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The Debt of Time
Parte Dois – O Vira-Tempo
Capítulo Cinquenta e Um: Tapete Persa
"...Do you remember me? Lost for so long
Will you be on the other side
Or will you forget me?
I'm dying, praying, bleeding and screaming
Am I too lost to be saved? Am I too lost?..."
(Tourniquet - Evanescence)
3 de julho, 1976
Mansão Potter – Residência dos Potters
"Jamie!" Mia gritou e sua voz ecoou pelas paredes da Mansão.
Ela caiu sobre seus joelhos na frente do corpo de Sirius e sua pele gelou quando viu as robes encharcadas de sangue em volta dele. O braço esquerdo dele estava contra o peito, escondido sobre a roupa, e a mão direita segurava a corrente de prata em volta do pescoço com tanta força que tinha perdido toda a cor nos dedos. Ele não se moveu por vontade própria, mas quando Mia se inclinou e pôs as mãos no rosto dele, ele se contraiu e os músculos dele convulsionaram.
"Não," Mia murmurou. "Sirius," ela soluçou quando percebeu o que tinha acontecido. Eles o tinham torturado com a Cruciatus. "Sirius," ela implorou. "Olhe para mim, amor, abra os olhos, por favor?" Ela implorou, lágrimas caindo dos olhos. "Sirius, por favor, abra os olhos e olhe para mim."
"Olá, linda," Sirius suspirou, os olhos cinzas lentamente se abrindo para olhá-la.
"Oh, Merlin!" Mia chorou e puxou o corpo dele para seu colo, o segurando bem perto. Ela tinha sido torturada antes também e sabia que convulsionar acontecia depois de ser bastante torturado. "Jamie!" Ela gritou de novo. "Tilly!" Ela finalmente chamou a elfo doméstico.
Tilly apareceu com um 'pop' e seus grandes olhos azuis se arregalaram com a visão. "Jovem Mestre Black?" Tilly murmurou enquanto se aproximava. "Senhorinha, ele precisa de um Curandeiro agora, sim, precisa agora."
"Mia?!" James veio correndo de seu quarto, a varinha levantada, e seus olhos foram imediatamente até Sirius que sangrava nos braços de Mia. "Padfoot!" Ele gritou e caiu no chão. "O que aconteceu com ele?!" James berrou, aterrorizado com a visão do melhor amigo.
"Ele está indo para o St. Mungos," Tilly insistiu. "Tilly vai Aparatar com ele."
"Não vou deixá-lo," Mia persistiu. "Nós vamos levá-lo de Flu. Jamie, pegue o pó. Tilly, ache a Mãe e o Pai e diga o que aconteceu."
"Mia, o que aconteceu?" James perguntou rapidamente enquanto se levantava, ia até a lareira, pegava uma grande quantidade de pó e voltava para ajudar Mia a se levantar junto com o corpo de Sirius, que tremia fortemente entre os dois.
"Tudo bem, Prongs?" Sirius gemeu.
"Pads, o que aconteceu, parceiro?" James perguntou, os olhos avelãs cheios de lágrimas, puro pânico o impedindo de quebrar com a visão do amigo. Sirius não respondeu, a cabeça caindo para o lado e a cor indo embora do rosto. "Muito bem, vamos ouvir depois, vamos levá-lo para um Curandeiro," James assentiu, ajudando Mia a chegar na lareira.
"Mia..." Sirius murmurou.
"Sim, amor?" Mia olhou para o rosto de Sirius com os lábios tremendo.
"Eu já sou um homem melhor?" Ele perguntou desesperado.
Com as palavras dele, ela começou a chorar, soluçando no cabelo já molhado de Sirius, o segurando firmemente, permitindo que James jogasse o pó na lareira e gritasse, "St. Mungos!"
oOoOoOo
Quarto Andar – Danos Causado Por Magia
"ONDE ELE ESTÁ?" A voz estridente de Dorea Potter ecoou pelas portas do térreo do Hospital St. Mungos, pelos corredores e, provavelmente, chegaram até o telhado, onde alguns pombos levantaram vôo, assustados com o som que reverberou pelas paredes do enorme prédio e penetrou em suas fundações.
A porta dupla que levava ao Quarto Andar, Danos Causados por Magia, voaram abertas quando a matriarca Potter correu para dentro, usando magia sem varinha e raiva para remover qualquer obstáculo de sua frente. Um desses obstáculos parecia estar se arrastando atrás dela na forma de uma mulher loira assustada que tentava acalmar a bruxa mais velha.
