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The Debt of Time
Parte Dois – O Vira-Tempo
Capítulo Quarenta e Sete: Você Deveria Ser Um Bom Homem
"...Regrets collect like old friends
Here to relive your darkest moments
I can see no way, I can see no way
And all of the ghouls come out to play..."
(Shake it Out - Florence + The Machine)
13 de março, 1976
Hogwarts Escola de Magia e Bruxaria
Corredor do Quinto Andar
"Não vou pedir desculpas por dormir com Remus," Mia falou enquanto se sentava com Sirius na alcova no corredor do quinto andar, o cheiro de excitação ainda pairando no ar.
Depois que ter a tocado, sentido o sabor dela e a levado ao ponto de quase se quebrar com apenas uma talentosa mão, Sirius e Mia caíram no chão, desorientados graças ao Firewhisky e ao calor entre eles. Ele se inclinou e jogou a cabeça no colo dela, ignorando o fato que ele queria se virar e a acariciar mais, em vez de deixar que ela o acariciasse. Mas ele manteve o rosto para cima, sorrindo quando os dedos dela começaram a passear pelo seu cabelo, desta vez suavemente e não um puxão apaixonado como há alguns minutos.
"Você pode me culpar por ser ciumento?" Sirius perguntou.
"Não," Mia admitiu. "Mas você não tem o direito de ser."
"Você me odeia?" Ele perguntou com um tom preocupado. "Eu sei que perdi um pouco de controle agora pouco. Ok, perdi bastante o controle. Eu não quis... me aproveitar," ele franziu o cenho se sentindo enjoado consigo mesmo.
"Acho que eu me aproveitei tanto quanto você. Eu não estava exatamente reclamando," ela admitiu. "E eu te odeio depois disso?" Mia riu suavemente, mas suspirou. "Um pouco. Mas não por causa do que fizemos. Eu te odeio porque sei que não significou nada."
"O que você quer dizer com nada?" Sirius se sentou e olhou diretamente para ela, ofendido. "Eu vim atrás de você. Eu tentei me desculpar antes de você me bater e então..." ele balançou a cabeça. "Merlin, Mia, você sabe como eu me sinto em relação a você!"
"Como?" Ela perguntou diretamente.
Sirius congelou.
"Viu?" Ela deu de ombros. "Você sabe como você se sente, eu sei como eu me sinto, mas você não consegue dizer as palavras."
"Eu tenho os meus motivos," ele admitiu triste.
"Sua família?" Mia perguntou e soube a resposta quando Sirius permaneceu em silêncio e desviou os olhos.
"Eu... eu tenho que te proteger," Sirius murmurou. "É como se algo dentro de mim... a minha parte mais profunda precisasse te manter a salvo. Sempre esteve aqui," ele olhou para baixo, de repente se sentindo vulnerável. "Desde a primeira vez em que eu te vi, Mia. Quando o Ranhoso te empurrou, eu só... eu senti raiva, algo despertou dentro de mim e eu precisei garantir que você estava bem," ele olhou para ela. "Isso é ridículo, né?"
"Não," Mia balançou a cabeça. "Você sempre me protegeu. Você é o meu constante protetor, Sirius," ela sussurrou. Ela pensou no grande cão negro cuidando dela dentro da cabana enquanto ela se curava do ombro estrunchado. Da mesma besta com pelos cor de ébano pulando em cima do corpo de Bellatrix Lestrange, despedaçando a garganta da bruxa.
Mia esticou a mão e gentilmente tocou o rosto dele. Ele parecia que estava com dor no momento em que os dedos dela tocaram sua bochecha. Mia sabia que ele nunca tinha reebido carinho em casa com a família dele, e ela não conseguiu evitar pensar se ele se importava em tocar intima ou gentilmente as garotas com quem dormia – ou as deixassem tocá-lo deste modo. Ela pensou em um Sirius adulto que passou doze anos em Azkaban e mais um como fugitivo. Um ano preso dentro do Largo Grimmauld e, então, sozinho dentro do Véu. Ele, em algum momento, conheceu bondade e gentileza da maneira que Mia tinha mostrado a ele?
Partiu o coração dela pensar sobre isso.
