The Debt of Time

Parte Dois – O Vira-Tempo

Capítulo Cinquenta: Catalisador

"...And you can't fight the tears that ain't coming
Or the moment of truth in your lies
When everything feels like the movies
Yeah, you bleed just to know you're alive..."
(Iris - Goo Goo Dolls)


8 de junho, 1976

Hogwarts Escola de Magia e Bruxaria

Peter milagrosamente fez o que disse que iria fazer: informar Dumbledore da aparição de Greyback e da traição de Higgs. Bem quando os três Marotos e Mia – agora uma Matilha completamente formada com Remus como Alpha – faziam seus caminhos de volta pela floresta, eles foram interrompidos por um grupo de Aurores e Professores com varinhas a postos. Antes que alguém pudesse notar os três Animagos, James, Mia e Sirius foram para debaixo da Capa da Invisibilidade e deslizaram até um pequeno bosque cheio de árvores mais densas, infelizmente deixando Remus para lidar com as consequências.

Ele explicou a Dumbledore e aos Aurores o que tinha acontecido, deixando os amigos de fora, naturalmente. Greyback o deixou inconsciente na passagem que havia embaixo do Salgueiro Lutador, mas não antes que ele o ouvisse discutir seus planos com o Professor Higgs. Era mentira, claro, Remus tinha sido deixado inconsciente bem antes de Higgs aparecer. E foram Mia, James e Sirius que informaram o lobisomem da participação do professor no seu sequestro. Remus disse que sua memória estava vaga depois disso. Ele sabia que tinha se transformado quando a lua cheia apareceu e que tinha acordado sozinho na floresta, apesar dele ter visto o sangue de Greyback no chão e ter assumido que os dois tinham brigado em algum momento durante a noite, especialmente desde que Remus estava ferido também.

Os Aurores foram rudes e desconfiados – apesar deles estarem certos, considerando que Remus estava mentindo – e sua desconfiança em relação ao adolescente tinha tudo a ver com a Licantropia dele e nada a ver com a habilidade dele de fabricar histórias. Remus foi escoltado até o escritório de Dumbledore onde os Aurores o questionaram por duas horas, o acusando de estar confabulando com Greyback, por causa da 'conexão' deles. Eles foram tão longe que o acusaram de ter participado dos assassinatos que Greyback cometeu nas vilas próximas. Dumbledore traçou uma linha neste ponto, trazendo Peter para testemunhar, e já que o filho de Higgs tinha desaparecido misteriosamente há dois anos atrás, os Aurores tinham o bastante para desconfiar de algo sujo.

Remus foi autorizado a ir para a Ala Hospitalar, apesar da profunda ferida na lateral de seu torso que Greyback tinha causado já ter quase cicatrizado, devido as suas habilidades regenerativas. Apenas mais uma cicatriz feia para lidar. Sirius estava orgulhoso de sua nova cicatriz no braço, onde Greyback tinha arranhado. Como ele estava em sua forma Animaga na hora, não tinha chance alguma de Sirius ter sido infectado. Ele queria se gabar de sua grande aventura e de seu troféu em forma de cicatriz, claro, mas sem poder fazer tal coisa sem revelar muitos segredos, Sirius foi forçado a mentir e falar que Mr. Norris tinha atacado.

Depois da longa noite, Mia cuidou de seu tornozelo torcido de quando Greyback a lançou no chão e James declarou orgulhoso que era o único dos seus amigos que saiu da briga ileso. Sirius continuou o chamando de "Prongs, o Protetor" pelo resto do mês e o ego do amigo continuou inchando a tamanhos recordes.

Vencer a Copa de Quadribol de novo não ajudou em nada. Quando junho chegou, era impossível ficar perto de James, que sempre recontando histórias de sua grande aventura para aqueles que podiam ouvir, e contos sobre suas proezas no Quadribol para o resto dos estudantes. Quando ele não estava falando, ele estava brincando com aquele estupido pomo de ouro que tinha roubado – e, posteriormente, esculpido as iniciais de Lily – provando que não era só um ótimo Artilheiro, mas que poderia ter sido um Apanhador se quisesse. Desde que Mia estava focada nos N.O.M.s, ela tinha pouco tempo para tentar acabar com o reinado de arrogância de seu irmão.

