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The Debt of Time
Parte Dois – O Vira-Tempo
Capítulo Trinta e Dois: Sufocando
"...You held me down, but I got up
Already brushing off the dust
You hear my voice, you hear that sound
Like thunder gonna shake the ground..."
(Roar - Katy Perry)
27 de março, 1974
Hogwarts Escola de Magia e Bruxaria
O Grande Salão
Sirius não levou mais nenhuma menina para Hogsmeade pelo resto do ano. Ele também não levou Mia, em vez disso escolheu acompanhar constantemente os três melhores amigos.
Às vezes, uma menina ou duas iam junto, embora geralmente fosse Mia, que se agarrava a qualquer um de seus três meninos. Apesar de não namorar outra menina depois de seu caso com Marlene McKinnon, o fato de que Sirius tinha ido para Hogsmeade com a menina – apenas para ignorá-la na manhã seguinte – lhe rendeu uma reputação imediata.
Independentemente do fato de que ele passava as noites no Salão Comunal da Grifinória jogando Xadrez Bruxo e Snap Explosivo com James, começaram a circular boatos na escola sobre o jovem playboy que foi, muitas vezes, "visto" aos amassos atrás de tapeçarias, nas salas de aula vazias e, até mesmo, aparentemente, no escritório de McGonagall uma vez.
Irritava mais Mia do que Sirius e, de repente, ela começou a realmente entender por que o Sirius mais velho não se importava tanto em aparecer no Profeta Diário. Sua infame reputação foi enchendo a fábrica de fofocas desde que ele tinha apenas quatorze anos de idade.
Embora o ano parecesse ter começado de forma estressante, o relacionamento dos Marotos e Mia estava de volta ao normal agora. Ela tinha voltado a ler a carta de Remus antes de dormir todas as noites e, por vezes, na parte da manhã. Era necessário se lembrar de novo e de novo da sua regra número um: 'Viva a sua vida. Aproveite sua vida.'
E ela aproveitou.
Uma vez, no meio de Março para comemorar o aniversário de Jamie – e tecnicamente o dela também – de catorze anos, Mia se esgueirou para o lavatório do castelo tarde da noite e sorriu quando viu as vestes recém lavadas dos Sonserinos. Ela estava muito grata pelos feitiços de costura que Molly Weasley a tinha ensinado anos atrás.
Na manhã do aniversário de Mia e Jamie, os alunos estavam sentados em suas respectivas mesas, e depois que Jamie e Mia abriram os presentes que as corujas trouxeram dos seus pais, além de alguns de seus amigos, Mia sorriu diabolicamente para o irmão.
"Eu tenho um presente de aniversário para você," ela sorriu para ele e ele sorriu de volta. "Todos sabem como fazer um feitiço para aquecer?" Ela perguntou. "E vocês conseguem mantê-lo não tão quente?"
"Você fez algo mau, gatinha?" Sirius sorriu, reconhecendo aquele brilho malicioso nos olhos dela. Ele viu no ano passado quando ela trancou todos os Sonserinos do lado de fora do Salão Comunal deles. Mia apenas sorriu inocentemente para Sirius.
"Ah, isso vai ser bom," ele deu uma risada meio latido.
"Agora, todos mirem as varinhas na mesa da Sonserina e usem o feitiço. Não tão quente para queimar, mas... desconfortavelmente quente," ela enfatizou.
Um a um, os Grifinórios balançaram suas varinhas e pronunciaram o encantamento, colocando o foco sobre a mesa verde e prata na outra extremidade do Grande Salão. No início, nada aconteceu e Sirius pareceu desapontado. Eles continuaram com o encantamento e, de repente, alguém ouviu uma barulhinho: pop!
Seguido de vários.
Pop! Pop! Pop!
Mia riu enquanto observava Snape lançar um olhar ao redor da mesa. Pop! Amycus Carrow seguiu o exemplo e logo, até os Sonserinos mais velhos ficaram olhando em volta, tentando encontrar a fonte do ruído.
Pop! Pop! Pop!
"O que está acontecendo?" James perguntou com um sorriso.
"Só olhe," Mia estava radiante.
Pop! Pop! Pop!