"Eu tenho que te proteger também," ela chorou baixinho quando Sirius virou o rosto na mão dela, beijando a sua palma. Ela pensou em um Sirius caindo da vassoura de cima das arquibancadas do Campo de Quadribol, deitado em uma cama na Ala Hospitalar. Em um Sirius mais velho preso em uma cela, esperando pelo Beijo do Dementador. Tirando Sirius do Véu e o dando poção atrás de poção para garantir que ele sobrevivesse ao ritual. Ela pensou nela mesma se jogando sobre o corpo dele enquanto os Comensais da Morte o torturavam e em Voldemort virando a Varinha das Varinhas na direção dela.
"Você não entende, Mia," Sirius suspirou. "Eu tenho que te proteger... até se for de mim mesmo."
"Você nunca iria me machucar," Mia admitiu em voz alta.
"Não, mas a minha família sim," ele olhou para ela. "E até que eu saiba que eles não serão um problema... eu não sei se poderia ficar com você. Eu não sou bom para você. Eu não sou bom no geral."
"Você é um bom homem, Sirius Black!" Mia soltou, puxando o rosto dele pelas mãos e o beijando profundamente como se ela pudesse forçá-lo a retirar o que tinha dito. Ele a beijou carinhosamente, amando gentilmente os lábios dela conectados aos seus.
"Um dia talvez," ele admitiu quando se afastou dela. "Mas no meio tempo... eu não posso..." ele estremeceu enquanto tentava deixar que as palavras dela tomassem conta dele, debatendo-se quando não aconteceu.
"Então, o que foi essa noite?" Ela perguntou.
"Eu perdendo o controle," Sirius riu tristemente, apoiando a cabeça nas mãos. "Merlin, parece que a mesma coisa dentro de mim que me faz precisar te proteger também me faz precisar de você. Porra," ele balançou a cabeça. "Mia, você não faz ideia das coisas que eu quero fazer com você."
Ela deu uma respiração afiada que ficou presa na garganta e fez suas bochechas esquentarem.
"Isso não ajuda, por falar nisso," Sirius gemeu. "O som que você faz e a cor da sua pele, infernos, eu pude cheirar você a noite toda."
"Eu realmente queria que você e Remus parassem de fazer isso," Mia revirou os olhos.
"Ah, não aja como se você não conseguisse também. Você é tão canina quanto eu," Sirius zombou. Mia teve a decência de olhar para longe dele, mas não negou a acusação. "Ele é o único?" Sirius perguntou após um longo silêncio.
"Sim."
"Você pode manter assim?" Ele perguntou. "Eu não tenho o direito de pedir, mas eu confio no Remus, em mais ninguém."
"Depende," Mia deu de ombros. "Você vai me querer também?"
"Sim," ele admitiu rapidamente.
"Eu não vou dormir com vocês dois," ela estreitou os olhos.
"Eu não quis dizer nesse sentido," Sirius fez uma careta, mas depois acrescentou. "Não exatamente," ele admitiu como se o pensamento tivesse passando momentaneamente pela cabeça dele. "Remus me contou porque vocês ainda têm transado. Ele a mantém segura, não te deixa sozinha. Te faz esquecer sobre mim."
"Ele não deveria ter falado," Mia franziu o cenho.
"Eu não vou transar com você," ele falou firmemente. "É muito... seria cruzar uma linha para mim que eu não acho que poderia voltar atrás. Então, eu não quero que você espere por mim se você... precisar de alguém, eu acho," ele franziu as sobrancelhas. "Fique com o Remus. Mas apenas com o Remus."
"Nada de Grifinórias," Mia soltou. "Faça o que você tiver que fazer," ela disse com um tom amargo. "Eu não sou ingênua de pensar que você vai parar de transar com a escola inteira. Eu não quero ouvir nunca falarem sobre você e garotas da minha própria Casa," ela estreitou os olhos mais uma vez.
"Feito," Sirius concordou.
"E nada de McKinnon," ela rosnou.
"Porra, eu faço um Voto Perpétuo sobre essa bruxa louca," ele prometeu.
"E você precisa se desculpar com Remus," Mia franziu o cenho. "Não quero nem pensar sobre o que vocês falaram depois que eu saí."
