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The Debt of Time
Parte Dois – O Vira-Tempo
Capítulo Quarenta e Cinco: Incrivelmente Estúpida
"...Are you aware of what you make me feel, baby
Right now I feel invisible to you, like I'm not real
Didn't you feel me lock my arms around you
Why'd you turn away?..."
(Losing Grip - Avril Lavigne)
14 de fevereiro, 1976
Hogwarts Escola de Magia e Bruxaria
Torre da Grifinória
"Eu estou sendo incrivelmente estúpida?" Mia franziu o cenho enquanto parava na frente de um espelho que ia do chão ao teto no dormitório que dividia com Lily, Alice e Mary, olhando para a roupa escolhida.
Ela ainda tinha que se ajustar completamente à moda Trouxa da década de 1970 e era uma preocupação rara, considerando que ela praticamente só usava os robes do uniforme e em casa todas as suas roupas eram feitas por Tilly. No entanto, quanto mais ela crescia, mais ela era forçada a ir fazer compras com suas amigas, que sempre pareciam acabar em algum lugar da Londres Trouxa. No verão, Lily tinha insistido que Mia comprasse a calça jeans e boca de sino mais apertada que podia existir. Mia empalideceu com o reflexo, balançando a cabeça e rindo com o fato de que ela estava quase idêntica às antigas fotos de sua mãe Trouxa. Sua roupa acabava com uma blusa florida, o colar do Galeão encantado que James tinha dado de presente, os brincos do jovem Sirius e o bracelete de ouro de duende do Sirius adulto.
"Estúpida por quê?" Lily perguntou. "Você está maravilhosa, a propósito," a ruiva sorriu enquanto deslizava para dentro de uma calça azul escura, seu longo cabelo ruivo estava levemente ondulado e jogado sobre os ombros.
"Eu estou ridícula," Mia franziu o cenho. "Isso está muito apertado. Por que calças precisam ser tão justas?"
"Isso é moda Trouxa," Lily explicou com um sorriso. "Vocês Puro-sangues são muito divertidos," ela riu um pouco enquanto ajudava Mia com o cinto, ignorando o olhar fulminante que a amiga lançava na sua direção. "Além disso, eu nunca vi você reclamando de calças justas quando os meninos usam."
"Eu não faço ideia do que você está falando," Mia corou.
"Ah, por favor," Lily riu.
"Agora..." Mia suspirou. "Eu sou incrivelmente estúpida?" Ela perguntou de novo.
"Estamos falando sobre o fato de você azarar vinte garotas no Grande Salão nessa manhã por darem em cima do Black?" Lily perguntou sua voz de Monitora. Mia revirou os olhos.
"Foram dezessete," ela zombou. "E elas não deram em cima do Sirius, elas tentaram envenená-lo!" Mia suspirou e passou a mão pela blusa, tentando endireitá-la. "Além disso," ela deu uma longa respirada, tentando se acalmar. "Eu já dei o contra-feitiço para Madame Pomfrey. Elas vão ficar bem." Devidamente avisadas, mas bem.
"Então, a sua autoimposta estupidez deve ser por causa do rumor do seu encontro com um famoso Lothario?" Lily perguntou com uma sobrancelha levantada, tentando soar divertida, mas franzindo o cenho quando viu o olhar magoado no rosto de Mia. "Ah, Mia, eu só estava brincando," ela pegou as mãos da amiga e a puxou para sentar ao seu lado na cama.
"Eu não sou boa nisso, Lily. Eu não posso olhar para ele e não pensar no..." Mia franziu o cenho.
"Passado dele?" Lily estremeceu.
Futuro, Mia pensou, mas não falou nada.
"Isso te deixa nervosa? As fofocas sobre ele?" Lily perguntou.
"Não," Mia disse, surpresa com sua resposta, mas, então, ela sabia da reputação do Sirius adulto bem antes de ser enviada para 1970. "O que me perturba é que não dá para confiar nele. Não confio que ele vá me dizer a verdade. Ele é todo sarcasmo e piadas, e apesar de ser cativante – um pouco," ela revirou os olhos. "Ele não se abre sobre nada. Me assusta."
