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The Debt of Time
Parte Dois – O Vira-Tempo
Capítulo Sessenta e Um: Casa Mia
"...We're teenagers.
We count the years,
We think we're smart
But we're not.
We don't know anything..."
(Teenagers - Haley Williams)
9 de janeiro, 1977
Hogwarts Escola de Magia e Bruxaria
Quando os Marotos, Mia e Lily chegaram na Estação Kings Cross eles ficaram chocados quando o trem partiu com um de seus amigos faltando. Eles não ouviram uma palavra sobre Peter durante o feriado. Nem mesmo o pacote de Natal cheio de grandes barras de chocolates da Dedos de Mel tinha chegado; o mesmo pacote que Remus era conhecido por pegar parte do chocolate para si, deixando as Penas de Açúcar, Ratos Congelados e Varinhas de Alcaçuz para os outros. Mas o Natal chegou e com ele nenhuma coruja do Maroto mais baixo.
Uma parte de Mia estava feliz por não ter que pensar em Peter no feriado. No entanto, depois de lidar com seus pesadelos sobre os gêmeos Carrow e sua culpa persistente sobre a morte acidental de um futuro Sr. Crabbe, Mia não podia evitar sentir uma estranha preocupação com o quarto Maroto, especialmente desde que James, Sirius e Remus estavam cheios de preocupação com seu compadre ausente.
Quando eles chegaram em Hogwarts, todos os cinco adolescentes foram direto até o escritório de Dumbledore, ficando do lado de fora por um tempo chutando nomes de doces para a gárgula. Quando ela finalmente abriu, não os deixou entrarem, mas, em vez disso, deixou sair Dumbledore e um Peter aterrorizado.
"Ah, vejo que sua escolta já chegou, Sr. Pettigrew," Dumbledore sorriu radiante, seus olhos azuis brilhando na luz. "Eu vou deixá-lo aos cuidados dos seus colegas." O Diretor sorriu antes de subir de novo pela escada em espiral.
"Wormtail, onde diabos você esteve?" Sirius perguntou em voz alta, o cenho franzido em preocupação.
"Sinto muito," Peter franziu as sobrancelhas. "Minha... minha família foi... atacada," murmurou a última palavra e Lily engasgou, cobrindo a boca antes de puxar Peter para um abraço, sussurrando palavras de consolo para ele.
"Você está bem?" A ruiva perguntou.
Peter sorriu tristemente, dando um tapinha nas costas dela. Ele não queria ficar muito perto dela com James ali, embora ele estivesse satisfeito em ver que seu amigo de cabelos bagunçados parecia mais preocupado com ele do que com Lily no momento. "Eu estou bem," ele concordou. "Podemos voltar para a Torre? Eu realmente só queria sair dos corredores." Ele olhou em volta desconfiado, como se alguém estivesse escondido nas sombras escuras das alcovas, ouvindo a conversa.
Com a visão da pele roxa-azulada debaixo dos olhos dele, Mia franziu o cenho. Por mais que ela odiasse a pessoa que Peter se tornaria, por mais que ela desgostasse da pessoa que ele era agora, ela conhecia o olhar no rosto dele e não conseguiu evitar se sentir solidária com ele. Ela já teve olheiras similares no ano em que ela, Harry, Ron e Sirius estavam fugindo dos Comensais da Morte e Sequestradores enquanto procuravam pelas Horcruxes. Estarem sendo caçados e saberem disso causava algo físico na pessoa. Te acrescentava anos de vida, e Peter Pettigrew de repente parecia bem mais velho.
Uma vez que os seis chegaram na Torre da Grifinória, Remus e Lily entraram em modo Monitor, mandando os mais jovens para os dormitórios, antes de todos irem para os dormitórios dos meninos, a fim de ouvir a história de Peter. Sirius e James se sentaram nas próprias camas. Eles observaram enquanto Peter se sentava na ponta da cama dele, ao lado de Lily, que continuava tentando consolar o amigo. No meio tempo, Mia subiu na cama de Remus com o namorado. Ele colocou um braço ao redor dela enquanto Peter falava que o novo Boticário da família na França tinha sido queimado até não sobrar nada, e que ele e os pais tinham escapado com vida por pouco.
"Mãe ainda está no St. Mungus," Peter falou com o cenho franzido. "Eles falaram que ela vai ficar bem, mas as queimaduras foram bem feias," ele explicou, parecendo culpado.
Mia não gostou do olhar dele; estranhamente, a lembrava de Harry, o que a deixou no limite pela comparação. Peter estava se culpando por não ter sido capaz de proteger sua família. Mia lutou contra a onda de simpatia que apareceu dentro dela, tentando apagar seu conhecimento sobre o futuro. "Ela está na ala de Danos Causados por Magia?" Ela perguntou curiosa.
