The Debt of Time

Parte Dois – O Vira-Tempo

Capítulo Sessenta: Snuffles e Trouxas

"...The wind is howling like this swirling storm inside
Couldn't keep it in, heaven knows I tried!..."

(Let it Go - Idina Menzel)

23 de dezembro, 1976

Mansão Potter – Residência dos Potters

Ao sentir os feitiços serem retirados da Mansão Potter, Mia saiu de seu quarto, onde estava confinada há horas se escondendo de Jamie e Sirius, e desceu pelas escadas. Quando a porta da frente se abriu, um sorriso cruzou seu rosto ao ver a amiga ruiva conversando com seus pais, que tinham ido até Cokeworth buscá-la por Aparatação acompanhada, a trazendo de volta para a Mansão Potter onde ela iria passar o feriado de Natal.

"Muito obrigada por me deixarem passar o feriado com sua família, Sr. e Sra. Potter," Lily disse radiante, usando um tom de voz que ela geralmente reservava para os Professores de Hogwarts.

"Nenhum problema, querida," Dorea disse entusiasmada. "Você é mais do que bem-vinda na Mansão, qualquer hora que quiser. É sempre bom ver Mia rodeada de jovens bruxas. Acho que os garotos foram uma má influência para ela com o passar dos anos," a matriarca Potter riu e Mia revirou os olhos enquanto entrava no Hall.

"Isso ou eles enlouqueceram a menina," Charlus acrescentou uma vez que viu a filha chegando.

"Ouvi isso," Mia sorriu para o pai e se virou para abraçar fortemente Lily. "Graças a Godric você está aqui!" Ela exclamou. "Sirius encantou visgos do diabo e os prendeu com feitiços adesivos em todos os quartos! Se mostrando porque é o único de nós que tem idade para usar magia fora de Hogwarts."

Mia e Lily estavam irritadas com o fato que, de todos os alunos em seu ano, foi logo Sirius que se tornou maior de idade e legalmente capaz de usar mágica fora da escola. Mia perguntou ao Professor Dumbledore sobre seu próprio status, apenas para descobrir que com os arquivos do Ministério que ela compartilhava o aniversário com James em março, o rastro só sairia naquele dia.

"Eu penso que é uma boa mágica," Charlus disse com um sorriso divertido e Dorea revirou os olhos junto da filha.

"Claro que você pensa," Mia olhou carinhosamente para Charlus que riu enquanto passava o braço pelas costas de Dorea, antes de conduzir a esposa pelo corredor que dava no jardim dos fundos.

"Eu quero saber o que os visgos fazem?" Lily perguntou nervosamente.

"Eles foram encantados para fazer um barulho alto toda vez que eu e Remus estivermos sozinhos em algum quarto," Mia disse bufando. "Eu ainda não descobri como ele fez isso. Claramente uma mistura entre um Feitiço Miadura e um Feitiço Rastreador."

A primeira vez que ele tinha sido acionado foi no meio de uma noite, quando Mia entrou no quarto de Remus para emprestar um livro para ele ler antes de dormir. Ela não tinha dado um passo dentro do quarto antes que as pequenas decorações de Natal começassem a gritar. Sirius e James entraram no quarto com varinhas levantadas e sorrisos no rosto, enquanto Mia e Remus estavam metros separados, com expressões de absoluto horror no rosto.

"Isso é horrível," Lily disse enquanto claramente tentava abafar uma risada. "Muito inteligente, mas horrível."

"Falando de mim?" Sirius disse enquanto entrava no quarto usando calças jeans trouxas e uma blusa branca justa que estava manchada com o que parecia ser graxa de motor.

"Como você sabe?" Lily sorriu para ele.

"Eu ouvi 'muito inteligente' e naturalmente assumi," ele admitiu com um sorriso presunçoso.

"Ela também disse horrível," Mia voltou os olhos castanhos para ele. "Como em, 'você é horrível por ter criado essas coisas gritantes horrorosas'," ela botou as mãos no quadril, uma tática que usava com Harry e Ron quando um ou outro se comportava mal. Sempre funcionou com eles. Eles se sentiam culpados e iriam terminar o dever e pedir desculpas. No entanto, Sirius apenas ria com a reação, completamente não afetado pelo olhar dela.

"Tudo o que eu ouvi foi 'inteligente' então vou continuar com isso," ele sorriu e piscou para as garotas. "Você vai ficar aqui muito tempo, Evans?"