Um por um os Sonserinos levantaram das cadeiras, confusos e aos gritos. Pop! Alguns estavam lutando com os robes, tentando tirá-los o mais rápido possível. Pop! De repente, grãos de pipoca recentemente estalados começaram a voar para fora da costura das vestes da Sonserina, transbordando de seus bolsos e golas, cobrindo a mesa e cobrindo o chão.
"Muito esperto, gatinha," Sirius acenou aprovando. "Nem de perto a coisa mais horrível que você fez com eles, mas divertido para dizer o mínimo. O que damos a ela, garotos?" Sirius olhou ao redor da mesa.
"Excede as Expectativas," Remus acenou educadamente com um sorriso debochado no rosto.
"Eu concordo com o Professor Lupin," James riu e Mia abafou uma risada com o apelido.
"Eu tenho que dizer, vou dar só um Aceitável," Sirius admitiu com a testa franzida. "Você precisa aprender a ser mais suja nas brincadeiras," ele piscou para ela, mas Mia meramente sorriu docemente para ele.
"Você sabe quanto tempo me tomou costurar milho de pipoca em cada veste da Sonserina?" Ela zombou. "Você," Mia piscou de volta para Sirius. "Precisa aprender a ser paciente."
"Eeeeee!" A voz de Pirraça, o Poltergeist, foi ouvida enquanto ele voava pelas portas do Grande Salão, um grande balde nas mãos. "Cobras nojentas e asquerosas!" Ele riu enquanto cantava, pairando sobre a mesa da Sonserina onde, de repente, ele derrubou o balde encharcando todos os Sonserinos cobertos de pipoca de galões de manteiga derretida.
Os garotos imediatamente mudaram a nota dela para Ótimo e passaram uma boa parte do mês tentando descobrir como ela foi capaz de ter a ajuda de Pirraça, mas Mia manteve a boca fechada sobre o assunto. Pirraça era uma carta selvagem, que acabaria sendo muito perigosa nas mãos dos Marotos.
oOoOoOo
20 de junho, 1974
Hogwarts Escola de Magia e Bruxaria
Torre da Grifinória
"Mia, acorda."
"Mmm," Mia murmurou para o travesseiro.
Só faltavam mais alguns dias de aula e Mia já estava ansiosa para dormir na sua grande cama em casa, na Mansão. Os exames tinham acabado e ela se saiu muitíssimo bem. A terceira do ano, atrás só de Lily e Remus, empatada justamente com Snape. Mia sabia que poderia facilmente tê-los ultrapassado, mas ela sabia que Lily e Remus estavam querendo virar Monitores e o ano seguinte faria toda a diferença para os amigos. Mia tinha sido Monitora e algo dizia a ela que ser Monitora de novo tornaria difícil seguir as regras da carta de Remus: 'Viva a sua vida. Aproveite a sua vida.' Então, em vez de se preocupar com exames para ganhar o distintivo de Monitor, Mia estava sonhando com o pomar atrás da Mansão Potter, onde ela planejava ficar lendo e vendo seus meninos jogarem Quadribol. Manhãs preguiçosas na biblioteca da família. Tardes com Dorea nos jardins. E talvez um repeteco do último verão, onde eles se reuniram no rio.
"Mia, acorda."
Um dos olhos dela abriu e ela gemeu. "Sirius?"
"Acorda, gatinha." Os olhos cinzas dele brilharam para ela.
"Sirius, como você subiu as escadas?!" Mia deu um salto na cama, ofegando enquanto subia os lençóis ao redor do corpo como se ele nunca a tivesse visto em uma camisola antes. Sirius riu da ação, claramente pensando a mesma coisa. Ela dormiu na cama dele uma vez por causa de um pesadelo. Apesar de, quando eles dois acordaram na manhã seguinte, ter havido uma tensão estranha no ar. Daquele ponto em diante, quando Mia tinha pesadelos, ela ia direto para seu irmão.
"Você fica meio sexy quando está envergonhada," Sirius riu provocando.
"Sirius! As escadas! Como você subiu as escadas!?" Ela soltou. "Elas são encantadas para que garotos não consigam subir."
"Você fica adorável quando me subestima," Sirius sorriu debochado e Mia olhou para ele, tentando ao máximo não deixá-lo ver que ela estava, de fato, impressionada que ele tivesse conseguido superar um feitiço tão antigo. "Agora, levanta. Você e eu temos um casamento para ir."
