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The Debt of Time

Parte Dois – O Vira-Tempo

Capítulo Sessenta e Oito: O Último Inimigo

"...A final song, a last request
A perfect chapter laid to rest
Now and then I try to find
A place in my mind
Where you can stay
You can stay away foreve
r..."
(So Far Away - Avenged Sevenfold)


26 de junho, 1977

St. Mungos Hospital para Doenças e Acidentes Mágicos

O sol nascente surgiu através das cortinas abertas na sala onde Mia havia conseguido segurar um Remus de luto. Ele tinha chorado durante horas e Mia não disse nada, simplesmente o abraçou como fazia há muito tempo nas horas pós-transformação, uma vez que ele tinha sido curado. Ela não sabia como curá-lo agora, no entanto. Nem sabia como curar a sua própria família já que a condição de Dorea piorou. Ela começou a se perguntar como os Professores Dumbledore e Snape lidaram com a morte do primeiro em seu sexto ano original. Uma coisa era perder pessoas de repente, como quando Cedric Diggory foi assassinado ou quando Sirius caiu no Véu, mas simplesmente ficar esperando, incapaz de fazer algo para parar a morte, não era algo que a jovem bruxa estava acostumada. Ela não sabia como reagir.

"Remus?" Ela murmurou, olhando para o lobisomem que tinha apoiado a cabeça em seu colo, os braços em volta de sua cintura, em um abraço forte. Ela carinhosamente passava os dedos através da confusão de cabelos loiro cor de areia, inclinando-se para dar um beijo na testa do menino antes de descansar sua bochecha contra ele.

"Ela está mesmo morta?" Remus engasgou em um sussurro rouco e, em resposta, Mia o abraçou mais forte.

"Mia?" Uma voz chamou da porta. A bruxa olhou para cima, surpresa por ver que seu pai foi capaz de tirar os feitiços que ela colocou. Mas então, ela estava distraída e não os estava mantendo no momento. "Dorea quer ver Remus," Charlus disse, os olhos cansados parecendo derrotados. Ela poderia dizer que ele queria desabar e apenas deixar a tristeza o consumir, mas Potters seguiam em frente.

"Nada de franzir o cenho agora," Dorea tinha dito a Hermione na primeira manhã em que ela acordou na Mansão Potter, mais de seis anos atrás. "Eu sei que você teve algumas dificuldades ultimamente, mas nós somos Potters e nós seguimos em frente. Você pega o que aconteceu, aprende com ele e corajosamente segue em frente."

"Vamos, filho." Charlus se abaixou e ajudou a levantar Remus, dando um tapinha nas costas dele quando finalmente ficou de pé.

"Minha Mãe morreu," Remus murmurou baixinho.

"Eu sei, filho. Eu sei," Charlus franziu o cenho.

"O que eu vou fazer?"

Charlus Potter respirou fundo e fez questão de ficar de frente para o menino, o encarando diretamente nos olhos. "Você vai nos deixar cuidar de você. Agora, vá até lá, eu estarei do lado de fora da porta. Dorea está ficando um pouco entediada e precisa de alguém para perturbar." Ele sorriu suavemente. "Você sabe como essas mulheres Potter gostam de mimar." Ele desceu o corredor com Remus, parando para olhar para a filha que ficou para trás.

"Onde estão todos?" Ela perguntou.

Charlus limpou a garganta. "Mia, a Curandeira veio e..." ele engoliu com força. "Não parece bom."

Mia assentiu em um entendimento doloroso. "Quanto tempo?"

"Eles..." ele parou para limpar a garganta mais uma vez. "Eles disseram que ela não vai passar desta noite."

Ela queria chorar. Ela queria gritar e azarar e, possivelmente, botar fogo no prédio inteiro em uma tormenta de emoções, mas ela era uma Potter e não uma Potter qualquer. Ela era filha de Dorea Potter; tais ações eram precipitadas e imprudentes e, apesar da cor de suas vestes em ambas as linhas do tempo, Mia aceitou que ela era um pouco mais verde do que vermelho nos dias de hoje, um pouco mais prata do que ouro. Ela tinha que aguentar se ia ser subitamente cercada por Grifinórios em luto.

"Ela está sentindo dor?" Ela manteve a cabeça para cima, empurrando para longe a vontade de chorar para que conseguisse assumir o controle da situação. Pessoas dependiam dela agora. Sua família dependia dela. Sua Matilha dependia dela.