Mia passava facilmente por seus exames, o que era uma diferença massiva em relação a primeira vez quando ela passou semanas lendo e relendo suas anotações, levando a si mesma ao ponto de quase ter um colapso nervoso. Saber que ela já tinha recebido onze N.O.M.s na sua linha de tempo original dava o impulso de confiança que ela precisava e ela até pediu para fazer os exames das aulas que ela não tinha pego. Era algo fora do normal certamente, mas McGonagall puxou os pauzinhos necessários – basicamente por curiosidade – e Mia estava ansiosa para quebrar seu recorde anterior.

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O Grande Salão

O último N.O.M. a ser feito era o de Defesa Contra as Artes das Trevas. Desde que o Professor Higgs tinha sido preso meses atrás por conta de sua participação na tentativa de sequestrar Remus, bem como seu conhecimento da presença de um lobisomem em Hogsmeade e na Floresta Proibida, a aula foi ministrada pelos Professores Flitwick e McGonagall para o quinto e sétimo anos, afim de prepará-los para os N.O.M.s e N.I.E.M.s. Os outros anos foram dispensados de seus exames de final de ano em Defesa. Todos os alunos do quinto ano lotaram o Grande Salão para realizarem suas provas e Mia riu quando o Professor Flitwick separou de proposito os Marotos.

James foi posto na frente do salão com Sirius várias cadeiras atrás de si e Remus ficou a duas cadeiras na direita de Sirius. Peter ficou preso no final entre os gêmeos Carrow, que ficaram sussurrando coisas para ele. Mia ficou entre Mary e Lily, com Alice e Frank atrás. Pelos olhares que foram trocados quando os testes voaram até suas mesas, criar a A.D. foi uma ideia incrivelmente boa. Mia terminou seu exame em tempo recorde, sorrindo debochada enquanto olhava em volta e via que todos os membros da A.D. – exceto por Peter que estava roendo as unhas, olhando fixamente a própria prova e arranhando o chão com os dedos dos pés – também tinham terminado rápido. No canto do salão ela viu a mão de Snape voando pelo pergaminho, sua cortina de cabelos oleosos cobrindo o rosto.

"Mais cinco minutos!" Professor Flitwick falou e Mia revirou os olhos quando seu irmão inclinou a cadeira para trás e bocejou, despenteando o cabelo e o fazendo parecer pior do que nunca.

James se virou para encarar Sirius que estava inclinado nos dois pés de trás da cadeira, sorrindo e fazendo sinal de vitória para James com os dois polegares para cima. Mia riu baixinho se perguntando se Sirius perceberia se ela tentasse derrubar a cadeira dele. Ela franziu o cenho para Remus que – apesar de claramente ter terminado a prova – estava passando os olhos nervosamente pela prova. Ela fez um rápido "Psiu!" e conseguiu a atenção dele. Ela levantou uma sobrancelha e ele sorriu debochado para ela, dando de ombros e abaixando a pena em um sinal de rendição. Como se Remus Lupin não fosse passar no N.O.M. de Defesa com uma nota brilhante, Mia pensou.

"Descansem as penas, por favor!" Guinchou o professor Flitwick. "Você também, Stebbins! Por favor, continuem sentados enquanto eu recolho os pergaminhos! Accio!" Mais de cem rolos de pergaminho voaram para os braços estendidos do Prof. Flitwick, derrubando-o para trás. Várias pessoas riram.

Mia e Lily suspiraram e se levantaram, indo até o Professor Flitwick e seguraram o professor pelos cotovelos e o levantaram.

"Obrigado... Obrigado," ofegou o bruxo. "Muito bem, todos podem sair!"

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O Lago Negro

"Como você acha que foi?" Mary perguntou a Mia e Lily enquanto elas se juntavam a Alice, todas as quatros garotas de braços dados, o que fez Mia rir e revirar os olhos.

"Se eu não conseguir um Ótimo vou gritar," Mia admitiu, lembrando do sentimento de ter tirado um Excede as Expectativas da última vez que fez o exame.

"Eu também," Lily confessou. "Eu me pergunto se nós fomos preparados adequadamente," a ruiva se preocupou. "Depois do Professor Higgs ter sido preso..." ela suspirou nervosa.

"Você foi brilhante, Lils," Mia prometeu enquanto olhava a frente seu irmão brincar com o pomo idiota enquanto Sirius e Remus riam e Peter tinha o nariz enfiado nas perguntas da prova. "Eu vou sentar com os garotos," Mia disse e fez menção de ir até a sua Matilha – e Peter – que estava sentada em uma árvore perto do lago.

