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The Debt of Time
Parte Dois – O Vira-Tempo
Capítulo Trinta e Nove: A Calmaria Antes da Tempestade
"...Without the mask, where will you hide?
Can't find yourself lost in your lie.
I know the truth now,
I know who you are..."
(Everybody's Fool - Evanescence)
25 de agosto, 1975
O Recanto – Residência dos Lupin
O resto do verão de algum modo rompeu em dias relaxantes e preguiçosos, antes desconhecidos. Depois de ir para a casa dos Potters no final de julho, os pais de Remus foram até lá para buscá-lo e os Potters aproveitaram como uma oportunidade para conhecer o jovem casal, para o interesse dos filhos. Hope Lupin foi fácil de convencer sobre o relacionamento do filho dela com a bruxinha, mas Lyall parecia nervoso e pessimista até que Dorea buscou antigos livros da biblioteca da família sobre lobisomens.
"Onde você arranjou esses?" Sr. Lupin perguntou a ela com os olhos arregalados. "Eu estudei tudo sobre os lobisomens e nunca tinha visto esses antes."
"De vez em quando pode ajudar ser associada com uma família que possui história sobre mexer com Artes das Trevas," Dorea deu de ombros. "É do meu conhecimento que os lobisomens foram usados em guerras passadas por Bruxos das Trevas que os chantageavam com a promessa de liberdade," ela balançou a cabeça. "Infelizmente, é uma coisa comum de acontecer. Eu imagino que vocês tenham ouvido os rumores?" Ela perguntou ao casal.
"Comensais da Morte," Lyall assentiu. "É assim que eles estão se chamando."
"Você acha que quem quer que esteja por trás dos ataques aos Trouxas e Nascidos-trouxas vá atrás dos lobos depois?" Hope arfou.
"Nós não sabemos dizer," Charlus balançou a cabeça. "Mas nós vamos oferecer a você e a sua família qualquer conhecimento que nós tivermos. O filho de vocês se tornou uma fixação na vida dos nossos filhos," ele acenou educadamente. "Minha filha, especialmente, tem um carinho pelo seu garoto."
Hope sorriu. Lyall endureceu.
Eventualmente, no entanto, os Lupins aprenderam a relaxar um pouco e depois de testemunharem por si mesmos a seguinte lua cheia e os efeitos da poção Mata-Cão de Mia, Lyall Lupin começou a mudar drasticamente a sua perspectiva sobre lobisomens. Mia fez todos prometerem não falar sobre a poção, e ela admitiu que outra pessoa que havia descoberto e que ela não iria tomar os créditos pelo trabalho de outro bruxo. Entretanto, ela garantiu a família que iria fazer a porção para Remus todo mês até que estivesse disponível para todo mundo.
Quatro dias após a lua cheia e os Marotos e Mia estavam no Recanto dos Lupin, aproveitando a grande floresta atrás da pequena casa. Sirius tinha afanado uma garrafa de Firewhisky do Sr. Lupin e convenceu cada um a participar da comemoração pelo ano seguinte em Hogwarts, que Sirius declarou que seria o melhor de todos. Ele estava visivelmente estressado durante todo o verão. Toda vez em que ele saía de Largo Grimmauld, seja para a Mansão Potter ou para o Recanto dos Lupin, Sirius parecia ter novos hematomas e arranhões e uma atitude amarga. Sirius afogou suas preocupações no Firewhisky e tinha retomado o hábito de fumar cigarros trouxas, para a desaprovação de Mia.
"Venham, vamos voar," Sirius disse pegando sua vassoura e olhando para os quatro amigos que estavam sentados em uma clareira na floresta.
"Absolutamente não," Mia balançou a cabeça. "Não importa que eu não voaria sóbria," ela zombou. "Mas eu não vou sentar em uma vassoura depois de beber Firewhisky."
"Criança," Sirius sorriu para ela.