"Não."

"Onde estão Jamie e Sirius?" Ela perguntou curiosa.

"Sirius não recebeu bem a notícia, naturalmente," Charlus suspirou, claramente preocupado com todas as crianças dele. "Ninguém recebeu. Ele mencionou que iria ao telhado para tomar um ar fresco, eu imagino que essa seja o jeito de Sirius falar que precisa de um cigarro?" Ele perguntou com uma sobrancelha levantada e Mia meramente assentiu com a cabeça. "Eu pedi a Lily para ir atrás dele. Peter levou seu irmão para o lado de fora do Hospital, para um ar fresco de verdade."

"Bom. Separar os dois agora vai ser bom. Peter vai mimar James um pouco e é bom que Sirius não fique sozinho." Ela concordou, grata que o pai tinha reconhecido o que cada um dos garotos precisava. "Você está bem, Pai?" Ela perguntou, uma expressão preocupada no rosto.

"Não," ele respondeu honestamente. "Não penso que vá ficar por um tempo. Mas não posso desabar. Tenho três, agora quatro filhos para cuidar. É meu trabalho cuidar do resto de vocês."

Mia suspirou com a declaração. O que era isso com os homens Potters carregando o peso do mundo nos ombros? Olhos verdes ou avelãs, isso não importava. Contanto que você tivesse mechas de cabelo negro desarrumadas na parte de trás da cabeça, você era, de algum modo, condenado a cuidar de todos menos de si mesmo. "Você não precisa," ela o informou. "Essa não é a primeira vez que eu tenho que..."

"Eu sei." Charlus sorriu. "Você é a minha menina forte." Ele estendeu as mãos e puxou Mia para os seus braços, a abraçando com tanta força que ela quase se sentiu ceder à dor. "Mas é meu trabalho cuidar de vocês. Você vai me deixar fazer o meu trabalho, certo?"

Mia concordou, mas em silêncio pensou consigo mesma, Nosso trabalho.

oOoOoOo

Quando Remus entrou no quarto de Dorea, ele imediatamente percebeu que a bruxa outrora inconsciente e de aparência doentia estava agora sentada na cama, não menos verde, mas certamente mais acordada e alerta.

"Olá, Remus." Dorea o ofereceu um sorriso triste e estendeu a mão para o garoto, que correu para segurá-la como se fosse uma tábua da salvação e ele estivesse no oceano se afogando. "Eu sinto tanto por ouvir da sua mãe, querido. Venha, sente-se do meu lado." Ela apontou para a cadeira ao lado da cama onde Charlus tinha se sentado, olhando a esposa cuidadosamente durante a noite. "Será um momento difícil para você. Para todos vocês." Dorea franziu o cenho. "Eu posso ver pelo seu olhar que você conseguiu ouvir Charlus dizendo a Mia que eu não vou conseguir."

"Por favor, não..." Remus implorou.

"Você vai cuidar deles, não vai?" Dorea disse, ignorando os apelos dele. "Cuidar da minha garota, meus filhos? E cuidar de si mesmo?"

"Sim, senhora." Ele assentiu rapidamente.

"Eu falo sério, Remus Lupin." Os olhos cinzas dela se endureceram em uma ameaça reconhecível. "Eu vou ficar muito irritada se você deixar algo ruim acontecer a si mesmo porque se afundou no sofrimento em vez de renascer com ele." Dorea deu um tapinha nas costas da mão dele com a mão livre, já que a outra ele segurava gentilmente. "Estes são tempos sombrios e o nosso mundo precisa de coragem como a sua. Seu pai era um bom homem." Ela notou que Remus zombou com a declaração, mas continuou. "Um bom bruxo que deixou os tempos sombrios tomarem controle. Você não pode fazer isso."

"Ele nem me deixou vê-la." Remus disse com a mandíbula contraída.

"Eu imaginei que não deixaria." Ela assentiu. "Por isso que quando eu vi ele ali na manhã passada, eu entrei no quarto da sua mãe. Hope e eu tivemos uma conversa adorável."

"Você viu minha Mãe?" Ele olhou para a bruxa com olhos arregalados.