"Madame, você não pode simplesmente subir aqui... Você precisa se identificar adequadamente," a loira disse e Charlus Potter, que vinha seguindo atrás de sua furiosa esposa, estremeceu com as palavras da moça, sabendo muito bem o que iria acontecer.
Dorea se virou para a garota, os olhos quase brilhante vermelho durante o processo. "Eu posso e eu vou subir até aqui, e se você pensa que uma pequena garota como você vai me impedir, eu desafio você – garotinha – a testar a minha paciência!" Os dentes dela rangeram e sua mandíbula trincou, fazendo com que a jovem loira quase chorasse.
"Que comoção toda é essa aqui?!" Um Curandeiro se aproximou, seus olhos se estreitando para a cena que se desenvolvia na sua frente. "Eu preciso chamar os Aurores?" Ele perguntou, pegando a varinha como se fosse precisar usá-la contra a bruxa enraivecida.
"Eu peço desculpas pela interrupção," Charlus falou, se aproximando do Curandeiro. "Nós estamos aqui para ver..."
"Nosso filho!" Dorea se intrometeu. "Nossa elfo doméstico nos contou que ele foi trazido para cá," ela engoliu em seco. "Depois de ser torturado com Crucio."
"Vocês são os pais de Sirius Black?" O curandeiro perguntou curioso.
"Sim," Dorea respondeu imediatamente, desafiando o bruxo a duvidar dela. "Onde estão os meus filhos?" Ela mandou.
O Curandeiro pareceu entender, mas sabia que havia protocolos que precisavam ser seguidos. Ele suspirou e passou uma mão pelos cabelos. "Venham comigo," ele instruiu e se virou, levando os Potters através de um longo corredor até uma sala vazia com uma porta fechada na frente deles. "Eu sei que vocês não são os pais do menino," ele disse claramente e continuou falando quando Dorea pareceu pronta para um round dois. "Mas... vocês estão dizendo que os outros dois adolescentes são seus?" Ele perguntou.
"Sim," Charlus concordou. "Mas Sirius é..."
"Sinto muito, Sr, mas não posso dar nenhuma informação sobre o Sr. Black. Tendo dito isso, nós pedimos a ajuda de vocês," ele limpou a garganta. "Seu filho e filha trouxeram o Sr. Black há meia hora atrás. Os Curandeiros o levaram até um quarto para limpar as feridas, mas quando pediram para seus filhos saírem, eles recusaram e as coisas ficaram um pouco... desagradáveis," ele disse exasperado.
"Nos leve até eles," Charlus disse enquanto se endireitava, pegando a mão da esposa que tremia.
O Curandeiro assentiu e os guiou por outro longo corredor onde no final havia cinco Curandeiros, dois Aurores e outro bruxo vestido em longas vestes marrons em frente a uma porta, as varinhas levantadas e as movimentando contra a porta fechada. O Curandeiro se virou e olhou para os Potters. "Quando os Curandeiros tentaram remover fisicamente seus filhos do quarto do Sr. Black, eles foram atacados."
"Meus filhos foram atacados?!" Os olhos de Charlus se estreitaram.
"Não, Sr," o Curandeiro fervilhava de raiva. "Seus filhos atacaram os meus Curandeiros."
Charlus parecia horrorizado. Dorea parecia orgulhosa.
"Em seguida, sua filha enfeitiçou o quarto contra qualquer um, dizendo que eles não seriam separados," ele suspirou. "Nós tivemos que chamar um Desfazedor de Feitiços para tentar quebrar o feitiço e nós conseguirmos entrar," ele apontou para o bruxo de vestes marrons que parecia frustrado. Dorea se moveu rapidamente para a janela do quarto onde ela conseguiu ver James sentado na beirada da cama de Sirius, o jovem bruxo inconsciente na cama, enquanto sua filha cuidava das feridas dele.
No canto do quarto havia uma pilha de roupas ensanguentadas que pertenciam ao herdeiro Black. Mia e James estavam cobertos de sangue seco, provavelmente por terem carregado o amigo. Sirius estava deitado na cama, seu peito exposto estava limpo, mas ainda havia camadas de hematomas roxos e cortes profundos onde Mia aplicava Ditamno de um pequeno frasco. Dorea estremeceu quando viu o corpo de Sirius tremer de dor, os músculos contraindo. James pegou a mão do amigo, enterrando a testa no lado da cama, incapaz de olhar, enquanto Mia usava o braço para limpar as lágrimas dos olhos antes de continuar cuidando dos ferimentos no pescoço de Sirius.