"Não, você não quer," Sirius tentou manter a vergonha fora do seu rosto. "E eu vou. Prometo. Ele não vai deixar de ser um dos meus melhores amigos simplesmente porque ele está transando com a minha..."
Mia o encarou.
"Nossa garota?" Sirius ofereceu com uma pequena risada. Ela revirou os olhos em resposta e Sirius riu mais. "Você sabe que é a verdade. Você é nossa há anos, gatinha," ele sorriu docemente. "Minha e do Remus e de uma maneira menor e não sexual de James."
"Graças a Merlin por isso," Mia empalideceu e depois respirou lentamente, expirando e deixando o estresse ir embora dos seus ombros. "Isso parece como se estivéssemos criando regras em algum tipo de pré-noivado," Mia riu com o quão ridícula a situação era.
"Não estamos?" Sirius sorriu ironicamente. "Nós praticamente acabamos de criar uma lista de pessoas que nós permitimos que o outro durma até que o mundo se acerte e crie a situação perfeita para que nós possamos, finalmente, ficar juntos," ele balançou a cabeça. Ela estava certa. Ridículo. "O que pode nunca acontecer."
"Vai sim," Mia sorriu. "Mesmo que só aconteça daqui a vinte anos, vai acontecer. Você acha que esta noite vai te prender até lá?" Ela riu baixinho.
"Não," Sirius deu sua característica risada meio latido. "Falando nisso," ele olhou para ela. "Você não estaria inclinada em retribuir o favor, estaria?" Ele sorriu debochado para ela.
"Absolutamente não," Mia riu, balançando a cabeça enquanto se levantava. "Vou considerar o que você fez como um pedido de desculpas por enganar Remus e eu para confessarmos nosso segredo para você. Nós estamos quites, Padfoot," ela sorriu debochada e começou a andar para a Torre da Grifinória.
"Espera!" Sirius chamou. "Nós precisamos incluir um último item, muito importante, em relação ao nosso... acordo," ele disse, não encontrando nenhuma outra palavra para o relacionamento que tinha com Mia.
"Nunca contar ao Jamie?" Mia levantou uma sobrancelha.
"Nunca," Sirius assentiu.
oOoOoOo
16 de março, 1976
Hogwarts Escola de Magia e Bruxaria
Apesar das reuniões regulares do grupo de Assistência em Defesa na Sala Precisa – onde os alunos avançados começaram a aprender feitiços básicos sem varinha graças a Mia – eles ainda tinham que comparecer oficialmente as aulas de Defesa Contra as Artes das trevas com o Professor Higgs. O ex-sonserino não tinha atenuado seus preconceitos contra as criaturas e seres referidos como 'mestiços', mas graças às muitas reclamações que todos excetos os Sonserinos fizeram, o professor estava proibido de mostrar fotografias de ataques, nem se referir à defesa contra alguma criatura como 'matar'. Fora isso, a aula parecia menos com Defesa e mais como um curso preparatório para futuros Comensais da Morte. Mia apostaria dinheiro que se ela não parecesse um sapo e se os dois tivessem a capacidade de sentir emoções humanas, o Professor Higgs se apaixonaria perdidamente por Dolores Umbridge.
"Fiquem em pares!" Higgs anunciou no momento em que chegou na aula, em uma terça feira no meio de março. "Casas separadas," ele acrescentou, causando gemidos em toda a sala. Quando os alunos se recusaram a reconhecerem um ao outro, a não ser Lily que por puro habito se aproximou de Snape apenas para que ele balançasse a cabeça para ela, os alunos chegaram a um impasse.
"Abbot com Longbottom!" Higgs gritou, sem humor para esperar os adolescentes. "Belby e Brown, Zabini e Macdonald," ele apontou seu longo e fino dedo para os pares. "Lupin e Evans com os Carrows," ele continuou. "Potter e Snape, não... Srta. Potter," ele corrigiu quando James pareceu muito animado com a possibilidade de duelar com seu inimigo. "Sr. Potter e Sr. Black, quero que vocês duelem um com o outro e eu espero um duelo de verdade, com medidas ofensivas e defensivas desta vez," ele olhou para os dois.
"E quanto a mim, Professor?" Peter falou do fundo.
"Pettigrew? Eu não vi você, garoto," ele suspirou irritado. "Espere do lado de fora até que Longbottom acabe desmaiando ou incapaz de continuar."
