirius tinha de flertar com sua gêmea. Sirius contraiu o nariz e virou-se para James, aparentemente não afetado, "me convidou para casa de vocês para o Natal."

"Isso!" James sorriu, já planejando Quadribol de inverno no campo lá atrás dos pomares. "Por que não pensei nisso antes?"

"Porque aparentemente você é um terrível amigo," Mia disse olhando para o irmão com um sorriso.

oOoOoOo

Hall de Entrada

James ajudou Sirius a arrumar o malão e os garotos rapidamente desceram para o Hall de Entrada onde os estudantes estavam entrando nas carruagens e indo para a Estação de Hogsmeade, com o Expresso de Hogwarts esperando para levá-los até Kings Cross. Mia e Remus ficaram atrás na Sala Comunal, indo atrás das coisas correndo de um lado para o outro, considerando que tudo estava caindo dos malões de James e Sirius.

"Sirius, olha," James sorriu enquanto caminhava para o pé da escadaria de mármore, olhando à frente onde Severus Snape caminhava à frente deles lado a lado com Lily Evans, que estava tentando descobrir os planos de Natal dele.

"Ah, brilhante," Sirius sorriu e observou em silêncio enquanto James apontava sua varinha para Severus, lançando um feitiço de tropeço nos pés do garoto. Snape, no meio da frase, tropeçou para frente, caindo sobre as palmas das mãos. Lily olhou para ele e franziu a testa.

"Sev, você está bem?"

"Estou bem," Severus resmungou.

"Minha vez," Sirius riu e apontou sua varinha, lançando a mesma azaração no momento em que Severus recuperou o equilíbrio. O menino mais uma vez caiu para frente, desta vez pousando com um baque forte e murmurando uma série de palavrões.

"Sev?" Lily franziu a testa.

"Eu estou bem, Lily!" Snape soltou para ela raivoso e ela deu um passo para longe dele, magoada pelo tom que ele usou.

"Eu tenho um bom. Locomotor Mortis," James disse, apontando a varinha nas costas de Severo. As pernas de Snape ficaram coladas. Seus olhos negros se arregalaram com a sensação e ele pulou como um coelho para frente duas vezes tentando manter o equilíbrio antes de cair para frente em uma linha de Lufanos, os derrubando como uma fileira de dominós.

James e Sirius deram uma gargalhada histérica.

"Vocês!" Olhos verdes desceram sobre o par de maliciosos e, de repente, James encontrou um dedo delgado cutucando fortemente seu peito, a fúria de uma pequena ruiva apontada para ele.

"Eu?" James sorriu inocentemente.

"Ele?" Sirius também fingiu ignorância.

"Seu ridículo estúpido ignorante..." O cabelo de Lily começou a faiscar como o de Mia sempre fazia. "Energúmeno" Ela gritou em voz alta, ganhando a atenção de todos os outros estudantes no Hall de Entrada, Severus e os Lufa-Lufas caídos inclusive. Antes que James pudesse dizer outra palavra, Lily jogou a palma aberta de sua mão limpa através de sua bochecha. O som de sua bofetada ecoou pelas paredes repetidamente enquanto ela girava em seus calcanhares e saía do castelo, em um acesso de raiva.

"Lily Evans acabou de te bater?!" Remus disse, correndo escada abaixo depois de ouvir a comoção, os suaves olhos verdes arregalados com a visão de James segurando a mão do lado do seu rosto.

"O que?!" Mia gritou enquanto corria atrás de Remus. "O que diabos aconteceu? O que você fez?" Ela virou para olhar para Sirius.

"Eu?!" Seus olhos cinzas se arregalaram em choque com a acusação. "Se eu tivesse feito algo, Evans teria batido em mim!" Ele insistiu. "Não, ela bateu em James," Sirius apontou para James que olhava na direção que Lily tinha ido embora, seus olhos avelãs arregalados e sua mão ainda grudada na bochecha vermelha.

"O que você fez, Jamie?" Mia franziu a testa.

"O que é um energúmeno?" Sirius perguntou curioso.

"Lily chamou James de energúmeno?" Remo tentou, e falhou, em segurar uma risada.