"Eu vi." Dorea concordou. "Eu tinha planejado trazê-la aqui hoje para que você a visitasse. Seu pai tinha um compromisso já marcado e não conseguiu cancelar, então ele não saberia." Ela suspirou triste. "Infelizmente, ela estava muito doente e não sabia se conseguiria ver você." Ela procurou algo dentro de suas vestes, que estavam dobradas na mesinha de cabeceira. Enfiando uma mão verde em um bolso, Dorea retirou uma pequena pedra na extremidade de uma correntinha de ouro. "Ela me pediu para te dar isso," Dorea disse segurando o item e o colocando nas mãos de Remus.

"Esse é..." Remus ficou de boca aberta olhando com reverência o item. "Esse é o colar dela. Meu Pai o deu no primeiro encontro deles."

"Uma Ametista," Dorea assentiu com um doce sorriso. "É muito bonito. Ela me contou a história de como eles se conheceram. Você conhece?"

Remus concordou lentamente. "Ela estava morando em Wales, perto de Cardiff," ele falou claramente, os olhos verdes focados na pedra roxa em suas mãos. "Ela estava caminhando na floresta e foi atacada por um homem que na verdade era um Bicho-papão." Ele sabia a história desde que era um garotinho. Foi a razão dele ter ficado animado com a chance de ver um Bicho-papão de verdade nas aulas de Defesa no terceiro ano, com o Professor Prewett. "Meu Pai estava pesquisando..." hábitos de lobisomens. Remus limpou a garganta e continuou. "Ele a ouviu gritando e a salvou. Transformou o Bicho-papão em um cogumelo," ele disse com a sombra de um sorriso.

"E então a chamou para jantar e deu esse colar." Dorea sorriu durante a narração da história, mesmo tendo ouvido a mesma no dia anterior, da própria Hope Lupin. "O estudo de pedras e cristais costumava ser ensinado em Hogwarts em profundidade, mas não tanto hoje em dia." A bruxa franziu o cenho. "Você sabe para que a Ametista é usada?"

Remus assentiu e falou com um tom que soava bastante como o de Mia, como se estivesse citando um livro. "Ametistas são ajudantes meditativas. Elas supostamente ajudam a promover a paz e tranquilidade e aumentam a intuição e a dissipar os medos." Então, ele percebeu. "Provavelmente por isso que ele deu para ela. Para que quando ele não estivesse por perto para protegê-la, ela não tivesse medo."

"Ametistas também protegem contra as artes das trevas." Dorea observou como Remus, de repente, parecia hesitando em aceitar o colar, os olhos procurando um lugar para colocá-lo. "Não se atreva," ela o avisou firmemente. "Lobisomens não são criaturas das trevas, eles não praticam magia negra. Sua mãe me deu isso para que eu desse a você. Caso ela não conseguisse, você teria a força para lutar contra os seus medos e um entendimento do que e de quem exatamente você é: um farol de bondade e magia branca." Ela sorriu e carinhosamente tocou a bochecha dele do modo que imaginou que Hope teria feito, caso não tivesse sido treinada para ser cautelosa com o próprio filho. "Ela foi uma boa mãe; uma boa mulher. Se ela não tivesse nascido Trouxa, ela teria sido uma bruxa malditamente boa, eu diria."

Remus não pôde deixar de sorrir gratamente para a bruxa.

"Agora, seja um bom rapaz e busque os outros para mim." Dorea apontou para a porta.

oOoOoOo

Em cima do telhado, Lily olhava para o céu, pensando como era lamentável que o sol estivesse tão brilhante lá fora, considerando quão escuro e sombrio estava dentro do Hospital. Deveria estar cinzento e com nuvens, talvez até mesmo chovendo. Lily desejou que chovesse para que o mundo pudesse ser lavado e ficasse limpo de novo. Ela seguiu Sirius pelas escadas que levavam ao telhado depois de prometer a Charlus Potter que cuidaria do herdeiro Potter.

Ela se aproximou dele pelo lado, observando enquanto ele inalava o cigarro aceso que tinha na boca, soprando a fumaça pelo nariz. Lily sorriu, sabendo que havia uma grande possibilidade dele fazer isso porque sua criança interior achava que ele iria parecer um dragão assim.

"Você vai ficar aí ou oferecer um cigarro para a garota?" Ela perguntou depois que alguns minutos passaram e eles continuaram em silêncio. Sirius já tinha terminado um cigarro e estava no processo de abrir o maço para pegar outro. Ele levantou uma sobrancelha e olhou para os olhos verdes brilhantes dela desconfiado.

