The Debt of Time

Parte Dois – O Vira-Tempo

Capítulo Setenta e Seis: Cartas

"...Nothing's gonna hurt you the way that words do
When they settle 'neath your skin
Kept on the inside and no sunlight
Sometimes a shadow wins…"
(Brave - Sara Bareilles)


17 de janeiro, 1978

Hogwarts Escola de Magia e Bruxaria

Além do fluxo constante de relatórios sobre ataques e assassinatos de Comensais da Morte aparecendo no Profeta Diário, a escola estava se tornando relativamente simples em comparação com os anos anteriores. Não existiam Professores maus, nenhum Comensais nos corredores – a salvo de Snape e Regulus que estavam bem quietos desde a volta do feriado de Natal. Não existiam ataques de lobisomens perversos, nem duelos no meio do Campo de Quadribol, nem vassouras azaradas sobre o Lago Negro.

E, surpreendentemente, tanto Sirius quanto James pararam de azarar Snape nos corredores.

Pelo menos quando Lily estava olhando.

Os alunos do sétimo ano começaram a estudar para os seus NIEMs com grande devoção, cada um com um objetivo específico em mente. Lily, remanescente de Hermione Granger, sentia que tinha algo para provar ao mundo mágico como uma Nascida-trouxa. Frank e Alice trabalhavam duro para mostrar que mereciam os lugares guardados para eles na Academia de Aurores. Sirius estava desespero para mostrar seu intelecto e talento para que pudesse se juntar aos amigos no Departamento de Execução das Leis da Magia. Remus precisava de NIEMs altos para justificar uma rasão a qualquer um fora de Hogwarts que ele podia trabalhar apesar da sua condição. James ainda não sabia o que queria fazer com sua vida fora de Hogwarts, além de vivê-la ao lado de Lily, então ele estudava ao lado dela para mostrar que o que era importante para ela, era importante para ele. Mary e Peter eram os únicos com dificuldades nos estudos, apesar de enquanto Mary fazia o seu máximo e pedia ajuda aos Professores, Peter estava incrivelmente irritado que nenhum de seus amigos sacrificava seu tempo de estudo para ajudá-lo, se recusando a pedir ajuda aos Professores. Mia, não sabendo o que o futuro guardava para ela, estudava arduamente para os NIEMs pelo mesmo motivo dos NOMs: quebrar recordes.

Completamente devotados aos estudos pela primeira vez, o Dia dos Namorados passou com pouca atenção apesar de ser o primeiro que os dois casais passaram juntos. James e Lily foram a Hogsmeade, mas apenas como Monitores Chefes, apesar de James ter feito uma parada para comprar Penas de Açúcar para Lily. Sirius e Mia permaneceram no castelo treinando Defesa Contra as Artes das Trevas, mostrando que conseguiam fazer magia sem varinha, se revezando para lançar azarações e feitiços leves um no outro ao longo do dia.

A única referência ao feriado foi durante a manhã, quando as corujas trouxeram as cartas. Apesar de Mia já ter azarado garotas duas vezes por causa de Sirius, o bruxo ainda recebia presentes de Dia dos Namorados. No entanto, neste ano, em vez de forçar Peter a provar os doces a procura de Poções de Amor, Mia rapidamente fez tudo sumir e logo voltou a fazer o que estava fazendo.

A única vez em que sétimo-anistas pararam para descansar foi durante os aniversários, começando com o de Lily no final de janeiro. James encantou pequenos passarinhos – dezoito para ser exato – a entregarem flores para Lily durante todo o dia, especialmente belos lírios rosas; uma flor para cada ano de vida da bruxa.

O aniversário de Remus foi comemorado na Sala Precisa, desta vez com Firewhisky, mas sem Veritaserum. Por pedido de Remus, um duelo bruxo informal começou apenas por diversão. Ao final da longa competição, Lily desacordou James, Alice e Frank decretaram um empate entre os dois, Sirius transfigurou Peter em um rabicurto e Mary em um pelúcio. Remus foi o grande vitorioso, depois de derrotar Mia com uma azaração de pernas presas.

