The Debt of Time

Parte Dois – O Vira-Tempo

Capítulo Sessenta e Seis: Nada Bem

"...I remember the days you were a hero in my eyes
But those are just a long lost memory of mine
I spent so many years learning how to survive
And I'm writing just to let you know I'm still alive..."
(Emotionless - Good Charlotte)


25 de junho, 1977

Mansão Potter – Residência dos Potter

O sol mal tinha se posto no horizonte das árvores do pomar atrás da Mansão Potter. Apesar de estarem no final de junho, a suave brisa do verão forçou Mia a se aninhar perto de Remus, sorrindo quando ele passou um longo braço por trás dos seus ombros, a trazendo mais para perto enquanto os dois observavam os exuberantes vermelhos, rosas e laranjas que pintavam o céu. Pela primeira vez em muito tempo, os dois tinham uma privacidade na Mansão, apesar de Tilly sempre parecer estar por perto. Ela estava muito ansiosa para espionar os adolescentes e informar a Dorea se a situação pedisse. Além da elfo-doméstico, no entanto, Mia e Remus estavam sozinhos. James e Sirius tinham saído com a moto para uma corrida de teste após terminarem uns ajustes do motor. Dorea foi no St. Mungos lidar com os membros da diretoria do hospital e algo que ela estava tentando organizar, mas ainda não tinha dado detalhes sobre o que era. E Charlus tinha ido ao Caldeirão Furado para encontrar alguns velhos amigos; Mia tomou isso como 'reunião secreta com Dumbledore'.

"O que você quer fazer depois de Hogwarts?" Remus perguntou enquanto passeava os dedos pelo braço dela.

"Pensei que tínhamos concordado em não falar mais sobre o futuro?" Mia sorriu provocando, observando curiosa como as bochechas dele coraram um pouco. Ela não tinha prestado atenção naquela manhã quando Dorea insistia em futuros netos, mas Remus parecia incapaz de pensar em outra coisa durante todo o dia. O que o futuro reservava, quais eram as expectativas de Mia, e ele estava temendo a eventual conversa que eles teriam que ter a respeito de crianças, e como ele nunca poderia tê-las. Não valia a pena o risco.

"Eu não tenho certeza," Mia respondeu pensativa. "Eu pensei em ir trabalhar no Ministério." Isso tinha sido verdade na linha de tempo original dela também, apesar das inúmeras vezes em que Harry e Ron imploraram para que ela se juntasse aos Aurores com eles. "Nada muito importante a princípio, mas talvez trilhar meu caminho para cima e fazer algo que realmente faça a diferença."

"Eu consigo ver você fazendo algo assim." Remus concordou. "Em qual departamento?"

"Não fique nervoso," Mia disse enquanto lentamente se sentava melhor, indo para longe dele.

"Ugh..." Remus franziu a testa e olhou para ela incrédulo. "Não me entenda mal, é necessária uma séria reforma no Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas," ele admitiu. "Mas você esquece que meu Pai trabalhou lá por anos e ainda é cheio de corrupção." Por tudo o que Remus sabia, foi trabalhar no Departamento que corrompeu o Pai. Talvez se o Ministério tivesse um pingo de decência e consideração, poderia haver uma educação sobre os lobisomens e outras criaturas, em vez de 'controle' e 'regulamentação' que aumentavam o medo.

"O Ministério inteiro é corrupto," Mia zombou, pensando brevemente nos futuros Ministros da Magia, Cornelius Fudge e Rufus Scrimgeour. "Ele precisa de uma vistoria completa, mas eu teria que começar de algum lugar e onde mais eu conseguiria?"

"Qualquer outro lugar."

"Você é suspeito por achar isso." Mia revirou os olhos. "Acho que eu poderia ajudar bastante no Departamento. Acontece que eu sou uma expert em um certo assunto."

"Ah?" Ele levantou uma sobrancelha em desafio. "E qual assunto seria?"

Mia aproveitou o momento para tentar acabar com o mau humor dele, então chegou mais perto do namorado e começou a subir os dedos pelo peito dele, até o pescoço, usando o dedo indicador para contornar a linha do lábio inferior dele. Remus sorriu e capturou gentilmente o dedo dela com a boca, o prendendo. Ela sorriu. "Como ter um lobisomem na palma da mão, por exemplo."