"Por que ela estaria?" James perguntou. "Foi um incêndio, certo?"
"Sim, mas Peter disse que eles foram atacados," Mia respondeu e voltou a atenção para Wormtail.
"É," Peter assentiu lentamente. "Era fogo amaldiçoado," ele murmurou.
Lily prendeu a respiração em choque. "Alguém usou... usou Fogomaldito na sua família?" Ela ficou boquiaberta com o pensamento perturbador. "Godric, vocês realmente tem sorte por estarem vivos!"
"Eu sinto muito, Peter," Mia disse baixinho.
"Eu me senti tão impotente," Peter admitiu, um olhar incomum de raiva atravessando suas feições suaves. "Nós não conseguíamos ver nada," ele explicou. "Se as pessoas na parte de trás da loja não tivessem começado a gritar..." ele tremia de medo e raiva ao mesmo tempo. "Nós nem teríamos sabido que era para correr. Minha mãe foi lá para trás tentar ajudar... tão estúpida." Ele fez uma careta.
"Isso foi muito corajoso dela," Mia admitiu.
"Ela quase morreu!" Peter se virou e encarou Mia. "Ela poderia ter morrido."
"Mas ela não morreu, parceiro," Sirius disse, se levantando da cama e indo até o lado de Peter, dando uns tapinhas no ombro dele. "Você e seus pais conseguiram sair vivos."
"Nós fomos os únicos," Wormtail confessou. "Todos os outros apenas... Godric," ele engasgou e olhou para os amigos. "O... o cheiro..."
"Os Aurores vão proteger sua família," James insistiu. "Tudo vai ficar bem," ele prometeu ao amigo.
"Os Aurores foram a razão da minha família ter sido marcada!" Peter se levantou e pela primeira vez na vida, encarou James como se tivesse capacidade de lutar com ele.
Mia reagiu imediatamente, estendendo a mão para pegar a varinha, apenas para ser impedida por Remus, que a olhou incrédulo. Ela silenciosamente se repreendeu por ter agido tão impulsivamente, tentando se acalmar, enquanto Peter continuou a gritar com todos eles.
"Eles prenderam meu Pai e ele nem tinha feito nada errado," ele disse amargamente. "Não é ilegal ir na Travessa do Tranco!"
Mia franziu o cenho e balançou a cabeça. Merlin, esse é um terreno escorregadio. Ela já conseguia ver o futuro ser escrito bem na frente dela. Peter estava com medo, perdendo a pequena moral que ele pode ter tido uma vez e, graças ao feitiço da verdade de Dumbledore, Mia não podia avisar a ninguém.
"Ele só estava... estava... ele não estava fazendo nada obscuro," Peter continuou, defendendo seu pai, que Mia tinha certeza de que não era um Comensal da Morte. Mesmo assim, ele estava mexendo com magia negra onde ele não deveria ir. "Mas eles o levaram de qualquer jeito, e agora os Comensais da Morte estão... eu não sei, talvez eles pensem que meu pai está tentando espioná-los ou algo assim?" Ele tentou pensar em voz alta. "Mas os Aurores não vão fazer nada. Eles nem mesmo botaram seguranças ao redor do quarto da minha mãe no St. Mungus."
"Talvez você devesse falar com Dumbledore," Mia sugeriu rapidamente. Se ela não podia fazer nada vocalmente para mudar o futuro, talvez ela pudesse usar algumas brechas para tentar direcionar Peter no caminho certo. Draco Malfoy tinha se tornado um espião para a Ordem da Fênix, assim como Severus Snape. Talvez se ela conseguisse que Peter pedisse ajuda a Dumbledore, ela poderia impedi-lo da eventual traição. "Ele pode te ajudar. Manter sua família a salvo."
"Você não entende, Mia," Peter balançou a cabeça.
"Peter, seus amigos vão te proteger!" Mia se levantou, o encarando. "Por isso que eles estão ali," ela apontou para James, Sirius e Remus, todos assentindo enfaticamente. "Eles iriam morrer por você, assim como você morreria por eles," ela disse, esperando que talvez ela conseguisse marcar um ponto.
Peter pareceu contemplar algumas coisas que passavam por sua mente, mas o som repentino dos quinto anistas abaixo do dormitório deles gritando e rindo o fez pular e olhar ao redor desconfiado. "Eu não deveria estar falando sobre isso," ele disse baixinho. "E se alguém estiver ouvindo?"
"Nós estamos na Torre da Grifinória," Sirius disse firmemente. "As únicas pessoas aqui são Grifinórias."