Quando o dia 26 de março chegou em um domingo, Mia e James insistiram em comemorar o aniversário, mesmo sendo só no dia seguinte. Segunda feira significava aulas e preparação para os exames que não poderiam ser adiados e então os irmãos Potters fizeram dezoito anos um dia antes no Salão Comunal da Grifinória, dividindo Cervejas Amanteigadas e histórias com as pessoas que mais importavam para eles no mundo.

oOoOoOo

27 de março, 1978

Hogwarts Escola de Magia e Bruxaria

Biblioteca

Na manhã da segunda feira, Mia e Remus se encontravam na biblioteca estudando Runas Antigas, os olhos selvagens e determinados enquanto eles analisavam continuamente as pilhas de livros e pergaminhos na mesa. Os dedos de Mia sujos de tinta estavam começando a ter cãibras e a todo momento ela os estalava. Remus ria e tirava uma pequena pausa para esticar as longas pernas.

Seus olhos verdes olhavam para o pergaminho de Mia, fazendo notas mentais de suas traduções. Uma parte dele checava o trabalho dela enquanto a outra parte notava as diferenças no jeito que eles traduziram. Remus não era tão convencido ao ponto de achar que só a sua maneira estava correta e desde que Mia era a primeira da turma nesta matéria ele iria aproveitar qualquer dica que a amiga tivesse.

"Você está encarando," Mia murmurou.

"Eu estou olhando," Remus a corrigiu com um sorriso.

"Pentelho," ela riu.

"Bruxa," ele riu e continuou observando enquanto ela escrevia no pergaminho, encostando a varinha para apagar qualquer erro.

Remus bocejou e passou os braços por trás da cabeça. Ele olhou para a janela no lado e, se ele focasse bem, poderia ver as pequenas figuras de James e Sirius voando sobre o Campo de Quadribol onde eles treinavam para o jogo contra a Sonserina. NIEMs ou não, Padfoot e Prongs não ficariam satisfeitos se não saíssem de Hogwarts com um recorde perfeito. O lobisomem sorriu com o pensamento dos amigos e do jogo se aproximando que deixaria as duas Casa em êxtase no final do ano. Então, ele voltou os olhos para Mia, ansioso em ver se ela já tinha terminado a última tradução no exame prático, quando seu olhar captou algo se movendo.

Ele inclinou a cabeça para o lado enquanto observava o braço nu de Mia onde, como se uma mão invisível estivesse desenhando nela com uma pena roxa, e letras profundas como uma cicatriz apareceram na pele dela. Remus abriu a boca para falar apenas por curiosidade, mas segurou a respiração quando as letras começaram a soletrar uma palavra.

'Sangue-ruim'.

"Mia?" Remus finalmente falou, seu peito apertando dolorosamente enquanto ele encarava o braço da melhor amiga.

"Hm?" Mia murmurou, os olhos castanhos examinando o pergaminho como se ela tivesse terminado a tradução. Quando Remus não respondeu ela finalmente se virou para ele, observando aterrorizada enquanto ele empalidecia. Ela não o via assim desde... bem, desde Greyback. "Remus?" Ela perguntou preocupada. "Remus, o que aconteceu?"

"Mia, o que é isso?" Ele apontou para o braço dela, engolindo em seco a bile que ameaçava sair.

Mia olhou para baixo, assumindo que ele apontava para o pergaminho. Não vendo nada, ela olhou de volta para ele confusa, até que ele segurou o punho dela e ela viu. "Merda," ela murmurou, obviamente mais nervosa que ele tenha visto do que com a cicatriz em si.

"Merda?" Remus ficou boquiaberto em choque. "Você diz 'merda'? Você não começa a gritar porque de repente uma palavra... essa palavra aparece no seu braço do nada?!" Remus gritou. Ele levantou, se afastando de Mia como se a carne dela fosse amaldiçoada; mas então, era? Sua voz tinha chamado a atenção e Madame Pince se virou para encarar o par.

