The Debt of Time
Parte Dois – O Vira-Tempo
Capítulo Setenta e Sete: Uma Longa História
"...Trying hard to reach out
But when I tried to speak out
Felt like no one could hear me
Wanted to belong here
But something felt so wrong here
So I prayed I could break away…"
(Breakaway - Kelly Clarkson)
27 de março, 1978
Hogwarts Escola de Magia e Bruxaria
Escritório do Diretor
Remus parou na frente de uma bacia de pedra rasa com runas esculpidas ao redor da borda. Uma parte dele queria olhar mais de perto e examiná-las, traduzi-las, mas seu cérebro estava muito cheio de perguntas sobre a situação atual por algo tão simples quanto Runas Antigas. Dentro da bacia havia uma substância que não parecia líquido nem gás, mas uma mistura estranha dos dois. Uma prata brilhante e esbranquiçada girava constantemente, a superfície ondulando como se fosse tocada pelo vento. Ele nunca tinha visto um Penseira antes, elas eram muito caros para serem vendidos em lojas.
Atrás dele, Mia estava de pé, se concentrando enquanto Dumbledore segurava a ponta da varinha na têmpora dela e extraía várias mechas de prata. Ele as inseriu em um grande frasco. Quando tinham acabado, se aproximaram de Remus que observou o Diretor derramar as memórias dentro da bacia, vendo com interesse como os fios prateados rodavam entre a substância que não era líquido nem gás.
"Você poderia tirar o feitiço temporariamente, senhor, ou pelo menos modificá-lo para que eu possa responder as perguntas de Remus?" Mi perguntou educadamente.
Era óbvio para Remus que ela ainda estava com raiva; mas se fingia de boazinha para conseguir o que queria do Diretor.
"Claro." Dumbledore assentiu e movimentou a varinha silenciosamente sobre a bruxa.
Um momento depois e Mia estava ao lado de Remus, inclinando-se para mostrar-lhe como a Penseira funcionava. Embora ela nunca tivesse usado uma, Harry e Sirius tinham feito isso anos atrás e descreveram a experiência para ela. No momento em que seu rosto tocou a superfície da estranha substância, o escritório à sua volta rodou e de repente ela foi jogada na escuridão. Uma vez dentro das memórias, Mia esperou pacientemente por Remus e sorriu quando ele pousou a seu lado.
"Você está bem?" Ela perguntou.
"Ainda é um pouco surreal," o lobisomem admitiu.
Mia assentiu, entendendo. "Eu imagino que você está se sentindo do mesmo modo que eu me senti quando vim parar no ano de 1971," ela ofereceu um sorriso. "Eu não posso descrever quão surpresa eu estava em ver você, James, Lily e Sirius," ela riu. "Apesar de 'chocada' ser uma boa palavra."
"Então, você nos conhece do futuro, certo?" Remus perguntou. "Quer dizer, obviamente você me conhece, já que fui eu que te enviei para cá..." ele teria continuado, mas Mia o cortou e apontou para a cena na frente deles.
"Eu juntei algumas memórias para tentar cobrir o máximo possível sem revelar demais," ela explicou enquanto eles entravam no que parecia ser a Ala Hospitalar de Hogwarts. Os detalhes eram difíceis de distinguir já que o quarto estava completamente escuro. "Eu responderei às perguntas que der, apenas ..." Mia franziu a testa e ficou em silêncio enquanto reconhecia a cena na frente dela, a grande silhueta de uma figura sentada ao lado de uma cama.
"O quê?" Remus perguntou nervoso.
"Você pode me perdoar por guardar esse segredo há tanto tempo?" Mia murmurou.
Remus franziu o cenho, se lembrando da culpa que sentiu dela por guardar tais segredos; sabendo que Sirius tinha feito a mesma coisa, ele só se sentia pior.
"De acordo com a minha carta, não tenho porque te culpar de nada." Ele ofereceu um sorriso tímido.
"Tudo bem, isso é o pior". Ela enxugou as lágrimas de seus olhos. "É assim que eu consegui minhas cicatrizes, todas elas."
"O que aconteceu comigo?" Uma voz perguntou baixinho da escuridão.
"Não tenho certeza," disse outra voz depois de limpar a garganta. "Você foi atingida por um feitiço poderoso. Neville e Harry mencionaram que o Comensal da Morte que lançou o feitiço estava mudo. Nós achamos que você sobreviveu por causa disso." As palavras pareciam dolorosas para ele.
"Esse sou eu?" Remus perguntou, ouvindo a voz na escuridão. "Eu não consigo ver o meu rosto. Por que eu estou no escuro?" Ele se virou para Mia, que estava encarando a sombra do Remus mais velho, uma expressão suave no rosto.