"Um casamento?" Mia gemeu e deitou de volta na cama, jogando o lençol na cara.
"Um casamento," Sirius concordou, puxando o lençol de volta e sorrindo radiante para ela.
"Você está pedindo a minha mão?" Ela provocou. "Porque já tem alguns anos desde que você fez isso."
"Ainda digo que comprar um Bolo de Caldeirão para mim é igual a ter o meu eterno amor," ele declarou lembrando da primeira viagem deles no Expresso de Hogwarts e como ela comprou doces para todos eles. James graciosamente deu a ela o título de melhor irmã do mundo. Remus e Peter agradeceram pela generosidade dela. Um Sirius de onze anos sugeriu que presentes de chocolate eram uma forma tradicional de dote (o que uma família dáa para outra antes de um casamento), e, então, implorou para ela aceitar ser sua esposa.
"Bom, você pode ter o meu eterno amor se me deixar voltar a dormir," Mia bocejou.
"Não," Sirius balançou a cabeça. "Eu tenho um casamento para ir e você vai comigo."
"Você quer que eu seja o seu par em um casamento?"
Sirius riu. "Se isso é um encontro, então eu oficialmente faço jus a todos esses rumores idiotas rondando," ele pegou a mão dela, cansado de esperar ela se levantar sozinha. "Não, isso certamente não é um encontro," ele disse, a puxando para que ficasse sentada e então pegando as pernas dela e botando para fora da cama, enquanto ela o olhava. "Eu só tenho que ir nesse casamento, e bem..." ele hesitou. "Eu prefiro que você vá comigo do que um dos garotos."
Mia corou enquanto se lembrava de dançar no casamento de Bill e Fleur com um Sirius mais velho. Ele tinha dito a ela que odiava casamentos porque ele era forçado a ir em vários quando era criança. 'A maioria dos casamentos era de primos, tias e tios meus, todos destinados a casar um com o outro. Ou eles se casam com o pior tipo de pessoa que já existiu,' ele tinha dito a ela. 'Como os Malfoys e os Lestranges.'
Mia engasgou com a memória. "Você está falando do casamento da Narcissa?"
"Sim."
Ela sentiu o coração parar dentro do peito.
"Sirius..." ela tentou afastar as imagens da sala de estar. "Eu... eu não posso ir."
"Por que não?" Ele sorriu. "Vai ser engraçado. Por falar nisso, como suas colegas de quarto ainda estão dormindo? Eu esperava ter três garotas gritando comigo agora. Ou me pedindo para ficar," ele piscou.
"Eu botei um Feitiço Silenciador em volta da minha cama antes de ir dormir," ela respondeu curtamente. "Onde vai ser o casamento, Sirius?"
"Feitiço Silenciador?" Ele sorriu. "Você estava me esperando?"
"Sirius! O Casamento! Onde vai ser!"
Sirius revirou os olhos dramaticamente. "Casa do Malfoy. A Mansão do idiota que é mais feia e fria que..."
"Eu não posso ir," falou rapidamente, forçando as memórias de uma Maldição Cruciatus para longe da mente. O lugar onde ela tinha sido torturada. Onde seus amigos foram presos. Onde Sirius tinha quase morrido – de novo. "E... Eu não quero que você vá lá."
"Eu não quero ir também, " ele franziu o cenho. "Mas eu tenho que ir."
"Por quê?"
"Porque Narcissa não costumava ser assim," ele admitiu tristemente, passando uma mão pelos cabelos. "Ela é minha prima e eu sinto como... se fosse eu preso numa situação como essa, eu iria querer que alguém aparecesse no último segundo me oferecendo uma saída." Ele já vinha planejando alguma saída no momento em que seus pais o atassem a alguma princesa podre Puro-sangue. Isso o fez rir ao pensar em ficar noivo de Alecto Carrow. Elora Zabini não era tão ruim, mas tinha um rumor circulando que seu último namorado caiu da escada nas masmorras e passou uma semana na Ala Hospitalar com o crânio rachado.
"Ela não vai ouvir," Mia franziu o cenho. "Eu sinto muito, Sirius, mas ela não vai."