Remus riu e soltou o dedo, pegando a mão dela e depositando um beijo suave na parte interior do pulso. "Seguindo essa lógica, eu sou um expert em como envolver uma bruxa pela cintura," ele disse sedutoramente, a lembrando da noite anterior depois do show, onde ele a levou a um beco escuro e a prendeu contra uma parede de tijolos e a levou ao delírio.

"Você é terrível." Mia sorriu. E o beijou profundamente antes de se afastar e continuar o ponto. "Mas você não acha que eu poderia ajudar lá? Derrubar leis arcaicas sobre lobisomens, elfos-domésticos e centauros."

"O que tem os centauros?" A voz de Charlus Potter surgiu pela porta dos fundos da Mansão Potter, onde ele encontrou a filha sentada quase no colo do lobisomem. Com o som da voz dele, Remus empurrou Mia para longe de si, a fazendo rir do comportamento do namorado antes de se virar para o pai e sorrir inocentemente. Charlus imediatamente podia dizer qual dos dois era o instigador.

"Mia quer trabalhar no Departamento de Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas," Remus disse limpando a garganta.

"Isso seria perfeito para você, Mia." Charlus sorriu para a filha, feliz em ver que pelo menos um dos filhos estava fazendo planos para o futuro. Até onde ele sabia pelas poucas conversas que tinham tido, o plano de Sirius era acabar com o Firewhisky da cidade e a única ambição de James era casar com Lily Evans. Pelo o que parecia, apenas um deles estava perto da meta, considerando que seu estoque pessoal de Ogden's Finest estava sumido. "Apesar de eu ter pensado que você ia aproveitar a oportunidade de se tornar uma Curandeira." Ele falou de novo com Mia. "Madame Pomfrey mencionou mais de uma vez como gostaria de ter você como Aprendiz depois da formatura."

"Sério?" Os olhos castanhos dela se arregalaram. Ela se lembrou da primeira manhã na Ala Hospitalar após a transformação de Remus, quando eles só tinham onze anos. Madame Pomfrey tinha perguntado a Mia se ela tinha sido uma Curandeira no tempo original dela, sugerindo que uma carreira nesse campo fosse uma boa ideia. "Vou ter que pensar sobre isso. Você está indo a algum lugar?" Ela perguntou, percebendo o jeito que ele estava mexendo com os feches das vestes.

"Sim," Charlus suspirou e sua alegria foi embora. "Sua mãe acabou de falar comigo por Flu do St. Mungos."

"Está tudo bem?" Remus perguntou curioso.

"Ainda não tenho certeza. Ela está lá organizando uma angariação de fundos com vários outros chefes de caridade. Aparentemente, houve um pequeno surto no mundo Trouxa." Tanto Remus quanto Mia pareceram mais interessados com essa notícia, cada um tendo um envolvimento com Trouxas e Nascidos-trouxas. "Algum tipo de gripe veio da Rússia; botou alguns Trouxas e Abortos nos hospitais. Eles tiveram que mover temporariamente os residentes da Janus Thickey Ward para outro local para abrir espaço para os novos pacientes. Sua Mãe está tentando conseguir algum dinheiro para o Hospital para acrescentarem um novo andar inteiro específico para doenças e medicamentos Trouxas."

"Isso seria maravilhoso!" Mia ficou radiante com o pensamento, apesar de uma parte dela ter sentido a esperança desse sonho cair, desde que o St. Mungos de 1998 não ter um andar de Trouxas. Uma parte dela resolveu mudar isso, caso ela recebesse a oportunidade de voltar a sua linha do tempo original. "Imagine quantas pessoas poderiam ser ajudadas."

"Se ela conseguir que a direção do hospital concorde." Charlus estremeceu. "Infelizmente, ela tem um caminho duro à frente, tendo que lutar contra Abraxas Malfoy e Cygnus Black." Mia e Remus fizeram uma careta com a menção dos nomes.

"Então, é por isso que você está indo lá? Indo dar cobertura?" A bruxa de cabelos encaracolados sorriu para o pai. Charlus simplesmente riu com a sugestão de que Dorea iria precisar da ajuda dele para derrubar Malfoy e Black.

