The Debt of Time

Parte Dois – O Vira-Tempo

Capítulo Setenta e Cinco: Vinho de Elfo e Tinta

"...So I'm gonna love you like I'm gonna lose you
And I'm gonna hold you like I'm saying goodbye
Wherever we're standing, I won't take you for granted
'Cause we'll never know when, when we'll run out of time..."
(Like I'm Going to Lose You - Meghan Trainor)


18 de dezembro, 1977

Estação Kings Cross

Charlus Potter esperava na Plataforma Nove e Três Quartos, sorrindo enquanto o imenso trem vermelho chegava na estação. Seus olhos avelãs vagavam entre a multidão de jovens bruxos e bruxas de diversas idades e ele riu quando avistou um par de pequenos primeiro-anistas, se lembrando quando James e Mia eram daquele tamanho. Ele também se lembrou quando seus dois filhos eram apenas dois, apesar de Charlus não conseguir se lembrar de um único Natal em que não levasse Sirius para casa. Dorea podia ter partido, mas a família de Charlus nunca esteve tão grande.

O velho bruxo sorriu e passou uma mão pelo cabelo que outrora era castanho, agora apresentava alguns fios grisalhos. Mais grisalhos do que castanhos hoje em dia e apesar de estar rareando em alguns lugares, ainda continuava bagunçado atrás. Ele esperou pacientemente, sabendo que os Monitores Chefes tinham deveres para cumprir, assim como os dois Monitores que ele estava planejando levar de volta para a Mansão, sem mencionar os "rabos extras", como sua filha costumava se referir aos amigos tão afetuosamente.

Seu sorriso aumentou quando ele avistou o grande grupo de adolescentes que caminhava em sua direção. Remus, o maior de longe, puxava o malão enquanto revirava os olhos e ria de algo que Peter tinha dito. O jovem lobisomem se virou para a esquerda e murmurou algo para Lily que riu, corou e escondeu o rosto no peito de James, que parecia mais crescido e feliz do que Charlus já tinha visto.

Ele tinha lido notícias sobre o namoro oficial de James e Lily depois de todos esses anos, mas Charlus não conseguiu evitar o sorriso ao ver o casal pessoalmente. Dorea teria amado isso, ele pensou com carinho.

"Olá, Sr Potter," Lily disse com um sorriso radiante, a pequena mão dela escondida dentro da de James.

Charlus tirou-a de lá e depositou um beijo nas costas da mão dela. "Lily," ele sorriu para a doce menina. "Não posso dizer quão feliz estou em ver vocês dois tão... bem... felizes," ele riu enquanto soltava a mão da bruxinha e dava um abraço apertado no filho e, então, fazendo o mesmo com Remus e Peter.

Bem quando iria perguntar dos outros dois que faltava, Sirius e Mia apareceram andando em direção do grupo. Mia rindo abertamente enquanto Sirius dançava com ela na Plataforma, girando a bruxa entre os braços e a abaixando para dar um beijo na boca. Charlus se encontrou franzindo o cenho ligeiramente com a cena, o que fez James rir.

"Menos feliz com isso," Charlus disse enquanto Sirius levantava sua filha de volta, segurando a mão dela e a levando para a família dela, os dois sorrindo alegres. "Quando isso aconteceu?" O patriarca Potter perguntou ao filho.

"Mês passado," James disse, dando um tapinha nas costas do pai.

Charlus voltou os olhos para Remus. "Preciso culpar você por isso?"

"Ajudaria?" Remus ofereceu com um sorriso e Charlus riu.

"Mia," ele se inclinou para abraçar a filha com força, uma grande parte dele feliz por vê-la sorrindo tão radiante, mas a outra parte extremamente nervosa com a nova situação. Seus olhos avelãs caíram em Sirius enquanto sua filha se afastava. "Sirius."

"Senhor," Sirius acenou para Charlus e todo mundo parou estancar nos lugares e olhar o par de bruxos.

"Senhor?" Charlus riu. "Eu não sou 'Sr' para você, filho, desde que você tinha doze anos. Quando eu me tornei 'Sr' em vez de 'Pai'?" O bruxo perguntou.

Mia sorriu, pegando a mão de Lily e se afastando da cena, deixando os bruxos lidarem com seus problemas enquanto as bruxas iam até a Rede de Flu.