"Você namorou um lobisomem por um ano," Lily apontou.
"Sim! E eu tenho mais medo da droga do Sirius Black!" Mia gritou. "O que diabos isso diz sobre mim?"
"Provavelmente que você realmente gosta dele," Lily franziu o cenho. "E que você tem medo das coisas ficarem mais sérias e sair machucada. Acha que ele te machucaria?"
"Ele não pode," Mia franziu o cenho, pensando no que sua mãe tinha falado sobre o vínculo de alma e em como ela e Sirius seriam incapazes de machucar de verdade o outro. Mas ela sabia que não era isso que Lily quis dizer. "Eu conheço o Sirius há anos," ela disse, evitando o número especifico. "E ele sempre esteve no limite dessa linha estranha entre protetor, amigo e... e outra coisa."
"Ele é a razão por você e Remus terminarem?" Lily perguntou com as sobrancelhas juntas.
"Sim," Mia admitiu. "E não. É complicado," ela suspirou e enterrou o rosto nas mãos.
"Descomplique," Lily sorriu.
Mia encarou a amiga. "Não acho que eu consiga," ela quase riu com a ideia de confessar seus segredos para a ruiva. Contar a ela como foi enviada ao passado por um Remus mais velho que possuía esposa e filho, mas que nunca mencionou que tinha namorado com ela no passado. Como Sirius tinha morrido e como ela o tinha trazido de volta para vida, provocando um antigo e raro vínculo que ligou os dois. Ah e também que você é a mãe do meu melhor amigo e o pai dele, também conhecido como seu marido, é o meu irmão, Mia pensou e riu um pouco. "Vamos dizer que Remus e eu não era para ser."
"Você realmente acredita em almas gêmeas?" Lily sorriu debochada.
"Lily, existem algumas coisas que, como uma Nascida-trouxa, você vai precisar abrir um pouco a mente," Mia disse e, então, riu silenciosamente, percebendo como ela ficaria revoltada se alguém tivesse dito isso a ela. "Lobisomens possuem companheiras. Eu não sou a de Remus," ela declarou claramente. "Se eu fosse, acredite em mim, eu estaria com ele."
"Ah," Lily franziu o cenho. "Ele sabe..."
"Quem é a companheira dele?" Mia balançou a cabeça. "É raro que lobisomens as encontrem. Eu acredito que ela está aí fora, mas ele não está tão seguro."
"Então, isso significa que ele não pode ficar com mais ninguém?" Mia conseguia ver a tristeza nos olhos verdes de Lily e ela não pôde evitar sorrir com uma empatia tão pura e profunda.
"Ele pode, só que... Não sei. Ele descreveu como se soubesse que a perfeição estivesse ali, mas que ele não conseguia alcançá-la. Como tentar coçar um ponto nas suas costas. Você pode se contorcer o quanto quiser, e pode ser bom, mas se você não conseguir alcançar aquele ponto, então é um pouco frustrante," ela estremeceu com o pensamento, desejando que ela pudesse contar a verdade a Remus para que ele não precisasse se preocupar com o futuro e ficar achando que nunca iria encontrar sua companheira verdadeira.
"Isso é horrível," Lily balançou a cabeça. "Coitado do Remus. Mas como o Sirius entra nisso?" Ela perguntou.
"Você poderia dizer que... nossa mágica é compatível," Mia deu de ombros, não sabendo como explicar sem confessar muita coisa. Dumbledore a aconselhou a guardar seus segredos para a segurança dos outros e se havia alguém que ela queria proteger tanto quanto os seus meninos, era Lily Evans. Ela sabia o que iria acontecer no final, mas se havia uma única coisa que Mia não iria deixar para o acaso era o nascimento de Harry Potter.