"Até a gente voltar," Lily acenou, lutando para não franzir o cenho. "Tenho alguns problemas familiares," ela admitiu em voz baixa, uma vermelhidão inundando suas bochechas.

"Bem-vinda ao clube," Sirius apenas sorriu para ela. "Era exclusivo, mas os Potters começaram a deixar qualquer ralé entrar."

"Oi, Lily," Remus disse enquanto entrava na sala usando roupas parecidas com as de Sirius, apesar dele estar muito mais sujo do que Remus. De qualquer jeito, a visão de Remus vestindo jeans Trouxas e uma camisa justa fez a respiração de Mia ficar presa na garganta. Bem quando seus pensamentos começaram a rondar uma área menos educada da mente dela enquanto ela observava o lobisomem, o visgo no canto da sala começou a gritar.

"Puta merda, Pads!" Remus se virou e gritou com o bruxo. "Nós nem estamos sozinhos aqui!" Ele rosnou.

"É," Sirius coçou a cabeça curiosamente com uma mão, pegando a varinha com a outra e silenciando a decoração. "Esse está quebrado," ele admitiu.

"Você precisa de ajuda com o malão?" Remus perguntou enquanto dava um passo à frente, estendendo as mãos para Sirius, pedindo silenciosamente para que ele tirasse o óleo delas com um Scourgify. "Tilly provavelmente viria e o levaria para você, mas como em todo Natal, Mia a forçou a tirar o dia de folga."

"É o presente dela para mim," Mia disse orgulhosamente, ainda se divertindo com o fato de ainda conseguir manipular a pequena elfo com o passar dos anos.

"Obrigada, Remus, eu adoraria," a ruiva sorriu agradecida, olhando como Sirius facilmente limpava as mãos de Remus e, depois, as próprias. "Ou talvez Sirius poderia levitá-lo para nós, já que ele pode usar magia," ela sorriu com um pouco de inveja.

"É bom ser adulto," Sirius sorriu.

"E mesmo assim você ainda age como uma criança," Mia sorriu debochada para ele.

"Eu nunca vou parar com isso."

"E eu não sei," a bruxa de cabelos encaracolados riu.

"Então, se você não se importa, por que não está com sua família?" Remus perguntou a Lily enquanto pegava um malão e fazia um gesto para Sirius pegar o outro se não fosse ajudar com magia. Sirius ficou boquiaberto com Remus por momento e, então, revirou os olhos cinzentos e balançou a varinha sobre o malão, o levitando no ar.

"Minha irmã convidou o namorado Trouxa dela para o feriado," Lily fez uma careta e Mia se virou para a amiga, imitando a expressão dela com o pensamento de Petunia e Vernon Dursley, dois dos mais hediondos Trouxas que Mia estava feliz por não ter conhecido ainda nessa linha do tempo. "E já que a gente não pode contar a ele que eu sou uma bruxa, eu fui forçada a sentar lá e tentar explicar sobre minha escola sem qualquer detalhe, enquanto ele olhava para mim como se eu fosse uma idiota," ela franziu o cenho. "Tenho certeza que Petunia disse a ela que eu fui mandada para algum tipo de asilo."

"E seus pais deixaram isso acontecer?" Mia rosnou, se lembrando das histórias de Harry sobre como os tios dele contaram aos vizinhos que o enviaram para o Centro St. Brutus para Meninos Irrecuperáveis.

"Petunia está certa de que Vernon vai pedir a mão dela em breve," Lily deu de ombros. "Então meus pais não quiseram arruinar as chances dela fazendo um estardalhaço. Além disso, eu acho que eles sentem falta dos dias em que eu era... normal."

"Trouxas não são normais, Evans, quando você vai aprender?" Sirius falou firme.

"Eu pensei que você iria preferir ficar com Alice ou Mary," Remus observou enquanto Sirius conduzia o malão pelo corredor enquanto os quatro seguiam atrás. "Com James morando aqui e tudo o mais."

"É um sacrifício que eu estou disposta a fazer," Lily sorriu. Mia era uma das poucas pessoas que sabia que Lily não estava sendo tão dura com James ultimamente. Depois de ter visto o que tinha acontecido quando ele quase sacrificou a própria vida para salvar o melhor amigo, Lily tinha que admitir que James Potter não era um total babaca. "Alice vai passar o Natal com a família de Frank."

"Ai," Sirius riu. "Feriados com Madame Longbottom, isso deve fornecer algumas boas histórias quando voltarmos para a escola."