"Quando eu comecei a namorar sua filha, Sr," Sirius apontou, engolindo em seco. Ele passou duas boas horas da viagem tentando decidir o que exatamente ele falaria para Charlus quando chegassem na Estação Kings Cross. O melhor cenário seria que Charlus adoraria ver sua filha namorando seu semi-adotado filho. O pior cenário envolveria um Duelo Bruxo e, por vinte minutos, James, Remus e Peter fizeram apostas em quanto tempo Charlus levaria para desarmas o Animago.

"Isso foi lidado adequadamente?" Charlus perguntou, se virando para olhar James. Seu filho parecia gostar da maneira esquisita que Sirius estava se portando. A postura reta e os olhos nivelados com os do bruxo mais velho, quase como se ele estivesse tentando genuinamente se mostrar apropriado.

"A gente cuidou disso." James assentiu, se lembrando do momento em que ele decidiu tentar e se sentar com Sirius para a 'conversa de irmão'. Acabou com os dois garotos ameaçando se transformarem na forma Animaga e lutarem. Sirius apontou que ele já tinha ouvido 'a conversa' várias vezes e tinha sido apunhalado uma e, se James tentasse mais uma vez, ele teria mais do que apenas algumas marcas nos braços e pernas. James automaticamente se lembrou do dia no Dormitório dos Monitores Chefes onde os dois tiveram sua vingança. "No entanto, eu não recebi nenhuma Carta de Intenção," James disse com um sorriso vingativo. "E você, Pai?"

"Nenhumazinha." Charlus balançou a cabeça, fingindo estar desapontado.

Sirius estreitou os olhos para James. "Bom, eu não sou tão antiquado quanto Moony," Sirius zombou. Maldito lobisomem por aumento o nível das coisas. "Mas eu..." Sirius respirou profundamente. "Eu vou me mudar. Durante o feriado vou procurar um flat para mim.

"Filho, você sabe que isso não é necessário," Charlus insistiu, deixando de lado o pai protetor e botando uma mão no ombro de Sirius. "Você é tão meu filho quanto James e seu lar é conosco. Não importa que relacionamento novo é esse com Mia... Sirius, eu confio em você."

"Muito obrigado... Pai, você não tem ideia do quanto," Sirius suspirou aliviado e passou uma mão pelas longas madeixas negras. "Mas é necessário. Você me deu tudo e eu não vou desrespeitá-lo ao morar debaixo do mesmo teto que minha namorada e a família dela. Mesmo que seja a minha família também."

"Moony fez isso por um ano," James apontou, mas já sabia a resposta de Sirius. Ele vinha falando disso há semanas. Uma parte de Sirius queria ter sua própria casa no segundo em que fizesse dezessete anos e o dinheiro que o tio Alphard deixou se tornasse disponível, mas o timing não tinha batido.

"Moony não tinha o dinheiro para morar sozinho," Sirius disse e então se virou para o amigo. "Sem ofensas, parceiro."

"Sem problemas," o lobisomem disse.

"Mas falando em Remus, vou levá-lo comigo," Sirius anunciou. Apenas Charlus pareceu surpreso, claramente os meninos tinham pensado em tudo antes que viesse a público. "Não acho que eu me sairia bem sozinho de qualquer jeito," Sirius admitiu timidamente.

Charlus assenti, entendendo. "Muito bem, se essa é a decisão de vocês. Vocês já são homens e possuem o direito de decidir por si mesmos." Ele deu um tapinha nas costas de cada um. "Mas a minha casa sempre será a casa de vocês. Isso vale para todos. Agora, James, como estão as coisas entre você e a adorável Lily?" Ele perguntou com um sorriso enquanto os cincos se dirigiam ao Flu. "Não vejo nenhuma marca de azarações," Charlus riu suavemente.

"Tenta procurar debaixo das roupas," Sirius sugeriu com um sorriso e o rosto de James poderia ser confundido facilmente com um pimentão.

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Mansão Potter – Residência dos Potter

O Natal foi comemorado com menos entusiasmo do que no ano anterior. Sem Dorea para liderar, não parecia tão espirituoso como normalmente. Peter foi para casa depois de passar apenas uma noite na Mansão Potter, enquanto Lily ficou três dias inteiros antes de aparatar de volta para casa, para ver os pais, a irmã e o cunhado.