"Nós precisamos entrar neste quarto," o Curandeiro falou para os Potters.
"Meus filhos não vão sair," Dorea insistiu.
"Apenas família pode..."
"Nós somos uma família," Charlus insistiu, o temperamento surgindo. "Aquele garoto ali dentro é nosso filho," ele insistiu. "Nós vamos fazer seus malditos Curandeiros entrarem naquele quarto, mas no meio tempo mande alguém contatar Alphard Black." Antes que o Curandeiro fosse embora, Charlus acrescentou. "Ah, e nada acontece com os nossos filhos," ele disse, os olhos avelãs fixos nos dois Aurores que estavam ali do lado. "Eles não queriam machucar ninguém, estão apenas assustados."
A contragosto, os Aurores concordaram.
"Mia, amor," Charlus bateu na janela. "Tire os feitiços."
Mia e James olharam para cima com o barulho. James pareceu imediatamente aliviado com a visão dos pais, mas Mia parecia desconfiada, como se esperasse um ataque. A varinha estava presa firmemente na mão enquanto ela tentava ler cuidadosamente a expressão nos rostos dos pais Potters. Charlus parecia calmo, mas sério, o que não ajudava, mas Dorea pôs uma mão no vidro e fez contato visual com a filha e ofereceu um sorriso doce que pareceu quebrá-la.
Mia assentiu e tirou os feitiços, a porta destrancando e abrindo na mesma hora. Quando os Curandeiros entraram antes de seus pais, tanto Mia quanto James levantaram as varinhas e Mia tomou uma posição defensiva na frente do corpo de Sirius.
"Mia!" Charlus chamou. "Eles só estão aqui para ajudar," ele prometeu. "Você foi maravilhosa," ele lentamente estendeu a mão para a filha, abaixando a varinha dela antes de puxá-la para um abraço apertando, ao mesmo tempo em que Dorea fazia o mesmo com James no outro lado. "Você foi maravilhosa, minha menina," Charlus beijou a testa dela e ela começou a soluçar.
"O que aconteceu?" Dorea finalmente perguntou, observando enquanto os Curandeiros se moviam ao redor da cama de Sirius, alguns murmurando admirados com o trabalho de Mia, mas um olhava cuidadosamente para o braço esquerdo de Sirius enquanto outro movimentava a varinha em cima do corpo do rapaz.
"Eles... eles tentaram marcá-lo," Mia disse entre soluços.
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Mais Cedo Naquela Noite
Largo Grimmauld Número 12 – A Muy Antiga e Nobre Casa Black
Eles estavam naquilo há horas, mas Sirius não iria quebrar.
Sirius soube na hora quando seus pais foram buscá-lo na Estação Kings Cross que algo não estava certo. Seus amigos pareciam saber que algo estava errado também e ele se prendeu à imagem deles quando seu corpo enfraquecido caiu no chão – de novo. Seus olhos cinzas olharam para baixo e viram gotas de sangue caírem da nova ferida na lateral de sua cabeça em direção ao chão do Número Doze. Conscientemente, Sirius girou seu corpo de modo que sua cabeça ficasse em cima do tapete persa de mil e duzentos anos de idade, sorrindo enquanto ele sangrava em uma das posses altamente caras de sua mãe, manchando-a com o seu sangue. Puro sangue, ele bufou com o pensamento. Derramado em sua própria casa.
"Você informou que ele estaria pronto, Orion," uma voz fria no canto do quarto falou. Sirius não viu o homem falando, nem viu o rosto de ninguém, exceto os de sua família.
Ele tinha chegado em casa há uma semana e foi imediatamente jogado e trancado dentro de seu quarto. Não ficou incomodado, claro, não até que ficou claro que comida estava sendo mantida longe dele. Ele chamou pelos elfos, apesar de Monstro ser o único que ia até ele e, mesmo assim, depois de ser instruído a dar somente água a Sirius. No final da semana, longe da comida e do mundo, Sirius estava faminto e mal conseguia se manter de pé. Eles o queriam fraco e quebrado.
Mas Sirius não iria quebrar.