"Por favor, tenha cuidado," ela franziu o cenho quando James levantou para acompanhar Sirius, pegando a própria vassoura, seguido por Peter que não conseguia evitar não fazer qualquer coisa que James e Sirius fizessem, mesmo que fosse fenomenalmente estúpida. Mia não evitou desejar que o pequeno rato caísse da vassoura intoxicado por Firewhisky.
"Vocês dois se comportem," James disse com um sorriso debochado, apontado para Remus que tinha um braço seguramente em volta dos ombros de Mia enquanto estavam encostados em uma grande árvore.
"Pensei que eles nunca fossem sair," Mia sorriu e se virou, segurando o rosto de Remus e dando um beijo nele. Remus, um pouco menos oprimido com a ideia de potencialmente infectá-la, respondeu na mesma moeda enfiando seus longos dedos na juba de cachos castanhos selvagens, segurando a boca dela firmemente contra ele enquanto ele avidamente roubava o ar dela.
"Maravilhoso," Mia murmurou enquanto se afastava lentamente dele, olhando para o sorriso maroto no rosto de Remus e o brilho ouro e âmbar nos olhos. Ele tirou a mão do cabelo dela, a botando no pescoço exposto e seguindo para cima enquanto trilhava a linha corada da garganta dela com um sorriso que dizia claramente que ele sabia a razão para a mudança de cor na pele dela.
"Você deve sempre parecer assim," ela sorriu brilhantemente para ele, a respiração presa momentaneamente enquanto ele passava o polegar pela linha da mandíbula dela, perfurando os olhos dela com um jeito predatório que a excitou.
"Como?" Ele perguntou.
"Convencido," ela riu suavemente. "Confiante," ela acrescentou com um doce sorriso.
"Difícil não ficar assim quando você reage desse jeito," Remus se inclinou para beijá-la, mas ela se afastou, provocando. O nariz dele torceu e ele soltou um baixo e necessitado rosnado antes que suas mãos a agarrassem pela cintura e a puxassem para o colo dele, onde os joelhos dela caíram de cada lado das pernas dele, o montando. Mia gemeu baixinho enquanto um calor se agrupava em sua barriga, ventilando para fora através de suas costelas e indo até o quadril onde ele segurava sua pele, enquanto ele habilmente deslizava as mãos para baixo da barra da blusa dela e passava os dedos ao longo da pele macia, causando calafrios.
"Bem assim," ele sorriu e a beijou de novo, profundamente e com força e Mia gemeu em sua boca.
Puramente por instinto, Mia moveu seu quadril para frente, mas antes que ela pudesse sentir o que ela inevitavelmente iria encostar, Remus a tirou de seu colo e a botou a uma boa distância dele, no meio de folhas secas e sujas. Ela olhou para ele surpresa enquanto tentava recuperar o fôlego e percebeu que Remus parecia fazer a mesma coisa, apesar dos olhos dele estarem totalmente fechados.
"Você está bem?" Ela perguntou para ele. "Não me venha hiperventilar agora," ela não conseguiu evitar rir um pouco. "Remus, sério, respire pelo nariz. Você parece que vai desmaiar."
"Não consigo," Remus disse balançando a cabeça.
"Não seja ridículo, claro que você consegue," ela se inclinou e começou a engatinhar de volta para ele, para ter certeza que ele estava bem. Enquanto ela pensava que a sessão de amassos tivesse sido maravilhosa, ela nunca pensaria que o levaria a um estado de inconsciência.
"Mia, por favor, não..." ele estremeceu um pouco e abriu um olho. "Eu posso..." ele parou, parecendo envergonhado. "Eu posso cheirar você," ele finalmente admitiu. "E se você não ficar bem onde está, eu não posso me responsabilizar pelos meus atos."
Ela levantou uma confusa sobrancelha com as palavras dele. "O que você quer dizer com cheirar..." e ela entendeu. Ela corou intensamente e cobriu a boca. "Ah Godric," ela murmurou, se sentando sobre os tornozelos e apertando as coxas como se fosse ajudar. Ela lutou para manter o olhar nele depois da momentânea humilhação.