A lua cheia caiu no dia de Natal, então eles abriram os presentes na noite anterior e passaram o 25 de dezembro dormindo o dia inteiro antes de lançarem os feitiços protetores ao redor do Pomar. À medida que a noite caía, a pequena raposa, o cão e o cervo correram pelo enorme espaço aberto, sendo seguidos casualmente pelo lobisomem de olhos dourados. As quatro criaturas dormiram juntas debaixo de uma grande árvore no pé do rio e acordaram com neve cobrindo o chão. Mia sorriu com a visão e lançou um feitiço para esquentar Remus antes de transfigurar seu cachecol em um cobertor para cobri-lo.

O resto do feriado de Natal foi dedicado para relaxar, ao menos para os jovens adultos. Charlus tinha reuniões para ir e, apesar de James, Remus e Sirius estarem todos curiosos para descobrirem o que acontecia nessas reuniões, Mia permanecia quieta. Ela automaticamente assumiu que o Pai era membro da Ordem da Fênix e que os problemas estavam se aproximando.

Apesar de se oferecerem para ajudar, James e Mia foram dispensados quando Sirius e Remus saíram da Mansão em busca do novo flat. Eles voltaram horas depois parecendo vitoriosos, mas insistiram que ninguém poderia entrar no novo lugar até o verão, quando os garotos teriam tempo para arrumar tudo.

Na véspera do Ano Novo, os quatro jovens decidiram visitar a Mãe deles. O lugar do descanso final de Dorea era em um adorável cemitério nos arredores de Somerset. Mia ergueu sua varinha, moveu-a fazendo um círculo no ar, e um arranjo de rosas de natal floresceu em cima do tumulo de Dorea Potter. Em pouco tempo os quatro queriam afogar suas tristezas. Aparatando para o Caldeirão Furado, eles se depararam com uma abundância de Vinho de elfo que Tom, o barman, tinha ganhado de Natal e estava ansioso para dividi-lo com uma boa companhia. Várias horas depois, James estava sendo carregado para casa por um Remus ainda sóbrio, enquanto Mia e Sirius se esgueiraram para a Londres Trouxa com olhares maliciosos nos rostos.

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17 de janeiro, 1978

Hogwarts Escola de Magia e Bruxaria

Torre da Grifinória

Uma semana depois eles estavam de volta em Hogwarts e à rotina normal. Na Torre da Grifinória, no banheiro conectado ao dormitório masculino, os três alunos do sétimo ano se encontravam em frente ao espelho horizontal acima das pias. Peter estava ocupado tentando fazer a barba com a varinha. Remus escolheu um jeito mais fácil e aplicou o Creme de Remoção Capilar de Herbert Hyslop, bocejando e encarando suas olheiras, cortesia da lua cheia que se aproximava. Enquanto isso, Sirius saía do banho com uma toalha enrolada no quadril, se encarando no espelho e passando os dedos pelo cabelo.

"Você vai ficar pronto para o treino, Padfoot?" James perguntou enquanto colocava a cabeça para dentro do banheiro. Ele já estava com o uniforme de Quadribol, ansioso para começar 1978 com o pé direito.

"Você acha que eu arriscaria perder um jogo contra o meu irmão caçula?" Sirius zombou do pensamento. "Você ficou maluco? Eu tenho esperado pelo dia em que eu poderia bater com o bastão na cara dele e derrubá-lo da vassoura," ele sorriu.

"Padfoot? O que é isso?" Remus perguntou enquanto encarava o lado esquerdo do peito de Sirius.

"O quê?" Sirius piscou.

"Pads!" James sibilou. Ele segurou o melhor amigo pelos ombros, o girando até que ficasse cara a cara com a tinta no peito de Sirius. "Esse é o nome da minha irmã tatuado no seu peito?!" Ele o encarou.

Sirius levantou uma sobrancelha e puxou o uniforme de James. "Esse é o nome da Lily tatuado no seu peito?" Ele perguntou acusador, virando o jogo.

"Isso..." James gaguejou. "Isso é completamente diferente."

"Se por diferente você quer dizer que Lily não tem o seu nome tatuado nela, então com certeza." Sirius concordou e se virou procurando sua poção de hálito matinal.