"Ah não, você não vai," Mary insistiu. "Nós fomos boazinhas porque você meio que surta quando os exames se aproximam e nós não queríamos ser azaradas," ela riu da mesma maneira que ela sempre fazia quando lembrava Mia do último Dia dos Namorados. "Mas eu tenho esperado meses e meses e nossos exames finalmente acabaram, então, agora nós vamos sentar perto do lago e você vai nos contar o que aconteceu com você, Black e Lupin na noite da festa do Lupin."

Mia imediatamente corou, olhando ansiosamente para seus meninos que sorriram para ela enquanto ela era afastada das conversas sem fofocas deles. "Eu não sei do que você está falando, Mary," Mia insistiu. "Remus e eu namoramos por um ano, você sabe disso."

"Você ficou com Sirius enquanto estava com Remus?" Alice perguntou inocentemente. "Por isso que ele estava tão irritado?"

"Remus estava irritado? Como você sabe?" Mia perguntou.

"Quando Frank e eu acordamos na Sala Precisa todo mundo já tinha ido embora," Alice admitiu. "Nós voltamos para o Salão Comunal e Remus estava andando de um lado para o outro na frente da lareira. Ele parecia furioso e quando nós passamos ele perguntou se tínhamos visto você ou Sirius."

"Ugh," Mia gemeu. "Não foi nada, eu garanto."

"Não pareceu isso para mim," Lily murmurou.

"Tem algo a dizer, Evans?" Mia perguntou com uma sobrancelha levantada e um pequeno sorriso no rosto.

"Bom, quando você voltou para o dormitório, eu esqueci que tinha deixado meu dever de Feitiços no Salão Comunal," Lily corou. "E eu ouvi Black e Remus conversando."

"O que eles falaram?" Mia estreitou os olhos.

"Eu só ouvi partes," ela encolheu os ombros. "Black disse a Remus que ele estava bem com tudo e depois ele pediu desculpas," Lily revirou os olhos. "O que já é estranho por si só, porque eu não imaginava que Sirius Black era capaz de tal feito," todas as garotas riram suavemente e Mia balançou a cabeça.

"Sirius pode te surpreender às vezes," Mia sorriu. "Se ele tiver uma chance, ele pode ser um amigo muito..."

"Impedimenta!"

Todas as quatro garotas se viraram e viram um grupo de alunos começar a se aglomerar. A boca de Mia abriu e seus olhos se arregalaram quando ela viu James se virar e olhar para trás, um sorriso debochado no rosto enquanto seus olhos encontravam os de Lily.

"Ah, não," Mia murmurou. "Jamie," ela sussurrou e se levantou rápido.

"O que está acontecendo?" Lily perguntou seguindo Mia.

"Lily, fique aqui. Eu resolvo isso," Mia tentou deixar a amiga de fora do que ela sabia que iria ser uma situação muito, muito feia. Nada que você faça irá mudar o que é para ser, as palavras de Remus ecoaram em sua mente, mas ela continuou, rosnando quando o grupo de alunos aumentava ainda mais, impedindo que ela chegasse na cena.

"Scourgify!" James disse friamente.

"O deixem EM PAZ!" Lily gritou quando chegou perto, seus olhos verdes lançando punhais para James quando viu Snape no chão, engasgando com o que pareciam ser bolhas de sabão. Sirius e James se viraram, ambos fingindo ser inocentes. Mia fechou os olhos, não querendo ver.

"Tudo bem, Evans?" James disse, e o seu tom de voz se tornou imediatamente agradável, mais grave e mais maduro.

"O deixem em paz," Lily repetiu. Ela estava olhando para James com todos os sinais possíveis de antipatia. "O que ele fez para vocês?" Sirius zombou audivelmente e se virou para olhar Snape com desgosto absoluto no rosto.

"Bom," James disse, parecendo pensar sobre o assunto e se virou para olhar Sirius para confirmar, mas ele apenas balançou a cabeça com firmeza, como se falasse silenciosamente a James para não revelar o verdadeiro motivo do ataque. "É mais pelo fato dele existir, se você me entende..."

Mia se virou e olhou para Remus que ainda estava sentado na grama, o nariz enfiado em um livro que ele nem estava lendo. Ela estreitou os olhos e se ajoelhou na frente dele. "Olá!" Ela estalou os dedos na frente do rosto dele. "Monitor!" Ela rosnou e Remus enfiou o rosto mais ainda no livro com um suspiro cansado. Ela balançou a cabeça em frustração. Desde que Remus quase tinha matado Snape meses atrás, ele vinha fazendo de tudo para ficar longe do Sonserino, evitando discussões a qualquer custo.