"Por favor, não fique com vergonha," ele franziu o cenho. "Não é como se eu não estivesse aqui sem meus próprios problemas," ele fez uma careta para ela e os olhos dela arregalaram. Então, ela passou a olhar para o céu para que não olhasse para o que ela tão brevemente sentiu momentos atrás quando moveu o quadril para frente, em cima do colo dele.
"Isso é ridículo," ela admitiu. "Nós dois somos jovens adultos normais," ela limpou a garganta. "E não deveríamos estar envergonhados com a nossa mútua... atração."
"Só você para falar isso e ainda soar sexy," Remus deu uma risada. "Mas não, nós não somos jovens adultos normais," ele esclareceu. "Você é uma pequena bruxa demoníaca que parece determinada a fazer este lobisomem com sentidos extremamente sensíveis cair de joelhos."
Os olhos dela finalmente voltaram para ele e ela percebeu que não tinha nenhum traço de verde na íris dele agora. Ela estava olhando para o lobo por tras do homem, e o olhar dele era penetrante e a queimava por dentro. "Remus..." ela disse ele continuou a encará-la, então ela engoliu e murmurou. "Moony."
Remus sorriu sombriamente para ela e se inclinou para frente, a empurrando contra as folhas sujas, a boca dele devorando a dela. A derretia, a drogava, e ela choramingou quando ele se afastou dos lábios dela e depositou um beijo molhado na garganta dela. Ela revirou os olhos e arqueou o corpo, observando como Remus deu uma curta respirada pelo nariz e como o corpo dele passou a tremer em cima dela. O rosto dela corou com o calor quando ela percebeu o que estava acontecendo, e ela tocou o rosto dele com uma mão. "Remus," ela o chamou. "Remus, eu amo você."
Os olhos dele encontraram os dela e lentamente eles voltaram para o verde e ele quase caiu em cima dela. "Desculpe," ele admitiu suavemente. "É... Eu não consigo controlar..."
"Está tudo bem," ela sorriu e passou uma mão pelo cabelo dele gentilmente. "Se te faz sentir melhor, eu também acho difícil me controlar perto de você também," ela admitiu, as bochechas vermelhas com a confissão.
"Na verdade, não me faz sentir melhor," ele respondeu com uma curta risada enquanto se inclinava e encostava a testa no ombro dela para se acalmar. "Eu realmente sinto muito. Eu não tinha a intenção de ir tão... rápido," ele saiu de cima dela e olhou para baixo, as sobrancelhas unidas e os olhos pensativos.
"Remus, nós estamos namorando há quase um ano e o nosso primeiro beijo foi há apenas dois meses atrás," ela riu. "Eu acho que você tem ido devagar o bastante. Na verdade, eu deveria ter motivos para reclamar da sua falta de afeto até recentemente. Eu tenho sido uma bruxa bem paciente, sabia," ela sorriu e suavizou o olhar quando viu ele sorriu de volta e dar um beijo em sua bochecha.
"Eu só não quero... Machucar você... É estúpido da minha parte não estar completamente no controle," Remus murmurou.
"'O primeiro amor é um pouco de loucura e muita curiosidade,'" Mia citou com um sorriso que aumentou quando Remus olhou para ela e tirou o cabelo dos olhos dela.
"Shaw?" Ele perguntou levantando uma sobrancelha, fazendo o jogo deles. "Ele era um Trouxa," ele acenou.
"Sim," ela sorriu e se inclinou para beijá-lo. "Um Trouxa muito, muito esperto."
"Então nós somos loucos e curiosos?" Remus perguntou enquanto se deitava ao lado dela, apoiando a cabeça em uma mão enquanto com a outra entrelaçava os dedos com os dela. O sol se pondo atrás deles lançava um brilho sobre os corpos deles e Remus sorriu com a visão dos olhos dela brilhando âmbar por um momento, a pele dela tremendo um pouco, refletindo o vermelho e o outro do céu que escurecia aos poucos.
"Nós somos loucos por pensar que a nossa curiosidade é perigosa," ela olhou para ele. "Pelo menos um de nós é," ela cutucou o nariz dela e ele estreitou os olhos em resposta. "'O amor vai encontrar uma maneira de atravessar caminhos onde lobos temem caçar*,'" ela sorriu docemente.