"Provavelmente," ele concordou. "Nesse caso, eu e você vamos beber dos bons Firewhisky e champagne do Malfoy, e então vamos botar bomba de bosta de dragão dentro do bolo de casamento."
"Godric, tomara que isso valha a pena," Mia riu genuinamente. Era aterrorizante pensar em voltar a Mansão Malfoy. Ela não queria ir, mas Sirius parecia pronto para sair e o pensamento dele ir sozinho fazia o sangue dela gelar.
"Combinado, então! Levanta e se arruma!" Ele estava radiante.
"Espera," ela pausou. "Como nós vamos chegar lá?"
Sirius tirou de dentro das suas vestes um envelope prata com uma bela escrita negra na frente e o símbolo da Família Malfoy cravado no canto. "Os convites são enviados como Chaves do Portal."
"Sirius," Mia olhou o envelope. "Esse convite está endereçado a Regulus Black."
"Está?" Sirius fingiu inocência enquanto virava o envelope e o examinava. "Hm, acho que está."
oOoOoOo
20 de junho, 1974
Mansão Malfoy – Residência dos Malfoy
"Eu vou vomitar," Mia disse enquanto se levantava devagar depois de pousar do lado de fora da Mansão. Ela odiava viagens por Chave do Portal. Os olhos escanearam os arredores e ela não sabia porque se chocou ao perceber que ainda estava escuro. Sirius a tinha acordado de um sono profundo e insistiu que ela acelerasse as coisas quando ela tentou domar seu cabelo, dizendo que não era necessário. "Por que estamos aqui tão cedo?"
"É o Solstício de Verão," Sirius disse enquanto jogava a capa da invisibilidade de James em cima dos dois, sabendo que eles seriam vistos antes que uma horda de dragão e hipogrifos.
"E?" Mia o encarou.
"E uma lua nova," ele respondeu rapidamente enquanto os dois entravam na Mansão, o convite nas vestes de Sirius garantindo acesso a eles pelos feitiços de segurança.
"Fala em português!" Mia soltou.
"Desculpa," Sirius estremeceu. "Acho que esqueço que os seus pais não seguem a maioria das tradições Puro-sangue. Hoje é o Solstício de Verão e também tem lua nova, o que pede um casamento ao nascer do sol. O solstício significa fogo e limpeza e a lua nova é um tempo para plantar sementes para o futuro. O nascer do sol fala sobre o nascimento de..."
"Eca," Mia fez uma careta. "Você tem uma boca Puro-sangue."
Sirius deu uma risada meio latido e imediatamente ficou quieto quando alguns convidados se viraram para procurar a fonte do barulho. "Desculpa, eu deveria ter dito alguns 'porras' e 'merdas' para deixar mais Trouxa para você?" Ele piscou.
"Você é tão rude," Mia revirou os olhos.
"Você adora."
As bochechas dela queimaram. Ela nunca iria admitir verbalmente que gostava do linguajar de Sirius. Linguagem que tinha passado para ela quando ela ficava furiosa. Normalmente, às custas dele. "Então, você está dizendo que eles escolheram o dia de hoje, especificamente?" Ela perguntou, mudando de assunto. "É por isso que eles tiraram Narcissa da escola alguns dias antes da formatura? Para se casar?"
Sirius acenou. "Parece que os Malfoys e os Blacks pensam que esse casamento vai ser o começo de algo grande," ele disse quase sarcasticamente enquanto observavam a multidão. A maior parte era de velhas famílias Bruxas, membros do Conselho dos Bruxos, oficiais do Ministério e a parte mais nobre da sociedade Puro-sangue. Mia reconheceu os pais de Sirius num canto discutindo e rapidamente o puxou pela manga para irem para longe da multidão.
"A união dos Malfoys e Blacks é algo grande," Mia reconheceu. "Vai criar um poder horrível. Eles planejam limpar o sangue inferior a fogo, e usando Lucius e Narcissa para dar vida e, em seguida, liderar um mundo Puro-sangue perfeito," ela fez uma careta ao se lembrar de ouvir tal propaganda de Puro-sangue em seu tempo original. Como Lucius Malfoy tinha usado sua própria família para se promover com Voldemort e como Draco tinha virado um Comensal da Morte por causa disso. Mia sorriu ao recordar a deserção de Draco. "Não vai funcionar."