Sua mãe veio até o quarto, o mandando tomar banho e se vestir nas mais finas vestes e, incapaz de lutar contra ela quando ela insistiu que mandaria os elfos o forçarem caso ele não cooperasse, Sirius obedeceu a contragosto. Quando ele desceu as escadas para a sala de estar, um círculo de pessoas mascaradas o recebeu. Os olhos cinzas se arregalaram e ele fez uma careta com a visão deles, Comensais da Morte, escondidos atrás de máscaras e do mestre deles. Cabelos longos e loiros pálidos escapavam das vestes de um deles e Sirius sabia que era Malfoy. Ele se lançou para frente, mas sua prima Bellatrix estava ali, bem ansiosa para arremessar Sirius no chão, onde ela lançou uma maldição na carne ele, cortando e rasgando sua pele, o fazendo sangrar nos robes para enfraquecê-lo ainda mais. Um sacrifício para o mestre.
"Ele está pronto, meu Lord," Orion Black insistiu, a cabeça curvada. "Ele tem dezesseis anos, como o senhor requisitou."
"Eu não requisitei nada," a voz fria rebateu. "Eu exigi que ele tivesse pelo menos dezesseis. Mas ele precisa vir até mim voluntariamente e oferecer sacrifício. Eu não pretendo lançar a Imperius em todo novo seguidor para ter obediência," a voz sibilou.
"Talvez um pouco de persuasão seja bem vinda, meu Lord?" Bellatrix murmurou carinhosamente na direção da figura encapuzada. Sirius queria vomitar, mas não tinha nada para pôr para fora. Ele virou a cabeça e observou enquanto a cabeça dava um curto e rápido aceno. Bellatrix se virou, os olhos acesos com êxtase e loucura.
E a Maldição Cruciatus começou.
Dor como nunca antes tinha sentido preencheu seu corpo. Chamas queimavam suas terminações nervosas enquanto facas simultaneamente perfuravam seus músculos, o imobilizando no chão enquanto o forçavam a se debater ao mesmo tempo. O Animago gritava enquanto a dor aumentava, não querendo nada além de alivio.
Mas Sirius não iria quebrar.
Atrás dos gritos que seu corpo emitia involuntariamente, Sirius fechou os olhos com força e se focou o máximo que conseguiu. James, Remus, Peter, Mia. Voando no Campo de Quadribol com o vento nos cabelos. Vencendo a Copa de Quadribol. Entrando em passagens secretas para evitar Filch. Sacaneando Sonserinos. Se esgueirando até Hogsmeade. Firewhisky e chocolate. Natal na Mansão Potter. Noites na Casa dos Gritos com sua Matilha. Prongs, Moony, Wormtail... Mia.
Mia.
"Nunca!" Sirius gritou e a Maldição Cruciatus parou. Ele lutou para ficar de pé. Frustrada, Bellatrix o bateu com força na lateral da cabeça, o derrubando de novo no chão, onde ele se encontrava agora, sangrando no tapete persa favorito de sua mãe.
"O garoto ama alguma coisa?" A voz fria falou. "Sua família, talvez? Ele juntaria à causa se a vida deles fosse ameaçada?"
"Nem... mesmo... se você me deixasse... matá-los eu mesmo," Sirius respirava com dificuldade.
"Mate o irmão," a voz fria se fez presente mais uma vez.
"Não!" Walburga gritou e caiu de joelhos na frente da figura. "Meu Lord, eu o imploro. Mate este leãozinho em vez disso," ela apontou para o corpo tremido, sangrando e encharcado de suor de Sirius. "Meu Regulus é tão nobre e puro quanto o senhor poderia exigir. Mesmo na curta idade dele, aposto que ele estaria disposto a procurar a sua aprovação e aceitar sua marca."
"É mesmo?" A voz fria perguntou.
"Eu irei buscá-lo para o senhor, meu Lorde," Walburga assentiu.
"Não há necessidade," o homem balançou a cabeça. "Traga-o para mim quando ele fizer dezesseis. No meio tempo, o que faremos com o herdeiro teimoso?"
"Quebrá-lo," a voz de Lucius Malfoy falou e, de repente, Sirius sentiu seu corpo enrijecer. Não era um feitiço de corpo preso total, já que ele ainda podia se debater, mas Malfoy tinha a varinha apontada para ele, puxando com força seu braço esquerdo. "Disposto ou não, ele será marcado, ele pode se provar digno dela mais tarde," Lucius sibilou, pisando na mão de Sirius para mantê-lo no lugar. "Meu Lord, posso ter a honra?" Lucius perguntou.