"Eu não sou um Sonserino, mas posso entrar no Salão Comunal deles; mesma coisa com os Lufa-lufas e Corvinais," Peter disse firmemente, ainda olhando ao redor do quarto como se procurasse por alguém debaixo de uma Capa da Invisibilidade.
"Espera, você foi nos outros Salões Comunais?" Lily perguntou, mas todos a ignoraram.
"A Torre não é segura." Peter balançou a cabeça enquanto voltava para sua cama de dossel, passando por Lily que tentou pará-lo. "Hogwarts não é segura. Ninguém está seguro!" Ele disse e sacudiu a varinha, fechando as cortinas.
oOoOoOo
12 de maio, 1977
Hogwarts Escola de Magia e Bruxaria
Levou meses – e uma grande quantidade de Firewhisky trazido secretamente – para relaxar Peter um pouco. Não ajudou que informações sobre Comensais da Morte enchiam uma página do Profeta Diário pelo menos uma vez por semana. Felizmente, eles pareciam ficar cada vez mais longe da Grã-Bretanha e Escócia, com a última aparição relatada ter sido em algum lugar perto da Bulgária.
Em vez de se focarem em tirar Ótimos como no ano anterior, todos os sexto-anistas se inscreveram nos testes de Aparatação. Amargamente, Remus não poderia pagar as aulas, especialmente desde que seu pai tinha retirado o pouco dinheiro que tinha depositado na conta pessoal de Remus no Gringotes e se recusava a responder suas corujas. Ignorando o orgulho silencioso dele, os pais Potters insistiram em ajudar. Eles pagaram as aulas de Aparatação de Remus e o teste da licença, e até acrescentaram escondido dinheiro no cofre dele para cobrir qualquer coisa que ele precisasse em Hogwarts. Recebiam relatórios periódicos de Mia, James e Sirius sobre Remus estar tirando vantagem dos Galeões.
Mia se orgulhava por ter sido a primeira do ano dela a conseguir a licença. Ela permitiu apenas uma pequena parte de si para sentir culpa, considerando que ela vinha Aparatando há quase uma década e tinha conseguido Aparatar lado a lado com pelo menos duas pessoas (foi a terceira pessoa extra durante a caçada as Horcruxes que a fez ser estrunchada). Felizmente, essa cicatriz não iria aparecer pelos próximos seis meses, mais ou menos, mas Mia já estava preocupada com o que ela iria falar para as pessoas que veriam – basicamente Remus, que frequentemente tinha acesso a sua pele nua. Uma cicatriz de magia negra era algo que ele estava disposto a ignorar por pedido dela, mas uma cicatriz de estrunchamento que pegava as costas inteiras dela? Ela não estava certa de que Remus estaria disposto a permanecer em silêncio sobre o assunto.
Lily e Remus conseguiram a licença para Aparatar logo após Mia, seguidos por Snape, vários outros Sonserinos focados como Damocles e Adrian Abbot, e uma grande quantidade de Corvinais. James, Peter e Sirius tiveram dificuldade, mas apenas porque eles acharam mais interessante tentar distrair o outro do que se focar na própria Aparatação. Depois de uma boa bronca de Mia, todos os três garotos se esforçaram mais em não se estrunchar. Mia estava feliz de que não precisava cuidar de um Sirius Black estrunchado – de novo.
Quando a primavera começou a se preparar para o verão, Remus e os gêmeos Potters celebraram sua maioridade com Cerveja Amanteigada e um banquete da Dedosdemel. Firewhisky há muito tempo tinha sido banido a pedido de Lily, apesar de Sirius mantivesse um esconderijo no fundo de seu malão, apenas para ocasiões especiais. Ou sextas feiras. Durante o feriado de Páscoa no final de Abril, Sirius, James e Mia retornaram a Mansão Potter enquanto Remus decidiu ficar em Hogwarts com Peter, já que os pais do último pediram para ficar na escola para continuar seguro.
Quando os residentes da Mansão Potter voltaram para a escola, Sirius estava ansioso em mostrar como eles passaram o resto das curtas férias.
"Eu não acredito que vocês três fizeram tatuagens no aniversário!" Remus balançou a cabeça divertido enquanto James abria a camisa para mostrar a tinta fresca no peito e Mia abaixava a parte de trás da blusa para mostrar o ombro, revelando a coisa mais rebelde que ela já tinha feito, na forma de um texto permanente em latim fluindo sobre seu ombro direito.
"Eles fizeram tatuagens para o aniversário deles," Sirius insistiu com um sorriso debochado. "Eu fiz uma tatuagem porque eles não sabiam onde a loja era, e eu não iria simplesmente entrar e não fazer nada. Isso é rude," ele disse claramente como se fosse uma verdade óbvia que Remus e Peter desconheciam.