"Você não fuma, Evans."

"Cala a boca, Sirius," ela rebateu, arrancando o cigarro que ele segurava entre os dedos. "Estamos nos conectando," ela insistiu enquanto colocava o cigarro na boca.

"Ah? Eu não percebi." Sirius pegou outro cigarro do maço e guardou de volta na jaqueta. Ele silenciosamente e sem varinha criou uma chama azul no centro das mãos, acendendo o próprio cigarro e, então, segurou o fogo na direção de Lily. "Todo seu."

A ruiva assentiu triunfante e se inclinou na direção das mãos dele, respirando contra o cigarro enquanto ele acendia. Ela respirou fundo e imediatamente começou a tossir.

Sirius sorriu para ela enquanto a mesma continuava a tossir. A visão compensava o cigarro perdido.

"Ah Godric, você faz isso consigo mesmo de propósito?!" Ela ficou boquiaberta.

"Existe uma razão para você ter me seguido até aqui?" Sirius perguntou irritado.

"Sr. Potter me pediu para cuidar de você," Lily respondeu, olhando para o cigarro que ela ainda segurava. Ela mentalmente se preparou para outra tragada, mas então decidiu que não. Deixa o maldito cigarro se apagar sozinho, ela pensou.

"Você deveria estar cuidando de James," Sirius revirou os olhos.

"Eu o deixei com Peter," Lily disse, ignorando o tom amargo de Sirius. "Acho que você precisa de mim agora."

"Por quê?" Ele se virou e a olhou incrédulo. Ele não precisava dela. "Nós não somos nem mesmo amigos. Você é amiga de Mia e Remus, você odeia James e, por extensão, me odeia," ele a lembrou. Apesar dele nunca ser o alvo dos feitiços dela (que sempre eram reservados para James), Sirius conhecia o olhar de Lily Evans melhor do que quase todos. Ele atormentou Ranhoso por anos, mais do que James alguma vez tinha feito, e ela nunca tinha ignorado.

"Eu não odeio nenhum de vocês," Lily confessou. "Eu só não... não gosto de algumas coisas que vocês fazem." A bruxa franziu o cenho, tentando deixar o passado para trás. "Mas essa não é a questão. Não é justo que alguém perca os pais e eu me sinto triste por aqueles que os perdem, independentemente de ser amigo ou não."

"Eu te disse, eu estou bem," Sirius rosnou. "Vá perturbar James. É a Mãe dele que está morrendo," ele disse amargamente.

"Ela é sua Mãe também. E você já perdeu um par de pais."

"Voltei a ser Sra. Potter?" Dorea franziu o cenho quando ele a chamou disso. "Oh, querido, tão formal. Como eu venho dizendo desde que você é um garoto, você pode me chamar de Dorea ou até Mãe se te agradar." Ela riu suavemente. "Sempre me agradou, considerando como deve ser divertido o olhar no rosto de Walburga se um dia ela ouvir isso."

Ele a chamou de Mãe a partir desse momento.

"Merda." Sirius gemeu enquanto sentiu as emoções crescerem. "Evans... podemos... podemos não fazer isso agora?" Ele implorou, realmente implorou para a bruxa, se contraindo quando sentiu uma mão suave no ombro. Ela não deveria tocar nele desse modo. Como se ela se importasse com ele. Com uma suavidade e um tipo estranho de amor que Sirius não estava familiarizado. Ela não era Mia, não era família e ele certamente não estava transando com ela. Que direito ela tinha de se importar com ele?!

"Está tudo bem em ficar triste, Sirius."

"Não está!" Ele finalmente falou, se afastando do toque dela e encarando a bruxa ruiva. "Me torna fraco! Se eu ficar triste, eles vencem! Eu não tenho o direito de ficar triste. Isso é minha culpa," ele chorou, não percebendo as lagrimas que se formaram no canto dos olhos dele e que elas estavam caindo pelas suas bochechas. "Eu trouxe isso para eles, para os Potters," ele confessou. "A morte me segue para todo lugar! Porra! Mia foi ameaçada por minha causa." Ele pensou em Bellatrix no casamento de Narcissa. "James quase morreu por minha causa. Você foi atacada por minha causa. Merda, a única razão de termos vindo no Hospital hoje foi porque Comensais da Morte nos perseguiram, muito provavelmente para me pegar!" Ele esperou que ela fosse virar as costas e o deixar ali, ou talvez chorar porque ele tinha gritado com ela. A maioria das garotas iria.