A figura encapuzada pareceu ponderar o pedido por um momento e, então, assentiu, quase como se estivesse curioso para ver como o evento iria desenrolar mais do que com o potencial resultado de ter um novo seguidor. Lucius se virou e encarou Sirius, os olhos prateados tão arregalados que Sirius quase conseguia ver o sorriso por trás deles. Malfoy se inclinou e pressionou a ponta da varinha contra a pele do braço esquerdo de Sirius e ele deixou escapar um gemido enquanto a pele começava a queimar.
"Não!" Sirius gritou e sabendo o que iria acontecer, mas precisando fazer isso, se virou violentamente, quebrando os ossos de seu braço e acabando com o contato com a varinha de Lucius.
"Grifinório teimoso, estúpido!" Lucius sibilou.
"Estou cansado desta farsa," a voz fria falou e ele se levantou para ir embora. "Não me chame de novo Orion, Walburga," ele se dirigiu aos pais Blacks. "Até que vocês tenham uma criança digna," e então Aparatou com um alto crack!
"Seu imundo traidor do sangue!" Bellatrix gritou e lançou outro Crucio em Sirius.
"Bella, isto é o bastante!" Walburga gritou. "Deixe-o. Temos que fazer planos," ela suspirou irritada. "Eu vou lidar com a mancha imunda da minha Casa mais tarde," ela rosnou para Sirius e, em resposta, ele desafiadoramente cuspiu mais sangue no tapete horroroso e caro dela.
Um por um eles foram embora da sala de estar e Sirius ficou deitado lá, sangrando no tapete persa, vendo enquanto ele lentamente ficava manchado de vermelho. Sirius não conseguiu evitar sorrir com a visão enquanto caía e voltava da inconsciência. Vermelho da Grifinória, ele pensou com uma risada.
"Salazar," alguém engasgou no canto. "Como você ainda está vivo?" Regulus disse enquanto se aproximava do corpo do irmão. "Por que você não fez logo?" Ele perguntou com os olhos cinzas arregalados.
"Você me conhece, Reg," Sirius tossiu, os músculos contraindo e ele sorriu mesmo com a dor. "Eu sempre fui um inovador... não alguém que segue ordens cegamente," ele lutou para respirar. "Além disso, você deveria ter visto as roupas deles," ele estremeceu. "Horríveis. Eu não seria encontrado morto usando aquelas coisas horrorosas."
"Você está fora de si," Regulus estava boquiaberto.
"Não," Sirius engoliu em seco quando o alivio o encheu ao sentir a corrente prateada fria contra seu peito. Ele não tinha tido um momento para pensar nela até agora, mas quando se lembrou do presente de Mia, quase chorou. "Eu estou fora daqui," Sirius insistiu. "Reg, venha comigo," ele implorou. "Venha comigo, saia deste lugar... porque você é o próximo."
"Eu não sou como você, Sirius," Regulus balançou a cabeça. "Eu vou voluntariamente. Eles não vão me machucar."
"Eles vão," Sirius assentiu arrependido. "Um dia," ele disse, puxando o braço esquerdo quebrado e queimado contra o peito com uma dor ofuscante. Ele olhou para o irmão uma vez mais e, então suspirou, segurando a corrente prateada ao redor do pescoço e murmurando, "Portus!"
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Hospital St. Mungos para Doenças e Acidentes Mágicos
Quarto Andar – Danos Causados por Magia
"Como o Chefe da sua Casa, Alphard, você tem a habilidade para fazer," Dorea Potter murmurou fora do quarto onde Sirius dormia.
Os Curandeiros conseguiram parar as convulsões dele, apesar de quando uma o fez se contrair para longe deles enquanto aplicavam uma pasta para queimadura em seu braço, Mia e James se levantaram defensivamente com suas varinhas. Foi a gota d'água para os Curandeiros que - após uma considerável doação feita pela graciosa família Potter - permitiram que a jovem bruxa cuidasse do bruxo inconsciente. James eventualmente caiu no sono no canto do quarto e Mia aproveitou o tempo para mandar uma mensagem pelo Galeão encantado para Remus, o deixando a par do que tinha acontecido, mas insistindo para que ele não viesse. Ela e James estavam tendo dificuldades para permanecerem calmos. A última coisa que eles precisavam era um lobisomem superprotetor guardando os corredores do hospital.
"Claro, Dorea, se não for muito trabalho," Alphard Black estava no corredor junto com os Potters.