"Evans vai te matar se algum dia vir isso." Peter riu de James, que estava ocupado na frente do espelho, examinando a tatuagem de um lírio do vale correndo por cima da sua cicatriz do Sectumsempra. Era com tinta mágica, então os lírios abriam e fechavam com o toque.
"Bom, era isso ou transformar minha cicatriz em um zíper," James riu.
"Eu disse para ele fazer a tatuagem 'open at this end' em cima da cicatriz," Sirius sorriu.
"E apesar das ideias adoráveis de mudar permanentemente do corpo," Mia disse sarcasticamente. "Você ainda escolheu uma flor." Ela balançou a cabeça para o irmão, que continuou a acariciar a tatuagem e observar com interesse enquanto cada flor abria e fechava, batendo na mão de Peter quando o Maroto mais novo tentou tocar em uma.
"Não é uma flor qualquer." James sorriu orgulhoso.
"Não, imagino que não." Mia sorriu, pensando se haveria um dia em que Lily iria apreciar o sentimento ridículo. "Eu não mostraria ainda a ela... por um bom tempo," ela disse com certeza. "Se for mostrar alguma vez," ela acrescentou.
"Eu gostei da sua." Remus disse de trás de Mia. Ele passou os dedos por cima das palavras em latim com olhos escuros, brilhando ouro, o que fez Mia sorrir. "Vita frui vita vivet; o que significa?" O lobisomem perguntou.
"'Viva a sua vida, aproveite a sua vida'" Ela sorriu radiante e se virou para beijá-lo docemente, apesar de Remus não ser capaz de dizer porque ela estava sendo tão carinhosa com ele por causa de uma tatuagem. "Eu as considero as palavras da minha Casa," ela disse com um sorriso. "Casa Mia."
"Eu também tatuei as palavras da minha Casa!" Sirius anunciou com uma risada.
"Você realmente tatuou 'Sempre Puro' com tinta permanente?" Remus se virou para o amigo boquiaberto. Todos tinham visto a cicatriz permanente nas costas da mão de Sirius, algo que ele tentou cobrir várias vezes, provocando Mia na forma Animaga dela para o morder durante as luas cheias. As pequenas palavras mal apareciam agora, tendo sido borradas com outras pequenas cicatrizes na forma de pequenos dentes afiados. "Padfoot, você odeia a sua Casa e as palavras da sua Casa!"
"Por isso que eu as tatuei na minha bunda," Sirius declarou e abaixou o lado direito dos jeans pretos, uma expressão de puro contentamento no rosto, tirando o fato de que os amigos tinham olhado para longe quando ele mostrou a pele branca. "Entenderam? Entenderam?"
"Sim. Muito esperto." Mia revirou os olhos.
"Entendeu, Moony?" Sirius sorriu debochado enquanto se aproximava de Remus. "'Sempre puro' minha bunda."
"Quão bêbado ele estava?" Remus perguntou ao James, que desviou o olhar com uma risada.
"Eu era o único sóbrio," James respondeu. "Nós precisamos pegar o Nôitibus Andante para voltar para casa, porque eu tive medo que esses dois fossem se estrunchar se tentassem Aparatar," ele disse apontando para Sirius e Mia.
"Se a minha Mãe não fosse uma vadia psicótica infernal que tentou me matar, eu gostaria de mostrar a ela," o bruxo de cabelos negros anunciou orgulhoso.
"Pads, por favor, levanta a calça," James implorou enquanto abotoava a camisa.
"Eu te excito, Prongs?" Sirius levantou as sobrancelhas para o melhor amigo, que riu em resposta.
"Bom, eu acho que já vi tudo o que..." Mia começou enquanto se virava para ir embora.
"Nada que você não tenha visto antes, gatinha!" Sirius de uma de suas risadas meio latido.
Mia revirou os olhos para ele. "Remus e eu vamos aproveitar o belo dia lá fora enquanto vocês dois babem por causa da bunda de Sirius." Ela acenou para Peter e James com um sorriso debochado. "Tenho certeza que ele vai apreciar bastante," ela disse rindo enquanto pegava a mão de Remus e o puxava para fora do quarto e desciam as escadas para o Salão Comunal. Eles pegaram alguns livros que tinham deixado na mesa em frente a lareira antes de irem até o buraco na parede e caminhavam até a grande escadaria de mármore.
"Eles já foram?" Sirius murmurou da porta aberta do dormitório dos garotos, ouvindo cuidadosamente os sons de Remus e Mia.
"Sim," Peter assentiu.