"O quê?" Remus ficou de boca aberta. "Ela fez... você está brincando!" O lobisomem riu alto e Sirius sorriu convencido.

"O que eu posso dizer, a bruxinha me ama," ele suspirou feliz.

"Você realmente convenceu Mia a tatuar o seu nome?" Peter encarou o amigo admirado. "No corpo dela?"

"Não, mongol, na mochila dela," Sirius olhou para o amigo baixinho, ignorando os sons que vinham de James. "Sim, no corpo dela. E eu não precisei convencê-la a nada," ele insistiu e, então, acrescentou. "Não que eu me lembre."

"Você embebedou a minha irmã e a levou a uma loja de tatuagem?!" James falou.

"Não é como se fosse a primeira vez," Sirius revirou os olhos. "E eu não a embebedei. Você a embebedou. Tecnicamente, você nos embebedou e nos deixou sozinhos no Caldeirão Furado." Ele fez beicinho. "O que mais a gente deveria fazer?" Ele riu, colocando a poção na boca e começando a fazer gargarejo.

"Não fazer tatuagens?" James sugeriu incrédulo.

"Onde está a diversão nisso?" Sirius perguntou depois de cuspir na pia. "Além disso, ela gosta."

"On-onde ela fez?" Peter perguntou curioso. Sirius se virou e o encarou, se lembrando de anos atrás quando eles descobriram que Peter já tinha espiado Remus e Mia transando. Sirius não iria cair na mesma situação.

"Em nenhum lugar que Prongs queira ver e nenhum lugar que você ou Remus vão ver." Ele apontou para os dois, o último rindo com a ameaça, considerando que ele poderia dizer que tinha visto tanto do corpo de Mia quanto Sirius. Peter, no entanto, se culpou por ter perguntando e James ficou envergonhado.

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No dormitório feminino, Lily, Alice e Mary estavam sentadas na cama de Mary encarando Mia, que vestia uma calcinha de renda roxa e uma camisa velha do Black Sabbath, que passava das suas coxas. As três bruxas encaravam a amiga, com as cabeças inclinadas para o lado.

"Oh Godric," Lily ficou boquiaberta, os olhos verdes arregalados em choque e possivelmente horror.

"O lugar foi bem escolhido." Alice corou.

"Ficou tão sexy," Mary comentou com um sorriso. "Doeu?"

"Não que eu lembre!" Mia riu e colocou a calça jeans antes de colocar a capa da Grifinória sobre a roupa Trouxa.

"Vocês estavam bebendo?" Alice riu. "Firewhisky?" Ela perguntou, sabendo que Sirius tinha uma preferência e reputação com a bebida.

"Vinho dos elfos," Mia corrigiu.

"Vocês dois tem um problema com bebidas," Lily riu, balançando a cabeça.

"Eu diria que o vicio deles é de uma natureza mais carnal," Mary apontou com um sorriso e as meninas riram em resposta. Mia sorriu para as três amigas, feliz que tenha se dado tão bem com elas, considerando o sufoco que tinha sido ter amigas meninas além de Ginny na outra linha do tempo. Hermione sempre pensou que Ginny era a exceção da regra, mas agora que Mia tinha se tornado amiga de Mary, Lily, Alice e até Pandora, ela não deixava de pensar que talvez Lavender e Parvati tivessem sido o problema todo o tempo.

"Ele realmente fez uma com o seu nome?" Mary perguntou, os olhos brilhando em antecipação.

"No peito," Mia concordou, corando um pouco. Ela tinha que admitir que era bobo e imprudente e a coisa mais espontânea que ela já tinha feito, sem ser colocar sua vida em perigo. Tudo o que foi preciso foi Sirius dizer que queria o nome dela em seu coração para sempre e ela desmoronou como Lily lendo um dos romances dela. Depois, bastou Sirius dizer algumas palavras em seu ouvido antes dela concordar em fazer uma. Uma vez que ela ficou sóbria, se sentiu levemente envergonhada, mas quando a marca curou, ela não pôde deixar de notar que Sirius se tornou muito mais sexualmente agressivo vendo seu nome escrito perto de uma das favoritas nela.

"Isso é tão quente," Mary riu, tirando Mia dos seus pensamentos.

"É insano," Lily contra argumentou.

"É isso que você fala para o meu irmão sempre que ele anda sem camisa?" Mia perguntou, desafiando a ruiva a responder com um sorriso vitorioso no rosto.