"Jamie? Você está bem?" Mia perguntou a ele, de repente muito preocupada com o irmão.

oOoOoOo

Estação Kings Cross

"Olhe, querida, ali está Mia!" Charlus apontou para a filha que saía do trem, um garoto alto, magro e com cabelos loiros cor de areia seguindo bem atrás dela. "Aquele deve ser o garoto Lupin," Charlus observou. "Você não acha... ela é muito nova para ter um namorado," Charlus comentou casualmente.

"Eu acho fofo," Dorea sorriu, o provocando. "Você comporte-se. Mia disse que eles são só amigos."

"Mia!" Charlus acenou para a filha que sorriu e correu para os pais, sendo puxada para os braços de ambos instantaneamente. Mia não tinha percebido como tinha sentido falta dos pais Potters.

"Oi Mãe, Pai..." ela sorriu nervosamente. "Este é o Remus," ela se virou e apontou para o garoto atrás dela que engoliu e ficou um pouco atrás.

"Fico feliz em ter você conosco, filho," Charlus sorriu e estendeu a mão para o menino. "Charlus Potter, esta é minha esposa, Dorea," ele fez um gesto para a bruxa de cabelos castanhos ao seu lado que parecia estar sorrindo presunçosamente para a forma que a filha permaneceu protetoramente em torno do jovem.

Remus sorriu ligeiramente e estendeu a mão para apertar a de Charlus. "Remus Lupin, senhor," ele acenou com a cabeça, respeitosamente. "Eu realmente aprecio, quero dizer, eu sou muito grato," ele gaguejou um pouco antes de inalar uma respiração profunda para se acalmar, "Meus pais queriam agradecer por me deixarem ficar por alguns dias."

"Você é mais do que bem vindo, querido," Dorea sorriu brilhantemente. "Quanto mais, melhor!"

"Oh!" Mia corou. "Eu hum... está tudo bem se Sirius ficasse com a gente pro feriado?" Ela olhou para seus pais, nervosamente prendendo o lábio entre os dentes. "A mãe dele... Bem," ela fez uma pausa, não querendo divulgar toda a bagagem de Sirius sobre seus pais. Então, ela olhou para sua mãe e tentou explicar em não tantas palavras, "Ele entrou para a Grifinória."

"Ah, querida," Dorea franziu a testa.

"Que vergonha para Sonserina," Charlus riu.

"Sirius!" Dorea chamou no momento em que viu o jovem Black saindo do trem. "Seu jovem leãozinho rebelde!" Ela sorriu para ele com apreço e puxou o menino para um abraço rápido. "Ouvi dizer que você está vindo ficar conosco por algumas semanas? Que surpresa Natalina maravilhosa!"

"Mesmo?" Sirius perguntou com as sobrancelhas levantadas e um sorriso estampado no rosto, mais pelo abraço carinhoso do que qualquer outra coisa.

"Claro, amor! Quanto mais, melhor!" Dorea repetiu as palavras.

"Mia, cadê seu irmão?" Charlus perguntou e imediatamente todas as três crianças gemeram.

"Urg... ele vai estar aqui em um minuto," Mia revirou os olhos e depois apontou para o trem onde uma Lily Evans irada estava gritando de novo.

"Larga o meu malão, Potter!" A ruiva para James, que estava lutando contra ela como se fosse um jogo de cabo de guerra que ele estava surpreendentemente perdendo.

"Eu estou carregando para você!" James declarou. "Suas mãos são flores delicadas, você não deveria ter que se preocupar com esse grande malão. Quer que eu carregue sua bolsa também?" Ele perguntou ansiosamente, o seu rosto corando enquanto olhava para baixo nos olhos verdes brilhantes dela, apesar de um lado de seu rosto estar mais vermelho do que o outro.

"Fique longe de mim, seu idiota!" Lily gritou, puxando a alça de seu malão e saiu tão rápido quanto possível, com o longo cabelo vermelho fluindo atrás dela.

"Escreve pra mim? Manda uma coruja? Me visita por Flu?" James falou desesperadamente atrás dela, acenando com as mãos.

"Argh! Sai!" A voz de Lily ecoou com a distância.

"Mãe!" James correu para os braços da mãe. Charlus olhou para o filho com uma risada depois de ver a cena. Dorea por outro lado parecia horrorizada.

"James? Está tudo bem?" Ela afagou a cabeça dele afetuosamente.

"Está tudo maravilhoso. Estou apaixonado!" James sorriu brilhantemente.

"Ah, querido," Dorea franziu o cenho.