"Bom," Sirius sorriu diabolicamente. "Eu pensei em uma adorável brincadeira que Remus não aprovaria e Mia provavelmente nos daria de comida para Lula Gigante," ele disse enquanto voltava ao quarto, indo até o malão de James e procurando a Capa e o Mapa do Maroto.
"Tão ruim assim?" James perguntou interessado.
"Provavelmente pior," Sirius disse firmemente. "Eu não espero sair dessa com todos os membros intactos. Mas vai valer tanto a pena. Evans com certeza vai nos castrar por isso," ele disse conhecedor e, mesmo assim, entusiasmado.
"Continua," James não conseguiu não sorrir. Fazia meses desde que ele tinha feito algo para chamar a atenção de Lily e, apesar da promessa dele em não fazer nada durante o Natal, James estava se coçando para deixar seu amor ruivo um pouco irritado. Sirius estava certo, tinha algo absolutamente fascinante em uma bruxa furiosa. Não ajudava, é claro, que o amor tenha se chocado, literalmente, contra o rosto dele aos onze anos.
"Já ouviu falar de um ataque de calcinha?" Sirius sorriu maliciosamente.
oOoOoOo
Perto do Lago Negro, debaixo de uma arvore, Mia apoiava as costas contra o peito de Remus enquanto se sentava entre as longas pernas dele. Uma das mãos dele tinha os dedos entrelaçados com os dela, ao mesmo tempo em que ele depositava beijos na parte de trás do pescoço dela, enquanto ela lia a nova edição de Hogwarts, Uma História.
"Eu gostei mesmo da sua tatuagem," Remus murmurou contra o ouvido dela. Com a mão livre, puxou a blusa dela para trás e encarou a tinta negra com um sorriso, se inclinando para baixo e beijando suavemente a marca.
"Fico feliz por você aprovar." Mia sorriu, arrepiada com os beijos dele. "Essas palavras significam muito para mim."
"Alguma razão por você ter escolhido elas?" Ele perguntou curioso enquanto corria a ponta do dedo indicador por cima delas, antes de se abaixar e beijar o ponto onde o pescoço se encontrava com o ombro.
"Um lembrete," Mia sorriu suavemente. "Eu me preocupo muito e preciso me focar em ser feliz."
"Eu gosto disso," Remus sorriu contra a pele dela. "Eu gosto de você ser feliz."
"Eu gosto de você ser feliz também." Ela se virou e olhou para ele, relaxando enquanto ele se inclinava para beijá-la suavemente. Mia fechou os olhos e suspirou contra a boca dele, enquanto o mundo ao redor desaparecia. Ali, nos braço dele, o beijando, ela estava certa de que poderia acreditar que o mundo era perfeito. Quando ele se afastou, Mia estendeu a mão e tocou a bochecha dele, passando o dedo pela cicatriz que atravessava o rosto dele. "Me prometa que você sempre vai tentar ser feliz," ela insistiu.
"Acho que posso fazer isso..." Remus sorriu e se aproximou para beijá-la de novo.
Mia se afastou dele. "Estou falando sério, Remus," ela disse seriamente. "Não importa o que aconteça. Se... se tudo se transformar em merda, por favor, tente encontrar a felicidade em algo," ela implorou. "Não se segure por nada."
"Você está falando sobre o futuro de novo," ele gemeu, enterrando o rosto no emaranhado de cachos dela. "Pensei que não iriamos mais fazer isso," ele a lembrou, passando a mão pelo braço dela, para cima e para baixo.
"Você não pensa sobre isso?" Ela perguntou triste.
"Eu prefiro pensar em você, nisso, nós," ele franziu o cenho.
"Sinto muito, amor."
"Você pode me recompensar," Remus estendeu a mão e fechou o livro dela, o botando cuidadosamente em cima de sua mochila e garantindo que ele não tinha sido minimamente danificado pela grama molhada. "Eu me lembro de ter lido recentemente algo sobre aproveitar a vida," ele sorriu, botando as largas mãos no quadril e a virando até que ela estivesse abraçando o quadril dele. "Eu me pergunto como poderíamos botar esse conhecimento a prova," Remus sorriu debochado enquanto enfiava os dedos no cabelo embaraçado dela e a beijava audivelmente. O modo como ela respondeu o fez gemer, enquanto as línguas se tocavam.
"Mmm," Mia gemeu. "Você acha que seria suspeito se nós nos esgueirássemos até o Salgueiro Lutador?" Ela murmurou contra os lábios dele e Remus riu em resposta antes de beijá-la profundamente.
O momento quieto deles foi interrompido pelo som de gritos ao fundo, seguido por um barulho alto e a sensação de uma brisa áspera bem acima deles. Mia e Remus se separaram e olharam para cima, para Sirius, James e Peter que voavam em suas vassouras rapidamente, todos rindo enquanto iam até o Lago Negro.