"Eu acho que você deveria dar uma chance," Lily soltou. "Se a única razão que está te segurando é porque você está com medo, então isso não é muito Grifinório de você," a ruiva falou firmemente. "Então..." ela respirou fundo e Mia não conseguiu não sorrir com o súbito entusiasmo da amiga. "Chega disso! Pegue essa bundinha nessas calças justas e vá já lá para baixo e se divirta no encontro!"
"O seu otimismo é tão infeccioso quanto incrivelmente irritante," Mia sorriu. "Falando em encontros, como está Amos?" Mia riu um pouco e Lily ficou com um olhar zangado.
"Ele vai viver. Seu irmão, por outro lado..."
oOoOoOo
O Hall de Entrada
Lá embaixo, James estava de beicinho na frente das portas do castelo enquanto os outros alunos se aglomeravam para sair. Remus já estava na cama descansando para a lua cheia que seria na noite do dia seguinte e Peter estava na Ala Hospitalar – aparentemente dezessete poções de amor pediam mais do que um simples antídoto. James estava no Campo, mas veio ver Mia e Sirius irem embora.
"Não agarre minha irmã," James disse ferozmente. "Não toque na bunda da minha irmã. Não toque na cintura da minha irmã. Não toque no..." ele bufou. "Não toque na minha irmã," ele declarou.
"E se ela tropeçar e cair e se machucar?" Sirius sorriu. "Você espera que eu a deixe lá no chão? Isso não seria muito cavalheiro da minha parte."
"Você não é um cavalheiro, Padfoot," James o encarou. "Daí este pequeno discurso."
"Eu me lembro do discurso que você deu para o Moony, eu acho que você pode trocar o nome dele pelo meu e nós terminamos," Sirius riu.
"Você ganha um discurso diferente, idiota," James rebateu. "Minha irmã não vai ser mais uma na porra da sua cama."
"Tão pouca fé em mim, Prongs?" Sirius disse com um tom de voz despreocupado, mas seus olhos cinzentos se estreitaram.
Eram momentos como este que o faziam se arrepender de todas as noites de transas rápidas que tinha tido nos armários de vassouras. Claro que quando acontecia era ótimo para enterrar os sentimentos de merda que ele sentia dentro de si. Transar com Nascidas-trouxas e Mestiças sempre o faziam sorrir um pouco, como se, de algum modo, ele estivesse arruinando o nome da família Black no processo. Os curtos momentos doces que ele compartilhava com garotas aleatórias o ajudavam a esquecer que, eventualmente, ele teria que ir para casa, onde ele era constantemente lembrado dos deveres da família. Sua família não fazia nada além de dizer a ele que pedaço inútil de traidor de sangue lixo ele era. Bom em nada. Bom, Sirius sabia que pelo menos em uma coisa ele era bom e tinha uma lista de garotas para comprovar isso.
Depois do feriado de Natal, seus pais sentaram com ele e o disseram que estavam no meio do processo de procurar uma futura noiva para ele e, de repente, as noites escandalosas com as Corvinais deixaram de ser divertidas. Ele faria dezesseis em novembro e sua mãe resmungava e gemia sobre como Sirius tinha que ter sido marcado para a causa no Natal, mas o convidado de honra tinha negócios em outro lugar. Sirius não queria saber sobre quem eles estavam falando, mas ele sabia exatamente o que eles queriam dizer quando falaram a palavra 'marcado'. Na maioria das noites ele teve dificuldades para dormir, temendo as férias de verão, quando ele sabia que precisava ir para casa. Dias ridículos como o Dia dos Namorados o faziam viver o momento, esquecer que ele teria que encarar as expectativas da família em breve. Ele podia ser um adolescente estúpido e impulsivo por agora.
Mas James era rápido em lembrá-lo que ele não podia ser nem estúpido nem impulsivo com Mia.
"Muito bem, eu não vou tocar na porra da sua irmã," Sirius encarou o melhor amigo.