"Eu acho fofo," Charlus ecoou as palavras anteriores de Dorea, rindo baixinho enquanto a esposa o olhava. Não haveria dois pesos e duas medidas na família Potter.

"Apena ignore ele," Sirius encorajou. "Nós tivemos que passar oito malditas horas no trem ouvindo essa besteira."

"Meu Deus, James, querido, alguém te deu alguma coisa?" Dorea franziu sua testa. "Mia, ele foi envenenado?"

"Infelizmente não," Mia encarou o irmão ainda perdido no meio de sua estupidez. "Isso é tudo ele."

"Ela me bateu," James disse sonhadoramente, olhando para o pai com um olhar orgulhoso no rosto como se ele tivesse acabado de declarar que tinha ganhado a Copa de Quadribol.

"Quem te bateu? Aquela ruivinha?" Charlus piscou, segurando outra risada.

"Bateu bem forte nele," Sirius soltou uma risada. "Foi hilário."

"Sim," James sorriu, não caindo na pilha. "Você viu os olhos dela quando ela fez isso? O tom de verde mais bonito que eu já vi na minha vida. Mãe, podemos ir ao Beco Diagonal? Eu quero comprar algo para ela de Natal!"

"Humm... talvez mais tarde, querido," Dorea franziu a testa. "Eu gostaria de levar vocês quatro para casa, talvez colocar um encanto em seu rosto," ela virou o rosto de James. "Seu olho parece um pouco inchado."

"Deixe o machucado!" James se afastou de sua mãe como se ela já tivesse ameaçado colocar um feitiço de glamour nele. "Eu vou usar isso como uma medalha de honra."

"Oito horas você disse?" Charlus perguntou, olhando para Sirius.

"Eu quase desejei ir para casa dos meus pais," Sirius sorriu.

"Tão ruim?" Charlus riu.

"Eu quase desejei ir para casa dos pais do Sirius com ele," Mia revirou os olhos.

oOoOoOo

Mansão Potter - Residência dos Potter

Os Potters esperaram na fila da rede de Flu da estação e um por um cada uma das crianças e convidados chegaram pela lareira na Mansão Potter, seguidos dos pais. Sirius parecia nem um pouco afetado pelos arredores da casa, mas os olhos de Remus estavam arregalados e Mia sorriu para o olhar de admiração dele que quase combinava com o que ela possuía na primeira vez em que chegou dentro da Mansão.

"Venham Remus e Sirius, peguem seus malões e eu vou mostrar os quartos de vocês," Mia sorriu.

"Pegar meu malão?" Sirius levantou a sobrancelha.

"Você está planejando dormir na sala de visitas?" Mia riu.

"Não, quero dizer... achei que vocês tinham elfos domésticos," Sirius olhou em volta.

"Infelizmente, nós temos," Mia fervilhava e James riu, "mas isso não significa que você não possa cuidar de suas próprias coisas." Mia não estava ansiosa para ter uma luta com Tilly, a elfo doméstico que mimou James a um ponto ridículo. Mas ela seria presa se visse Sirius tirar proveito da necessidade de Tilly de mimar.

"Mia tem problemas com elfos," James explicou com um sorriso.

"O que? Você não gosta dos elfos?" Sirius olhou para Mia, completamente confuso.

"Eu gostaria que os elfos fossem capazes de escolher ou não se queriam ser amarrados a uma família," ela tentou explicar, mas sabia que seria em vão. Ela tinha muitas dessas discussões com um Sirius Black mais velho. "E eu gostaria que os elfos fossem pagos por seu trabalho duro."

"Pagos?" Sirius soltou uma risada latido alta. "Você está brincando comigo?"

"Ela realmente não está," James sacudiu a cabeça. "Vamos, Remus, eu vou te mostrar seu quarto. Esses dois vão demorar um pouco," ele riu e se dirigiu ao corredor, com o malão na mão seguido de perto pelo jovem lobisomem.

"Mia, para isso que servem os elfos," Sirius explicou.

"Eles são criaturas vivas e não propriedades que podem ser usados e abusados, Sirius!" Ela retrucou.

"Eles abusam de volta tanto quanto," Sirius zombou. "O elfo da minha mãe é um parasita podre que age exatamente como ela. Maldições e espetos e reverências, ao mesmo tempo," ele fez uma careta e Mia resmungou e olhou para longe dele. A imagem do Monstro surgiu em sua cabeça com muita facilidade, especialmente quando se lembrou dele chamando-a de "Senhorinha" e "sangue-ruim" na mesma frase.