"Sirius não é problema para nós," Dorea insistiu e Charlus não conseguiu evitar rir suavemente. "Bom, ele só causa problemas," a bruxa mais velha admitiu. "Mas ele tem sido o nosso problema desde que era um jovem rapaz," ela confessou. "Você tem certeza de que Walburga e Orion não vão vir atrás dele?"
"Absolutamente," Alphard suspirou. "Quando eu cheguei no Largo Grimmauld para descobrir o que tinha acontecido, ele já tinha sido queimado da tapeçaria. Walburga perdeu a cabeça," ele balançou a cabeça desapontado. "Eu sinto que se tivesse acolhido ele, só causaria mais problemas. Ele está seguro com vocês quando não estiver em Hogwarts."
"Seja realista, Alphard," Dorea disse irritada. "Comensais da Morte tentaram marcar um garoto de dezesseis anos contra a vontade hoje. Em sua própria casa com seus pais presentes. Ninguém está seguro," ela insistiu. "Nós estamos oficialmente em guerra."
"Isso pode ser verdade," Alphard olhou para baixo, levantando uma mão para esfregar os olhos cansados. "Me perdoe, Dorea, tem sido uma longa noite para todos nós. Eu vou deixar os papeis de guardião prontos esta noite e vou enviá-los para o Ministério na segunda feira de manhã. Eu ainda acho que seria mais seguro se vocês o adotasse oficialmente, mas você está certa, ele ainda é o herdeiro da nossa Antiga e Nobre Casa," ele concordou. "Diga ao Sirius que eu entrarei em contato e, por favor, agradeça as suas crianças por cuidarem dele. Sua filha parece ser especialmente protetora," ele notou com uma sobrancelha levantada.
"Talvez ela se torne uma Curandeira," Dorea sorriu orgulhosa. "Mia, querida?" Dorea chamou. "Você poderia ser uma boa menina e pegar uma xícara de chá para sua mãe?" Ela pediu educadamente e Mia bufou, mas assentiu. Mia sabia que sua mãe estava apenas a fazendo sair do quarto, imaginando que se fosse pegar chá para ela, talvez ela bebesse um pouco também. Apesar de odiar o sentimento de ser manipulada, Mia relevou. Ela podia fazer bom uso de um chá.
Enquanto andava pela corredor para pegar as bebidas, Mia captou um cheiro familiar e virou os olhos, brilhando âmbar, na direção do aroma. Desconfiada, ela andou em frente e rosnou quando viu Lucius Malfoy saindo de um quarto, sua característica careta de zombação no rosto enquanto ia embora do quarto, o longo cabelo loiro voando atrás. Mia fez menção de segui-lo, mas parou quando virou a cabeça para olhar dentro da porta do quarto que ele deixou.
Uma Narcissa Malfoy arrasada estava sentada na cama do hospital, as mãos sobre os olhos, soluçando dolorosamente. Mia levantou uma sobrancelha, os pés a levando até o quarto por vontade própria. "Narcissa?" Mia murmurou e a cabeça loira da bruxa levantou, os olhos arregalados.
"O que você está fazendo aqui?!" A ex-Sonserina sibilou.
"Você está bem?" Mia perguntou, parecendo genuinamente preocupada com a bruxa.
"Obviamente não, eu estou em um hospital!" A bruxa ironizou.
"Eu vi o seu marido sair," Mia ignorou a atitude azeda de Narcissa. Ela não tinha energia para isso e sabendo que Sirius sempre foi gentil com Narcissa – por alguma razão – Mia pensou que seria ruim ser rude com a mulher. "Ele... ele te machucou?" Ela perguntou.
"Não hoje, querida," Narcissa disse com um tom de voz calmo e um revirar de olhos. "Você está o seguindo ou alguma coisa assim?" Ela perguntou desconfiada.
"Não, eu estou aqui porque Sirius quase foi assassinado hoje," ela disse, o tom de voz duro e frio.
Narcissa engasgou, os olhos suavizando brevemente com a menção do primo que tinha tentado poupá-la da dor que agora era a sua vida. "Ele... eles..." ela respirou fortemente. "Ele... quer dizer, ele sobreviveu?"
"Por pouco," Mia concordou, pegando cada uma das palavras de Narcissa. Passou os olhos pelo quarto do hospital de Narcissa, percebendo imediatamente os frascos na mesa ao lado. Poção para dor. Poção para repor sangue. Poção calmante. "Se você misturar espinhos com trevos vermelhos, cria uma Poção de Fertilidade bastante útil," Mia aconselhou. "Apesar de ser melhor esperar estar totalmente curada antes de usar," ela franziu o cenho. "Funciona melhor se for cozinhada durante a primavera e for bebida durante uma lua cheia."