"Uau," Mia fez uma careta no final da escada atrás deles. "Belo jeito de começar o nosso encontro," ela disse sarcasticamente enquanto passava pelos dois garotos, empurrando Sirius com o ombro enquanto andava. Lily, bem atrás dela, direcionou a James um olhar fulminante enquanto andava até a porta, cruzando os braços com Amos Diggory quando o alcançou.
"Fantástico," Sirius gemeu. "Obrigado por isso, parceiro." Ele deu um tapinha nas costas de James antes de correr atrás de Mia. "Mia!" Ele gritou para ela, mas ela não parecia que ia parar. "Mia, merda," ele sibilou enquanto suas botas de couro de dragão pareciam não ser muito boas para correr na neve. "Gatinha, você pode esperar?!"
"Cuidado," ela se virou e o olhou. "Não chegue muito perto. Não queremos que você acidentalmente me toque."
"Você sabe que isso foi por causa da porra do seu irmão," Sirius revirou os olhos. "Aparentemente eu sou bom o suficiente para ser o melhor amigo dele, mas muito distante de ser digno o suficiente até mesmo para segurar a sua maldita mão."
"Você realmente pensa que James é capaz de esquecer a sua reputação?" Ela perguntou a ele rispidamente.
"Considerando quantas vezes ele me pede detalhes, eu tenho quase certeza que isso seria impossível. A não ser que você saiba como o Obliviar para mim," Sirius sugeriu com um sorriso. "Olha, se você não quer que isso seja um encontro de verdade, me fale agora, gatinha."
Mia não disse nada.
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Vila de Hogsmeade
"Por que você e Remus terminaram?" Ele perguntou, quebrando o silêncio entre eles que já durava desde a saída de Hogwarts. O caminho estava cheio de outros estudantes, na maior parte casais correndo para a Dedos de Mel ou Madame Puddifoot. Mia revirou os olhos com a visão e Sirius percebeu, deixando escapar uma risada. "Eu achei que você era uma romântica," ele admitiu. "Você e Moony vivem recitando poesia um para o outro."
"Nem sempre poesia," Mia argumentou, se virando para olhá-lo. "E quanto ao término, eu te disse. Nós somos melhores como amigos," ela deu de ombros.
"Mas você está disposta a vir em um encontro comigo?" Sirius perguntou. "Isso significa que a nossa amizade não vale a pena ser salva?"
"Onde você quer ir primeiro?" Mia perguntou ignorando as perguntas dele.
"Você lidera," Sirius de ombros e começou a segui-la pelas ruas. "Então, se você e Remus são melhores como amigos, por que vocês dois continuam se esgueirando pelos cantos juntos?" Ele perguntou abruptamente.
"O quê?!" Mia se virou boquiaberta para ele.
"Você e ele ainda continuam juntos," Sirius a encarou. "Eu sei que sim. Ele sai no meio da noite às vezes e volta cheirando a sabonetes do Banheiro dos Monitores."
"Eu acho que ele vai tomar banho," ela revirou os olhos. "O que isso tem a ver comigo?"
"Você cheira aos mesmos sabonetes," Sirius apontou e sentiu um rosnado profundo dentro do peito querendo sair quando percebeu a pele do pescoço dela corar com as suas palavras. "Fazendo viagens juntos para o banheiro privado para uma pequena sessão de amassos pós término?"
"Verde é uma cor horrorosa em você," ela se virou e falou com rispidez para ele.
Sirius a encarou. "Eu não divido."
"Eu não sou sua," ela apontou.
"Engraçado, o jeito que você azarou todas aquelas garotas hoje de manhã pareceu justamente o contrário," ele sorriu debochado para ela, um olhar convencido estampado no rosto. A irritou. Enquanto ele parecia com o belo Sirius do futuro, sua atitude arrogante o fazia parecer mais com Draco Malfoy, e essa ideia a fez querer socá-lo.
"Eu teria feito a mesma coisa por Jamie ou Remus," ela insistiu. E era verdade. Ela só não teria ficado tão furiosa.