"Citando Lord Byron para mim agora?" Remus levantou uma sobrancelha. "Você não está nem tentando," ele zombou e sentou, mas Mia alcançou o colarinho dele e o puxou para baixo de novo. Remus riu e afastou as mãos dela. "Absolutamente não," ele sorriu. "Não vou te recompensar por citar uma linha do The Giaour relacionada a lobos," ele balançou a cabeça. "É um poema sobre vampiros."
"Gostaria que eu citasse Chapeuzinho Vermelho?" Mia riu.
"Bruxa atrevida," Remus estreitou os olhos.
"Bruxa atrevida que acha que o bruxo dela está sendo um pouco dramático," Mia deu de ombros.
"Bruxa atrevida que esquece que o bruxo dela é um perigoso lobisomem," Remus disse, os olhos de repente sérios. "'Não precisa de nada além de um pouco de provocação para que o lobo devore o cordeiro.'" Ele a encarou fortemente.
"Eu não sou um cordeiro!" Mia soltou e ele pareceu sorrir com diversão.
"Não, você é uma leoa," ele riu.
"Sim, 'Ruge o leão a cada passo, uiva o lobo para a lua...'" Mia começou, mas foi interrompida.
"Nada de Shakespeare," Remus franziu o cenho. "Eu odeio Shakespeare."
"Retire o que disse," ela arregalou os olhos. "Ele é um dos maiores poetas e peças da história dos Trouxas!" E era a razão do nome dela ser Hermione – pelo menos na outra linha do tempo – já que Helen Granger era uma grande fã de "Conto de Inverno", por William Shakespeare.
"Bom, primeiro, ele era um bruxo," Remus esclareceu.
"O quê?!" Mia ficou boquiaberta.
"E segundo, ele era um bruxo que foi julgado e condenado por roubar os trabalhos dos Trouxas e obliviá-los depois," ele explicou claramente, de repente encantado que ele soubesse de algo que ela não tinha conhecimento, o que era surpreendente, considerando como ela parecia ser apaixonada pelo assunto.
Mia se irritou, fez beicinho, e então finalmente se resignou a ignorar a declaração mais recente de Remus até que ela tivesse uma chance de pesquisar sozinha. Ela estendeu a mão e puxou o colarinho dele, depositando um beijo firme nos lábios dele antes de sussurrar contra eles, "'Um lobo é bonito aos olhos de uma menina apaixonada.'"
"Você é incorrigível," Remus murmurou contra a pele dela antes de beijá-la de volta, os lábios se movendo lentamente, gentilmente como uma calmaria antes de uma tempestade.
oOoOoOo
20 de setembro, 1975
Hogwarts Escola de Magia e Bruxaria
Salgueiro Lutador
Mia e os Marotos voltaram para a escola em Setembro cada um com algo na cabeça. James, mais do nunca estava determinado em namorar Lily Evans, que por sua vez estava mais do que determinada em evitar James Potter a todo custo. Para retribuir os esforços dela em ser uma boa distração em junho, Remus prometeu a Lily – jurando pelos dois distintivos de Monitores deles – fazer o seu melhor para conter James nas declarações públicas de amor. Peter voltou para a escola com um machucado no ombro e, nem um dia depois da volta às aulas, tinha ganhado uma detenção por azarar um grupo de alunos do primeiro ano. Mia estava lívida, o resto dos Marotos estava preocupado com o amigo.
Sirius encontrou com os amigos no Expresso de Hogwarts parecendo nervoso e cheirando como se tivesse comido um maço inteiro de cigarros. Ele ficou inquieto a viagem inteira para Hogwarts e quando Mia casualmente mencionou a família dele, ele foi seco e falou para ela não se preocupar com ele. Remus e Mia, estranhamente os mais calmos do grupo só tinham o outro em mente, e Mia estava resoluta em seguir as regras dela: Viva a sua vida. Aproveite a sua vida.
E ela estava muito feliz em aproveitar cada momento da vida dela com Remus.