"Como assim?" Os olhos de Mary brilharam de novo. "James tem uma tatuagem?!"

"É só um bando de flores," Lily disse baixinho, revirando os olhos.

"Um bando de lírios," Mia disse rindo.

"Vocês duas são tão sortudas," Mary anunciou dramaticamente.

Mia e Lily compartilharam um olhar e riram. Mary com certeza era teatral, mas nenhuma das duas poderia discutir com ela. Elas com certeza eram incrivelmente sortudas, com ou sem tatuagens.

"Frank nunca faria uma tatuagem," Alice disse enquanto corava com o pensamento. "Ele odeia agulhas," ela explicou e então hesitou um momento antes de falar de novo. "Mas... ele fez outra coisa um pouco permanente."

"Melhor que tatuagem?" Mary perguntou curiosa, rolando na cama ao mesmo tempo em que Alice estendia a mão. A luz do sol que atravessava a janela, reluziu em um rubi cintilante em sua mão esquerda.

"Merlin!" Mary gritou e caiu da cama no processo. Ela se recuperou rápido, pulando na cama de novo e pegando a mão de Alice para examinar a joia. "Olha o tamanho dessa coisa! Ele realmente te pediu em casamento?!" Ela perguntou.

Alice sorriu radiante enquanto assentia.

"Alice, parabéns!" Mia sorriu, puxando a amiga para um forte abraço. "Eu estou tão feliz por você! Como ele pediu?"

"Se atrapalhou um pouco, nervoso," Alice disse suavemente, sorrindo o tempo inteiro. "Vocês conhecem Frank. Mas ele foi um doce. Pelo visto ele teve que brigar com a mãe e o tio Algie pelo anel," ela olhou para a joia. "Está na Casa Longbottom há séculos."

"É um amor," Lily disse admirada. "Eu não acredito que você está noiva."

"Nós falamos que bruxos trabalham rápido," Mary piscou para a ruiva, que de repente empalideceu.

"Você acha que James..." Lily começou e parou. "Ah não, eu não posso começar a pensar nisso."

"Meu chute é que você estará noive até o verão," Alice riu suavemente.

"Eu digo que até o ano que vem," Mia entrou na aposta. Ela poderia ter feito as equações de Aritmância, consultado as folhas de chá ou até olhado em uma bola de cristal, mas tudo o que ela precisava fazer era pegar o aniversário de Harry e subtrair nove meses, descobrir quanto tempo demora para planejar um casamento e então adicionar o tempo que Lily, uma Nascida-trouxa, se preocuparia antes de selar sua vida permanentemente ao mundo bruxo.

"Eu digo que vocês são um bando de vagabunda, que eu estou com inveja e que odeio todas vocês," Mary insistiu com um sorriso, deitando na cama com um braço atrás da cabeça. "Alice está noiva e vocês pegaram os dois mais gostosos da escola, Remus provavelmente sempre irá comparar alguém a Mia. O que sobra para o resto de nós?"

Mia riu e disse, "Peter."

"Eca," Mary gemeu. "Eu prefiro casar com um Lufa-lufa."

"Alguns Sonserinos bonitos estavam de olho em você nos últimos dias," Lily provocou a amiga.

"Eca de novo," Mary empalideceu. "Eu prefiro casar com Pettigrew!"

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O Grande Salão

Vinte minutos depois, as meninas chegaram na Mesa da Grifinória, onde James e Sirius esperavam Lily e Mia. Os dois garotos usavam o uniforme de Quadribol vermelho e dourado e as duas não puderam evitar apreciar a visão enquanto se sentavam na frente deles.

"Olhe para essas belas bruxas, Padfoot," James sorriu, se levantando e passando por cima da mesa para sentar ao lado de Lily, em vez de dar a volta. Lily o repreendeu silenciosamente, revirando os olhos. "Nós não somos os caras mais sortudos do mundo bruxo?" Ele perguntou alto, a fazendo corar.

"Com certeza, Sr. Prongs," Sirius piscou para Mia. "Os mais sortudos do mundo inteiro."

"Tão sortudos que eu senti uma necessidade louca de ir até Hogsmeade de noite comprar um presente para a minha linda bruxinha," James disse antes de pegar uma pequena embalagem de dentro do uniforme. Com um floreio da varinha, a caixinha aumentou de tamanho.