Lily Evans, no entanto, nunca foi como as outras garotas. "Você poderia parar com a festinha da pena por dois segundos e perceber que Você-Sabe-Quem não está planejando essa guerra toda em torno do seu ego?!" Ela o encarou, toda a suavidade indo embora de sua expressão, apesar dela ainda parecer se importar, o que ainda era muito estranho. "Comensais da Morte atacam Traidores do sangue, Trouxas, Nascidos-trouxas. Você e Potter são traidores do sangue. Os Carrows poderiam tê-lo atacado mesmo se você não estivesse presente." Ela revirou os olhos e, em seguida, quando ele tentou interrompê-la, o encarou mortalmente como se falasse silenciosamente para ele não se atrever a fazer tal coisa.

Sirius ficou quieto na mesma hora.

"Eu sou uma Nascida-trouxa e uma que – até pouco tempo – era melhor amiga de um Sonserino, um que possui amigos Comensais da Morte. Godric, Severus pode ser um Comensal também, por tudo o que eu sei," ela disse amargamente.

Ele tomou nota da confissão dela, a arquivando na mente para pensar sobre mais tarde.

"Eu já era um maldito alvo, seu grande idiota!" Ela deu um passo à frente e o empurrou. "Você não teve nada a ver com o acidente de hoje, a não ser por ter comprado aquela moto ridícula em primeiro lugar. E você não foi responsável por Comensais terem entrado no Hospital! Aquela mulher lá embaixo é sua mãe." Ela apontou para a porta que levava as escadas. "E você precisa aguentar porque você vai se odiar se não for lá embaixo se despedir dela."

"Eu não quero," ele admitiu, menos como uma criança petulante sendo forçado a limpar o quarto e mais como um homem assustado por ser forçado a encarar um dragão. Quão Grifinório, ele pensou.

"Eu não estou pedindo," Lily se manteve firme. "E se você quer minha opinião – e mesmo se não quiser – eu diria que você tem se arruinado bastante com os anos," ela declarou.

Sirius franziu a testa com a declaração, surpreso que ela tivesse a coragem de insultá-lo, sendo verdade ou não.

"Uma família que o pune por ser você mesmo e outra família que o mima simplesmente porque você existe." Ela fez uma careta. "Mia é a única que manda em você e mesmo assim ela é suspeita porque quando ela não está em um relacionamento com Remus, ela está olhando para a sua bunda!" Lily o encarou quando ele se atreveu a sorrir com a revelação.

"Seus outros amigos seguem você, o que só faz vocês entrarem em problemas, então o fardo cai nas minhas mãos para manter você na linha. Você e eu somos amigos, Sirius Black," ela deixou de fora o 'quer você queira ou não' e continuou. "E eu não vou mimar você como o resto do mundo. Então, me dê um abraço agora mesmo porque foi as vinte e quatro horas mais longas da minha vida e eu tive que passar a a primeira metade com meu cunhado Trouxa horrível antes de vir aqui e ter que lidar com você."

Ele não esperou nem mesmo um segundo antes de envolver a pequena bruxa com seus longos braços, a puxando firmemente contra seu corpo. Ela deixou escapar um soluço sufocado e Sirius achou estranho que ela tinha sido mandada para confortá-lo e, no entanto, ali estava ele, a segurando enquanto ela chorava. Um calor desconhecido crescia em seu peito enquanto ele respirava o aroma da bruxa em seus braços. Não era como quando ele abraçava Mia, ou qualquer outra garota. Ele não tinha nenhum desejo por Lily e mesmo assim parecia certo abraçá-la desse modo. Sirius sorriu e pensou se era assim que James se sentia quando abraçava Mia.

"Certo." Lily se afastou e limpou as lágrimas. "Bom. Agora, desça," ela mandou. "Você precisa ficar com sua família."

"Você vem também." Sirius segurou a mão dela e a puxou com ele.

"Não," Lily franziu o cenho. "Você precisa ficar com sua..."

"Família," Sirius concordou. "Gostando ou não, Evans... Lily..." ele se corrigiu, sorrindo ao usar o primeiro nome dela. "Você é uma de nós há muito tempo."

oOoOoOo

Quando Lily e Sirius entraram no quarto de Dorea, a bruxa parecia estar com um humor fantástico enquanto ditava algo para a família. Todos, exceto Charlus, pareciam chocados e desconfortáveis.