"POTTER!" A voz estridente de Lily surgiu por cima do morro, o que fez Mia se virar e observar enquanto a amiga ruiva montava em uma vassoura e começava a voar, as mãos apertadas firmemente com um olhar de pura fúria no rosto enquanto ela continuava a gritar. "BLACK!"
"PETTIGREW! VOCÊ ESTÁ MORTO!" A voz de Mary veio logo atras de Lily enquanto ela seguia de perto a ruiva na própria vassoura. As duas garotas voaram na direção do lago.
"Nós não podemos descansar nem por vinte minutos," Mia fez uma careta. "O que diabos meu irmão fez agora?" Ela perguntou, saindo de cima do colo de Remus enquanto Alice e Frank se aproximavam, Alice com um olhar de desaprovação no rosto. Frank parecia escandalizado. "Melhor ainda, o que Sirius os convenceu a fazer?"
"Eu não sei como eles fizeram," Alice confessou. "Mas eles conseguiram entrar no dormitório feminino e roubar nossas..." ela limpou a garganta e Frank se virou para longe, o rosto vermelho. "Nossas roupas íntimas."
"Mia," Remus cutucou o ombro dela e suspirou envergonhado. "Seu sutiã está pendurado na vassoura de Sirius." Ele apontou para o Animago, que no momento voava com um sorriso diabólico enquanto vários pedaços de seda, cetim e renda estavam pendurados na vassoura.
"Qual?" Mia gemeu.
"O que tem um laço rosa," o lobisomem rosnou.
"Oh," ela suspirou e pegou o livro. "Eu não gostava muito desse."
"Eu gostava," Remus disse amargamente. Ele estreitou os olhos para Sirius, que estava rindo enquanto Mary acelerava na direção de Peter. O mesmo tentava usar um dos braços da Lula Gigante como proteção enquanto voava pelo Lago, desviando de alguns feitiços ao pilotar sua Cleansweep com a calcinha vermelha da menina pendurada.
"Então, vá você pegá-lo de volta," Mia disse ao namorado possessivo. "Eu não vou participar desse jogo deles." Ela abriu o livro, tentando achar a página que tinha parado. "Eu não acredito que eles conseguiram que Lily subisse numa vassoura para persegui-los," ela acrescentou com uma suave risada enquanto ouvia a amiga ruiva gritar. "Ela odeia voavar quase tanto quanto eu."
"Por que isso?" Frank perguntou curioso enquanto ele e Alice se sentavam de mãos dadas ao lado de Remus e Mia.
"Não é natural," Mia explicou. "Se nós fôssemos feitos para voar, teríamos nascido com asas."
"Ou com mágica... para encantar vassouras e voar nelas," Remus disse sarcástico. Ele riu quando Mia o bateu no braço.
"Não seja engraçadinho comigo, Moony," ela repreendeu com um sorriso no rosto. "Vá e pegue meu sutiã antes que Sirius o dê para a Lula Gigante."
"Eu pareço que brinco de ir buscar?" Ele se inclinou e a beijou.
"É você que gosta de me ver com o sutiã de laço," ela murmurou no ouvido dele e Remus rosnou baixo contra a pele dela, fazendo com que os pelos do braço dela se arrepiassem.
"Não querendo interromper o que é um momento claramente íntimo, e que eu deveria ter ido embora há alguns minutos..." Alice murmurou, corando enquanto era forçada a interromper Remus e Mia. "Mas acho que tem algo errado." Ela apontou para cima.
"O quê?" Mia se virou e olhou para cima do lago onde Sirius e James estavam voando em largos círculos. Lily, que estava perseguindo os dois, parou abruptamente no meio dos círculos deles, a vassoura dela planando por um longo momento antes de começar a resistir e se debater. Lily deu um alto grito e se agarrou ao cabo fortemente.
"Evans? Evans! Você está bem?!" James gritou, virando a vassoura para olhar Lily desconfiado.
"O que ela está fazendo?" Remus perguntou.
"Oh, Merlin." Mia se levantou. "Alguém está enfeitiçando a vassoura dela! Jamie! Sirius!" Ela gritou para os meninos. "Peguem a Lily!" Ela acenou com as mãos dramaticamente, esperando que eles a ouvissem.
Sirius pareceu confuso, mas James imediatamente entrou em ação. Ele virou a vassoura e a apontou diretamente para Lily, enquanto a vassoura dela ficou em uma posição vertical, fazendo com que ela gritasse e balançasse sobre o lago, segurando a madeira o mais forte que conseguia.