"E Mary está na França com a mãe dela," Lily acrescentou.

"Peter também," Remus acenou. "O pai dele está trabalhando em algum tipo de negócio lá e a família dele resolveu passar o feriado no país. Abrindo uma nova loja, eu acho."

"Fico feliz pela família dele estar bem," Lily disse, dando um sorriso silencioso para Sirius enquanto ele abaixava o malão dela do lado de fora do quarto de visitas, perto do quarto de Mia. "Eu soube que o Boticário dos pais dele teve problemas por um tempo, depois que o pai foi acusado de ter algo a ver com Artes das Trevas. Besteira pura!" Sirius e Remus concordaram com ela, e Mia propositalmente olhou para suas unhas como se tivesse as examinando cuidadosamente.

"Mia, você viu Tilly?!" A voz de James pode ser ouvida gritando do outro lado do corredor. "Eu sei que é o dia de folga dela, mas eu não acho minha camisa do Puddlemere e ela sempre sabe onde..." o herdeiro Potter virou a esquina usando uma calça jeans parecida com a de Sirius e Remus, só que em vez de usar uma camisa manchada de graxa, ele estava sem camisa, já a tendo botado no cesto de roupa suja. "Ah, hmm... oi... eu... hm... bem-vinda?" Ele limpou a garganta e passou a mão pelo cabelo bagunçado, enquanto voltava a olhar para a irmã. "Mia, você viu Tilly?"

"Não," Mia riu com a visão do irmão afobado, sem blusa na frente de Lily, que na verdade parecia constrangido em vez de presunçoso. O rosto vermelho de Lily era igualmente divertido, já que a ruiva evitava manter os olhos verdes no corpo de James. "E eu disse para ela não vir a não ser que a Mãe ou Pai a chamassem. Se você realmente precisa dela, peça a eles."

"É, está bem," ele acenou e olhou para Lily antes de dar meia volta. "Te vejo por aí, Evans."

"Ele..." Lily estava boquiaberta enquanto James ia embora, desaparecendo em outro corredor. "Ele mal disse oi para mim."

"Talvez ele tenha te superado," Sirius sugeriu e sorriu debochado quando um olhar de raiva preencheu o rosto de Lily. Remus e Mia riram em silêncio enquanto as pontas do cabelo de Lily se agitava com a mágica dela.

"Ah..." Lily bufou, cruzando os braços sobre o peito. "Bom... bom para ele," ela disse, balançando as pontas do cabelo enquanto levantava o queixo desafiadoramente no ar.

"Ou talvez nós tenhamos pedido para ele pegar leve no Natal," Remus confessou com um sorriso. "Você não precisa acordar toda manhã com um buquê de flores e bilhetes de amor."

"É, que bruxa iria querer algo assim?" Mia disse sarcasticamente e tanto Sirius quanto Remus riram discretamente as custas de Lily.

"Cala a boca e mostre o meu quarto," a ruiva estreitou os olhos enquanto Mia entrava no quarto com ela. Só por via das dúvidas, Remus ficou do lado de fora do quarto com Sirius, não querendo ativar outro visgo defeituoso.

"Venham logo e vocês vão poder me ajudar a abrir meus presentes!" Sirius gritou.

"Por que você não pode usar mágica para abrir por você?" Lily botou a cabeça do lado de fora do quarto e o chamou.

"Porque o tio dele, Alphard, deixou uma herança para quando ele completasse dezessete anos e Sirius decidiu desperdiçá-la toda em presentes para nós," Remus revirou os olhos antes de enfiar as mãos nos bolsos e se virar para seguir Sirius, apenas para ver que o Animago tinha se virado de novo para discutir com ele.

"Primeiro, não é desperdício," Sirius apontou o dedo na cara de Remus. "Eu mal estou fazendo cosquinhas no cofre, confie em mim," ele zombou. "Meu tio foi comigo no Gringotes no verão passado antes de morrer," ele disse casualmente, não querendo pensar muito no único membro da família Black que foi gentil com ele, sem contar com Andromeda. "Eu precisaria de uma vassoura para chegar no topo da pilha de ouro que tem lá e, mesmo assim, eu teria medo da avalanche." Mia sorriu e balançou a cabeça. Tendo visto o cofre dos Potters com os próprios olhos, ela acreditava que o ouro da herança de Sirius não era exagero. Era obsceno e Mia estava determinada em fazer com que Sirius fizesse bom uso dela. "E segundo, eu não estou usando só com vocês. Eu me dei um presente muito bom de Natal também."