Mia lançou a bruxa um olhar de desculpas antes de pegar a mão de Remus, pedindo que ele ficasse quieto. "Não era para você ver isso," ela franziu o cenho. "Ninguém deveria. No meu aniversário, que horrível." Ela zombou com o pensamento que a cicatriz de Sangue-ruim resolveu aparecer logo naquele dia. Mas então, deveria aparecer no exato dia em que ela a adquiriu. Realmente tinha sido no dia 27 de março que ela tinha sido levada para a Mansão Malfoy na outra linha do tempo? "Como eu não sabia do dia?" Ela murmurou para si mesma, chocada. Mas então, ela mal sabia o mês durante o ano todo em que esteve fugindo com Harry, Ron e Sirius.

"Você quer me falar o que está acontecendo?" Remus sibilou alto.

Madame Pince limpou a garganta e lançou ao lobisomem um olhar penetrante.

"Eu..." Mia começou e então suspirou. "Remus, lembra como eu costumava falar para você e Sirius aprenderem Oclumência? Você fez isso?"

"Não," ele confessou.

"Droga, Remus!" Mia falou em voz baixa, desapontada. Ela vinha falando aos garotos isso há anos e nem mesmo Remus tentou aprender essa habilidade tão útil. Eles estavam em guerra!

"Eu não preciso disso, Mia," Remus esclareceu. "Eu sou um lobisomem."

"O que isso tem a ver com o assunto?" Ela o encarou.

"Se um Legilimente tentar entrar na minha mente, ele só vai ouvir Moony," ele tentou explicar, forçando o olhar para longe do braço dela, "e a não ser que eles falem a língua dos lobos, eles não vão conseguir tirar nada dele."

Ela agora estava pressionando o braço contra o peito para que ninguém mais visse. "Você está falando sério?" Seus olhos se iluminaram com o que parecia ser um alívio. "Isso foi testado?"

"Professor Dumbledore tentou um pouco antes de eu completar onze anos," Remus falou, se lembrando do dia em que Albus Dumbledore apareceu em sua antiga casa, antes dele morar no Recanto. Ambos Lyall e Hope tentaram tirá-lo de lá para proteger seu segredo, mas Dumbledore conseguiu entrar em menos de cinco minutos, ansioso em explicar seu plano de dar a Remus uma educação adequada.

"Eu acho que ele queria tentar e ver quão separados Moony e eu somos," Remus teorizou. "Quando meu Pai perguntou o que ele via na minha mente, Professor Dumbledore disse que não conseguia entender nada." Remus revirou os olhos.

"Ah, isso vai deixar tudo mais fácil!" Mia sorriu radiante, segurando a mão dele com força, enquanto corria em direção à saída, carregando o lobisomem junto. "Vamos, eu tenho que te mostrar algo."

oOoOoOo

Torre da Grifinória

Ela correu pelos longos corredores e subiu as escadas, de volta à Torre da Grifinória. Remus esperou no Salão Comunal, enquanto Mia ia no dormitório buscar algo. Quando ela voltou, estava segurando o que parecia ser um antigo pergaminho, apesar de parecer ser algo precioso feiro de ouro dos duendes, pelo jeito que ela segurava. Ela, nervosamente, esticou o pedaço de pergaminho para Remus.

Depois de ver o olhar ansioso no rosto dela, o lobisomem tratou de segurar o papel delicadamente enquanto o abria e lia no canto a data: 19 de setembro de 1998.

Ele leu as palavras escritas em uma letra muito familiar e seus olhos arregalavam em confusão e curiosidade com a história – porque não poderia ser real – em suas mãos. Viagem no tempo, Departamento de Mistérios, Inomináveis e Chave de Portal. Era muito fantasioso, mas ainda assim, muito específico. Sirius não havia sido mencionado uma vez, mas duas vezes e aparentemente em perigo nas duas ocasiões. Havia palavras sobre uma guerra, um destino e alguém chamado Harry.

E então, no final:

Seu sempre devoto e obediente amigo,

Remus.