"Estou fora disso, Mia," Remus disse baixinho.

"'A única coisa necessária para o triunfo do mal é que os homens bons não façam nada'" Mia disse, franzindo o cenho para Remus que parecia se sentir incrivelmente culpado.

"Mia, Snape está atrás dos dois há semanas," Remus admitiu. "Eu tentei nas primeiras vezes, mas eu não posso controlar James ou Sirius, quanto mais um Sonserino que continua fazendo comentários sarcásticos sobre a minha condição ou falando como você..." ele parou no meio da frase e olhou para baixo envergonhado.

"Como eu o quê?" Ela empalideceu. "Snape disse algo sobre mim?"

"Não, mas os Carrows sim," Remus franziu o cenho. "Alecto te chamou de vadia," ele admitiu com um baixo rosnado. "E Snape riu. James o ouviu," Remus deu de ombros. "Por isso que James e Sirius ficaram de detenção a semana passada inteira. Eles foram pegos azarando os Carrows do lado de fora do Campo de Quadribol," ele suspirou. "Agora eles estão se vingando de Snape."

"Vocês quatro são crianças," Mia repreendeu. "Eu vou cuidar disso eu mesma," ela se levantou e houve uma comoção repentina. Ela ouviu Sirius gritar e duas luzes brilhantes e as pessoas começaram a gritar. Remus se levantou imediatamente, empurrando as pessoas para ver o que aconteceu.

"Botem ele no chão!"

Mia olhou para cima e viu quando seu irmão manteve Snape no ar, usando o feitiço do garoto contra ele. Ela estremeceu com o pensamento que foi a sua varinha que tinha ensinado James e Sirius aquele feitiço para começar. Ela se sentiu culpada momentaneamente pelo tratamento com o seu futuro Professor de Poções, até que viu um corte no rosto de James e sangue escorrendo pela bochecha dele, manchando a gola de suas vestes.

"Aquele ranhoso filho da pu..." ela começou a correr, raiva inundando. Ela odiava que James e Sirius fizessem bullying, odiava a parte dela que tinha tratado Snape de maneira parecida, mas sabendo o destino de James a fazia ser muito protetora com o irmão. Não ajudava que ele fosse a imagem espelhada de Harry, e proteger Harry tinha se tornado uma segunda natureza para ela com o passar dos anos. Mia alcançou sua varinha e olhou a frente enquanto corria, mas de repente sentiu dois braços fortes a abraçarem, a puxando de volta para a multidão.

"Perfeitamente," James disse e acenou com a varinha para o alto; Snape caiu embolado no chão. Desvencilhou-se das vestes e se levantou depressa, com a varinha na mão, mas Sirius disse, "Petrificus Totalus", e Snape emborcou outra vez, duro como uma tábua.

"O DEIXEM EM PAZ!" Lily berrou. Puxara a própria varinha agora. James e Sirius a olharam preocupados.

"Ah, Evans, não me obrigue a azarar você," James pediu sério, embora ele nunca fosse levantar a varinha contra a ruiva e ele tinha diversas cicatrizes para provar.

"Me solta, Remus!" Mia rosnou enquanto tentava sair dos braços do lobisomem.

"Eu não vou deixar você entrar no meio disso, não com James e Lily apontando as varinhas um para o outro," Remus falou firmemente.

"Então desfaça o feitiço nele!" Lily gritou e James suspirou profundamente, então, se virando para Snape e murmurou o contra feitiço.

"Pronto," ele disse enquanto Snape procurava se levantar. "Você tem sorte da Evans estar aqui, Ranhoso –"

"Eu não preciso da ajuda de uma Sangue-ruim imunda como ela!"

A multidão caiu em um silencio e o rosto de Mia perdeu a cor. "Lily," ela murmurou e observou cuidadosamente enquanto a amiga encarava Snape. Mia – não, Hermione – tinha sido chamada de Sangue-ruim mais vezes do que podia contar. Mas ela observou Lily e Snape se encararem e ela pensou como machucaria se Harry ou Ron a tivessem chamado desse nome horrível. Se Remus ou Sirius tivessem usado contra ela, Mia sabia que iria quebrar seu coração além do reparo. Uma traição final dita com uma raiva lamentável.