"Talvez se alguém os tratasse direito," ela resmungou baixinho.

"Por que diabos eu o trataria direito aquilo que me chama de 'animalzinho ingrato'?" Sirius perguntou, chocado que ela estivesse defendendo o monstrinho.

"Urg, eu não vou ter essa discussão com você de novo, Sirius Black!" Mia virou-se para ele, o calor subindo no peito, que ela sabia que poderia desencadear um ataque de pânico a qualquer momento.

"O que você quer dizer com de novo?" Ele piscou para ela confuso.

"... Eu... eu quis dizer," Droga. Como é que ele tinha a capacidade de fazê-la se esquecer o ano em ela estava vivendo? Eram aqueles malditos olhos cinzentos. Eles pareciam os mesmos, trinta anos a partir de agora, os olhos seriam os mesmos. O mesmo tom irritante de cinza não natural que a levou a se perder. "Esqueça. Eu não quero falar sobre isso," ela insistiu enquanto as lágrimas se formaram em seus olhos e ela estendeu a mão para a alça de seu malão, levando-o em direção ao corredor.

"Senhorinha!" Tilly apareceu na sala com grandes olhos azuis e um sorriso animado. "Tilly está muito feliz que você está em casa! Tilly vai levar o malão da Senhorinha," o elfo o alcançou e Mia gemeu. "Jovem Mestre tentou esgueirar o malão no andar de cima," ela olhou para Mia como se ela soubesse que a menina estava por trás disso. "Sim, ele fez, mas Tilly pegou," ela sorriu. "Agora Senhorinha vai dar a Tilly seu malão, e Tilly cuida dele."

"Viu?!" Sirius apontou para a elfa.

Tilly virou sua atenção para Sirius e o examinou cuidadosamente. "Você é o Senhorzinho Black, sim, não é?" Tilly perguntou.

"Sim, eu sou," Sirius disse presunçosamente e Tilly continuou o olhando.

"Senhorzinho Black leva o malão dele," Tilly anunciou e então virou de costas para Sirius, levando o malão de Mia pelo corredor. Sirius continuou lá, boquiaberto para a pequena elfa, seus olhos cinzentos olhando para Mia.

"Ah, eu devia ter mencionado," Mia sorriu. "Sua família aparentemente tratou Tilly muito mal," ela sorriu com deboche. "Então acho que você vai ter que carregar seu próprio malão," ela disse com um sorriso no rosto. Sirius deveria ter se ofendido, mas no final ele sorriu.

"Qualquer um que não goste da Casa Black ganha pontos no meu livro," ele sorriu desafiadoramente para Mia e alcançou o malão, seguindo a elfa doméstica.

A emoção de estar em casa para o Natal durou a noite toda. Tilly tinha feito todos os favoritos doces de Mia e James, que passaram a ser também todos os favoritos de Remus e Sirius. A Mansão foi decorada com uma árvore de Natal colorida em todos os quartos, as luzes cintilantes de fadas e viscos que pairavam sobre o quarto de Charlus e Dorea. Aos convidados foi dado um tour da Mansão, e os meninos passaram o resto da noite voando em volta da neve recentemente caída que cobria o pomar e jardins.

Foi perfeito.

Mas nada é realmente perfeito.

oOoOoOo

"Não! Não! É falsa! Por favor! Nós nunca entramos no seu cofre... Não é a espada verdadeira! É uma cópia, só uma cópia!" Mia gritava durante o sono. Ao som de seus gritos no outro quarto, James saltou de sua cama e correu pelo corredor tão rapidamente quanto possível, correndo por Sirius e Remus, que estavam fora de suas próprias portas com os olhos arregalados.

"O que está acontecendo?" Sirius perguntou em pânico.

"Essa era Mia?" Remus resmungou e imediatamente correu atrás de James.

"O que há de errado com Mia?" Sirius perguntou e correu para James, puxando as vestes do seu melhor amigo enquanto os três rapazes se aproximavam das portas duplas no final do corredor.

"Sai!" James gritou e explodiu para dentro do quarto vendo sua irmã se contorcendo e chorando na cama. Sem outra palavra, James engatinhou na grande cama, puxando a irmã para seus braços como tinha feito meses atrás. "Mia? Mia, amor, está tudo bem. Você está a salvo," ele sussurrou repetidas vezes até que o choro dela parasse.