"Lily, olhe Remus por mim," Mia murmurou para a ruiva quando os dois Monitores ficaram do lado oposto aos gêmeos Carrows. Como era a manha anterior à lua cheia, Remus mal se aguentava em pé e se não fosse o perigo ao seu ego, Mia iria insistir que ele deixasse a sala imediatamente e fosse até a Ala Hospitalar em vez de entrar em um duelo.
Lily pareceu entender e sorriu, acenando para Mia, mas antes que ela pudesse encarar seu adversário, uma faísca vermelha acertou sua perna. "Ai" Lily gritou. "Você deve cumprimentar primeiro!" Ela disse para Alecto Carrow.
"Eu não cumprimento sangues-ruins," Alecto sibilou.
Todos os Grifinórios se viraram e olharam para o Professor, sabendo que não era possível que Higgs não tivesse ouvido o xingamento, mas o instrutor parecia perfeitamente feliz em ignorar a palavra. Quando ele não fez nada, Lily voltou seus olhos para Snape, que fingiu que não tinha ouvido enquanto ele encarava Mia.
"Muito amigo," Mia murmurou para o garoto e ele pareceu ouvir isso com certeza porque seus olhos se estreitaram até quase formarem uma linha.
"Eu não tenho o dia inteiro" Higgs soltou.
O único par que se cumprimentou adequadamente foi James e Sirius, que mais pretendiam assistir os duelos dos amigos contra os Sonserinos do que enfrentar o outro. No momento em que Higgs se virou e foi até sua mesa se sentar, como sempre fazia quando eles praticavam duelos, cada Sonserino fez o primeiro ataque.
"Expelliarmus!"
"Stupefy!"
"Flipendo!"
"Verdimillious!"
"Petrificus Totalus!"
"Impedimenta!"
Os Sonserinos gritaram, seguidos por um simultâneo eco dos Grifinórios de 'PROTEGO!'
Nenhum ataque fez efeito.
Adrian Abbot e Damocles Belby seguiram as instruções adequadas e Frank e Alice foram capazes de ter um duelo justo, apesar dos dois Grifinórios – sendo membros da A.D. – serem muito melhores que os Sonserinos e conseguirem facilmente desarmá-los no final. Frank, sendo a boa pessoa que era, atravessou a sala e deu a mão para Adrian, afim de ajudá-lo a se levantar antes de devolver a varinha para o garoto.
Ver isso de algum modo irritou os outros Sonserinos e alguém – Mia não conseguiu ver quem – lançou um feitiço que lançou Frank pela sala e o deixou inconsciente.
"Ei!" Lily gritou e foi reanimar Frank, mas antes que o alcançasse, Alecto e Amycus a atacaram de uma vez só, lançando dois feitiços estuporantes, que Lily só conseguiu defender um, o outro a acertando com força no ombro e a derrubando. Com a visão, algo despertou dentro de James e ele deixou Sirius para ajudar Lily, se defendendo facilmente dos feitiços e azarações que eram lançados em sua direção. Ele poderia ter tomado Felix Felicis, por estar se defendendo e desviando de tudo.
"Evans, você está bem?" James perguntou e Mia pegou Snape fazendo uma careta e apontando a varinha nas costas de James.
"Levicorpus!" Snape gritou e algo pegou o tornozelo de James, o puxando para cima. Antes que James pudesse se equilibrar, Mia se botou na frente do irmão e gritou, "Liberacorpus!"
"Como você conhece esse feitiço?!" Snape gritou imediatamente, os olhos encarando Mia. "Onde você aprendeu isso?!" Ele berrou.
"Stupefy!" Mia gritou em resposta, que foi rapidamente bloqueado por Snape.
"Flipendo!" Snape gritou, mas Mia desviou do feitiço.
"Serpensortia!" Snape gritou e uma longa cobra emergiu da ponta da varinha dele, sibilando para Mia. Sirius e Remus ambos deram um passo à frente para ajudá-la, mas ela levantou uma mão para pará-los e apontou a varinha para baixo, achando divertido a ironia da situação que estava encarando.