"Então, vamos deixar algumas coisas claras, gatinha," ele disse enquanto continuava seguindo a menina, lançando um olhar sombrio a Snape enquanto observava o jovem Sonserino entrar na Dervixes e Bangues. "Você está irritada comigo porque eu te beijei alguns anos atrás e fui embora, porque te beijei no último Natal e fui embora ou porque eu disse ao James que não iria tocar em você?"
"Nada!" Ela soltou. "Tudo!" Ela bufou.
"Godric, você é tão frustrante," ele suspirou irritado. "Quando você e eu nos tornamos incapazes de apenas... eu não sei, conversar?" Ele perguntou, pegando a mão dela e a virando para si. "Nós somos amigos desde os onze anos, Mia. Você parecia bem comigo na maior parte do tempo em que namorou com Remus. E agora ou você está irritada comigo o tempo todo ou... fazendo carinho na porra da minha cabeça no Salão Comunal."
"Quer que eu pare?" Mia zombou.
"De ser irritar? Sim!" Sirius gritou. "O que diabos você quer de mim?"
"Eu não sei!" Ela rebateu. "Eu não sei," ela repetiu as palavras, dessa vez sussurrando.
"Você pode tentar descobrir?" ele perguntou sinceramente.
"Aprenda Oclumência," ela falou do nada. "Aprenda Oclumência e eu te conto tudo."
"Você está guardando segredos?" Ele perguntou com um sorriso levemente divertido.
"Todas as garotas possuem segredos," ela riu baixinho.
Os dois caminharam até o Três Vassouras e Sirius deu seu charmoso sorriso para a jovem garçonete. "Rosie," ele sorriu. "Duas das suas melhores Cervejas Amanteigadas para mim e a adorável madame," ele disse, guiando Mia com uma mão descansando na lombar dela. Madame Rosmerta sorriu afetadamente para Sirius, revirando os olhos para o apelido carinhoso e as palavras carismáticas enquanto pegava as bebidas dos adolescentes.
O casal comeu em um silêncio enquanto Mia parecia pensar na situação deles. Sirius deu a ela o tempo que ela precisava, apesar dele nunca ter oferecido tanta paz a nenhuma outra garota que o ignorasse durante um encontro. Depois de um longo tempo, ela olhou para ele, sorriu e aquele brilho nos olhos dela tinha voltado. Acendeu algo dentro de Sirius e o fez sorrir para ela. Não o seu sorriso charmoso, mas um sorriso verdadeiro. Um sorriso genuíno e ele o deu para ela porque neste momento ele estava feliz de verdade.
"Sinto muito por antes," Mia admitiu. "Eu só... Acho que estou tendo problemas de confiança recentemente," ela tentou explicar, mas sabia que tinha sido completamente insuficiente. Sirius sorriu de volta, não a perdoando em voz alta enquanto caminhavam de novo pelas ruas. "Se importa se paramos na Dedos de Mel? Prometi ao Remus que levaria alguns Sapos de Chocolate," ela sorriu.
"Comprando presentes para o ex durante um encontro?" Sirius provocou. "Você não está ajudando muito o meu ego, gatinha." Ele riu e ela sorriu debochada para ele, sabendo que ele estava brincando. "Vai lá," ele apontou. "Eu estava pensando em ir na Zonkos."
"Vai demorar apenas uns minutos," Mia sorriu e apertou a mão dele, caminhando até a loja de doces.
"Eu estava pensando se você iria aparecer," uma leve voz falou atrás dele e Sirius se virou para ver Marlene McKinnon se aproximando dele.
"McKinnon," Sirius acenou.
"Você não respondeu o meu cartão," ela fez beicinho, os olhos azuis brilhando. "Machucou meus sentimentos," ela sorriu charmosamente, flertando e passando a mão pelos seus longos cabelos loiros.
"Se você não percebeu, eu montei uma pilha enorme com o correio," Sirius riu. "Sou um cara popular."