"Peça desculpas para Evans!" James rosnou para Snape, a varinha apontada ameaçadoramente para ele, os olhos avelãs brilhando.

"Não quero que você o obrigue a se desculpar," Lily gritou, voltando-se contra James. "Você é tão ruim quanto ele."

"O quê?" James gritou. "Eu NUNCA chamaria você de... você sabe o quê!"

"Mary," Mia chamou. "Pegue Lily e a tire daqui!" Ela sibilou para a amiga que apenas assentiu, um olhar mordaz no rosto enquanto estreitava os olhos para Snape. Uma coisa era se azararem nos corredores. Uma coisa era se xingarem e zombarem das outras Casas e causarem problemas no Campo de Quadribol ou nas aulas. Mas existia uma linha que ninguém nunca tinha cruzado:

Ninguém chamava Lily de Sangue-ruim na frente de Grifinórios.

"Despenteando os cabelos só porque acha que é legal parecer que acabou de desmontar da vassoura, se exibindo com esse pomo idiota," Lily avançou contra James que por um momento pareceu um pouco assustado enquanto ela apertava a varinha. "Andando pelos corredores e azarando qualquer um que o aborreça só porque é capaz... até surpreende que a sua vassoura consiga sair do chão com o peso dessa cabeça cheia de titica. Você me dá NÁUSEAS!"

"Vamos, Lily," Mary disse e pegou a mão de Lily e a levou para longe das pessoas. Mia observou enquanto seus amigos se afastavam e ela conseguiu ver Lily prendendo as lágrimas. Ela se virou para os garotos, seu olhar voltado para todos – incluindo Snape.

"Qual é o problema dela?" James perguntou, tentando, mas não conseguindo fazer parecer que fosse apenas uma pergunta sem real importância para ele. Mas Mia conseguia ver que ele estava magoado e se sentindo culpado. Embora se ela fosse adivinhar, ela não saberia dizer com certeza pelo o que ele se culpava.

"Lendo nas entrelinhas, eu diria que ela acha você metido, cara," Sirius falou. Houve outro lampejo, e Snape, mais uma vez, ficou pendurado no ar de cabeça para baixo.

"Liberacorpus!" Mia gritou e Snape caiu no chão. James e Sirius se viraram e imediatamente olharam sobre o ombro de Mia para Remus que deu de ombros, em um sinal de derrota. "Como você pôde?" Ela perguntou a James, balançando a cabeça decepcionada.

"Você ouviu do que ele chamou Evans?!" James soltou para a irmã.

"Você é um Grifinório!" Ela bateu na cabeça dele com um livro. "Aja como um!"

"Ninguém chamou você -" Snape começou, olhando com raiva para Mia. Ela se virou para ele imediatamente, os olhos brilhando âmbar.

"Você!" Ela apontou a varinha para ele. "Ameaçou meus amigos," ela pensou em Remus. "Chamou Lily de Sangue-ruim," ela rosnou. "Fez meu irmão sangrar," seus dentes rangeram. "Volte para o castelo, Snape, antes que eu decida te fazer pagar."

"Eu espero ansioso pelo dia que você irá tentar," ele zombou dela e se levantou, se virando e indo até um grupo de Sonserinos que estavam observando com expressões de diversão nos rostos. Mia apenas podia imaginar como eles estavam felizes em ver Snape perder sua amiga Nascida-trouxa tão publicamente.

"Estou oficialmente de saco cheio," Mia guardou a varinha de volta nos robes. "Eu pensei que o que aconteceu em Março teria dado alguma perspectiva a vocês quatro, mas claramente eu estava errada," ela balançou a cabeça desapontada.

"Ah, vamos lá, Mia, só porque eu não quero o idiota morto não significa que eu vou tentar virar o melhor amigo dele," James a encarou. "Eu peguei leve com ele," ele disse. "Depois do que ele disse sobre o Remus? Você o teria azarado também. Além disso, ele riu depois..."

"Que os Carrows me chamaram de vadia?" Mia respondeu. Imediatamente, tanto James quanto Sirius olharam para Remus, sabendo que ele tinha falado o que aconteceu.

"Ninguém fala da minha irmã desse jeito," James rebateu.

"Eu não sou sua para proteger!" Mia gritou.

Então, ao mesmo tempo, James, Sirius e Remus começaram a discutir com ela. Claramente, ela tinha dito a coisa errada.