"Pode ter certeza que não," Sirius concordou. "Eu vou parar o maldito casamento."
"Sirius, não foi isso que eu quis dizer," Mia franziu o cenho enquanto subiam por uma grande escadaria. Ela fez uma pausa enquanto pensava sobre o fato de que eles tinham passado pela sala de estar e ela sequer tinha notado. Como isso tinha acontecido? Era o objeto de seus pesadelos e ela tinha passado por ela como se fosse nada.
"Aqui," Sirius murmurou, quebrando a concentração dela. "Fique debaixo da capa enquanto eu entro."
Antes que Mia pudesse impedi-lo, Sirius saiu da capa e se esgueirou para dentro de uma porta aberta. Franzindo as sobrancelhas, Mia apertou a capa fortemente ao redor do corpo enquanto ela ouvia a conversa e mantinha os olhos atentos.
"Cissa," Sirius disse enquanto entrava no quarto nupcial. Sua prima estava lindíssima. O belo cabelo loiro estava entrançado para trás com cachos suaves emoldurando o rosto. A fita azul macia amarrada em torno de seu vestido branco elegante combinava perfeitamente com seus olhos. Ela era um oásis no deserto, exceto pela falta do sorriso que uma noiva normalmente tinha no rosto.
"Sirius!" Narcissa se engasgou com a visita do primo. "O que você está fazendo aqui!? Você nem foi convidado!" Ela se levantou e andou até a porta, olhando para fora para ter certeza que ninguém o tinha seguido.
"Sobre isso," ele pegou o envelope prata de dentro das vestes. "Eu não esperaria ver Regulus hoje," ele sorriu. "Ele manda suas desculpas, mas o idiota perdeu o convite."
"Você precisa ir embora," Narcissa insistiu, sem humor para os joguinhos do primo. "Vá, agora." Sua voz era amarga e fria, mas havia uma ponta de pânico nela.
Sirius balançou a cabeça. "Não sem você."
"Você perdeu essa cabeça estúpida, primo?" Ela sibilou para ele como uma víbora, rápida e seca. "Esse é o dia do meu casamento!"
"Não precisa ser," Sirius deixou de lado sua atitude casual. "Você pode fugir. Ser como Andromeda. Encontrar alguém que realmente a ama e que não vá te tratar como um elfo doméstico ou uma égua reprodutora," ele rosnou enquanto as palavras saíam de sua boca.
"Eu não quero ser como Andromeda," Narcissa disse com lágrimas ameaçando escapar.
"Ela é livre," Sirius tentou sorrir. "Livre de todo esse lixo de supremacia Puro-sangue."
"A própria irmã lançou um Crucio nela!" Narcissa argumentou, segurando as pontas do vestido enquanto começava a andar de um lado para o outro do quarto. "Na minha festa de noivado! E você, um garoto de catorze anos, foi o único que tentou parar, Sirius! Eu não sou Andromeda. Eu não tenho a habilidade de sair disso. Minha escolha já foi feita."
"Fizeram por você."
"Sim, fizeram por mim," ela concordou. "Assim como vão fazer com você. Minha irmã arruinou nós dois ao sair correndo com aquele Sangue-ruim," ela soltou, os olhos ficando frios e distantes.
"Não o chame disso!" Sirius latiu. "Você nunca os chamou assim!"
"É o que eles são," os olhos azuis dela se estreitaram. "Eles são Sangue-ruins e você é um Traidor do Sangue!"
"E os traidores do sangue estão certos!" Sirius gritou e deu um passo a frente, ficando cara a cara com ela querendo que ela recuasse e admitisse. "Cissa, não pense que eu não sei o que Lucius está aprontando. Eu ouvi meus pais falando com Abraxas na última Páscoa. Eu sei quem eles estão seguindo e o que eles estão querendo fazer," os olhos cinzas dele escureceram e ele segurou o braço dela para que ela não se afastasse.
"Não..." Narcissa implorou, sua armadura de pedra rachando.
"Cissa..."
"Por favor..." Ela pediu.