"Com 'muito bom' você quer dizer uma armadilha mortal completa," Mia soltou.

"Uma vassoura nova?" Lily perguntou.

"Uma motocicleta Trouxa usada," Remus murmurou. "Nós estivemos trabalhando nela a manhã toda."

"Por que você simplesmente não comprou uma nova?" Lily perguntou incrédula.

"Onde está a diversão nisso?" Sirius revirou os olhos.

oOoOoOo

27 de dezembro, 1976

Mansão Potter – Residência dos Potters

"Mia!" Sirius gritou do quarto dele. "Vem aqui e tire esse gato estúpido de perto de mim!"

Só fazia uns dias desde o Natal e os residentes e convidados da Mansão Potter caíram em uma rotina preguiçosa de ler livros tarde da noite. Se o tempo permitisse, James, Sirius e Remus pegariam suas vassouras e iriam até o quintal e ficariam jogando a Goles que James ganhou de Natal um para o outro. Na maioria das tardes, Lily e Mia ficariam fazendo seus deveres de casa, ainda surpresas que, de algum modo, os meninos já tivessem terminado. Dorea tinha insistido que Sirius tirasse os visgos com Feitiço Miadura pelo menos da biblioteca, permitindo que Remus e Mia ficassem abraçados na grande poltrona, cercados de livros. Era uma existência maravilhosamente silenciosa.

Exceto quando Sirius começasse a gritar sobre o gato.

"Por que você está gritando?" Mia gritou enquanto botava a cabeça dentro do quarto de Sirius para encontrá-lo na forma Animaga. O cão do tamanho de um urso estava rosnando para um gato preto e cinza que não parecia ter medo da imensa besta, rosnando e estreitando os olhos azuis.

"Padfoot!" Mia gritou e observou Sirius voltar a forma humana e apontar um dedo acusador para o pequeno felino que estava andando de um lado para o outro na frente dele, rosnando.

"O gato, Mia," ele resmungou. "Tire essa maldita besta daqui e o leve para o seu quarto!"

"Deixe meu pobre Snuffles em paz," Mia murmurou enquanto pegava o pequeno filhote nos braços, sorrindo quando ele esfregou a cabeça na lateral de seu pescoço, miando baixinho feliz.

"Que nome estúpido para um gato," Sirius murmurou enquanto andava de volta até a cama, segurando a colcha vermelha para que ela visse que o gato já tinha posto suas garras para fora.

"Nome estúpido para um cachorro," Mia respondeu por baixo da respiração. "Se você não gostou do gato, não deveria tê-lo comprado para mim," ela deu de ombros. "Você é um cachorro e meu namorado é um lobisomem. Sinceramente, como você pensou que um gato seria um bom presente?" Mia riu enquanto Sirius puxou a coberta rasgada da cama e pegava a varinha para tentar consertar o estrago. "Você deveria ter comprado, pelo menos, um que fosse metade Amasso. Ele seria capaz de sentir que você é um Animago," ela disse, uma parte nostálgica ao pensar em Bichento.

Apesar de saber que nada conseguiria substituir seu primeiro gato, Mia não conseguiu evitar sua animação na manhã de Natal quando abriu a pequena caixa vermelha para encontrar um pequeno filhote sentado dentro dela chiando alto.

"Posso levar Snuffles de volta e trocá-lo por um?" Sirius perguntou.

"Nem com a sua vida," ela respondeu com os olhos cerrados, rindo quando Snuffles se virou e chiou para Sirius de novo, como se tivesse entendido.

"Está bem," Sirius concedeu. "Mas falando em presentes horríveis," ele andou até a mesinha ao lado da cama, pegando um livro. "Este livro Trouxa que você me deu é ridículo!" Ele disse enfaticamente enquanto caminhava de volta para a porta, empurrando-o na direção de Mia. "Pergunte a Evans se os Trouxas realmente pensam isso sobre bruxas e bruxos."

"É só uma história, Sirius," Mia suspirou e revirou os olhos para ele, pegando o livro com uma mão enquanto botava o gato no chão, ansioso por correr pelo corredor e não voltar para o quarto de Sirius. "Não História da Magia."

"Ele não é nem um bruxo de verdade, Mia!" Sirius gritou.

"Oz não é um lugar de verdade. É uma história, Sirius," Mia riu. "Deve ser lida por diversão."