"Vipera Evanesca!" Ela disse observou a cobra desaparecer em uma nuvem negra de fumaça. O sorriso debochado no rosto dela só serviu para irritar mais ainda Snape, mas ele não atacou. Ela o observou cuidadosamente, esperando por qualquer sinal de movimento. Os Carrows, no entanto, se moveram, e com Lily ainda inconsciente sendo reanimada por James, os gêmeos Sonserinos lançaram um feitiço cada um em Remus, que estava distraído observando Mia.
"Impedimenta!"
"Stupefy!"
Remus – na atual condição – ser derrubado no chão pelos Carrows foi o suficiente para distrair Mia, que no momento em que os olhos saíram de Snape, ele apontou a varinha e falou, "Langlock!"
Com a língua enrolada, Mia era incapaz de lançar qualquer feitiço verbalmente. Foi quando Snape atacou. "Locomotor Wibbly!" Ele falou e as pernas de Mia desabaram. "Expelliarmus!" E a varinha de Mia voou pela sala. Os olhos castanhos dela ficaram âmbar e ela encarou Snape.
"Seu filho da puta!" Sirius gritou e foi para cima de Severus, a varinha nas mãos, mas um escudo surgiu do nada, o impedindo de ir mais adiante. Sirius se virou e viu o Professor Higgs com a varinha para cima e um sorriso debochado no rosto.
"Vinte pontos da Grifinória, Sr. Black, por interferir," Higgs disse. "Fique longe," ele instruiu. "Todos vocês. Eu quero ver como isso vai terminar," ele riu para Mia, sem varinha, silenciada e imobilizada da cintura para baixo. "Termine o seu duelo, Sr. Snape," Higgs insistiu.
Snape pareceu confuso à primeira vista, mas quando ele olhou para Mia e levantou a varinha. Seus lábios se curvaram e houve um lampejo pomposo em seus olhos quando ele começou o feitiço, "Stupe-"
Ginny, você iria gostar disso, Mia pensou com um sorriso quando ela lançou sua primeira azaração Bat-Bogey não verbal. Antes que Snape conseguisse terminar o feitiço, ele espirrou e então vários morcegos saíram de seu nariz, criaram asas e começaram a atacá-lo.
"Finite Incantatem!" James gritou e Mia arfou quando sua língua voltou ao normal e suas pernas voltaram a funcionar.
"Accio varinha!" Ela gritou e sua preciosa varinha de videira voou até suas mãos. "Stupefy!" Ela gritou e Snape voou para trás, atingindo o chão inconsciente.
Ela levantou e olhou ao redor da sala. Frank estava sentado ao lado de Lily e Alice o ajudava a cuidar de um galo que nasceu na sua cabeça. James pairava acima de Remus protetoramente, que tinha sido reanimado, apesar de seus olhos estarem fixados no inconsciente Severus. Elora Zabini e Mary tinham perdido suas varinhas no duelo e estavam no fundo da sala puxando o cabelo uma da outra e Mary parecia estar vencendo.
Sirius, ainda bloqueado pelo escudo do Professor Higgs, estava andando de um lado para o outro como um animal preso em uma gaiola, os olhos voando de Higgs até Snape parecendo capaz de matar alguém. Mia não conseguiu evitar pensar em um Sirius mais velho na Casa dos Gritos quando ele ficou cara a cara com Peter pela primeira vez depois de doze anos.
Falando em Peter. Ele estava no fundo da sala, observando em silêncio como se estivesse tentando se fundir com a parede.
"Bom, isso foi... esclarecedor," Higgs disse revirando os olhos. "Um resumo de quarenta centímetros para amanhã com os efeitos de feitiços de ataque. Apesar de ser lua cheia hoje," Higgs sorriu debochado. "Você vai conseguir terminar seu dever, Srta. Potter, ou está esperando encenar uma intervenção pelos lobisomens que foram vistos na área?" Ele zombou e ela apenas o encarou em silêncio.
Os alunos começaram a ir embora, mas Sirius ficou para trás, indo até Snape. "Se você sequer falar com a Mia de novo, Ranhoso, você está morto," ele rosnou perigosamente para o garoto de cabelos negros antes de se virar e ir embora.