"Cresça, Jamie!" Mia chorou. "Você está guardando rancor de algo que aconteceu quando você tinha onze anos, porque uma criança estupida empurrou sua irmã. Você é meu irmão e eu te amo, mas Lily está certa, você é muito cheio de si às vezes."

"Mia..." Remus estendeu a mão, mas ela se afastou dele.

"Você deveria ser a voz da razão. Você deveria entender porque eles não deveriam brincar com os outros!" Ela apontou para os bruxos de cabelos negros. "Vocês deveriam ser os mais espertos!"

"Ei!" Sirius disse ofendido. Com o som da voz dele, Mia se virou para ele.

"Quem começou isso hoje, Sirius?" Ela perguntou a ele diretamente e James e Remus desviaram o olhar, mas Sirius continuou encarando. "Você deveria ser um homem melhor do que isso!"

"Eu sou um homem bom!" Sirius rosnou. "Melhor do que ele!" Ele gritou, apontando para Snape.

"Se você quer saber como um homem é veja como ele trata os inferiores, e não os seus iguais," Mia disse tristemente e se virou para longe de James e Sirius, com lágrimas nos olhos. Remus a seguiu na mesma hora.

"Quem disse isso?" Remus perguntou curioso.

"Um bom homem que eu conheci," Mia murmurou, a imagem de um Sirius mais velho queimando em sua mente enquanto ela se afastava de todos.

oOoOoOo

16 de junho, 1976

Hogwarts Escola de Magia e Bruxaria

Sala Precisa

Frank Longbottom deveria se considerar um homem de sorte.

Depois que a infame história do que tinha acontecido no Lago Negro se alastrou que nem Fogo Maldito pela escola, Frank Longbottom era o único garoto na Torre da Grifinória que qualquer garota queria conversar. O que, infelizmente, significava que quando os Marotos falhavam em conseguir a atenção de Mia ou Lily para pedirem perdão pela idiotice imatura deles, Frank era enviado como um mensageiro para pedir uma conversa entre os gêneros. Naturalmente, não funcionou. E quando Frank tentou pela quarta vez entregar uma mensagem de Sirius para Mia, Alice precisou implorar a amiga de cabelos cacheados para não azarar seu namorado. Não mate o mensageiro.

No momento em que ela deixou os garotos no lago, Mia voltou ao castelo e rumou para a Sala Precisa, pedindo para se transformar em uma sala conhecida dela. Ela falou com Hogwarts todos os detalhes conforme a sala ia se transformando ao seu redor, as paredes mudando de cor e textura, o chão mudando de madeira para mármore, e móveis bem caros aparecendo do nada. Pendurado no teto havia um lustre imenso, o toque final do que se transformou em uma replica perfeita da sala da Mansão Malfoy.

Ela criou o lugar que ela odiava mais do que qualquer outra coisa no mundo.

Porque ela precisava desesperadamente de algo para destruir.

Pela maior parte das três horas seguintes, Mia azarou, quebrou, destruiu e lançou fogo em tudo que sua varinha alcançava. Ela culpou os Comensais da Morte e Voldemort mais do que culpava os Marotos pelo o que tinha acontecido. Enquanto James e Sirius agiram como crianças arrogantes, ela sabia que Snape estava sendo apresentado às Artes das Trevas e, mesmo que o garoto de cabelos oleosos nunca tivesse causado problemas antes, essa era a linha que James desenhava para tudo e todos. Mia sabia que James iria crescer e se tornar um bom homem, se juntaria à Ordem da Fênix e lutaria contra as artes das trevas. Ela imaginava que ele pensava estar fazendo isso agora.

E de uma maneira incrivelmente estúpida e imatura, e que ela não aprovava, ele estava mesmo.

Ela queria estar furiosa com Sirius, no entanto, que deveria ter aprendido, pelo menos agora. Mas por mais que ela tentasse, ela não conseguia direcionar sua raiva para ele. Ela conhecia Sirius há anos. Tinha visto ele mais velho, sentado na mesa do Largo Grimmauld, trocando insultos várias vezes com o Professor Snape, que sempre provocava o Animago. Era um rancor constante e com raízes profundas.

Ela não poderia mudar nada.

Quando ela tentou não adiantou nada, apenas atiçou o fogo em uma rivalidade já intensa.