"... e para as flores, eu não quero rosas ou cravos. Rosas perderam todo o significado hoje em dia, já que elas são tão fáceis de encontrar, e eu acho cravos muito baratos." Ela reviro os olhos. "Eu gosto de hortênsias ou orquídeas, ou... olá Sirius e Lily, queridos," Dorea sorriu para os dois antes de continuar quando uma ideia de gênio caiu sobre ela. "Ah! Lírios! Eu amo lírios," ela disse radiante. "Os lírios japoneses rosas são meus favoritos, embora eu também ache adorável o tipo que James tatuou no peito," ela apontou para o filho que ficou vermelho.

"O quê?!" Lily empalideceu e voltou seus olhos verdes para James, mais precisamente para o peito dele, onde ela sabia que existia uma tatuagem, mas não sabia o que era.

"Mãe..." James limpou a garganta, evitando os olhos de Lily enquanto tentava voltar ao início da discussão, onde eles nem deveriam estar conversando sobre flores. "Podemos... podemos não planejar a droga do seu funeral agora?"

"Eu deveria estar esperando por algo?" Dorea perguntou claramente.

"Você deveria estar descansando," Mia insistiu.

"Eu posso descansar amanhã, querida." Dorea revirou os olhos. Todos se viraram para olhar para ela incrédulos, sabendo que contaram a ela que ela não veria o amanhã. "Agora, não me olhem assim. Eu alguma vez já fui o tipo de bruxa que senta e fica de braços cruzados deixando as coisas acontecerem ao meu redor?" Ela respondeu antes mesmo de alguém parar para pensar. "Não, por isso que eu vou aproveitar o máximo de tempo que me resta; e, francamente, vocês possuem um gosto tão abismal em decoro, que eu me preocupo que meu caixão vai ser coberto por margaridas." Ela disse com um tom de desgosto.

"Qual o problema com margaridas, querida?" Charlus perguntou, aplacando sua esposa.

"Elas são simples," ela zombou, se sentindo ofendida com a flor. Como se Dorea Potter née Black fosse simples! "Muito bem, se vocês todos não podem permitir que uma velha mulher tenha alguns momentos do êxtase do planejamento," ela quase fez beicinho. "Eu vou fazer uma lista para vocês mais tarde. No meio tempo, eu quero que todos se animem e ajam como as crianças que eu criei." O tom dela era de censura enquanto os olhos cinzentos dela analisavam cada adolescente no quarto, Lily e Peter também. "Isso inclui todos vocês, considerando a frequência que vão a minha casa. Eu tenho coisas a dizer e espero não ser interrompida, fui clara?" Ela perguntou firmemente. Cada pessoa no quarto assentiu.

"James." Ela estendeu a mão para o filho, o único que realmente nasceu da carne e sangue dela.

James segurou a mão da mãe delicadamente, a tratando como se fosse de vidro, apesar de suas ações gentis o terem feito ganhar um olhar da independente bruxa.

"Eu espero que você vá ao Gringotes com seu pai e inicie o processo de reivindicar sua herança," ela o instruiu. Ela era uma Sonserina de coração e alma e planos tinham que ser postos em ação. Suas crianças sabiam que ela os amava; era desnecessário agir como um Lufa-lufa, os lembrando do fato de que ela sempre estaria com eles. Eles sabiam.

"Enquanto você estiver lá, você vai separar contas para a sua irmã e Sirius..." Ela olhou para Sirius quando ele começou a falar. "Não me interrompa, homenzinho. Estou bem ciente da grande soma de dinheiro do seu cofre, mas você é meu filho e não vou ser negada a oportunidade de te dar o que eu quiser." Ela quase rosnou. "James, eu quero que você se esforce nos seus N.I.E.M.s esse ano e faça o seu melhor para não incomodar essa linda jovem bruxa." Ela apontou para Lily, que corou fortemente sob o olhar intimidante da bruxa. "Eu sei que é difícil porque ela é tão bonita." Dorea sorriu quando James corou também, tentando se lembrar da adorável cor das bochechas dele. "Mas é hora de comportamentos infantis serem deixados de lado."

"Sim, Mãe." James concordou e relutantemente soltou a mão dela quando Dorea chamou Sirius.