"Você está bem, parceiro?" Sirius perguntou a Remus quando alcançou os amigos do lado de fora da sala. Remus parecia que ia desmaiar a qualquer hora e Sirius estava surpreso com a falta de ciúmes que sentiu enquanto Mia mimava o lobisomem, passando os dedos carinhosamente pelos cabelos dele e o beijava na bochecha.
"Eu ainda quero saber onde você conseguiu aquele feitiço, Potter!" Snape encarou Mia assim que saiu da sala de Defesa. Com o som da voz dele, Sirius se virou e se lançou contra ele, o punho levantado.
"Eu falei para você nunca mais falar com ela de novo! Você está morto, Ranhoso!" Sirius gritou.
"Cai fora!" Lily disse, se pondo entre Sirius e Snape.
"Sai do caminho, Evans!" Sirius gritou para ela.
"Sirius," Mia murmurou esticando a mão e pegando a dele. "Sirius, por favor, deixa para lá. Ele não vale a pena," ela insistiu, olhando Snape por cima do ombro de Sirius. O bruxo de cabelos negros pareceu se acalmar, mas lançou um olhar sombrio para Snape e Lily antes de se virar para Mia e botar um braço protetoramente em volta dela.
"Severus..." Lily se virou e murmurou para o amigo de infância que apenas respondeu com escárnio.
"Não quer ir com os seus amigos e... o bichinho de estimação deles?" Ele soltou para ele e Lily visivelmente se encolheu com as palavras. Ela já podia sentir James e Sirius se movendo atrás dela, então ela levantou a mão e se virou para encará-los.
"Todos para fora do corredor agora ou vou começar a tirar pontos!" Ela ameaçou.
"Um dia desses você vai ter que escolher um lado, Evans," Sirius a encarou e girou nos calcanhares para ir embora, deixando para trás James e Mia que estavam ocupados segurando Remus. Mia franziu o cenho para Lily, que parecia completamente devastada enquanto Snape ia embora na direção oposta.
"O ignore, Lily," Mia suspirou.
"Qual dos dois?" A ruiva franziu as sobrancelhas.
"Os dois? Todo mundo?" Mia deu de ombros.
oOoOoOo
17 de março, 1976
Hogwarts Escola de Magia e Bruxaria
Torre da Grifinória
"Mia?" Uma voz sussurrou. "Mia, acorda!"
"Peter?" Mia esfregou os olhos cansados. "Peter, eu juro por Godric que se você realmente estiver aqui no dormitório feminino eu vou azarar você até o próximo ano!" Ela rosnou para o garoto assim que se sentou e o viu parado na sua frente, praticamente tremendo. "Como diabos você entrou aqui?!"Ela falou com uma voz aguda.
"Rato," Peter disse, apontando para si mesmo como se fosse autoexplicativo.
"Está bem," ela rosnou. "Isso responde como, eu gostaria de saber porque," ela o encarou. "Se Mary descobre que você pode se esgueirar para o nosso dormitório, você está morto. Nem mesmo Jamie pode te proteger da fúria de Mary."
"Mia, você tem que vir comigo," Peter engoliu em seco. "Aconteceu uma coisa," ele franziu o cenho. "Nós não conseguimos acalmá-lo."
"Acalmar quem?" Ela se endireitou. "Peter, onde está Remus?" Ela perguntou, se lembrando que a noite passada foi lua cheia. Elas estavam piorando cada vez mais, desde que outro lobisomem foi visto na Escócia. Os ataques pareciam mais perto e mais perto de Hogsmeade e, portanto, de Hogwarts. Remus estava constantemente nervoso, e o fato dos quatro Animagos não poderem mais ficar com ele na Casa dos Gritos, tornava pior para o amigo lobisomem.
"Ele está na Sala Precisa, James conseguiu trancá-lo lá," os olhinhos pequenos de Peter estavam tão arregalados quanto possível e a visão enervou Mia enquanto ela pulava da cama e botava o roupão o mais rápido possível, sem esperar por Peter quando correu escadas abaixo, correndo pelo Salão Comunal e buraco afora em um borrão.
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Corredor do Sétimo Andar
Quando ela chegou no sétimo andar, seguiu os sons de gritos até que virou em uma esquina e viu Sirius encostado em uma parede parecendo enjoado, os olhos escuros e vermelhos, focando o chão com vergonha, enquanto James com o rosto vermelho, apontava a varinha para ele.