"Você está casando com a porra de um Comensal da Morte!" Ele gritou e ela caiu no chão, cobrindo o rosto. Sirius ficou ali, olhando a prima enquanto ela soluçava com as mãos no rosto. Ele cruzou a linha, mas não se arrependia. Lucius Malfoy era um Comensal da Morte e Narcissa precisava ser lembrada disso por alguém que não diria as palavras com reverência.
"Você vai se tornar um também, sabia," ela sussurrou para ele quando as lágrimas secaram.
"Nem fudendo!" Ele soltou.
"Você é muito jovem," ela disse baixinho enquanto se levantava, procurando no armário mais próximo um lenço de mão para secar os olhos. "Essa é a única razão deles não terem feito nada ainda. Não vê, primo?" Ela virou os olhos para ele tristemente. "Essa é a nossa vida. Obedeça ou morra."
"Como você quase morreu?" Sirius fechou a cara. "Ele lançou a Imperius em você, não lançou?"
Ela não negou. Ela apenas parou ali, os olhos vazios.
"Não lançou?!"
"Eu não estava ouvindo como uma boa esposa," ela concedeu. "Eu te disse. Obedeça ou morra."
"Eu salvei você," Sirius franziu o cenho. Ele a salvou e ela estava simplesmente ignorando. Ele imaginou se conseguiria achar o ritual de dívida de vida a tempo do casamento. Se ele soubesse onde procurar e como fazer, ele poderia mandar Narcissa ir embora. Mas então, o que isso faria dele? Apenas mais um bruxo forçando uma mulher a fazer o que ele quisesse.
"Você não deveria ter me salvado," ela suspirou. "Eu estaria melhor como algum memorial atrás das arquibancadas do Campo de Quadribol. Agora, eu sou a futura Sra Malfoy," Sirius empalideceu com as palavras. "E você é o herdeiro Black," ela disse firmemente. "Você tem que me esquecer e começar a se preocupar com você, Sirius."
"Sirius!" Mia murmurou da porta, tirando a capa para se revelar. "Vem vindo alguém."
"Você trouxa uma Potter para o meu casamento?!" Os olhos de Narcissa estavam arregalados. "Salazar! Sirius, você não pensa em sobreviver esse ano?!" Ela balançou a cabeça e foi para trás do primo, o empurrando pelas costas. "Vão embora, os dois!" Ela sibilou.
"Cissa, venha comigo," Sirius disse, um último pedido.
"Vá!" Ela chorou. "Saiam daqui!"
oOoOoOo
Uma hora depois, Sirius e Mia estavam na parte de trás dos jardins na Mansão Malfoy ao lado dos garçons contratados e elfos-domésticos. Sirius usou a Capa da Invisibilidade para encontrar o estoque de Firewhisky de Abraxas Malfoy e já tinha bebido quase metade da garrafa. Eles permaneceram em silêncio e escondidos, parecendo peixes fora d'água cos 'plebeus' que assistiam ao casamento na parte de trás da multidão enquanto Cygnus Black botava a mão de Narcissa na de Lucius antes que o bruxo responsável pelo casório as amarrassem juntas com duas cordas, uma preto, a outra prata, representando as duas Casas no casamento.
Introduções gerais foram feitas onde o bruxo falou de dever e honra, mas nunca amor. Sirius continuou a beber e Mia eventualmente tirou a garrafa de perto dele, tomando um grande gole antes de dar ao garçom que estava ao seu lado.
"Narcissa da Casa Black," o bruxo falou. "Vire-se para o seu novo Marido e faça o seu voto."
O mundo pareceu ficar silencioso.
"Eu, Narcissa da Casa Black, dou a você, Lucius da Casa Malfoy, minha virtude e minha... minha voz. Meu corpo e obediência," Sirius estremeceu com as palavras e Mia pegou a mão dele em um gesto de conforto. "Tomarei o seu nome como meu próprio e o manterei com honra e pureza. Eu prometo a você meu primeiro filh, o seu herdeiro que vai continuar o seu legado e a herança de seus pais. Eu... eu..." Narcissa parecia hesitar por um momento e Sirius prestou atenção, observando ansiosamente.
"Eu me ligo a você de bom grado até que a morte nos separe, e faço esse juramento sobre a minha magia. Suscipiam illud vinculum," ela entoou, e a corda preta ao redor do pulso dela brilhou antes de virar prata, combinando com a outra.