"Eu vi," ela olhou em volta, percebendo que ele estava sozinho.
"Meu par está na Dedos de Mel," ele explicou.
"Nova namorada?" Ela perguntou.
"Você me conhece melhor do que isso," ele riu. "Quando eu tive uma namorada?"
"Achei que eu tinha chegado perto," ela se inclinou, tocando o colarinho dos robes dele. "Você não concorda? Acho que o que tivemos foi bem especial."
"Especial, sim," Sirius concordou, não querendo machucar os sentimentos da garota. "Mas passageiro. Não sou bom com comprometimento. Você sabe disso," ele deu de ombros, esperando que isso a afastaria, mas somente a fez segurar mais forte.
Ela encarou bem nos olhos dele e Sirius gemeu irritado. Ele conhecia aquele olhar. Era o olhar que ela deu na manhã seguinte quando ele a deixou na frente da Casa dos Gritos depois do primeiro amasso deles. Era o mesmo olhar que ela deu mais tarde quando o viu depois da primeira transa – quando ele também a deixou. Era determinação. Marlene McKinnon não lidava bem com rejeição e Sirius não gostava da necessidade de dar um não firme a garotas que ficavam grudentas, mas a Corvinal estava forçando enquanto se inclinava perto demais para o gosto dele – pelo menos quando estava em um encontro com outra garota. Ele tentou se afastar, mas se afastou muito tarde enquanto Marlene se inclinava mais e o beijava.
"Sirius?"
Merda.
Ele se virou rapidamente, empurrando Marlene rapidamente enquanto via Mia parada na frente da Dedos de Mel, olhando para a cena na frente dela.
"Ela me beijou!" Sirius gritou, apontando para Marlene que parecia satisfeita por ter causado a cena. Ele se virou de novo e olhou para ela, notando um olhar estranhamente vingativo no rosto da loira. "Você planejou isso?" Ele rosnou para ela. "Que porra é essa, Marlene?!"
"Eu vi como você gosta de ficar sozinho," Marlene zombou e se virou para ir embora.
Quando Sirius se virou, Mia não estava mais ali.
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Hogwarts Escola de Magia e Bruxaria
Sala Precisa
Remus estava muito inquieto para dormir. Sempre antes da lua ele ficava exausto e alerta ao mesmo tempo. A dor de cabeça durante o café da manhã tinha ido embora, mas os sintomas persistentes do mal estar continuavam a atormentá-lo. Se não tivessem três pés de neve no chão, ele teria pensado em ir lá fora e correr até se esgotar. De qualquer jeito, ele tentou se forçar a relaxar, até que sentiu algo quente no bolso da sua calça e, curioso, pegou o galeão encantado que Mia usava para as reuniões da A.D. Olhando para a moeda, Remus levantou uma sobrancelha.
'SP? – MP'
Ela queria encontrá-lo na Sala Precisa agora? Preocupado que algo tivesse acontecido, Remus se levantou e foi até a cama de Peter, revirando o malão do amigo sabendo que o amigo nunca ficava com o galeão – sempre com medo de acabar gastando. Quando encontrou o galeão encantado de Peter, Remus percebeu que não tinha nenhuma mensagem nele. Então, Mia não estava chamando por uma reunião. Essa mensagem era especificamente para ele.
'Seu encontro? – RL'
Remus perguntou, encantando o Galeão para responder a pergunta dela.
Logo depois ele recebeu a resposta.
'Preciso de você – MP'
Remus suspirou, balançando a cabeça, já correndo uma lista mental de que maneiras Sirius poderia ter ferrado com isso.
Mia sentou na Sala Precisa enquanto esperava por Remus. Sentada na grama da Floresta Proibida, Mia levantou os joelhos até o peito e os envolveu fortemente com os braços, engolindo as emoções que ameaçavam explodir desde o momento em que tinha saído da Dedos de Mel. Ou talvez antes disso. Quando eles gritaram um com o outro no meio da rua. Essa seria a sua vida? Brigar com Sirius?