Mia frequentemente comparava James com Harry, mas era em momentos como este quando James perdia a cabeça que Mia conseguia ver a diferença entre o pai e o filho. Enquanto Harry manteve sua forma de Apanhador durante todos os anos de escola, James tinha crescido e quando precisava parecer intimidador, ele não tinha nenhum problema em usar seu tamanho para tal.
"... deveria te azarar aqui mesmo!" James berrava. "Você deveria ser melhor do que a porra da sua família, Sirius!" Ele gritou e Sirius encolheu-se com o volume.
Mia ficou boquiaberta, horrorizada com a visão. Ela nunca tinha visto James irritado de verdade com Sirius. E também fazia bastante tempo desde que James usava o nome de Sirius, em vez de chamá-lo carinhosamente de Padfoot.
"Eu sei... eu... eu não..." Sirius gaguejava.
"Jamie?" Mia murmurou e os dois garotos voltaram sua atenção para ela. "Jamie, onde está o Remus?"
"Mia..." Sirius engoliu em seco e deu alguns passos na direção dela, parecendo arrependido de verdade.
"Ele está na sala," James respondeu, movimentando a varinha e impedindo que Sirius continuasse andando. Ele voltou os olhos avelãs para o melhor amigo e o olhou duramente antes de se voltar para a irmã. "Mia, houve um... acidente..."
"Não," Mia balançou a cabeça, já sabendo o que ele iria dizer. Como ela tinha esquecido? Seus olhos perfuraram o rosto de Sirius e ele quebrou ante o olhar dela, se virando para longe dela.
"Mia, eu sinto tanto, eu não consigo falar o quanto eu sinto," Sirius falou aflito.
"Todos estão a salvo," James a falou. "Mas Ran... Snape," James se corrigiu. "Encontrou uma maneira de passar pelo Salgueiro Lutador. Eu cheguei bem a tempo," ele explicou. "Snape está com Dumbledore, mas Remus estava de um jeito quando o sol nasceu..." ele continuou. "Professor Dumbledore nos pediu para lidar com ele, mas Mia... Ele não nos ouve..."
"Como Snape descobriu?" Ela perguntou olhando diretamente para Sirius, que se recusava a olhá-la de volta. "Me responde, Sirius," ela murmurou, lágrimas já escapando dos olhos dela. Não foi há apenas alguns dias atrás que ele se recusava a desviar o olhar enquanto eles estavam juntos em um corredor escuro, confessando os sentimentos e fazendo promessas de segurança?
"Eu o deixei me ouvir," Sirius murmurou. "Eu o fiz pensar que nós estávamos mantendo algo secreto na Casa dos Gritos. O fiz pensar que nós seríamos expulsos se fôssemos descobertos. Então," ele levou as mãos ao rosto e balançou a cabeça. "Eu sinto muito, Mia," ele chorou. "Eu o deixei me ouvir falar sobre o nó no pé da árvore."
"Você..." Mia arfou. "Sirius... você podia tê-lo matado. Você podia ter destruído Remus por isso. A vida inteira dele," ela balançou a cabeça, não conseguindo nem gritar com ele.
"Por favor, grita comigo, diz que me odeia," Sirius a implorou.
"Eu não consigo," Mia suspirou derrotada enquanto olhava para longe dele. "O mais triste sobre você, Sirius, é que eu esperava que algo assim fosse acontecer," ela admitiu. "Eu não tenho nem a energia para me irritar com você. Porque não vai mudar nada. Nada nunca muda," ela disse triste e olhou para a porta. "Jamie, me deixa entrar na sala. Eu quero ver o Remus."
"Tenha cuidado," James murmurou enquanto andava até a porta. "Ele bateu no Sirius algumas vezes..."
"Bom," Mia disse.
"Mia, eu sinto..." Sirius começou.
"Não é comigo que você precisa se desculpar, Sirius," ela pausou e olhou para baixo. "Você deveria ser um bom homem, Sirius." E com isso, ela abriu a porta da Sala Precisa e entrou, fechando a porta atrás de si.
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Sala Precisa
Os olhos dela se arregalaram com a visão. James aparentemente pediu a sala para recriar o Salão Comunal da Grifinória como na noite do aniversário de Remus. Merlin, tinha sido há apenas quatro dias? Mia perguntou a si mesma. Todos estavam ali, rindo e aproveitando a companhia um do outro.