Narcissa estreitou os olhos. "Como você..."
"Suas poções," ela apontou. "Além disso, você parece mais pálida do que o normal," ela deu de ombros. "E Lucius Malfoy parece ser o tipo de babaca que deixaria a esposa sozinha em momentos como este," ela fez uma careta.
"Ele só está irritado porque quer uma criança," Narcissa tentou defendê-lo. "E eu sou incapaz de conceber uma," seu lábio inferior tremeu, traindo sua máscara de frieza.
"Ele quer um herdeiro," Mia a corrigiu. "E você vai dar um a ele. Um filho," Mia sorriu. "Eu prometo. Ele vai ser um idiota mimado," ela revirou os olhos quando a imagem de um jovem Draco irrompeu em sua mente. "Mas pelo amor de Merlin, Narcissa... não deixe que Lucius controle seu filho do jeito que ele controla você," ela franziu o cenho e se virou para deixar o quarto.
"E como exatamente seria isso?" Lucius Malfoy disse, reaparecendo na porta e olhando para Mia.
Ela respirou profundamente e seus olhos arregalaram quando ela reconheceu o cheiro.
Sangue.
Sangue de Sirius.
Pura ira percorreu suas veias e antes que ela tivesse a chance de pensar sobre o que estava fazendo, ela levantou a mão e bateu no rosto de Lucius como se ela estivesse na forma Animaga com as garras expostas. Ela o bateu lindamente e com força, e uma de suas unhas cortou a pele dele e tirou sangue. Ela sorriu enquanto se lembrava de um Lucius Malfoy mais velho carregando uma cicatriz similar. A excitava saber que ela tinha causado um dano – apesar de pequeno – permanente.
"Sua pequena imunda..." Lucius sibilou.
"Cuidado, Malfoy," Mia rosnou. "Eu poderia ficar tentada em falar com alguns Aurores lá embaixo. Veja, eles estão bem interessados em descobrir o que aconteceu com Sirius Black esta noite," ela tremeu de fúria e só piorou quando ele sorriu debochado para ela.
"Ah? Algo aconteceu com o pequeno traidor do sangue? Ele perguntou, a face sem emoções. "Talvez eu deva descer e falar com os Aurores também, já que fui agredido."
"Eu duvido que eles vão me prender," ela estreitou os olhos. "Eu estava sob a Imperius o tempo inteiro. Não tenho memória do que aconteceu," ela fingiu inocência. "Talvez os Aurores devessem investigar. Você está familiarizado com a maldição Imperius, Malfoy? Talvez você devesse ajudá-los," ela o encarou enquanto o empurrava e ia embora do quarto.
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30 de julho, 1976
Mansão Potter – Residência dos Potters
Sirius foi levado para a Mansão Potter após uma semana no St. Mungos, onde os Curandeiros monitoravam os progressos dele. Eventualmente, Mia cedia e saia do lado de Sirius, mas apenas com o pedido que sempre deveria ficar um Potter com ele, então a família começou a fazer turnos. Quando ele finalmente foi liberado para ir para casa, Dorea já tinha transformado o quarto de visitas dele em um quarto completo com pôsteres da Grifinória, um closet cheio de roupas novas e fotos de seus amigos nas paredes.
Ainda se recuperando, Sirius era forçado a ficar na cama pela maior parte do tempo por uma irada pequena elfo doméstico que agora o chamava de 'Senhorzinho Sirius' e o botava na cama todas as noites. Mia brigava com dentes e unhas com Tilly para cuidar de Sirius até que ele estivesse totalmente bem e a elfo doméstico finalmente se rendeu, permitindo que Mia levasse a comida de Sirius e conversasse com ele contanto que Tilly ainda pudesse limpar o quarto e fazer a comida dele.
Remus e Peter eventualmente apareceram para ver Sirius, e Mia teve que sair a força do quarto para que os meninos tivessem um tempo para eles, enquanto ela lutava contra a necessidade de arrancar os olhos de Peter. Sirius e os meninos falavam sobre Quadribol, jogavam Snap Explosivo e planejavam brincadeiras para o próximo ano, mas em nenhuma vez Sirius se abriu sobre o que tinha acontecido com ele.
No entanto, ele tinha pesadelos.