"É idiota," ele balançou a cabeça. "Bruxos não tem magia de verdade, metade das bruxas são Comensais da Morte e a grande diferença é que a menina estava com a Chave do Portal o tempo todo?"

"Os sapatos dela não são Chaves do Portal," Mia riu com o jeito que ele estava sendo ridículo. Se ele estava irritado com o Mágico de Oz, Mia estava determinada em dar a ele uma coleção de histórias Trouxas no aniversário dele. Talvez Senhor dos Aneis. Sem fotos e muitas e muitas palavras. Palavras longas também.

"Um objeto inútil enfeitiçado para levá-la para casa?" Sirius cruzou os braços, pronto para argumentar. "Como diabos você chamaria isso?"

Mia pensou por um momento e, então, grunhiu. "Ugh, está bem, é uma Chave do Portal."

"E eu não ainda estou convencido sobre aquilo tudo ser armado por Duendes," ele revirou os olhos.

"Munchkins," ela o corrigiu.

"Você não tem mais permissão para me dar livros."

"Você não tem mais permissão para me dar bichos."

"Ótimo," ele sorriu. "Podemos devolver os dois agora?" Mia estreitou os olhos e botou o livro de novo nas mãos de Sirius.

"Estamos falando sobre o gato?" Remus perguntou enquanto entrava no quarto, o livro que ele e Mia estavam lendo na biblioteca em uma de suas mãos, o polegar marcando a página em que tinham parado.

"Você também não gosta do Snuffles?" Mia ficou boquiaberta com o namorado, olhando para baixo enquanto o gato se esfregava na perna dele carinhosamente. Ela riu do olhar de puro desgosto no rosto de Remus enquanto ele tentava, sem violência, sacudir a perna e tirar o gato de cima dele. "Mas olha como ele é lindo!"

"Eu amo você, eu odeio o seu gato."

"Ele vai te conquistar," ela sorriu.

"Traga-o na próxima lua cheia e eu vou comê-lo," o nariz de Remus torceu. "Eu não estou brincando. O pestinha me mordeu hoje de manhã."

"Pelo menos você se cura rápido," Sirius reclamou. "O bastardo tem me usado como um poste para arranhar a tarde toda," ele mostrou o braço esquerdo que estava coberto de arranhões vermelhos. "Aqui," Sirius botou o livro na mão de Remus. "Ela não quer aceitar devoluções. Você pode ler."

"Já terminou?" Remus perguntou.

"Eu sei ler, sabia," o Animago zombou. "Eu tirei mais N.O.M.s do que você."

"Não estou questionando a sua inteligência, Pads," o lobisomem riu. "Então, o que você achou?" Remus perguntou, passando o próprio livro para Mia antes de abrir a capa de Mágico de Oz e folhear as páginas despreocupadamente.

"Não pergunte isso," Mia preveniu o namorado.

"Ele nem é um bruxo de verdade!" Sirius gritou.

"Ele também acha que os chinelos prateados são uma Chave do Portal," Mia falou e Remus imediatamente caiu na risada. "Falando em Chaves do Portal, eu estive pensando e poderia usar a ajuda de vocês se estiverem interessados," ela ofereceu. "Eu quero fazer Chaves do Portal que estão conectadas como a sua corrente," ela apontou para Sirius que ainda usava a correntinha prateada, não tendo tirado nem uma única vez desde que a ganhou anos atrás, principalmente quando salvou sua vida. "Só que em vez de ser conectada a um lugar, ela seria conectada a outro item encantado, um gêmeo."

"Para quê?" Remus perguntou curioso, devolvendo o livro a Sirius que o pegou a contra gosto.

"Sinceramente?" Mia suspirou. "Estou entediada."

Ela tinha ido para Hogwarts duas vezes e, apesar dela finalmente planejar completar seu sétimo ano na próxima primavera, tinha pouca coisa que ela podia fazer sem acidentalmente se tornar Monitora Chefe, cargo que ela sabia que seria dedicado a Lily. Mia passou anos escondendo seu talento nas aulas, fazendo o possível para não mostrar que não apenas já sabia os feitiços, mas já os tinha dominado anos atrás, não verbalmente e até sem varinha. Ela passou um curto tempo do quarto ano treinando para se tornar uma Animaga, mas, além de criar novos feitiços, poções e encantamentos, Mia se esforçou muito para reforçar suas barreiras de Oclumência e aprender Legilimência sem acabar invadindo a mente de alguém contra a vontade da pessoa, algo que ela descobriu ser absolutamente abominável.