Toda decisão que ela tomava ou causava uma cadeia de eventos que ela tentava prevenir ou apenas adicionava combustível a uma chama já acesa do futuro que ela podia ver tomando forma bem à sua frente. A existência dela no Beco Diagonal cinco anos atrás iniciou a inimizade entre Severus Snape e James Potter. O mesmo evento que trouxe Sirius Black para a vida deles. O amor dela por Remus e a simpatia dela por um Peter Pettigrew que sofreu nas mãos dos mais velhos tinha formado os Marotos. A necessidade dela de defender seus amigos a tinha botado em uma guerra com um jovem Severus Snape, e ela ter usado o feitiço dele na frente dele tinha botado um alvo nas costas dela. Ela era a razão dos Marotos terem brigado com ele agora. A razão de Severus ter perdido o controle e ter cortado relações com Lily, a única coisa que o mantinha longe de ser recrutado pelos Comensais da Morte.

Mas ele seria.

Snape se juntaria a Voldemort e ouviria uma parte da profecia e, sem saber, causaria a morte de James e Lily Potter.

E Mia seria o catalisador.

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Torre da Grifinória

Quando ela voltou para o Salão Comunal coberta de suor, lágrimas e sangue, os Marotos pularam para cima dela.

"Mia, o que aconteceu?!" James gritou. "Você está bem? Quem fez isso?!"

"Eu fiz," ela murmurou baixo. "Vou para o meu quarto."

"Não!" Sirius gritou. "Mia, o que aconteceu?" Ela encarou de olhos arregalados os cortes nas mãos dela que foram causados quando ela decidiu destruir o lustre.

"Aprendam Oclumência," ela respondeu. "Todos vocês."

E, então, sem falar mais nada seguiu para a escada para o dormitório feminino, onde encontrou Lily chorando. Seu coração partiu pela amiga que tentou aparentar ser forte na frente dos outros, mas ela sabia que Lily tinha suas fraquezas. Mia usou alguns feitiços não verbais para se limpar – o que ela admitiu que deveria ter feito antes de voltar para a Torre – e sentou na cama da amiga, para puxá-la em um abraço forte. As garotas ficaram assim por quase uma hora. Lily chorando pela perda de uma amizade de infância. Mia se arrependendo em silêncio por começar uma guerra que não poderia impedir.

"Lily?" A voz de Mary chamou da porta. "Sinto muito, Lils, mas... Snape está do lado de fora do retrato. A Mulher Gorda está reclamando porque ele não quer ir embora até falar com você. Ele disse que vai dormir lá fora se você não aparecer."

"Manda ele ir embora!" Mia rosnou.

"Não," Lily suspirou. "Está tudo bem. Eu vou me livrar dele."

"Lily," Mia franziu o cenho. "Eu sinto muito. Sinto muito por tudo."

"Não há nada que você poderia ter feito," Lily deu de ombros e um sorriso triste enquanto ela e Mary saiam, fechando a porta.

"Eu sei," Mia concordou baixinho para ela mesma.

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3 de julho, 1976

Estação Kings Cross

Mia passou o resto do mês com as amigas, o que era algo anormal para ela – em ambas as linhas de tempo – mas os garotos não deram muita chance para ela. Todos tinham dezesseis anos agora e ela se perguntava se nesse verão Severus Snape se tornaria um Comensal da Morte. Foi a idade em que Draco tinha sido iniciado, afinal de contas.

Ela sentou com Lily, Alice e Mary no trem no caminho inteiro de volta para casa e quando ela pisou na Plataforma Nove e Três Quartos, uma repentina sensação de medo a encheu com a visão de Orion e Walburga Black, encarando friamente o Expresso de Hogwarts. Em todos os anos em que ela conviveu com Sirius nesta linha de tempo, os pais dele nunca esperaram por ele. Ele sempre ia direto para a Mansão Potter e ia para o Largo Grimmauld quando precisava. Eles nem esperavam na Plataforma por Regulus, sempre enviavam um elfo doméstico para buscar o filho favorito.

"Sirius?" Ela falou com ele pela primeira vez em semanas. "Sirius, seus pais estão aqui," ela apontou para a família Black.

"O quê?" Ele levantou uma sobrancelha e, então, engoliu em seco com a visão.

"Sirius, não vá," Mia implorou. "Venha para casa com a gente."

"Vai ficar tudo bem, gatinha," ele se inclinou e a beijou na bochecha. "Eu vejo você e Prongs em alguns dias," ele prometeu com um sorriso terno e seus olhos brilharam com luz que refletia nas janelas do trem enquanto se punha. Ela assentiu para ele, deixando um suspiro trêmulo escapar enquanto o via se aproximar da família.