"Eu cuido disso," Mia disse em uma noite quando ela e James acordaram com o som de Sirius gemendo durante o sono. Era a quarta vez naquela semana e Mia sabia que Sirius vinha se recusando a tomar a Poção Sem Sonhos que o hospital tinha enviado.
"Force goela abaixo se for preciso," James suspirou irritado, voltando para seu quarto. "Idiota teimoso," murmurava baixinho.
Mia entrou no quarto e fechou a porta atrás de si. Não querendo acordar os pais ou despertar Tilly, Mia botou um forte Feitiço Silenciador no quarto antes de ir até a cama de Sirius. Franziu o cenho quando ele tossiu e se virou, coberto de suor e com um olhar de raiva no rosto. Ela se aproximou lentamente, se inclinando para ver que a varinha dele estava na mesa ao lado da cama. Sabendo que ela possuía reflexos defensivos depois de sua tortura, ela pegou a varinha de Sirius e a deixou fora de alcance caso ela o acordasse muito rápido e ele atacasse antes de perceber que era ela.
"Sirius?" Mia murmurou enquanto se sentava na borda da cama e gentilmente passava a mão pelo lado do rosto dele. "Sirius, acorde."
A respiração dele acelerou com o toque dela e ele deu um salto, os olhos cinzentos abertos e uma expressão perigosa no rosto que imediatamente a fez se lembrar do homem na Casa dos Gritos. Ele parecia quebrado e selvagem e ameaçador e ela respirou bruscamente com a visão do olhar louco dele, se amaldiçoando por ter corado ao vê-lo assim.
"Sirius?" Ela falou suavemente e ele rosnou baixo com o som de seu nome saindo dos lábios dela, antes de esmagá-los com os seus próprios em um beijo furioso.
N/A: olá, meus queridos! Estou postando antes de dormir porque hoje vai ser um dia bem corrido.
Aproveito p desejar um feliz dia das mães a todos vocês e suas mamães! Sejam elas mães, avós, irmãs mais velhas que cuidaram de vocês, madrastas... Mãe é quem cuida com amor, carinho, gentileza, paciência :)
Motoko Li: respondendo seus comentários finalmente! Também tardo, mas não falho hahaha
Mia perdoou Sirius muito rápido mesmo e por um motivo meio 'besta'. Mas como foi Jamie lindo quem pediu, acho que faz sentido, já que ela tenta fazer tudo por ele! E eu queria MUITO mesmo ter visto a reação do Sirius com a frieza dela também! Seria mtmtmtmt interessante! Pena que a Shaya não abordou isso...
Quanto a eles dois... Já viu o que aconteceu hoje e já aviso que no capítulo que vem FINALMENTE TEMOS OS FINALMENTES DELES DOIS! Fiquei tão feliz lendo, traduzindo com a cena... Eles são lindos, mas muito enrolados com os sentimentos. Também não tenho a virtude da paciência, infelizmente.
Cara, a formação do laço entre eles e a formação da Matilha foi um dos acontecimentos mais lindos da fanfic p mim. Amei muito mesmo. E eu usei o termo Matilha porque Alcateia é o coletivo de lobos, como você falou. E eles não são todos lobos, então achei que seria errado usá-lo hehe
Eu não tinha pensado nisso do Sirius não ter pq desconfiar do Remus no futuro... Bem colocado! Quando cheguei nessa parte da história fez tanto sentido o que aconteceu p levar a essa situação que nem me passou pela cabeça.
Na época que você comentou tava um friozinho tão gostoso aqui no Rio! Tava perfeito, uma maravilha poder dormir coberta, mas o calor maldito já está voltando, odeio. Não sei o que é usar meia há anos, sem brincadeira. Tirando p ir a academia. O que eu também odeio hahahahaha
O que aconteceu com Sirius foi tio Voldie sim... E Bellatrix. Lógico :( odeio essa mulher tanto quanto Umbridge. Difícil escolher uma pior.
James e Lily são lindos, né? Mais um pouco e eles começam a se acertar... Mas só lá pelo sétimo ano.
E a amizade dela e Severus finalmente acabou... Fico meio assim com isso porque eles eram amigos desde pequenos, mas ele foi um merda.
Já conseguiu ver os episódios de Game of Thrones? Preciso comentar sobre elesssss, poucos amigos meus vêem a série :(((
To tentando convencer meu namorado, mas ele não gosta muito de acompanhar séries, aff.
Até o próximo capítulo!