"Quero dizer, por que a gente usaria?" Remus perguntou.

"Talvez para os Aurores?" Mia sugeriu com um dar dos ombros. "Pensa. Digamos que um Auror esteja rastreando alguém que Desaparatou. Ele não pode ser seguido, especialmente se ele Aparatou para um lugar que possui feitiços contra entrada desconhecida. Mas Chaves do Portal são diferentes e podem passar por cima de alguns feitiços. Se um Auror escorregasse uma metade da Chave de Portal no bolso do alvo, ele poderia segui-lo."

"E apareceriam no bolso da pessoa," Remus levantou uma sobrancelha.

"Ainda estou trabalhando nesse projeto," Mia fez beicinho.

"É genial," Sirius sorriu debochado. "E eu já consegui pensar em sete, não, oito formas de usá-los em brincadeiras!"

oOoOoOo

29 de dezembro, 1976

Mansão Potter – Residência dos Potters

O cheiro metálico de sangue encheu seu nariz. Era esmagador e a deixou enjoada. Ela virou a cabeça para o lado e encarou os olhos frios de Bellatrix Lestrange. Fazia anos desde que ela tinha pesadelos sobre sua torturadora Comensal da Morte. Confrontar a bruxa do lado de fora da Mansão Malfoy depois do casamento de Lucius e Narcissa tinha, de algum modo, a curado de seu medo. Mas ainda assim, os olhos de Bellatrix a encaravam, mais frios do que nunca.

Em vez dos olhos frios e implacáveis a encarando fixamente os seus castanhos, estes eram olhos vazios.

Mia podia ouvir levemente o som de uma Maldição Cruciatus ser lançada na distância enquanto seus olhos se voltavam para baixo e percebiam que o sangue que ela cheirava saíam de um grande rasgo na garganta de Bellatrix. A visão e o cheiro eram insuportáveis, mas o som estava abafado, a não ser pelo choro de um cão. Ela mal podia ouvir o som de um homem e mulher lutando, mas uma palavra foi clara como o dia, "Sectumsempra!" enquanto ela virava a cabeça para ver um Lucius Malfoy mais velho cair no chão sangrando, revelando um Draco Malfoy furioso atrás dele.

De repente, ela estava parada do lado de fora do Gringotes ao lado de Harry, Ron, Sirius e Draco. Uma pilha de Comensais da Morte atrás deles. Sonho ou memória? Mia se perguntou enquanto se aproximava de Sirius enquanto ele botava uma mão no ombro do jovem Malfoy. "Você não é um assassino," ele disse a Draco, mas seus olhos cinzas estavam presos em Mia. Os olhos dela foram até a pilha de corpos onde dois corpos estavam respirando ainda. Sr. Crabbe e Sr. Goyle.

Em um piscar de olhos, Crabbe parou de respirar e Mia olhou para baixo vendo uma luz verde deixar a varinha de videira, atingindo o homem repetidamente no peito como se ela não conseguisse parar. O corpo de Crabbe rapidamente se tornou os corpos imóveis dos gêmeos Carrows, desta vez na idade de dezessete anos, os dois marcados como Comensais da Morte. Amycus com um olhar presunçoso no rosto e Alecto rindo enquanto a luz verde da Maldição da Morte a golpeava de novo e de novo.

Ao longe ela pôde ver uma Hermione Granger com dezessete anos com um grande livro no colo, Ron e Harry sentados do lado dela.

"Existe alguma maneira de juntá-las de novo?" Ron perguntou.

"Sim," Hermione disse com um sorriso vazio, "mas seria extremamente doloroso."

"Por quê? Como faz?" Harry perguntou.

"Remorso," disse Hermione. "Você precisa se arrepender de verdade pelo o que fez. Tem uma nota de rodapé. Aparentemente, a dor do processo pode te destruir. Eu não consigo ver Voldemort sentindo remorso, você consegue?"

Ela sentiu uma dor no peito quando olhou para baixo e viu os gêmeos Carrows ainda rindo, sem serem afetados pelo Avada Kedavra que sua varinha parecia lançar por vontade própria. Mia tentou parar, mas não conseguiu. Lágrimas desciam por suas bochechas enquanto ela gritava, implorando para que aquilo terminasse e quando finalmente terminou, um calafrio percorreu seu corpo enquanto uma voz fria e alta penetrava em sua mente.

"Permita-me mostrar como uma maldição da morte deve ser," Voldemort sibilou e apontou a Varinha das Varinhas para ela.