"Como se sua mãe fosse precisar da ajuda de um homem, quanto mais de um Grifinório." Ele revirou os olhos. "Não, eu vou porque seu irmão e Sirius tiveram um pequeno acidente, pelo visto," ele disse aos dois. Imediatamente Mia empalideceu e segurou a mão de Remus com mais força. "A Mãe disse que os dois estão bem," Charlus a assegurou, vendo o sofrimento nos olhos da filha. "James teve uma pequena colisão com a cabeça, nada pior do que já aconteceu jogando Quadribol."

"Eles estavam na armadilha mortífera de Sirius, não estavam?" Mia sibilou. "Aquela estúpida moto. Nós podemos ir juntos?"

"Talvez o Hospital não seja o melhor lugar para brigar com eles," Remus ofereceu.

"Você ficou louco? É o melhor lugar," Mia insistiu, se lembrando da maneira como Dorea Potter estourou as portas do St. Mungos e deixou todos os Curandeiros a beira das lágrimas enquanto ordenava que a deixassem entrar no quarto de Sirius depois o ataque que ele sofreu. Mia, então, aprendeu que as paredes do Hospital davam um eco maravilhoso e, se ela iria gritar com Sirius e James, ela preferia que sua voz tivesse um pouco mais de volume extra.

oOoOoOo

Hospital St. Mungos para Doenças e Acidentes Mágicos

Os três entraram no St. Mungos através da Rede de Flu, entrando no Térreo através das chamas verdes. Mia ficou atrás com Remus enquanto Charlus ia até a bancada da recepção e falava suavemente para não chamar a atenção. Alguns momentos depois, Charlus chamou Mia e Remus e os liderando através de um longo corredor até uma porta ladeada por dois Aurores, um deles o bem familiar Kingsley Shackbolt, e o outro um Auror mais velho e carrancudo que usava vestes de cores diferentes das de Kingsley. Mia entendia a expressão de amargura no rosto do homem. Ela tinha lido os livros de Aurores de Harry e Ron mais do que os dois e ela reconhecia a variedade de cores das vestes deles e seu significado. O azul escuro de Kingsley significa que, apesar da sua idade, ele estava acima do homem a sua esquerda.

"Por que tem Aurores do lado de fora do quarto?" Remus murmurou para Charlus enquanto se aproximavam.

"Pelo visto Dorea esqueceu de mencionar isso," Charlus gemeu enquanto chegava perto dos dois homens, a mão estendida de uma maneira educada. Previsivelmente, Kingsley sorriu brilhantemente, se apresentando, enquanto o outro zombou e olhou para longe do grupo, irritado.

"Charlus Potter, os meus meninos estão aí dentro. Está tudo bem?"

"Não inteiramente, senhor," Kingsley admitiu. "Nós já pegamos o depoimento dos seus filhos e, apesar deles serem maiores de idade, ainda são considerados estudantes e estão sob os seus cuidados, então nós vamos precisar falar com o senhor sobre a situação."

"Muito bem," Charlus suspirou. Ele olhou para Remus e Mia. "Meus outros filhos podem entrar e falar com eles?"

"Vão em frente." Kingsley assentiu para os dois. Mia sorriu docemente para o familiar Auror antes de desaparecer pela porta do Hospital, permitindo que Remus a fechasse. Então, se virou e sibilou na direção de Sirius.

"O que você fez?!"

"Boa noite, gatinha," Sirius sorriu para ela da cadeira onde estava sentado, ao lado da cama que James se encontrava. Nenhum dos dois parecia machucado, apesar de James ter uma expressão no rosto que Mia passou a conhecer de vários anos de Quadribol. Os Trouxas chamavam de concussão. Mia se referia como 'Cabeça de Balaço'.

"Não me venha com 'gatinha', Sirius Black!" Mia franziu o cenho, botando as mãos no quadril enquanto o olhava desapontada. "Por que meu irmão está em uma cama de hospital?!"

"Porque a cadeira estava ocupada?"

"Mia, eu estou bem," James insistiu. "Só uma pequena pancada na cabeça."