"Isso... isso não pode ser real," Remus falou firme, engolindo em seco.

"É sim," Mia confirmou.

"Seu nome verdadeiro é Hermione?" Ele perguntou, tomando nota do nome no topo da carta. Mia assentiu pensativa, apesar de seus olhos se tornarem distantes com o nome saindo da boca dele; como se ela não gostasse do jeito que soava.

"Sim," ela sorriu. "Jamie disse que era muito difícil e me apelidou de Mia."

"Você odeia apelidos," ele apontou.

"Eu amo Jamie," ela deu de ombros.

"Eu, hmm..." ele hesitou, olhando de volta ao que parecia ser a sua própria letra. "Isso é de verdade?"

"Sim," ela concordou. "Cada palavra. Eu imagino que você tenha perguntas."

"Apenas mil ou um pouco mais," ele suspirou, atordoado. Ele guardou a carta de volta, devolvendo para ela; implorando para que ela tirasse de longe dele, assim ele não se perderia nas palavras de novo. Ele não tinha passado muito tempo lendo sobre viagens no tempo, apenas as poucas referências que os livros da escola faziam e, mesmo assim, Remus nunca acreditou que tal magia era possível.

"Eu queria poder responde-las," Mia admitiu triste.

Remus de repente se lembrou de uma discussão que eles tiveram um ano atrás na Torre de Astronomia. Mia voltou ao dormitório para se desculpar, explicando por que ela não poderia contar os detalhes sobre as cicatrizes. "Dumbledore," ele soltou. "Você não pode me contar. Você literalmente não pode me contar, pode? Ele te enfeitiçou. Isso que você me contou no ano passado."

Mia assentiu com lágrimas nos olhos. "Eu não posso nem mesmo escrever em um papel," ela explicou, enxugando os olhos.

O coração de Remus se compadeceu, uma parte dele se perguntando o que exatamente ela estava mantendo em segredo, o peso de tais segredos e quanto tempo ela teve que sobreviver com eles jogados firmemente em seus ombros.

"Eu não entendo." Ele balançou a cabeça. "Por que eu te mandaria de volta no tempo? Vinte anos no passado, Merlin." Ele piscou, uma parte dele surpresa por saber com certeza que ele viveria todo esse tempo. A morte sempre parecia próxima, especialmente considerando que eles estavam no meio de uma guerra. "Por que eu faria isso? As leis do tempo são..." ele se lembrou brevemente das referencias que tinham sido aplicadas e nas restrições do Ministério. "E nós estávamos no Departamento de Mistérios? Por que Sirius estava lá? Por que você teve que salvá-lo no terceiro ano? Por que ele precisou de resgate? Quem é Harry?"

"Godric..." Mia ofegou com a enxurrada de perguntas. "Eu queria poder te contar tudo. Ou qualquer coisa."

"Tente," Remus implorou. Ela não podia simplesmente mostrar uma carta e deixar que ele imaginasse o resto. Ela tinha muita fé nele, mas ele não era tão esperto assim. "Mia, você não pode simplesmente jogar isso tudo para mim. Da onde surgiu essa cicatriz?" Ele apontou para o braço dela.

Mia já tinha esquecido dela e rosnou com a visão. Ela apontou a varinha para a manga da blusa, a deixando maior para cobrir a mancha ofensiva.

"Eu fui atacada por um Comensal da Morte," ela explicou.

Remus percebeu que ela estava se esforçando para que as palavras saíssem da boca. Ela estava sendo vaga de propósito para contornar o feitiço de Dumbledore. "No futuro?" Ele perguntou e ela assentiu. "Então por que..." Ele não conseguia pensar no resto da pergunta, 'por quê?' não era o suficiente? "Ah, isso é complicado."

"Tente ser a pessoa que não pode falar," Mia suspirou derrotada.

"Pena que eu não sou Legilimente." Remus passou uma mão pelo cabelo cor de areia. "Então, eu poderia ir dentro da sua mente e você poderia me mostrar tudo."