"Não!" Mia gritou.

"..a!...ia!..Mia! Mia!" A voz de Remus escorreu até ela, mas não foi o que a tirou do pesadelo. Um alto barulho de grito ecoou dentro de seu quarto na Mansão e seus olhos abriram depressa, chocada com o alarme vindo do visgo acima de sua cama. "Merda!" Remus xingou. "Sirius!" Ele gritou para a porta.

"O que está acontecendo?" Sirius correu pelo corredor depois de ouvir o alarme, tendo assumido que Remus e Mia estavam tentando ser sorrateiros com os amassos, apenas para encontrar um Remus perfeitamente enfurecido de pé na porta de seu quarto. Sirius franziu o cenho ao ver a expressão no rosto dele.

"A porra do seu alarme está tocando e Mia está tendo um pesadelo!" O lobisomem fritou.

"Merda!" Sirius parecia completamente culpado e pegou a varinha. "Eu vou consertar," ele apontou a varinha para o visgo, franzindo o cenho enquanto o silenciava. O bruxo de cabelos negros se virou para ver uma Mia trêmula na cama, o rosto pálido e coberto de suor enquanto Remus a puxava para perto dele, a envolvendo protetoramente com os braços. "Mia, eu sinto muito," Sirius murmurou enquanto se aproximava da cama lentamente, observando a reação do amigo para garantir que ele era mais Remus do que Moony no momento.

"Está tudo bem, amor," Remus murmurou nos cachos dela. "Você está segura. Estou com você. Estou com você," ele beijou o topo da cabeça dela. Sirius se ajoelhou ao lado da cama dela, olhando para ela com tristeza enquanto estendia a mão e pegava a dela.

A porta foi aberta por Lily que tinha ouvido a comoção e veio correndo do quarto dela para encontrar Remus e Sirius cuidando de uma Mia assustada. Lily franziu o cenho com a cena, querendo ajudar mas não sabendo como. De repente, alguém passou correndo ao seu lado e Lily ficou boquiaberta ao ver James entrando no quarto, a ignorando completamente enquanto falava, "Sai!"

"Mia, amor, você está bem?" James disse, andando enquanto Remus se levantava, deixando que o irmão de Mia tomasse o seu lugar na cama, a puxando em seus braços.

"Estou bem," Mia murmurou. "Só... só um bem ruim."

"Mia?" Lily murmurou enquanto entrava no quarto. "Você... você quer conversar sobre isso?"

"Não," Mia balançou a cabeça, tentando tirar a imagem dos Comensais da Morte mortos e de Voldemort de sua mente.

"Mia, acho que você deveria..." Lily deu um passo à frente apenas para se ver de frente a um James Potter furioso e protetor que a encarou de verdade.

"Ela disse não, Evans! Sai!" Ele soltou para ela. Lily engasgou com a raiva no rosto dele, a tendo visto apenas poucas vezes em todos os anos em que se conheciam, e em nenhuma vez ela tinha sido o alvo de tal raiva. Lily engoliu em seco ao ver, pega completamente de surpresa por esta versão do menino que tinha ficado atrás dela por tantos anos.

"Não," Lily disse determinada. "Ela é minha amiga também e eu a observei passar por isso todos esses anos," ela deu um passo para perto da cama, ignorando o olhar obscuro que James ainda lançava para ela. Pelo menos Sirius e Remus pareciam culpados com a notícia de que Lily sabia dos pesadelos de Mia, o que significava que ela continuou tendo em dias que eles não podiam ajudá-la. "Você não pode simplesmente botar um band-aid em um problema como esse e esperar que passe."

"O que é um band-aid?" Sirius perguntou com as sobrancelhas franzidas. Todos ignoraram.

"Evans," James rosnou. "Você não tem ideia... nenhum direito para..."

"Jamie, está tudo bem," Mia disse baixinho.

"Não está."

"Eu sou uma Nascida-trouxa," Mia soltou.

"Mia!" James gritou, seus olhos avelãs arregalados. Remus, Sirius e Lily encararam os irmãos, olhares de confusão e choque cobrindo seus rostos.

"Jamie, eu estou tão cansada de segredos," Mia admitiu em voz baixa, segurando um soluço. "Eles estão me matando," ela franziu o cenho querendo falar mais. Desabafar todos os seus segredos. Mas Dumbledore tinha enfeitiçado ela para impedi-la de fazer tal coisa. "É demais, é muito pesado", ela chorou, finalmente, deixando algumas lágrimas saírem. "E eu não posso guardar todos eles mais."