Lily sorriu. "Bom, James," ela assentiu apreciando. "Você sabe que eu amo Penas de Açúcar."

"Onde está o meu presente?" Mia olhou para Sirius provocando, genuinamente não esperando nada.

"Ah, eu pensei muito no seu prêmio, gatinha," Sirius disse. Imitando James, ele passou por cima da mesa, irritando Lily que tirou a pena de açúcar da boca para encará-lo. "E sabendo que você acharia clichê se eu desse flores ou doce," Sirius apontou e Mia assentiu concordando, "eu pensei muito sobre o que você gostaria como símbolo do meu carinho acima de tudo."

"E?" Ela perguntou curiosa, assumindo que ele tinha comprado um livro. Era um presente certo para Mia e ela cresceu esperando ganhar isso da família e amigos. Remus a conhecia melhor, claro, mas ainda assim comprava livros para ela, pelo menos livros que ela não tinha. Sirius sempre tinha sido diferente, no entanto. Ele dava presentes que significavam algo para ela, como os brincos que ganhou de Natal alguns anos atrás, ou até mesmo o bracelete dos Potters que o Sirius mais velho lhe deu de aniversário. Sirius nunca recaía nos presentes fáceis.

"Eu comprei uma caixa enorme de chocolates da Dedosdemel," Sirius anunciou.

Mia franziu as sobrancelhas. Ela não estava esperando nenhum presente. Não era nenhum feriado e ela estava apenas brincando sobre querer algo; mas ele tinha falado que comprou algo para, insistindo que doce era clichê e escolheu chocolates?

"Sério?" Ela perguntou a ele. "Clichê e mesmo assim você comprou?"

"Sim, então eu dei para Moony porque ele está horrível hoje," Sirius disse com um sorriso.

Mia soltou uma risada suave e envolveu os braços ao redor do pescoço de Sirius, beijando-o profundamente. Godric, ela amava esse homem. "Apesar do insulto à aparência dele," Mia comentou pensativa. "Cuidar das pessoas que eu amo é o melhor presente que você poderia me dar." Ela o beijou de novo.

"Por que ter o seu nome no peito dele não é o bastante?" James fez uma careta.

"Não seja hipócrita, Jamie," Mia sorriu sem nem olhar para o irmão enquanto beijava Sirius de novo e de novo.

Eventualmente, a Professora McGonagall limpou a garganta da Mesa dos Professores, fazendo com que Sirius sorrisse para a Vice Diretora e se afastasse de Mia lentamente.

"Então, por que vocês duas estão de bom humor nessa manhã?" James perguntou, observando com interesse Lily comer suas penas de açúcar.

"Nós descobrimos que Frank pediu a mão de Alice em casamento," a ruiva falou.

"O quê?!" James gritou, empalidecendo.

"Oh Merlin..." Sirius gemeu e encostou a cabeça na mesa. Ambas as bruxas reviraram os olhos.

"Circe, vocês dois são tao dramáticos quanto Mary," Mia riu. "Não se preocupem, ele não começou um precedente para o resto de Hogwarts, então se acalmem."

"Que diabos, Frank?!" James gritou para seu amigo Grifinório enquanto Frank entrava no Salão, parando para soltar a mão de Alice, como se fosse um requisito para as amigas ansiosas verem o anel.

"O quê?" Frank perguntou incrédulo. "Não é minha culpa se eu sou mais maduro que vocês e venho pensando no meu futuro em vez da próxima partida de Quadribol," ele riu. "Eu tenho uma carreira em vista e uma esposa esperando."

"Ei! Não é qualquer partida de Quadribol," Sirius insistiu e Frank apenas sacudiu a cabeça rindo. "Vai ser a partida onde meu irmão vai ser derrubado da vassoura. Nada é mais importante do que isso!"

"Nada?" Mia levantou uma sobrancelha.

"A única coisa na minha vida toda mais importante do que derrubar Regulus da vassoura, é transar com você enquanto celebramos a queda de Regulus," Sirius disse com o olhar mais genuíno que Mia já tinha visto, o que fez com que ela gargalhasse com a excentricidade do namorado.

"Ei!" James encarou o melhor amigo. "Minha irmã!"