"Está de dia," uma voz falou de trás dela e Mia virou seus olhos castanhos para ver um Remus curioso do outro lado da sala. "Normalmente, quando você transforma a sala na floresta, você deixa de noite."
"Eu não queria te lembrar da lua agora," Mia mentiu. A verdade é que ela não aguentaria ver as estrelas.
Sem outra palavra ela se levantou e correu para os braços de Remus, que os abriu por instinto. Ela o apertou com força e suspirou aliviada quando o sentiu passar o nariz pelo pescoço dela e respirar. Seguro. Aqui, nos braços dele era seguro. Palavras não eram necessárias. Mia levantou o queixo e puxou o rosto dele para baixo, para encontrar com os lábios dela, tentando transmitir a necessidade para o lobisomem. Tão perto da lua cheia e com a falta de afeto durante toda a semana, ela sabia que ele iria quebrar fácil e uma parte dela se sentia mal por isso – mas Remus não lutou nem um por breve momento enquanto respondia imediatamente, analisando o calor da boca dela enquanto suas mãos ásperas a seguravam pelo quadril, com força, e a inclinava para trás até que ela caísse na grama, com ele por cima.
"Remus, por favor," Mia gemeu quando ele se afastou da boca dela para olhar dentro dos seus olhos. Os olhos dele eram ouro e âmbar e, por um momento, os dela também. Ela estava imersa nos instintos da Animaga interior. Remus sabia que isso significava que ela estava tentando fugir de algo e a parte humana dele queria ajudá-la a resolver isso conversando, mas o lobo estava tão forte, então ele fez o que ela pediu. Passando os dedos pelos jeans inacreditavelmente justos que circundavam a bunda e coxas dela enquanto ela, ao mesmo tempo, tirava a blusa pela cabeça, Remus estremeceu com a sensação dos dedos em contato com a pele dela e sorriu enquanto removia cada camada de roupa, deixando a si mesmo completamente vestido. Ela parecia vulnerável, submissa, e o lobo rosnou desesperadamente satisfeito com a visão dela.
Mia o olhou ansiosa e, apesar do âmbar nos olhos dele, o rosnado na garganta dele e as narinas dilatas – todos os sinais que o bruxo acima dela era mais Moony do que Remus – Mia se sentia segura. Ela tentou estender as mãos para ele, mas ele bateu nelas enquanto abria sua própria fivela, tomando o controle. Sem nenhuma preparação ou aviso, Remus entrou dentro dela de uma vez só, até o fundo, e Mia chorou com a invasão que causou uma mistura luxuriosa de dor e prazer que se agitou dentro do corpo dela.
Ela fechou os olhos se deixou perder no momento, ignorando o fato de que ela estava fazendo a mesma coisa que sempre acusou Sirius de fazer – usar o sexo como uma forma de se distrair da dor e da mágoa. Apesar do fato de que o corpo dela estava ficando mais tenso com cada estocada, Mia tentou relaxar nas mãos de Remus que estavam apertando seu quadril com tanto força que ela sabia que ficaria roxo na manhã seguinte. Não existia nada além dos dois e o céu e a terra, além dos barulhos que eles faziam. Remus raramente falava durante o sexo, especialmente tão perto da lua quando ele oferecia à ela grunhidos e rosnados, mas entre as próprias arfadas e os gemidos de êxtase, ela o ouviu resmungar coisas entre as estocadas. Palavras como 'apertada' e 'molhada' e 'fundo' e muitas vezes uma palavra em um tom possessivo, 'nossa'.
Ele levantou a perna dela por cima do seu quadril e o novo ângulo o permitiu ir mais fundo, mais forte e quando ele alcançou o fundo dela, Mia caiu do precipício, apertando os ombros dele e passando as unhas pela na carne nua, envolvendo as pernas com força ao redor do quadril dele. O segurou contra si e o puxou para baixo rapidamente, na sequência da sua queda, saboreando o som abafado dos lábios dele enquanto ele gemia na curva do seu pescoço e sentia o corpo dele enrijecer em cima dela.