"E os Aurores?" Remus perguntou com as sobrancelhas levantadas.

"Tenho certeza de que eles estão bem também," James respondeu com uma risada.

"Jamie!" Mia o repreendeu.

"É um grande mal entendido," Sirius suspirou irritado. "Nós tivemos um pequeno acidente quando uns..." Sirius pausou quando James limpou a garganta e balançou a cabeça com os olhos arregalados. "O quê? Como se ela não fosse descobrir pela Mãe ou Pai?" Sirius revirou os olhos para James. "Comensais da Morte nos perseguiram pelas ruas de Londres."

"O quê? Por quê?" Remus perguntou com os olhos arregalados e Mia empalideceu, subindo na cama e abraçando gentilmente o irmão.

"Eu pareço ter algum entendimento sobre as mentes dos Comensais, Moony?" Sirius rosnou e então estreitou os olhos. "Não responda," ele insistiu. "Eu acho que eles me reconheceram e tentaram embrulhar um presente do tamanho de um Padfoot para o querido e amado Lorde das Trevas deles. Nós fomos mais rápidos do que eles, mas infelizmente bati a moto no processo e fui preso pelos Trouxas. Graças a Merlin, Aurores apareceram e tomaram conta da situação, e graças à cabeça imensa de Prongs nós fomos trazidos aqui ao invés do Ministério."

"Eles estão acusando vocês de algo?" Mia ficou boquiaberta.

"Eles não falaram ainda." James franziu o cenho. "Mas então, eles não ficaram muito felizes com a nossa história. Mais fácil admitiu que dois adolescentes são mentirosos do que admitir que Comensais da Mortes estão ousando voar no meio da Londres Trouxa."

Mia fechou os olhos e se focou em respirar lentamente enquanto sentia que começava a perder o controle. Isso era a Segunda Guerra Bruxa toda de novo. Ou a Segunda Guerra foi igual a Primeira. Comensais da Morte atacando em céu aberto e o Ministério desviando o olhar, culpando crianças – Potters – por perturbarem a paz e as chamando de mentirosas.

"Então eles acham que vocês inventaram essa história e provavelmente estão escondendo algo por causa disso." Remus balançou a cabeça.

"O que eu não entendo," Sirius falou de novo. "Acontece que eu achava ter um rosto muito sincero."

"Um rosto que seria muito melhor se não fosse ligado ao resto de vocês, que parecem estar em apuros com mais frequência do que eu queria," a voz de Dorea surgiu da porta, agora aberta, uma expressão severa, mas carinhosa no rosto enquanto entrava no quarto. Ela se inclinou primeiro para beijar o rosto de Remus antes de fazer o mesmo com a filha que estava empoleirada ao lado de james. "Olá, queridos," ela suspirou e se voltou para Sirius e James. "Agora, o Pai de vocês falou com os Aurores e explicou a sua história com essa... ralé," os olhos cinzas dela se escureceram de raiva. "E só agora eles estão tentando contatar o Professor Dumbledore para confirmar o caso dos gêmeos Carrows. Eu pensei ter ouvidos eles mencionarem Alphard também, Sirius, então talvez eles voltem para te perguntar sobre Walburga e os outros."

"Maravilha," o bruxo de cabelos negros gemeu.

"Como está a sua cabeça, querido?" Dorea perguntou enquanto se aproximava de James, passando os dedos delicadamente pelas mechas negras dele, examinando a cabeça atrás de inchaço ela mesma.

"Melhor."

"Tudo esclarecido," disse Charlus enquanto entrava no quarto. "Assim que a Curandeira falar que James pode ir, nós vamos para casa."

"Leve as crianças..." Dorea começou.

"Crianças?" Sirius zombou.

"Leve os... pequeninos," Dorea sorriu debochada para o bruxo antes de voltar a atenção para o marido. "Para casa e eu vejo vocês de noite. Malfoy está fazendo um rebuliço. Ele diz que se cuidar dos Trouxas e Abortos é tao importante, por que nós não os mandamos de volta para a própria espécie e os deixemos pagar pelo privilégio." Ela revirou os olhos e acrescentou. "Abusivo."

"Batalha das serpentes," Sirius sorriu, olhando para Dorea com admiração. "Cuidado com o veneno dele, Mãe."