"Remus, procure por alguém," Mia insistiu. "Ela está sendo azarada. Alguém tem que estar mantendo contato visual com ela, então comece a procurar." Ela se virou, olhando ao redor também. Ela tinha visto uma vassoura azarada antes, durante o primeiro jogo de Quadribol de Harry, e uma parte dela não estava surpresa ao ver Severus Snape parado perto de um grupo de árvores, com olhos arregalados e murmurando para si mesmo.
Mia rosnou e começou a procurar a varinha quando se lembrou que da última vez que ela tinha suspeitado que Snape estava azarando uma vassoura, ele estava, na verdade, tentando salvar Harry. Ele estava tentando salvar Lily também? Mia parou e se virou, escaneando a área para achar o verdadeiro culpado. Antes que ela pudesse ver algo além de uma cabeça de cabelos negros não olesos desaparecer dentro do castelo, Lily gritou e todos se viraram para ver a bruxa Nascida-trouxa cair de uma altura de vinte metros nas profundezas da água gelada do Lago Negro.
"LILY!" James gritou, usando o primeiro nome dela pela primeira vez desde que Mia pudesse lembrar. Ele se inclinou sobre a vassoura, forçando-a em queda livre, em uma tentativa de tentar pegar Lily antes que ela atingisse a água. Ele a perdeu bem quando ela começou a afundar na água. Sem perder tempo, tanto James quanto Sirius pularam das vassouras e mergulharam na água fria. Mia engasgou e correu até eles, mas Remus alcançou a água primeiro, pulando e nadando até que encontrou os amigos no meio do caminho, os ajudando a segurar a cabeça de Lily acima da água, enquanto os três a levavam até a borda do lago.
Quando eles chegaram, Alice e Mia tomaram conta. Eles levataram Lily nos braços e a puseram no chão enquanto Mary e Peter aterrissavam, preocupação e choque nos rostos enquanto desmontavam da vassoura e se aproximavam.
"Lily!" James gritou, a puxando para seus braços e pondo a cabeça dela para tras para que pudesse vê-la. O rosto pálido e sem vida, os olhos fechados e a pele gelada. "Lily!" Ele gritou de novo, pegando a varinha. "Reenervate!" Ele gritou. Nada acontece. "Reenervate, merda!" James gritou, mas ela continuou inconsciente.
"Jamie, sai da frente, deixa eu chegar nela!" Mia empurrou o irmão histérico.
"Lily, por favor, acorde," ele chorou, embalando-a contra o peito desesperado.
"Remus, tira ele!" Mia mandou e o lobisomem imediatamente colocou os braços sob James. Ele levantou e arrastou o bruxo para longe do corpo inerte de Lily, tendo dificuldade já que James lutava contra ele. "Sirius, eu preciso da sua ajuda," Mia insistiu. "Presta atenção!" Ela gritou. Se alguém precisava saber em detalhes o que ela iria fazer, era Sirius, que precisaria fazer um dia a mesma coisa para salvar a vida dela.
"Ela está morta?" Sirius disse horrorizado enquanto olhava o rosto pálido e frio de Lily. "Nós não queríamos... era uma brincadeira..." ele murmurou, passando uma mão pelo cabelo, preocupado. "Eu não sei o que houve com a vassoura dela, mas..."
"Sirius!" Mia gritou. "Eu preciso que você preste atenção no que eu estou fazendo! Eu vou inclinar a cabeça dela para trás e respirar na boca dela, por ela," ela explicou rapidamente. "Quando eu parar, eu preciso que você pressione aqui," ela posicionou as mãos em cima do esterno de Lily. "Com força até que eu mande você parar, para que eu possa respirar por ela de novo. Está bem?"
"Mia..." Sirius murmurou.
"Está bem?!" Ela gritou.
"Sim!" Ele concordou.
Mia inclinou a cabeça de Lily para trás e apertou o nariz dela antes de encostar a boca contra a de Lily e assoprar profundamente. Ela observou o peito da amiga subiu ligeiramente. Algumas respiração a mais e Mia acenou para Sirius, que começou a seguir as orientações dela ao pé da letra, os dois ignorando os sons de James gritando no fundo, ameaçando Remus que continuava a segurá-lo.
"Vamos lá, Lils," Mia murmurou antes de respirar pela amiga de novo, o medo penetrando nela enquanto conseguia ver o futuro evaporar bem na frente dela. Sem Lily, sem Lily e James. Sem Harry. Ela respirou de novo e tentou bloquear o som de Alice e Mary chorando ali perto. Uma respiração a mais e Mia sentiu o corpo de Lily contrair debaixo dela. Ela se sentou rapidamente e bem a tempo, já que Lily se levantou, tossindo com força até que a água toda fosse embora.