No momento em que ela voltou a sai, a realidade a inundou e, de algum modo, o intenso prazer físico derrubou as paredes dela, a deixou aberta e vulnerável e, incapaz de se controlar, Mia começou a chorar. Remus, naturalmente, reagiu imediatamente. Se afastou dela e a olhou com culpa. "Mia? Ah, Godric, eu não queria... você está bem? Me desculpe se eu te machuquei..." ele tentou se desculpar, mas um olhar de confusão atravessou seu rosto quando ela balançou a cabeça e tentou se aninhar nele mais ainda.
"Mia?" Ele perguntou com um tom de voz preocupado. "O que ele fez?"
Ela não podia contar a Remus a real razão dela estar chorando. Ela ficou irritada ao ver Sirius beijando outra garota – ou como ele falou, outra garota o beijando. Ela ficou irritada com a briga deles e amargurada com a maneira que ele sempre parecia tratar todo relacionamento que tinha com tanta insignificância. Mas ela não estava irritada com ele.
Ela estava irritada com ela mesma.
Era fácil estar com Remus neste tempo, se abrir com ele, porque ela tinha carta para guiá-la. Uma carta onde ele implorava para que ela não se culpasse pelo o que o futuro reservava. Remus não a culpava por não ter mudado o resultado da guerra. Ele não a culpava por não ter salvado os amigos dele. Ele não a culpava por deixá-lo sozinho por décadas.
Mas Remus não era Sirius, e era difícil olhar para o bruxo de cabelos negros e ver a dor que ele estava sofrendo em silêncio por causa da família dele. Ele já estava se tornando frio e difícil, e toda vez em que ele se afastava dela, se fechava, tudo o que ela via era um rosto frio e irritado. Pele áspera, rosto fundo e os longos cabelos emaranhados do assassino fugitivo Sirius Black. O homem que ela conheceu na Casa dos Gritos.
Por não mudar o futuro, ela iria deixar Remus sozinho e ele iria perdoá-la.
Por não mudar o futuro, ela iria deixar Sirius quebrado; doze anos em Azkaban.
Como ele poderia perdoá-la?
"Mia?" Remus perguntou de novo, trazendo a atenção dela de novo para ele. "Mia, o que Sirius fez?"
Nada, ela pensou. Ele é um homem inocente.
Mas ela tinha que falar algo, então ela murmurou, "McKinnon" sabendo que faria mais sentido agora.
"Aquele babaca," Remus suspirou e beijou a testa dela. "Eu sinto muito, amor. Eu a empurrei nisso muito cedo."
"Remus? Eu... eu acho que algo ruim vai acontecer com o Sirius. E eu não sei como impedir," ela franziu o cenho pensando em tudo do futuro. Sirius apagado da árvore genealógica da família, preso pelo assassinato dos amigos, perdendo tudo e todos e trancado por doze anos.
"Mia, não é o seu trabalho consertar o mundo," ele murmurou gentilmente, saindo de cima dela e imediatamente envolvendo a cintura dela com um braço, a puxando para perto dele, moldando as costas dela com seu peito. "Sirius precisa resolver como tomar conta de si mesmo," ele insistiu. Então, algo queimou em seu bolso e Remus pegou o Galeão.
'Onde está Mia? – SB'
Remus permaneceu em silêncio, não querendo perturbar a menina em seus braços que finalmente tinha parado de chorar.
'Nosso trabalho! – RL'
Ele mandou de volta para o amigo, o lembrando do juramento que eles fizeram anos atrás. Quando Sirius não respondeu na hora, Remus mandou outra mensagem mais clara.
'Você ferrou tudo. – RL'
Levou vários minutos antes do Galeão esquentar de novo e quando Remus o olhou, viu uma resposta:
'Eu sei. – SB'