"Você é um gênio!" Mia gritou.

oOoOoOo

Escritório do Diretor

Mais uma vez Remus se sentiu sendo puxado pelos corredores de Hogwarts pela jovem bruxa, mas desta vez ele não resistiu; seu corpo e mente tinham sido desconectados, a mente presa em pensamentos de viagem no tempo e possibilidades e terríveis consequências que com certeza viriam junto.

Minutos depois eles se encontravam dentro do escritório de Dumbledore, onde o bruxo parecia achar engraçado ver os dois de pé na sua frente. Ele cumprimentou os dois e, então, apontou para as duas cadeiras vazias perto da sua mesa enorme, coberta de bugigangas. "Srta. Potter, Sr. Lupin, que bela surpresa," ele disse com os olhos brilhando. "Eu estava querendo ver você mais tarde, Srta. Potter, já que eu tenho um presente de aniversário para você. Bem, não é um presente, já que é um item que você deixou eu pegar emprestado".

"Um item? Você quer dizer o meu..." Mia olhou ansiosamente enquanto estendia a mão e uma pequena caixa foi colocada nela.

"Sim," o bruxo sorriu. "Infelizmente, eu não pude achar nenhum uso para ele."

Mia franziu o cenho e guardou a caixinha dentro do robe. "Obrigada, Sr. Falando no item, outras coisas em relação a ele surgiram." Ela mostrou o braço para o Diretor.

Dumbledore franziu as sobrancelhas para a cicatriz. "Oh, querida."

Olhos azuis caíram sobre Remus e o lobisomem se encolheu sob o olhar do Diretor, como se ele tivesse feito algo de errado. Mas ele tinha feito, certo? Seu futuro eu tinha enviado ao passado uma inocente. Era horrível, imoral e ilegal!

"Eu imagino que chegou o tempo para o Remus Lupin do presente começar a jornada para se tornar o Remus Lupin do futuro?"

"Sim, Professor." Mia concordou. "Remus explicou que como ele é um lobisomem, ninguém pode conseguir informações dele através de Legilimência. Eu mostrei a minha carta e gostaria de explicar algumas coisas pela Penseira."

"Maneira interessante de contornar o feitiço, Srta. Potter, já que você não precisou falar nem escrever as palavras," Dumbledore comentou.

Mia manteve o rosto limpo, lembrando Remus de Dorea.

"Eu não pensei que você iria simplesmente mostrar a verdade a alguém."

"Sim, me falaram que eu sou muito astuta nesta linha do tempo," ela disse, deixando o canto da boca se transformar em um sorriso.

"Você sabe," o Diretor disse com um sorriso. "Às vezes, eu penso que fazemos a Seleção muito cedo."

"Então é verdade?" Remus perguntou. "Mia é do futuro?"

"Parece que sim," Dumbledore assentiu. "Antes de receber qualquer informação, Sr. Lupin, eu tenho que pedir que as únicas perguntas que você faça seja de fatos que já aconteceram ou que vão acontecer em breve, principalmente as cicatrizes da Srta. Potter e a carta em questão." O Diretor apontou para a bruxa que segurava a carta como se fosse sua própria vida. "O futuro é delicado e enquanto esta carta mostra que nada pode ser mudado, eu não estou disposto a arriscar. Eu aposto a minha própria vida para que este seja o resultado do futuro, você entende, Sr. Lupin?"

"É sobre a guerra, não é?" Remus perguntou. Por que mais Albus Dumbledore apostaria a vida dele? A carta de Mia, ou de Remus, mencionava a guerra, mencionava vidas perdidas e como ela não podia mudar nada ou salvar ninguém. De acordo com a carta, seu eu futuro tinha enviado Mia ao passado porque pediram a ele. "Mia sabe o que acontece e você não quer que eu arruine o resultado, de propósito ou acidentalmente."

"Correto," Dumbledore respondeu.