"O que aconteceu?" Sirius entrou no quarto, olhando para seus amigos com olhos assustados e preocupados.

"Ela tem pesadelos," James explicou. "Mia, você está segura. Eu estou com você," James prometeu uma, duas, três vezes.

"Ela está bem?" Remus engoliu, segurando a respiração. Ele podia cheirar a mistura de medo e paranoia saindo de sua amiga como ondas.

"Eu não sei," James franziu o cenho. "Droga!" Ele se repreendeu. "Eu sabia que ela tinha pesadelos e eu nem pensei em checar se ela estava bem em Hogwarts. Evans, Brown ou MacDonalds falaram alguma coisa com vocês?" James perguntou e ambos os garotos sacudiram a cabeça.

"Quantas vezes é que ela tem esses pesadelos?" Sirius se aproximou.

"Quase toda noite," James suspirou, repreendendo-se silenciosamente. "Ela provavelmente tem tido pesadelos durante todo o ano e eu nem sequer pensei em falar com suas companheiras de quarto."

"Jamie?" Mia murmurou, os olhos abrindo nervosamente.

"Estou aqui, amor," James a segurou mais perto.

"Desculpa. Não quis..." ela começou a chorar de novo, mas ele rapidamente limpou as lágrimas com as mangas do seu pijama e beijou o topo de sua cabeça.

"Não, não. Não precisa se desculpar," ele insistiu. "É o meu trabalho. Meu trabalho te deixar segura."

Mia deixou escapar um soluço silencioso e agarrou-se a seu irmão, forçando os pensamentos de Bellatrix Lestrange para longe de sua mente.

"Nosso trabalho," uma voz falou na escuridão e Mia se sentou para ver as figuras sombrias de Sirius e Remus em pé ao lado da sua cama. Não estando com vergonha de vê-los lá, Mia deixou escapar um suspiro de alívio. Sirius caminhou até o outro lado da sua cama e estendeu a mão, colocando um cacho de seu cabelo atrás da orelha. "É o nosso trabalho," ele acenou com a cabeça. "Nosso trabalho mantê-la segura."

"Sirius?" Ela murmurou.

"Olá, gatinha," ele sorriu para ela. "Chega para lá, sim?" Ele sorriu e se arrastou para a cama ao lado dela, jogando a cabeça em seu colo como sempre. Ela riu através das lágrimas restantes em resposta, sorrindo para ele e correndo os dedos pelos cabelos.

"Nós deveríamos estar fazendo ela se sentir melhor, Sirius," James estreitou os olhos para o amigo.

"Não," Mia sorriu para o irmão. "Isso ajuda," ela sorriu para baixo, para o bruxo moreno que estava feliz olhando para ela, seus olhos cinzas quase brilhando prata à luz da lua. Como ele sempre sabia como chegar até ela?

"Garotos, vocês deviam voltar a dormir," Mia os encorajou, de repente se sentindo mal por ter acordado todos eles.

"Nós não vamos te deixar sozinha," Remus falou firmemente e ela quase pôde sentir os olhos dele brilhando ouro e âmbar. "Você vai me dar um espaço ou vou ter que dormir no chão?" Ele sorriu e subiu atrás de Sirius, botando o braço atrás do ombro de Mia e abraçando a melhor amiga bem perto dele.

oOoOoOo

19 de dezembro, 1971

Mansão Potter - Residência dos Potter

Os olhos de Mia se abriram quando a luz da janela próxima inundou o quarto dela. Durante a noite, as memórias frias e escuras a invadiram com pesadelos, mas durante a manhã, calor parecia envelopar todo o seu corpo. Seus olhos castanhos olharam para baixo, para a confusão de cabelos longos, lisos e negros contra seu estômago. Ela riu baixinho com a sensação dos braços de Sirius envolvendo sua cintura, usando seu corpo como um travesseiro. Ela observou de perto como ele respirava devagar e profundamente e sentiu outros atrás de si. Virando sua cabeça para cima lentamente, ela percebeu que de alguma forma durante a noite, ela se moveu para o peito de Remus. Ele estava se apoiando contra ela com um de seus braços em volta dos seus pequenos ombros, e seu rosto estava jogado gentilmente contra o topo da cabeça dela.