Remus, no entanto parecia ser mais resistente do que nunca, tentando se controlar. Aquele primeiro beijo tinha aberto uma comporta para o jovem lobisomem que - apesar da Poção Mata-Cão em cada lua - estava lutando com seu lobo interior toda hora. Mia insistiu que não era com o lobo, mas com o homem dentro dele e sugeriu que ele falasse com Sirius sobre isso. James certamente era um inútil quando se tratava de falar com alguém sobre a irmã, mas Mia imaginou que se alguém soubesse como ajudar Remus a se soltar, esse alguém seria o herdeiro Black.
Mas isso poderia esperar, porque os Marotos e Mia estavam aprontando alguma coisa que Remus não conseguia descobrir. Na manhã da lua cheia, Mia encheu o prato dele com porções extras, sabendo que ele iria precisar de energia à noite, e, surpreendentemente, em vez do chá matinal, ela estava bebendo suco de abóbora. Remus também percebeu que, em vez das típicas bebidas ao jantar, seus três amigos e sua bruxa estavam bebendo café com o jantar, e ele tinha certeza que viu Sirius e James tomarem o que cheirava como Poção Revigorante.
Ele tentou tirar esses pensamentos da cabeça enquanto ia para o Salgueiro Lutador e bem quando a Professora Sprout o deixou sozinho, cheiros familiares o assaltaram. Ele se virou com olhos arregalados e viu os amigos e a namorada, todos parados com sorrisos no rosto enquanto o encaravam ao lado da árvore congelada.
"O que vocês quatro estão fazendo aqui?" Remus levantou a sobrancelha.
"Pensamos que você iria querer companhia, Moony," James riu.
"O quê?" Remus os encarou. "Vocês... espera..." ele olhou para Sirius, James e Peter. "Quer dizer que vocês terminaram? Vocês realmente conseguiram?!" Ele gritou com excitação e medo. A sugestão de que os três Marotos virassem Animagos para fazer companhia a Remus durante a lua cheia se baseava na teoria de que eles não iriam ficar machucados. Claro que com a Poção Mata-Cão as chances eram melhores, mas ele ainda estava indeciso com a ideia.
"Nós tivemos uma ajudazinha," Sirius revirou os olhos e Mia deu uma cotovelada nas costelas dele.
"Mia?" Remus piscou para ela.
Os quatro amigos olharam em volta para terem certeza de que ninguém estava espiando e, então, eles se transformaram em suas formas Animagas. Os olhos de Remus ficaram ainda maiores com a visão. Prongs, o cervo, era grande e largo, enormes chifres se sobressaiam em cima da cabeça, curto pelo marrom cobrindo o corpo. Ele pisou na grama macia abaixo com um casco pesado e um pequeno roedor tomou conhecimento do movimento. Wormtail, o rato, escalou a perna de Prongs até pousar no ombro dele, ao lado dos grandes chifres, olhos lacrimejantes olhando para Remus.
Por outro lado, os outros dois caninos do grupos não pareciam tão calmos. Era o primeiro encontro oficial entre Padfoot e Mia na forma Animaga dela e os dois não estavam pensando direito. Padfoot, o enorme cão negro que mais parecia um urso, estava rosnando baixo e tentando manter presa no chão uma criatura menor e de cor vibrante, em sinal de dominância. Mia, na forma de uma raposa, lutava contra a grande pata do cão negro, e quando ela finalmente não aguentou mais as travessuras dele, afundou os pequenos e afiados dentes na perna dele, sua espessa cauda somente um borrão enquanto se afastava dele.
"Ai!" Sirius soltou enquanto voltava a forma humana. "Que diabos, Mia?" Ele estremeceu e olhou para o braço direito que foi perfurado, mas não sangrava.
"Tire suas patas imundas de mim, Sirius Black!" Mia gritou enquanto voltava a forma humana também. Os dois se encaram, apenas alguns centímetros separando as idênticas caretas.
"Não posso evitar," Sirius sorriu. "É a besta em mim," ele riu. "É uma forte necessidade de dominar e criar um pouco de hierarquia nessa... matilha," ele riu.