"Ah, querido," Dorea riu docemente. "Ele é uma cobrinha de grama que meramente pensa ser uma naja. Eu, no entanto, sou uma víbora e minha picada pode levar semanas te apodrecendo antes de te destruir." Ela disse com um olhar de seriedade apenas detectado pelos olhos frios, já que seu tom era tao doce quanto mel.

"Um pouco assustador, Mãe," Mia apontou.

"Estou ciente. Agora vão, meus amores," Dorea disse orgulhosa, os mandando para casa o mais rápido possível. "Cuide de seu irmão." Ela beijou Mia na testa. "James, sem voar por pelo menos uma semana," ela o deixou de castigo. "Sirius, não se atreva a subir naquela moto até que ela tenha sido consertada. E por outra pessoa além de você," ela acrescentou antes de beijar os dois garotos e, então, se virou para o lobisomem no canto do quarto e, suspirou, o sorriso no rosto vacilando um pouco. "Remus, amor, eu gostaria de conversar com você, só nós dois, mais tarde, pode ser?"

"Hmm... ok. Eu fiz algo..." ele começou com uma expressão preocupada. Charlus contou a Dorea que viu ele e Mia se beijando quando chegou em casa? Eles queriam que ele deixasse a Mansão Potter? Imediatamente ele começou a entrar em pânico, sabendo que ele nunca seria aceito de novo em casa; todas as corujas que ele mandava ao Recanto Lupin retornaram e o contato por Flu tinha sido fechado meses atrás, o negando acesso.

"Absolutamente não, querido," Dorea o prometeu, segurando o rosto dele com as duas mãos antes de beijá-lo na bochecha. "Eu simplesmente tenho um presente para você."

"Ok." Remus concordou, tentando relaxar um pouco, apesar de sua curiosidade aguçada.

"Então, o que os Aurores falaram?" James perguntou no momento em que a porta fechou atrás da Mãe.

"Mia e Remus, vocês se importariam de ir buscar algo para nós todos bebermos?" Charlus perguntou, coçando a parte de trás do pescoço, com a mandíbula contraída. Mia conhecia o olhar. Enquanto Dorea poderia repreendê-los docemente quando queria, Charlus Potter não iria deixar a esposa levar todo o crédito pela disciplina dos filhos e, apesar de Sirius e James serem adultos legais no mundo Mágico, eles estavam prestes a começar uma conversa muito atrasada sobre responsabilidade.

"Eles estão em apuros?" Mia perguntou ao pai.

"Sim."

"E você não vai me deixar assistir?" Ela fez beicinho. "Isso é injusto."

"Vai lá." Charlus empurrou o ombro da filha brincando, a botando para fora do quarto com um sorriso divertido no rosto. Então, fechou a porta depois dela e Remus saírem e lançou um feitiço silenciador, se virando para repreender os filhos.

oOoOoOo

"O que você acha que sua mãe quer me dar?" Remus perguntou assim que começaram a descer pelo corredor, as mãos enfiadas no bolso de suas vestes de segunda mão. Dorea e Charlus tinham comprado roupas novas para ele, claro, mas Remus insistiu educadamente em deixá-las para Hogwarts. Ele não queria ninguém na Londres Bruxa ou no Beco Diagonal pensando que ele estava usando os Potters por causa do dinheiro deles.

"Ela provavelmente quer te dar o anel de opala da vovó Black, para que você possa pedir a minha mão adequadamente," Mia disse casualmente enquanto andava e percebeu rapidamente que Remus tinha congelado no lugar, os olhos verdes arregalados. "Remus! Remus, eu estou brincando!" Mia gargalhou, o tirando do torpor.

"Não é que eu..." Remus engoliu com força. "Porque eu... é só que... nós somos tão... eu sou..."

"Incapaz de formar frases coerentes?" Ela sorriu.

"Você é cruel," ele riu no final com um suspiro nervoso.