"Sirius, você vai parar de se culpar por tudo o que acontece," ela ordenou. "Seja qual for a culpa que pesa em seu coração, está te colocando em perigo. Você é um Grifinório e um que é muito emotivo e imprudente," ela repreendeu. "Você é o herdeiro da minha Antiga e Nobre Casa e um dia eu espero que você assuma o controle dela, a limpe adequadamente e a reconstrua," ela disse claramente, certificando-se que ele estava ciente de que este era, na verdade, seu último desejo. "Mesmo se você se casar com uma boa mulher, der o seu nome a ela e deixar a limpeza por conta dela." Ela apertou a mão dele e sorriu quando ele se inclinou para abraçá-la. "Cuide das minhas crianças," Dorea murmurou no ouvido dele. "Me prometa."

"Eu vou mantê-los seguro," Sirius jurou. "Eu prometo." Ele se afastou dela rapidamente, antes que começasse a chorar novamente. Quase que por instinto ele se moveu para o lado de Lily e sorriu tristemente quando a ruiva o abraçou de novo.

"Mia..." Dorea estendeu a mão para a filha.

"Não." A morena se recusou a levantar.

"Bruxa teimosa." Dorea disse as palavras afetuosamente, como um termo carinhoso. "Você vai se tornar a Senhora da Casa, representando tanto Potter quanto Black." Ela ignorou o fato de que Mia parecia estar tentando ignorá-la. "E eu espero que você siga as regras que vieram com a vida que lhe foi dada."

Mia levantou os olhos castanhos para encarar os cinzentos de Dorea.

"Siga as regras ao pé da letra."

Mia franziu o cenho, entendendo. Dorea estava pedindo que ela não mudasse o passado, independente do que isso fosse significar.

"Lembre-se que é o conteúdo e não o comprimento da vida." Dorea sorriu quando Mia finalmente segurou sua mão. "Eu quero que vocês preencham muitas vidas com alegria e amor," ela disse, gesticulando para os outros no quarto. Dorea e Mia sabiam que a guerra já estava aqui; muitos iriam morrer e muitos outros iriam sofrer. "Nada mais pode ser esperado de vocês. A morte não pode ser evitada, então vivam. Todos vocês," Dorea olhou ao redor e encontrou muitos olhos marejados.

"Nós não queremos que você morra," Mia confessou. "Nós queremos que você lute."

"Eu não estou lutando?" Dorea sorriu. "Eu pareço derrotada?" Ela se sentou melhor na cama, a cabeça erguida em orgulho. "Eu sou Dorea Black Potter e nada acontece sem o meu consentimento. Coisas acontecem porque eu desejo que elas aconteçam. Eu desejo lutar, mas aceitei o inevitável," ela admitiu. "Esse não é o meu fim, amores," Dorea sorriu docemente, os olhos cinzentos brilhando. "O último inimigo a ser destruído é a Morte."


N/A: é, queridos... Hoje nos despedimos de uma das minhas personagens favoritas da história.
Dorea Black Potter é uma bruxa sensacional, duvido que alguém discorde disso. Duvido também que exista alguém que não goste dela!
A Sonserina mais cativante do mundo mágico, planeja até o próprio funeral! :)
Vamos sentir saudades, mas eles vão descobrir alguns segredos dela no futuro! Ela, como sempre, pensando a frente hahahaha

BellaSchwartz: desculpa a demora, mas espero que você tenha gostado dos capítulos e continue lendo! :))

alinefgs: bem tenso, né? Mas faz parte da vida, é um período mais sombrio da nossa fanfic :(

Motoko Li: a relação do Remus com o pai ainda vai demorar bastante tempo para melhorar, mas um dia vai.
E Mia vai conseguir mudar uma coisa ou outra, uma bastante importante e que vai deixar uma pessoa feliz demais no futuro! Não vou falar mais nada hahahaha
Perder as duas mães tão perto assim foi coisa demais p nosso lobisomem, né! Maldade da Shaya mesmo :((
E se você lembrar do nome dessa fanfic, me fala, vou querer ler com certeza! Seria 'Reescrevendo a História'? Li essa quando era mais nova, adorei adorei adorei!
Também não quero dar adeus a Dorea, fiquei devastada! Mas a bruxa é maravilhosa, até mesmo no leito de morte fica mandando em tudo o que acontece. Até planejar o próprio funeral, ela planeja! Vai fazer falta demais..
Bom, até o próximo capítulo!