"Se existe alguma hierarquia no que quer que seja isso," ela zuniu. "Pode acreditar que eu estou a cima de você!"
"Você gosta de ficar por cima, é?" Sirius piscou.
"Ahem!" Remus rosnou enquanto se afastava do Salgueiro Lutador, encarando Sirius.
"Foi mal," Sirius deu de ombros. "Namorada, certo, entendi," ele assentiu. "Para ser justo, ela estava com a boca em mim," ele disse, mostrando o braço para Remus. Ele não pareceu se importar, enquanto parava em frente a Mia.
"Por que você não me contou?" Ele perguntou.
"Eu queria que fosse uma surpresa," ela sorriu nervosamente. "Posso ir junto?" Ela implorou.
Remus já podia sentir a força da lua enquanto ela subia, os olhos ficando primeiro ouro e depois âmbar, a cor do lobo. Ele sorriu e tomou o rosto dela, pressionando os lábios nos dela e mergulhando para um profundo beijo. Sirius olhou para longe com um sorriso, enquanto que o cervo à esquerda de Remus pareceu ficar encarando, e logo Remus sentiu um chifre o cutucar forte no ombro.
"Ai!" Remus soltou e, então, olhou para Prongs rindo.
"Nós devemos nos apressar," Mia disse, apontando para a árvore. "Peter, uma ajuda," ela disse e observou enquanto o rato pulava de cima dos chifres de Prongs e avançava sobre a grama até o pequeno nó na árvore que parou os galhos violentos. "Vamos," Mia disse, mas antes que tivesse a chance de andar, Remus a beijou de novo.
"Você fez isso por mim?" Ele perguntou a ela.
"Eu faria qualquer coisa por você," ela disse radiante.
"Então, antes que ela tenha chance de dizer não, eu voto para que o novo nome de Mia seja Foxy," Sirius sorriu.
"Absolutamente não!" Mia vociferou enquanto pegava a mão de Remus e os dois passavam por Sirius para baixo da árvore. James voltou a forma humana para que conseguisse caber na passagem apertada para a Casa dos Gritos.
"Que tal Vixen?" Sirius falou atrás deles.
"Que tal eu te morder de novo?" Mia ameaçou. "Eu odeio apelidos."
"Não é um apelido, é um nome Maroto!" Sirius apontou.
"Eu não sou um Maroto," Mia insistiu.
"Então, o que diabos você é?" Ele deu uma risada meio latido.
"Minha," Remus sorriu intensamente e entrou na Casa dos Gritos com um sorriso no rosto pela primeira vez na vida.
oOoOoOo
A Casa dos Gritos
Os quatro amigos deram a Remus privacidade para se trocar enquanto eles esperavam do lado de fora, ouvindo de perto enquanto ele se transformava do outro lado da porta. Apesar de terem feitos brincadeiras nem dez minutos atrás, quando todos ouviram os sons agressivos de Remus gritando para além da barreira que os separava do lobo, Mia deixou escapar um soluço silencioso e Sirius puxou-a para um apertado abraço reconfortante.
"Eu não sabia," James murmurou, uma careta no rosto. "Eu não sabia que era tão ruim assim. Ele parece... Godric, parece que..."
"Parece que alguém está lançando um Crucio nele," Sirius respondeu parecendo saber.
Mia limpou as lágrimas do rosto e se virou para a porta quando os gritos pararam. "Vamos lá, Padfoot entra primeiro, seguido por mim, depois Prongs e Wormtail," ela instruiu cuidadosamente. James pareceu não gostar da ordem, mas Mia insistiu. "Nós dois somos caninos, predadores. Desculpa, irmãozão, mas você é a presa," ela disse com olhos arregalados. "Nós precisamos ter cuidado com a nossa aproximação."
E todos se transformaram.