"Eu me acho muito engraçada. Não se preocupe, Remus, eu não estou esperando que você me peça em casamento," ela prometeu. Ela sabia que ele nunca pediria. Tonks lutou como uma louca para conseguir casar com ele e Mia não tinha nenhuma ilusão de que Remus tinha casado secretamente seu amor de infância no passado e mentido sobre isso no futuro quando casou com a jovem Metamorfomaga. "Não há nenhuma razão para você ajoelhar em um joelho. Já nos dois joelhos..." ela sorriu, se virando para encontrar Remus encarando o final do corredor, onde um bruxo familiar estava conversando com um Curandeiro.

"Pai?" Remus chamou.

Lyall Lupin se virou com o som da voz do filho e Mia empalideceu ao vê-lo. Ela encontrou o pai de Remus em varias ocasiões e enquanto ele sempre pareceu estar um pouco surrado, agora parecia bem doente. Seu cabelo castanho e grisalho pegajoso estava mais comprido do que nunca, apesar dele parecer não se incomodar em tirá-lo do rosto. O homem se virou e se aproximou do casal, olhando o filho desconfiado.

"Remus! O que você está fazendo aqui?" Ele perguntou.

"O irmão de Mia teve um pequeno acidente," Remus respondeu secamente.

"Olá, Senhor Lupin, como o senhor está?" Mia sorriu educada para o homem, esperando criar, de algum modo, uma ponte entre o pai e o filho, já que os dois pareciam ser incapazes de fazer por conta própria.

Lyall a olhou curioso, as emoções cintilando no rosto antes de terminarem em uma desapontada. "Vejo que isso ainda continua." Ele franziu o cenho, apontando para o modo como Mia segurava a mão de Remus. "Minha querida, estou feliz em ver que você está..."

"Viva?" Remus rosnou. "Intacta? Não desfigurada?"

"Todas essas coisas, sim," disse Lyall.

"O que você está fazendo aqui?" O lobisomem perguntou.

"Sua mãe não está nada bem," Lyall falou sem se importar em olhar nos olhos de Remus, o olhar ainda preso no espaço entre o filho e a jovem bruxa.

"Ah, não." Mia franziu o cenho e apertou mais forte a mão de Remus, levando a mão livre para o bíceps dele. Ela podia sentir a tensão saindo dele em ondas. "Ela pegou a gripe Trouxa que está circulando? Meu pai acabou de falar com a gente sobre isso. Eu sinto muito."

"Não é culpa sua, querida," Lyall disse, finalmente voltando a olhar o filho.

"Me desculpe?" Os olhos verdes de Remus se arregalaram e rapidamente se tornaram âmbar quando ele encarou o pai. "Você acha... você acha que é minha culpa a Mãe estar doente?" Ele perguntou sem acreditar. Uma coisa era culpar a condição dele, mas culpá-lo especificamente?

"Ela sempre foi um pouco frágil e o estresse de..." Lyall fez uma careta com a visão do filho único. "Tem sido um obstáculo para a saúde dela. A necessidade constante de se mudar não ajudou nem um pouco."

"E isso é minha culpa?"

"Bom, se você não tivesse se deixado morder," Lyall murmurou e Mia segurou Remus com mais força, tentando reprimir a própria raiva e desgosto pelo bruxo na frente dela, fedendo a bebida e vergonha.

"Eu tinha quatro anos!" Remus gritou, chamando a atenção de alguns Curandeiros que passavam pelo corredor.

"Remus..." Mia murmurou.

"Se é culpa de alguém, é sua por ter provocado a comunidade dos lobisomens!" Remus gritou para o pai violentamente.

"Defendendo eles agora? Defendendo a... coisa que matou meu filho?" Lyall Lupin estreitou os olhos.

"Eu não morri! E não se atreva a me acusar de defender aquele monstro," Remus rosnou e visões de um Greyback sangrando na Floresta Proibida inundou a mente de Mia. Remus e Greyback eram tão diferentes, e eles tinham derrotado o perigoso lobisomem, mesmo que apenas temporariamente. Remus era um Alpha agora!

"Um monstro como..." Lyall começou, mas de repente ficou sem voz quando uma bruxa de olhos âmbar o olhou, a varinha de videira apontada para a boca dele.