"Remus?" Ela murmurou olhando em volta da sala que estava destruída. Móveis estavam suspensos, cortinas rasgadas e havia grandes buracos no gesso da parede. Mia franziu o cenho passando os dedos sobre um, vendo sangue. Ela ouviu um barulho no canto e se virou para ver Remus encolhido contra a parede, os braços abraçando os joelhos que estavam contra o peito dele. Mesmo com a distância ela conseguiu ver um nova cicatriz, longa, que cortava o rosto dele. Começava na sobrancelha esquerda passando pelo nariz, indo até o centro da bochecha direita.
"Olá, amor," Mia murmurou enquanto se ajoelhava na frente dele, lentamente chegando perto. Remus virou o rosto para longe dela, chorando silenciosamente nos braços. Ela temia que ele fosse recuar para longe dela como fazia quando ela falava da Licantropia dele depois de uma lua cheia difícil. Ela temia que ele fosse se fechar, levantar as muralhas e a deixar de fora, ou apenas fosse ignorá-la. Mas no momento em que ela se sentou ao lado dele, Remus caiu nos braços dela, chorando em seu colo.
"Vai ficar tudo bem," ela murmurou, passando os dedos pelo cabelo dele enquanto tentava não chorar. Ela se inclinou e beijou a testa dele, o segurando perto de si. "Dumbledore vai cuidar de tudo. Você não fez nada de errado," ela prometeu.
"Eu poderia ter matado alguém," Remus disse entre soluços. "Eu poderia ter matado ele. Eu não quero ser um lobisomem, Mia. Eu vou acabar como o resto deles. Eu vou acabar machucando alguém. Eu não quero ser como Greyback."
"Eu nunca vou deixar isso acontecer," Mia jurou. "Eu juro pela minha mágica, Remus," ela prometeu. "Eu vou fazer todo o possível para que você não se torne Greyback."
N/A: oi, gente! Desculpa por demorar a postar o cap, fiquei na casa de um amigo vendo a votação do impeachment da Dilma e nossa senhora...
Aquilo foi mais um circo do que votação, porque né. Imagina ter que ir lá e ficar ouvindo aquela gritaria sempre?
Esse país é surreal, a gente tá perdido hahahaha é rir pra não chorar.
Mas, então, falemos de coisas boas. O que acharam do capítulo?
Bastante coisa acontecendo hoje, né. Uma conversa p lá de profunda, aula do Higgs nojento e os duelos mais injustos possíveis e, p completar, Sirius pisando na bola feio.
Fiquei bem curiosa quando li a fanfic, imaginando como ela criaria a situação que levou a isso tudo. Achei bem interessante e vocês?
Até quinta!
Dorien: que bom que você está gostando, fico muito feliz por saber! O Remus é muito bom pra Mia, mas ainda acho que eles funcionam melhor só como amigos do que como namorados. Não sei, acho que seria muito parado, apesar deles com certeza terem química!
Com o Sirius nunca seria a mesma coisa, sempre iria acontecer algo p tirar da rotina, não sei. Vamos ver se mais p frente eu consigo fazer você concordar comigo hahahaha :)
Nanda Soares: nessa parte eu já penso nela mais como Mia mesmo, mas a Hermione ainda está lá dentro dela, ainda faz parte dela :)
Boa ideia do banco mundial hahahah aí acho que daria certo!
Meu cachorro se chamava Mozart, um pastor alemão. Um anjinho no céu agora, junto com meus antigos cachorros, sei que ele deve estar bem feliz lá :))
Eu aconselharia a adotar uma gatinha, se você quiser, acho que a vida sem um bichinho é muito vazia! Eu adoro me ver cercada por cachorros, gatos, seja o que for. Quando o momento chega, é triste, devastador. Mas faz parte, uma hora vai acontecer. Mas acho que vale a pena você ter compartilhado um tempo com o bichinho, eles deixam as nossas vidas tão mais alegres!
Mas então, finalmente falaram umas verdades p Sirius, né? Tava na hora, mas ainda não chegou a hora dele e da Mia...
Até o próximo cap!