"Se o futuro é melhor e a guerra acabou..." Remus hesitou pensando nas ultimas manchetes do Profeta Diário. Uma família de Duendes tinha sido massacrada três dias atrás e, pelo menos, 7 Trouxas estavam desaparecidos das vilas bruxas, sem mencionar o ataque bem na frente do Ministério da Magia, onde dois Aurores e três Trouxas foram mortos. "Eu também não iria querer arriscar," Remus confessou enquanto pensava no futuro em potencial onde eles venciam a guerra. Ele estava alheio da expressão sofrida no rosto de Mia enquanto continuava. "Não importa o que aconteça, eu entendo, senhor."

"Muito bem. Eu tenho muita fé na sua palavra, Remus, no entanto, você não é imune a outros feitiços, tortura ou Veritaserum," o bruxo explicou. "Eu acredito que com o último vocês já estejam bem familiarizados, certo?" Dumbledore sorriu e tanto Mia quanto Remus evitaram olhar para o Diretor.

"Então, como evitamos isso?" Remus perguntou.

"Um voto: um Voto Perpétuo para prevenir que os segredos do futuro sejam revelados," Dumbledore insistiu.

"Não!" Mia gritou, se colocando entre Remus e Dumbledore, como se ela pudesse impedir que o lobisomem se machucasse nas mãos do bruxo mais poderoso do mundo. "Senhor, ele morreria."

"E isso, talvez, o deixaria menos disposto a revelar o que ele verá", explicou Dumbledore de forma casual, o que deixou Remus nervoso. "Mas não só isso, impediria você, Srta. Potter, de mostrar coisas que talvez o levem a querer revelar a verdade e fazer mudanças."

Remus observou enquanto Mia cerrava os olhos para o Diretor, irritada. Claramente Mia sabia de algo sobre o futuro que iria fazer Remus querer agir. Ele tentou afastar tais pensamentos. Ela não seria capaz de contar para ele e logo ele faria um voto para guardar o segredo com ele. Qual era o propósito de ficar sobrecarregado com o conhecimento? Ele já desejava não saber os segredos dela.

"A vida dele é mais preciosa para você do que para ele mesmo."

Ele percebeu a calma ameaça por trás das palavras do Diretor. Dumbledore estava usando Remus como uma ferramenta para evitar que Mia revelasse muito. Mesmo se Remus se importasse pouco com sua vida, ele nunca permitiria morrer por causa dela.

"Eu faço," o lobisomem concordou. Mia se virou para ele, os olhos implorando para que ele lutasse ao lado dela nisso, mas Remus parecia completamente à vontade, colocando sua vida em risco para que Mia controlasse o que revelaria sobre o futuro.

"Está bem," a bruxa sibilou, parecendo positivamente furiosa com a ideia do amigo ser usado desta forma. "Mas ele vai se ligar a mim, não a você," ela disse, encarando o Diretor.

"Eu aceito isso e escolho ser o mediador, se os dois concordarem," Dumbledore assentiu educadamente.

Instantaneamente Remus e Mia se deram as mãos e os olhos de Mia se demoraram na varinha de Dumbledore.

"Você, Remus Lupin, manterá para você os segredos que serão revelados hoje em relação ao futuro?" Mia perguntou, seus olhos castanhos se encontrando com os verdes.

"Sim," Remus disse e uma pequena fina língua de chama brilhante emitida pela varinha de Dumbledore passou em volta de suas mãos como um fio vermelho quente.

"E você vai falar a verdade para aqueles que já a conhecem," Mia pausou e então acrescentou rápido, "e a revelará apenas para Sirius Black daqui a quinze anos?"

Ela falou tais palavras muito cuidadosa e especificamente, e Remus não pode evitar pensar no que aconteceria em quinze anos e por que Sirius não poderia saber a verdade antes disso.

"Sim," ele respondeu e observou enquanto uma segunda língua de chama saía da varinha e se ligava à primeira, criando uma corrente brilhante.

"E em relação ao futuro e ao conhecimento que você irá obter de mim, você irá adiar meus julgamentos e meus pedidos?"

"Sim." Ele assentiu e observou a terceira chama sair da varinha de Dumbledore, envolvendo suas mãos firmemente.