Sirius expirou forte e Mia apertou a mão dele mais forte. Ela esperou que Lucius fizesse o voto dele, mas quando nada aconteceu, ela juntou as sobrancelhas em confusão, principalmente quando o bruxo falou," Agora eu os declaro, unidos pela vida!"
Houve um aplauso educado e os convidados se levantaram de uma vez para formar uma fila a dar as suas felicitações aos noivos. Os garçons ao redor de Sirius e Mia foram imediatamente trabalhar, carregando bandejas de prata com taças de champagne e pequenas copos de Firewhisky.
"Acho que vou vomitar," Mia murmurou. "Ele não fez nenhum voto para ela. Ele deveria dizer alguma coisa," ela estava de boca aberta, ainda chocada com o que tinha visto.
"Vamos embora, Mia," Sirius franziu o cenho. "De repente, interromper a festa não parece tão divertido. Depois de ver minha prima disposta a se escravizar." Ele puxou a mão dela para ir embora, mas ela permaneceu parada como se ainda esperasse pela continuação da cerimônia. Como se alguém fosse gritar 'Espere! Nós esquecemos de algo!', mas ninguém gritou.
"Eu vi um casamento bruxo antes," ela pensou em Bill e Fleur que foram unidos com amor e devoção, cada um fazendo belos votos para o outro. "Não... não foi..."
"Normal?" Sirius perguntou. "Não. Essa foi uma cerimônia antiga de união," ele explicou. "Narcissa uniu a magica dela ao Malfoy pelo resto da vida. E não foi nem um vínculo de casamento adequado. Soou mais como..." ele hesitou e uma expressão amarga inundou seus belos traços. "Como o que acontece quando temos um novo elfo-doméstico."
Mia fez uma careta. "Existem diferentes tipos de vínculos?"
"O que?" Sirius olhou para ela com uma sobrancelha levantada. "É claro que..."
"Ora ora, o que temos aqui?" Uma voz os interrompeu e Mia congelou, seus olhos castanhos arregalados e horrorizados com a visão a sua frente. Ela segurou a mão de Mia como se fosse a sua vida, e ela silenciosamente começou a desejar que ela estivesse de volta em 1998, no dia seguinte ao seu aniversário onde ela e Sirius estavam a salvo e vivos.
"Bellatrix," Sirius olhou para a jovem mulher que estava parada na frente deles. Ela parecia a mesma que Mia lembrava, apesar de mais jovem. Seu cabelo preto tão espesso e brilhante e faltando os fios grisalhos que ela se lembrava. Ela compartilhava os traços afiados e angulares, que pareciam ser uma característica da família Black, e seus longos cílios eram idênticos aos que Mia se lembrava em uma Andromeda mais velha. "Eu diria que é bom te ver," Sirius estreitou os olhos. "Mas sua presença me faz querer lançar um 'Limpar' nos olhos..."
"Você está abusando da sorte, priminho," Bellatrix zombou. "Você ousa vir aqui, entrar nessa casa depois de tudo o que você fez?" Ela deu um passo à frente e Mia agarrou o bíceps de Sirius com os dois braços, se aproximando dele enquanto a palavra 'Crucio' ecoava em sua mente. "E você trouxe uma Potter como sua acompanhante?" Os olhos de Bella caíram sobre Mia e ela fez uma careta com um ódio no olhar que não rivalizava com o que a Bellatrix adulta tinha antes de lançar o Crucio em uma jovem Hermione.
"É tradição, não sabia?" Sirius sorriu desafiadoramente, parecendo sem medo da mulher que ele testemunhou torturar a própria irmã. "A união nupcial oficial com Traidores do Sangue. Vai trazer ao feliz casal muita sorte sorte para o casamento. Muias bênçãos, muitos filhos, blablabla," Sirius revirou os olhos.
"Você não é nada além de uma pequena mancha insolente na, outrora perfeita, Casa Black," Bellatrix deu outro passo à frente e Mia olhou para o rosto determinado de Sirius. Então, ela olhou para Bellatrix que encarava o primo, e se lembrou de ver uma Bellatrix mais velha com um enorme cão negro suspenso no ar atrás dela, cantando com alegria, 'Acabei de pegar o rebelde traidor do sangue. Sirius Black, de volta dos mortos.' Algo acendeu dentro de Mia e ela se viu pegando a varinha.