Ela sorriu e se inclinou para o abraço, tranquilidade deslizando sobre ela. Mia imediatamente pensou no futuro. Um futuro onde Remus seria banido da sociedade, forçado a viver na pobreza devido ao preconceito e medo. Abandonado na solidão por anos e anos à procura de algo semelhante a uma família. Uma família que ela sabia que ele acabaria encontrando, mas não antes de tanto sofrimento. Ela envolveu seu braço esquerdo contra o dele, apertando sua mão delicadamente. Ela faria as pazes com ele de alguma forma.

Ela estava determinada a amá-lo o suficiente para que ele pudesse passar os anos de solidão e dor que estavam à sua frente.

Um ronco abaixo voltou sua atenção para Sirius quando ele virou a cabeça para encará-la, ainda dormindo. Ele quase parecia inocente assim. Ela sorriu para a imagem e estendeu a mão direita para passar seus dedos através de seus cabelos negros carinhosamente. Ela não podia imaginar que este menino, este doce menino iria crescer para passar doze anos no inferno que era Azkaban. Inocente de qualquer crime, posto lá sem um julgamento enquanto lamentava as mortes de seus amigos. Sua pele macia estava imaculada agora, mas ela sabia que acabaria por ser coberta de cicatrizes, tatuagens e linhas de idade que seria roubada dele. Claro que ele acabaria por ser livre, mas o Véu iria levá-lo dela. Ela o chamaria de volta, mas seria mais um ano roubado dele.

Ela estava determinada a amá-lo o suficiente para que ele pudesse passar os anos de sofrimento e raiva que estavam à sua frente.

"Você parece confortável," uma voz risonha veio da porta, onde um James cansado estava de pé, sorrindo para ela. Ele bocejou e fez o seu caminho de volta para a cama, onde ele deu em Sirius um empurrão rápido antes de retomar o seu lugar ao lado de Mia, aconchegando-se em seu lado direito, usando seu ombro como um travesseiro.

Ela sorriu e descansou a bochecha no topo do cabelo confuso dele e piscou as lágrimas que se formavam em seus olhos. Em uma mão ela segurava Remus perto dela, entrelaçando os dedos através dos seus. Com a outra mão ela corria os dedos pelos cabelos de Sirius, acariciando-o enquanto ele dormia profundamente. Ela sentiu a sensação dolorosa da percepção sobre ela enquanto ela percebeu que poderia de alguma forma fazer as vidas de Sirius e Remus um pouco melhores por ela estar lá, mas ela não tinha mãos extras para agarrar firmemente a de Jamie.

Ela lembrou as palavras de Remus na carta dele.

"Nada que você faça irá mudar o que é para ser."

Não importa o quanto ela tentasse, ela não seria capaz de salvar seu irmão.


N/A: Me desculpem pela demora, meus queridos, essa semana foi uma total loucura!
Vou postar mais um capítulo hoje e volto à programação normal no domingo hahahahaha
Eu adoro esse capítulo, é um dos mais fofos! Como eles começam a passar a noite no quarto de Mia, para melhorar os pesadelos dela, e quando começa o lema deles "Nosso trabalho" bem protetor e fofo, né?

Motoko Li: caraaaaaa, eu li The Trick of Time toda essa madrugada e, tipo, adorei! Ela virando amiga do Snape, que amor! Quis matar o Sirius quando ele resolveu dar um Obliviate, mas fiquei muito feliz com o final!
O que eu posso dizer é que nessa fanfic aqui, o jeito que ela volta pro tempo normal dela acontece de um jeito totalmente diferente do da história da Resa. Mas acho que você vai gostar :))
Quando eu tiver mais tempo (recesso de carnaval tá aí pra isso) vou ler as próximas dela. Acho que vou começar por Blacklisted, parece muito boa!
Hahahahaha sim sim, mais pra frente vamos ter muita ação, eu te entendo! Ações bem detalhadas, diga-se de passagem hahaha
O relacionamento deles vai ser bem... conturbado, mas faz parte, né? Com quem você gostaria que Mia terminasse a história? Quando eu li, queria que fosse com Sirius desde o início, acho que acima deles (pra mim) só Draco/Hermione. 3
Eu tinha reparado sim, mas nunca parado pra pensar sobre hahaha acho que sempre fui uma adepta das aspas, mas nada contra os travessões, nos livros que eu lia/leio sempre são só eles :(
Até o próximo cap, que deve sair em 10min :))