"Falando com a gente agora?" James perguntou enquanto ele e Remus seguiam Sirius e Mia para fora do trem.

"Sim," Mia admitiu com um suspiro enquanto se virava para abraçar o irmão com força. "Você sabe que é melhor do que um bullying," ela murmurou no ouvido dele. Ela olhou por cima do ombro de James e viu que Remus tinha ouvido e os olhos verdes dele se voltaram para o chão em vergonha. Mia suspirou e soltou James que parecia tentar esconder o fato de que estava lutando internamente com o que ela tinha falado para ele.

"Venha para a Mansão logo," Mia disse para Remus antes de beijá-lo na bochecha e abraçá-lo pela cintura. Remus assentiu em silêncio e a abraçou de volta.

Todos sentiram algo pairar no ar.

Mudança.

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Mansão Potter – Residência dos Potters

Passou uma semana e Sirius ainda não tinha feito contato.

James tentou enviar uma coruja, ir até lá via Flu e Mia até tentou usar o Galeão encantado para atrair a atenção dele, mas até agora nada tinha funcionado. Os pais Potters tinham captado a ansiedade dos filhos e ofereceram fazer alguns contatos para ver se conseguiam descobrir algo. Charlus foi bem reservado à primeira vista, mas quando Dorea descobriu que Walburga tinha ido buscar o filho na Estação Kings Cross, a Sonserina sabia que algo estava errado. Depois de contatar vários amigos antigos no Ministério e em círculos sociais, Dorea disse que ninguém tinha visto nenhum membro da família Black naquela semana.

"Tentem dormir, meus amores," Dorea disse enquanto beijava os dois filhos. "Nós não devemos ficar fora muito tempo," ela insistiu enquanto dava uma última olhada no espelho.

Era raro que os Potters deixassem sua casa quando James e Mia voltavam da escola, mas eles tinham feito planos com alguns amigos para um jantar. A vaga história cheirava a negócios da Ordem e Mia tinha certeza de que se ela fosse capaz de voltar a Hogwarts, ela iria perceber que tanto Dumbledore e McGonagall estariam ausentes do castelo.

"Tenham cuidado," James disse franzindo o cenho. Tinha sido apenas na noite anterior que um famoso farmacêutico Nascido-trouxa tinha sido atacado. Três conhecidos Traidores do sangue tinham sido mortos ou feridos no ataque e ninguém tinha sido preso até agora. James estava previsivelmente nervoso com os pais deixando a proteção dos feitiços da Mansão.

"Não saiam da Mansão," Charlus instruiu o filho antes que ele e Dorea entrassem na lareira, sumindo no meio das chamas verdes.

Horas depois, Mia lentamente se levantou de uma cadeira na sala de estar circular com um livro nas mãos. Ela tentou ficar acordada esperando pelos pais para ver se conseguia tirar alguma informação deles sobre o 'jantar'. Quando começou a dormir no braço da cadeira, Mia desistiu e resolveu ir para a cama, onde James já estava há horas. Ela botou o livro em uma estante e se dirigiu as escadas. Mia não tinha subido nem três degraus quando as paredes refletiram uma luz azul brilhante.

Mia se virou rapidamente, pegando a varinha por instinto enquanto lentamente voltava para a sala de estar, pronta para lançar qualquer feitiço. A sala ainda estava escura, já que ela tinha apagado a lâmpada antes de ir para a cama, então ela se preparou para atacar antes de murmurar, "Lumos!" e uma luz se fez no final de sua varinha.

Ninguém atacou. Seus olhos castanhos se fixaram em uma sombra que não se movia no chão e seus sentidos de Animaga captaram sangue.

Muito sangue.

O coração de Mia parou por um momento quando ela percebeu o que aquela luz azul significava.

Uma Chave do Portal de emergência.

A Chave do Portal de emergência ligada a Mansão Potter que ela tinha dado para...

"Sirius!"


N/A: pessoal, peço desculpas pelo atraso. Esse período na faculdade começou super corrido, atendimentos, trabalhos já logo de cara.
Como não quero que vocês fiquem esperando a toa pelos capítulos, pensei sobre isso e achei melhor postar só nos domingos.
Assim eu não deixo vocês esperando sem saber o que houve.
Sinto muito mesmo.