"Eu adoraria mais do que qualquer coisa livrar a nossa família de você de uma vez por todas, eu mesma!" Bella soltou e Mia se lançou na frente de Sirius, os olhos ardendo.
"Você não vai encostar um dedo nele!" Ela rosnou, a varinha levantada de encontro com a de Bellatrix.
"Mia..." Sirius engasgou e alcançou a mão dela. Ele não tinha tido medo antes. Não ele, mas ele sabia do que a prima era capaz, e ele tinha trazido Mia aqui, a implorou para vir e a pôs em perigo.
"Ah, ela tem fogo," Bellatrix sorriu para Mia. "Eu deveria tirar esse olhar da sua cara, garotinha," o sorriso se tornou uma careta.
"Eu já enfrentei piores," Mia olhou para a bruxa mais velha.
"Você tem sorte de que seja considerado azar derramar sangue na manhã de um casamento. Principalmente em um tão importante," o sorriso obscuro de Bella voltou e ela se inclinou para frente, sussurrando para Mia. "Talvez outro dia, garotinha. Eu espero ansiosa. Lidar com você, meu querido priminho e todos os seus adoráveis amigos traidores do sangue," ela riu. "Tem rumores de que você até tem um animalzinho de estimação, lobi-"
Ela foi muito longe.
"Você não vai encostar um dedo na minha família, sua vadia!" Mia soltou e se lançou para frente violentamente, apenas para ser contida por um Sirius de boca aberta.
"Você ousa falar comigo dessa maneira?! Você tem ideia de quem eu sou?!" Bellatrix guinchou. "Você traidora do sangue nojenta, eu vou adorar ver você morrer gritando!" As mãos dela tremendo de raiva e os olhos brilhando em fúria.
Mia lembrou dos gritos que ela tinha soltado nas mãos de Bellatrix Lestrange aqui mesmo na Mansão Malfoy. Ela gritou e gritou e, ainda assim, ela não morreu. Mas Bellatrix morreu. Mia se lembrava vividamente de ver um grande cão negro se jogando em cima da bruxa das trevas, a boca se fechando em torno da garganta dela, rasgando e arrancando a carne enquanto a bruxa lutava por ar.
Mia ficou ali, sem medo de Bellatrix Lestrange que a encarava ameaçadoramente.
"E eu vou adorar ver você morrer... sufocando," ela sibilou. Antes que Bellatrix tivesse a chance de levantar a varinha novamente, Mia apertou fortemente o bracelete no seu pulso, o mesmo em que Sirius estava segurando, e o encantou, "Portus!"
N/A: oi, pessoal! Preciso começar falando que fiquei muuuuito feliz com os comentários no último cap! Depois de postar vários no mesmo dia, eu merecia, né?
Mas agora voltamos ao normal, postando nas quintas e nos domingos!
Agora, eu adoro esse cap! Mia tá absurdamente fantástica! Como será que ela conseguiu a ajuda do Pirraça? Isso fica a critério da imaginação de vocês, porque não é explicado na história, do mesmo jeito que não explicaram como os gêmeos Weasley conseguem a ajuda deles no 5o livro, infelizmente :(
Mas a parte que eu mais gosto mesmo é ela respondendo a Bellatrix e dando aquela saída de mestre com um feitiço de último ano. Toma, Bella!
MEUS QUERIDOS, cap que vem teremos algo que muitos de vocês devem estar esperando há muito tempo! TAN TAN TAN TAN... Não vou contar, vão ter que esperar até domingo :) ou ler o cap em inglês, para os apressados hahahaha
No próximo cap eu respondo os comentários, porque não sei o que tá acontecendo, quando eu salvo o arquivo aqui não aparece as respostas :((
Mas em todo o caso, já deixei salvo no word o que eu escrevi pra vocês! MUITO obrigada pelo retorno, viu? Eu fico muito muito muito muito feliz em ver os comentários quando venho postar o capítulo novo, vocês não tem nem ideia do quanto! Me dá uma felicidade imensa! (símbolo de um coração aqui, o site não aceita)
Um beijo enorme em todos e até domingo!