"Está transando comigo," o bruxo de cabelos negros sorriu. "Supera isso, Prongs. Vou parar com isso quando você aprender a colocar a porcaria do Feitiço Silencioso." Sirius deu uma de suas risadas latido.

"Então," James se virou para Frank, as bochechas vermelhas. "Por que você está tão ocupado se preocupando com carreira e esposa, Frank?" Ele perguntou, ignorando Sirius e Mia que continuavam brincando as suas custas.

"Mudando o assunto?" Sirius riu. "Clássico."

Frank riu com Sirius e Mia, mas ajudou James em mudar o foco da conversa. "Nós não queríamos causar um rebuliço, mas eu e Alice fomos aceitos em um programa de treinamento de Aurores. Nós vamos começar na Academia depois da formatura, contanto que nossos NIEMs sejam altos."

"Boa, amigo! Isso é fantástico!" James sorriu.

"Obrigado."

"Eu deveria ter mandado meu currículo mais cedo?" Sirius parou de rir e de repente pareceu preocupado, as características juvenis que se tornaram tão dominantes enquanto ele estava rindo se transformando em ângulos afiados de um adulto maduro e estressado. "Pensei que eu tivesse que terminar os NIEMs."

"Ainda pensa em ser um Auror?" Mia perguntou franzindo as sobrancelhas.

"O que mais eu deveria fazer?" Sirius deu de ombros. "Sentar e gastar meu dinheiro?"

Mia bufou. Tudo bem, tinha uma guerra acontecendo, mas em sua linha do tempo original, um Sirius mais velho parecia perfeitamente contente em fazer justamente isso. Ela não conseguia lembrar de uma única conversa com o adulto sobre empregos ou planos a não ser sobreviver à guerra.

"É só que... não é um emprego seguro." Mia se preocupou, mordendo o lábio inferior. "Me deixa nervosa," ela admitiu e mais uma vez se lembrou das estatísticas que tinha lido há muito tempo sobre o numero de Aurores mortos na Primeira Guerra Bruxa.

"Ahhh gatinha, está preocupada comigo?" Sirius sorriu, se inclinando para beijar a bochecha da namorada e o espaço atrás da orelha dela, onde sabia que ela sentia nervoso. Aqueles tremores seriam a morte dela, e ela cumprimentaria a Morte como um velho amigo de bom grado, se Sirius nunca deixasse de beijar essa parte. "Não se preocupe. Eu vou ser um dos melhores Aurores que o Ministério vai ter," Sirius disso, o ego substituído com uma genuína confiança. "Eu vou virar o jogo. Capturar Comensais da Morte e bruxos das trevas. Azkaban nunca mais vai ser a mesma quando eu acabar."

Bom, isso é verdade, Mia bufou.

"Falando em Comensais da Morte..." Alice murmurou enquanto sentava ao lado de Frank, franzindo o cenho enquanto abaixava uma cópia do Profeta Diário no centro da mesa. James a pegou imediatamente e Sirius e Mia se inclinaram sobre Lily para ler junto. No meio da página tinha uma foto de vários Aurores, Alastor Moody e Rufus Scrimgeour entre eles. Embaixo da foto, lia a legenda: Ataque de Comensais da Morte. Família de Quatro Morta.

"Oh Godric..." Lily ofegou ao ler o artigo, tomando nota do fato de que duas das vítimas tinham filhos menores de dez anos e havia sinais de tortura antes que uma Maldição da Morte fosse lançada em toda a família. Vários ataques vinham sendo reportados com os anos e eles acompanhavam todos, mas este era o primeiro em que crianças estavam envolvidas.

Quase instintivamente, Mia olhou pelo Salão até a mesa da Sonserina, que estava reunida em torno de várias cópias do Profeta também. Alguns pareciam se importar menos enquanto outros – como Barty Crouch Jr. – estavam rindo. Dois rostos no final da mesa, no entanto, se destacavam. Frio e quase sem emoções, Severus Snape estava ao lado de Regulus Black, ambos parecendo incrivelmente doentes e... e... arrependidos.


N/A: Só tenho a agradecer a todos vocês que não abandonaram a história, seja comentando aqui ou me mandando mensagens.
Muito obrigada MESMO! Eu também não abandonei, mesmo tendo demorado todo esse tempo para postar um capítulo novo.
Amo vocês!