"Eu não entendo..." Sirius estava boquiaberto, preocupação genuína pintada em seu rosto. "Como você é Nascida-trouxa?"

"Eu sou adotada," Mia confessou. "Os Potters me adotaram um mês antes de começarmos Hogwarts. Minha família... minha família biológica," ela se corrigiu com o olhar magoado no rosto de Jamie. "Eles estão..." no futuro... em algum lugar da Austrália, Obliviados. "Mortos... por causa dos Comensais da Morte. Por causa de Você-Sabe-Quem," ela disse, contornando a verdade que o feitiço de Dumbledore a impedia de falar. "Dumbledore me mandou para os Potters para me proteger."

"É por isso que você sabe tanto sobre o mundo Trouxa," Lily também estava boquiaberta enquanto se sentava do lado de Mia, oposto ao de James, pegando as mãos da amiga enquanto Sirius e Remus ainda a encaravam. Lily sorriu para ela, claramente tendo encontrado uma alma gêmea na amiga, apesar do jeito terrível que Mia tinha, aparentemente, entrado em sua vida.

"Você foi..." Sirius hesitou em falar, culpa cobrindo seu rosto. "Sua família foi... você sabe quem foram os Comensais da Morte?" Ele engoliu em seco, aterrorizado em ouvir que talvez fosse alguém que ele conhecesse, alguém de sua família.

"Não," Mia mentiu, franzindo o cenho quando percebeu a razão de Sirius estar perguntando. Como ela poderia contar que foi, de verdade, a família dele que tinha feito coisas tão horríveis? Que foi Bellatrix que a tinha torturado, torturado os dois. "Eu sinto muito por ter mentido para vocês e ter feito Jamie mentir..."

"Não se desculpe por nada, Mia," James insistiu. "Eu nunca menti. Você é minha irmã e sempre vai ser até onde eu sei," ele a beijou na testa e a puxou mais perto. "Eu não dou a mínima para o seu sangue. Você é uma Potter."

"Não faz a menor diferença para mim," Remus disse firme.

"Nem para mim," Sirius prometeu.

"Claramente não para mim," Lily sorriu radiante, tentando acabar com a tensão no ar. "Apesar de eu estar um pouco irritada por você ter deixado eu continuar te ensinando sobre televisão," ela riu e todo mundo se juntou quando Mia deixou escapar um sorriso.

"Eu não quero me sentir quebrada de novo," Mia admitiu depois de um minuto em silêncio, ainda agarrada em James com um braço, enquanto ela segurava a mão de Lily com o outro.

"Mia, você não..." James tentou insistir, mas Mia o interrompeu.

"Eu estou," ela disse claramente. "Jamie, eu realmente, realmente estou. Eu poderia ter matado os Carrows," ela confessou. "Teria sido fácil e eu nem pensei na hora. Eu não quero ser uma assassina. Eu não quero ter uma alma quebrada," ela franziu o cenho pensando no futuro, em Voldemort e nas Horcruxes. "Então, eu vou tentar conversar quando eu precisar... quando eu conseguir. Mas eu preciso que todos prometam não contar isso a ninguém," os olhos castanhos arregalados. "Nem Mary, Alice, Frank... e nem Peter," ela acrescentou com grande ênfase.

E um por um eles fizeram um voto, jurando pela mágica deles guardar o segredo dela.


N/A: oi, minha gente!
Mais um capítulo p vocês e já temos uma mudança aqui :)
Espero que tenham gostado!
Vou postar mais um capítulo daqui a pouco, consegui me adiantar bastante, uhul!

Motoko Li: depois do 5o livro eu passei a ter uma ideia dos ideais de verdade do Dumbledore e o que ele faria p conseguir alcançá-los... Tem que ter realmente muita frieza p fazer o que ele faz.
Remus e James são bem mais certos do que Sirius e Mia, realmente. Acho que p chegar ao ponto deles usarem uma Imperdoável, teria que ser por algo absurdo! Já p nosso querido casal que não consegue ficar junto, é algo que não nos surpreende. Não sei...
Ahh, o dia dos namorados foi ótimo, obrigada! Comemorar com comida sempre funciona hahahaha e como foi o seu?
Espero que tenha gostado do cap de hoje! Vou postar outro daqui a pouco, só dar os retoques finais :))

alinefgs: vamos ter que esperar para ver isso aí!