A pequena raposa entrou no quarto lentamente atrás de Padfoot, os olhos âmbar imediatamente indo para o lobo que – exatamente como ela se lembrava – era lindo. A grande besta estava olhando para baixo, para o cão negro a sua frente, e Padfoot era esperto o suficiente para deitar no chão, as orelhas para trás e a cauda encolhida em sinal de submissão. Mia fez a mesma coisa, deitando no chão apesar de manter os olhos treinados em Moony, que captou o olhar dela e lentamente deu um passo atrás, acenando com a cabeça.
Remus ainda estava ali.
Graças a Godric pela Poção Mata-Cão, Mia pensou.
A pequena raposa se levantou e andou até Moony, esfregando a cabeça contra a grande pata do lobo, sua espessa cauda vermelha envolvendo a pata. Moony se abaixou e esfregou o nariz contra o rosto da raposa antes de se levantar e fazer o mesmo com Padfoot. Marcando a essência dos dois. A porta se abriu de novo enquanto Prongs entrava, Remus rosnou primeiramente, mas a pequena raposa o mordeu na pata em sinal de censura, o trazendo de volta a razão e o lobo deu uma curta respirada antes de esfregar o nariz no cervo e no rato.
Submissão estabelecida, os cinco animais passaram a agitada noite andando pela Casa dos Gritos. Um constante borrão de preto e vermelho enquanto o cão de grande porte caía sobre a pequena raposa, um sempre desesperado para prender o outro e criar a hierarquia que Sirius havia mencionado anteriormente. Apenas uma vez as coisas ficam fora de controle.
oOoOoOo
Bem cedo de manhã, enquanto a lua ainda estava no céu, a pequena raposa enrolada contra o gigante lobo, a cabeça repousando entre as patas e relaxando enquanto sentia respiração vinda do lobo diretamente no rosto dela, enquanto seus focinhos deitavam no chão lado a lado. Do outro lado do lobo descansava o enorme cão negro, roncando com a cabeça encostada no ombro do grande cervo, que dormia profundamente com as patas dobradas debaixo dele. As orelhas da pequena raposa captaram um barulho, e os olhos âmbar se abriram para olhar ao redor do quarto onde ela viu um rato andando rápido.
E de repente a visão dele trouxe uma vívida memória.
A Casa dos Gritos. Sirius. Remus. Harry. Ron.
"Diga a eles o que quiser. Mas o faça rápido, Remus. Eu quero cometer o assassinato que me fez ser preso..." o Sirius mais velho e machucado dela tinha mandado. "Vocês-vocês têm que me ouvir. O rato – olha para o rato –"
"Nós estávamos tendo uma conversinha, Peter, sobre o que aconteceu na noite em que Lily e James morreram," Professor Lupin, com os mesmos olhos verdes – decepcionados – disse, encarando o pequeno homem.
"ENTÃO VOCÊ DEVERIA TER MORRIDO!" Berrou Sirius. "MORRER EM VEZ DE TRAIR OS SEUS AMIGOS, COMO TERÍAMOS FEITO POR VOCÊ!"
A pequena raposa olhou para o roedor na frente dela, a memória alimentando uma raiva profunda dentro dela. Algo primitivo, algo predatório que ela não sentiu antes na forma Animaga. Mas ela sentia agora enquanto os olhos âmbar o encaravam.
Rato. Peter. Perebas. Wormtail.
Traidor!
Houve um alto e estridente latido seguido de um rangido agudo e, de repente, os três maiores animais acordaram instantaneamente enquanto a pequena raposa mergulhava por cima da cama no canto do quarto, perseguindo o rato que se enterrou no colchão. Com um grunhido, a raposa começou a cavar, agitada, tentando pegar com a mandíbula qualquer montante de carne que conseguisse. Logo, algo pegou seu pescoço e ela foi levantada, olhando para cima confusa enquanto o cão negro gentilmente a carregava para longe da cama, a botando em frente ao cervo e lobo, que a olhavam curiosamente. O rato reapareceu no chão, olhando para eles, e a raposa se virou e sibilou viciosamente antes que o cão se abaixasse no chão em frente ao rato e rosnasse para a raposa.