"Merlin..." Sirius estava boquiaberto. Ele se sentou em choque com a visão, os olhos cinzas pálidos e arregalados.
"Lily!" James sorriu. Ele se soltou de Remus, que também parecia surpreso com a visão de Lily respirando fundo. "Você está viva, ah, graças a Godric você está viva!" James se ajoelhou na frente da ruiva, segurando o rosto dela gentilmente enquanto os olhos avelas encaravam os verdes tristemente. "Eu sinto muito. Eu sinto muito, Lily," ele franziu o cenho.
"Potter?" Lily murmurou, um olhar duro no rosto. Ela se inclinou para trás e James soltou o rosto dela, e houve um meio segundo antes que a mão de Lily se chocasse contra o rosto de James, com força o suficiente para virar a cabeça dele. Ela o encarou ferozmente mesmo quando ele tropeçou para trás, caindo de costas, segurando o rosto.
"Vocês três azararam a vassoura dela?" Remus disse enquanto se aproximava do grupo, os olhos semicerrados para Sirius, James e Peter.
"Não!" Peter disse rapidamente. "Nós apenas roubamos os sutiãs delas e..."
"Era para ser uma brincadeira," Sirius murmurou, claramente arrependido das ações.
"Bom, não foi engraçado!" Lily disse com a voz rouca. "Mia, você realmente acha que alguém azarou minha vassoura?" Ela ainda estava tomando um tempo para respirar fundo. "Não é minha. Eu peguei do armário de vassouras quando viemos correndo até aqui. Era de quem a vassoura?"
"Não importa," Mia balançou a cabeça enquanto pegava a varinha, lançando um feitiço para secar Lily, James, Sirius e Remus. "Um feitiço como esse não é lançado antes. Ele foi lançado enquanto você estava voando."
"Alguém fez isso com ela de propósito?" Mary perguntou com olhos arregalados.
"Talvez tenha sido um acidente," Lily murmurou em voz baixa.
"Talvez a gente devesse contar ao Dumbledore," Sirius se levantou e estendeu a mão para Lily levantar. Ela o olhou desconfiada por um momento antes de aceitar, vendo o olhar de culpa no rosto dele.
"O quê? Por quê?" Peter ficou boquiaberto.
"Eu..." Sirius hesitou. "Eu acho que ainda estão recrutando Comensais da Morte. E isso foi uma iniciação."
"O quê?!" James gritou antes de se levantar.
"Quando..." Sirius passou e gemeu, esfregando a ponta do nariz. "Foda-se... quando eu fui atacado no último verão, alguém mencionou que eles estavam fazendo as coisas do jeito errado," ele explicou sabendo que nem todos os presentes sabiam que Sirius quase tinha sido forçado a virar um Comensal da Morte. "Que eles estavam tentando me marcar primeiro e deixar que eu me provasse depois. Se provar para Comensais da Morte significa matar alguém," ele continuou, ignorando os olhares de horror de Frank, Alice e Mary. "Especificamente um Trouxa, um traidor do sangue ou um Nascido-trouxa." Seus olhos cinzas repousaram em Lily.
"Foi por isso que Alecto e Amycus foram atrás de você e Jamie," Mia assentiu.
"Foi o Ranhoso," James exclamou. "Eu sei!"
"Não se atreva, Potter!" Lily rosnou. Era claro para todo mundo em Hogwarts que Lily Evans e Severus Snape não eram mais amigos, mas ela não iria ver uma pessoa inocente levar a culpa por algo que não tinha feito apenas porque James tinha uma história com ele.
"Jamie, não foi Snape!" Mia anunciou antes que o irmão fosse fazer algo estupido.
"Como você pode ter tanta certeza!?" Ele perguntou a irmã, ignorando os olhares de Lily.
"Porque se ele estivesse pensando em se juntar aos Comensais da Morte, ele teria azarado a sua vassoura ou a de Sirius!" Mia falou o óbvio. "Não a de Lily!"
"Então, quem diabos fez isso?!" James perguntou, andando de um lado para o outro na margem do lago, passando uma mão pelo cabelo molhado e tirando a água dele.
"Supostamente, eles precisam ter pelo menos dezesseis anos," Mia suspirou.
"Que dia é hoje?" Os olhos de Sirius se arregalaram e ele se virou para Lily, o rosto perdendo a cor.
"O quê? Por quê?" James se virou e perguntou.
"12 de maio," Lily respondeu. "Por quê?" Ela perguntou. "O que houve?"
"Eu sei quem fez," Sirius rosnou e foi em direção ao castelo, gritando, "Merda!"
N/A: olá de novo!
Então, o que acharam?
Comentem pessoal, gosto de debater as coisas com vocês :)