"Remus, meu amor," Mia se virou para o namorado. "Você precisa se acalmar," ela o pediu, os olhos âmbar encontrando os dele, pedindo que Moony voltasse a jaula da mente de Remus. Quando sentiu a respiração dele estabilizar um pouco, a bruxa se virou e olhou para Lyall Lupin, que ainda estava tentando falar. "Senhor Lupin, eu vou remover o feitiço silenciador. Por favor, note que é o meu respeito pela sua esposa e meu amor pelo seu filho que ainda mantém o senhor em um pedaço só e não em uma cama de hospital só para você," ela disse firmemente, o tom imitando o de Dorea perfeitamente. "Finite!"

"Eu quero ver a minha mãe," Remus insistiu imediatamente.

"Absolutamente não," Lyall zombou da ideia. "Na verdade, estou pensando em..."

"Você não pode me manter longe dela!" O jovem lobisomem gritou. "Eu vou esperar até que você vá embora ou desmaie. Você, claramente, tem bebido de novo."

"Usando o olfato do lobo, é?" O bruxo zombou. Mia vacilou com a visão, balançando a cabeça enquanto tentava tirar a expressão de desgosto do rosto do bruxo, que ela tinha visto tantas vezes em pessoas como Lucius Malfoy e Dolores Umbridge. De algum modo, Mia sabia que não era inteiramente preconceito na expressão de Lyall Lupin. Havia muita dor e sofrimento nos olhos do homem, apesar dela ter dificuldades em encontrar simpatia por ele, considerando quanto mal ele causou a Remus.

"Um Trouxa conseguiria ver que você está intoxicado." Remus estreitou os olhos.

"Eu estou indo cuidar da minha eposa." Lyall se virou para sair do corredor, parando um momento para olhar para Remus e apontar. "Você não vai chegar perto se sabe o que é bom para você. Ela está em um estado delicado e eu não vou deixar você perturbá-la. Se eu te ver perto do quarto dela, vou chamar os Aurores," o bruxo ameaçou e Mia rosnou em resposta. "Não pense que eles vão ser gentis sabendo que tem um lobisomem solto no hospital."

"Vamos, amor." Mia puxou Remus na direção oposta, observando a raiva no rosto dele dar lugar a dor e preocupação.

"Minha Mãe... Mia... e se..."

"Vamos, Remus." Ela o puxou com mais força contra ela, o abraçando com força. "Nós vamos ver minha mãe," ela assentiu, vendo um grande quarto onde Dorea Potter poderia ser vista de pé ao lado de um alto homem com longos cabelos loiros quase brancos e vários outros bruxas e bruxos em vestes finas. "Se tem alguém que pode fazer as pessoas nesse hospital se acovardarem, é ela. Ela vai garantir que você veja sua mãe."

Ela pegou a mão de Remus e se moveu em direção a porta aberta da sala, esperando que fosse conseguir tirar a mãe de lá só por um momento. Enquanto eles cruzavam o corredor do hospital, Mia viu Kingsley e o parceiro discutindo em um canto. Então, com sua visão periférica, ela viu algo preto e um calafrio subiu por sua espinha; algo que ela não sentia há muitos anos. Soltando a mão de Remus, Mia correu para frente, instintivamente se jogando na frente de Kingsley e gritando, "Protego Totalum!"

Ela observou enquanto quatro Comensais da Morte mascarados apontaram suas varinhas e maldições foram lançadas contra o seu escudo, que protegeu não só Kingsley e seu parceiro, mas ela mesma, Remus e todo o quarto em que a Mãe estava, bem como alguns Curandeiros que deram sorte de estarem atrás dela na hora. Infelizmente, o impacto das maldições a atirou para trás e assim que ela sentiu uma coisa quente escorrer pela parte de trás da sua cabeça e a visão começar a embaçar, ela ouviu uma explosão vir de vários andares acima.


N/A: gente, me desculpem mais uma vez, mas não sei o que aconteceu.
Postei os capítulos ontem, mas pelo visto eles não foram... Não entendi o que houve, sinceramente.
Fui dormir logo em seguida, então não parei p ver se tinha chegado o email que normalmente recebo quando posto um cap novo.
Vou postar o 67 já já.

Bom... Vimos que as coisas vão começar a ficar complicadas a partir de agora, né.
Peguem os lenços!
No próximo respondo os comentários, me desculpem mais uma vez!