Não! Me deixa... me deixa... Mia pensou e tentou implorar com os olhos âmbar para Padfoot, que a encarou como se ela tivesse perdido a cabeça. Ela podia sentir a respiração de Moony nela, vinda de cima, e um olhar para o lado mostrou Prongs a encarando.
Ela deu uma lenta respirada, e se virou de costas para todos, se enrolando em uma bola no canto do quarto, enfiando o rosto nos pelos da cauda. Fechou os olhos para a luz da lua, dos olhos dos amigos, do guincho do traidor e das dolorosas memórias do futuro.
oOoOoOo
Eles acordaram na manhã seguinte e Mia se virou para permitir que Sirius e James cobrissem um Remus nu que ainda dormia e que não possuía nenhum machucado, além de alguns arranhões da transformação.
"Quer nos contar o que foi aquilo de manhã?" Sirius perguntou com os braços cruzados no peito.
"Instintos," Mia respondeu baixo. "Acho que não estou acostumada a controlá-los na forma Animaga."
"Dá para entender isso, acho," James deu de ombros, passando a mão pelo cabelo bagunçado. "Mas eu ainda acho que você deve um pedido de desculpas ao Peter."
Mia respirou lentamente e olhou para o irmão como se ele tivesse pedido para ela beijar um Dementador. "Eu não vou me desculpar por agir por instinto," ela rosnou.
"Mia," Remus gemeu do canto. "Por favor..." ele implorou. "Eu não quero que ninguém brigue."
Ela se virou amargamente para longe de todos eles e depois, lentamente, trouxe seu olhar para Pedro, que olhou para ela com olhos lacrimejantes. Era difícil agora não vê-lo por aquilo que ele realmente era. Roubando coisas do carrinho, fazendo bullying com crianças mais jovens, espionando seus amigos - que ela já tinha flagrado ele fazendo duas vezes este ano. Agora que ela era um Animago ela podia ver tudo. Ver Perebas, o rato sem um dedo. Sem um dedo porque ele o perdeu enquanto se defendia contra Sirius. Sirius, que pensou que Remus era um espião, quando o tempo todo era Peter. Peter, que traiu os amigos dela, em vez de morrer por eles como eles teriam feito por ele. Peter, que fez com que James morresse.
"Sinto muito, Peter," ela disse entre dentes.
James, Sirius e Remus sorriram aliviados com as palavras dela.
Peter a encarou aterrorizado, como ele deveria ficar.
N/A: queridos, não me matem, por favor! Sei que tenho sido uma relapsa, mas é por um bom motivo.
Essas duas últimas semanas na faculdade foram pior do que o inferno, com tantas monografias e provas quanto possível.
Me desculpem mesmo, prometo que vou tentar recompensar vocês!
A boa notícia é que passei em tudo e estou de férias por um mês, então vou poder me concentrar em adiantar tantos capítulos quanto eu conseguir!
Eu já tinha todos os capítulos traduzidos, mas meu notebook deu um problema durante a semana passada e perdi tudo :(
Depois que formataram ele direitinho e eu fui conectar o hd externo para passar os caps que eu tinha salvado nele justamente para evitar isso, parece que deu algum curto (não entendo isso direito) e perdi o que tava nele também! Fiquei revoltada da vida e estou tendo que traduzir tudo de novo...
Espero que entendam e realmente peço desculpas por não ter dado nenhum aviso.
Mas agora voltamos ao normal e domingo eu posto o próximo cap :)
Motoko Li: é realmente triste haver pais preconceituosos, quando deveria ser o máximo do amor! Os pais Potters, ainda bem, compensam isso com todos os meninos :)
Realmente, esse último cap foi bem curtinho, o de hoje acontece bem mais coisas, espero que você goste :)
Finalmente conhecemos a forma Animaga de Mia, achei bem condizente com a personalidade dela!
Desculpa pela demora imensa em postar o novo capítulo :(
Até domingo!
Nanda Soares: tadinho mesmo, mas ele tem os Potters para darem tanto amor e carinho que ele vai explodir hahahaha
O que achou desse cap? Descobrimos a forma Animaga de Mia, aleluia!
Até o próximo cap!