"É a Ala Hospitalar." Ela apontou para a voz vinda da cama. "Eu fiquei desacordada por vários dias e você não queria que as luzes me dessem dor de cabeça."
"Quantos anos nós temos?" Remus perguntou curioso.
"Isso vai ser esquisito," Mia sorriu.
"Por quê?" O lobisomem a olhou desconfiado.
"Nesta memória eu tenho dezesseis," ela explicou rapidamente. Ela fez a matemática na cabeça antes de continuar, "eu acredito que você tenha trinta e seis."
"Eu sou vinte anos mais velho do que você?!" Seus olhos verde se arregalaram em absoluto choque. Tudo de uma vez e completamente involuntariamente, uma inundação de suas próprias memórias passou em sua mente. Muitas delas ocorreram dentro da Sala Precisa sob uma lua cheia falsa, várias dentro da cama com dossel de cortina cortada na Torre da Grifinória e uma memória específica que ocorreu em um beco escuro da Londres Trouxa. Remus sentiu suas bochechas esquentarem e escondeu o rosto nas mãos, enquanto Mia ria.
"Tecnicamente, quando eu cheguei aqui eu era oito anos mais velha do que você," ela explicou, esperando que isso o acalmasse. "Eu tomei uma poção para rejuvenescer para que eu pudesse entrar em Hogwarts com vocês e ser adotada pelos Potters, sem chamar atenção para mim. Então, em vez de reclamar sobre a sua idade, por que não chamamos de empate?" Ela botou uma mão no ombro dele, grata por ele não ter se afastado. "Além disso, bruxas e bruxos vivem bem depois dos cem anos. O que são vinte anos comparados a isso?"
"Posso ver?" Uma Hermione de dezesseis anos perguntou da cama, chamando a atenção do jovem Remus para a cena. A menina em questão parecia esperar a resposta do Remus adulto, mas ele não falou. No entanto, um minuto depois, ele acendeu a ponta da própria varinha e a passou para ela.
Remus observou com interesse, os olhos caindo na menina na cama em vez do seu eu futuro, enquanto Hermione pegava a varinha e a luz iluminava seu rosto. "Godric, ela é igualzinha..."
"Ela sou eu," Mia explicou. "Ela é o meu passado: Hermione Granger." Ela sorriu.
Remus observou com interesse enquanto a garota na cama tentava sorrir para o lobisomem mais velho antes de olhar para as ataduras que cobriam seu pequeno corpo. O mais novo Remus sorriu apreciativamente quando percebeu que seu ser mais velho se afastava para oferecer à garota uma certa privacidade, e a enchente de imagens íntimas em suas memórias tornou-se um pouco mais fácil de lidar, sabendo que, no mínimo, seu futuro eu não usara sua conexão com Mia Potter para se aproveitar da garota chamada Hermione Granger.
Ele franziu a testa enquanto observava a garota observar a longa cicatriz nas costelas. Remus conhecia a cicatriz bem: profunda, fina e roxa, atravessando a pele macia e pálida. Ele tocou intimamente essa cicatriz, a beijou carinhosamente. Mia nunca parecia se importar com a marca em sua carne, mas essa garota na cama certamente se importava. Ela se deitou, com os olhos lágrimas enquanto olhava a desfiguração e chorava. Quase como se ele pudesse tentar e aliviar o desconforto da menina, Remus tentou falar com ela, mas seu eu mais velho chegou primeiro.
"É apenas uma cicatriz, Hermione," o Remus mais velho limpou a garganta, a ouvindo chorar, mas ainda assim não virou para ela. "Do sofrimento emergiram os espíritos mais fortes, as personalidades mais sólidas marcadas com cicatrizes."
E então a cena sumiu na frente deles.
"Nós éramos próximos?" Remus perguntou.
"Nós éramos amigos," Mia assentiu pensativa. "Eu respeitava e adorava você mais do que outros, apesar de eu não saber responder por que," ela admitiu com um sorriso. "Mas apesar de não sermos próximos como somos agora, eu amava você. Você era meu amigo e eu faria qualquer coisa por você." Ela acenou firmemente, lembrando de ter se jogado na frente de Voldemort.
"Quem são Neville e Harry?" Remus perguntou curioso enquanto se lembrava dos nomes, um deles estando escrito na carta.
"Eu não sei se eu deveria contar isso," Mia franziu o cenho.
"Eu fiz um Voto Perpétuo," ele apontou.
Mia assentiu. "Neville é o filho de Frank e Alice," ela disse com um sorriso suave, observando o amigo enquanto ele digeria a informação.
"Uau," Remus riu. "Como ele é?"
"Brilhante quando dão oportunidade," ela disse em um tom doce, geralmente guardado para James. Remus já sabia, com o modo que ela falava, que Mia considerava o garoto de Frank e Alice como parte da família. "Ele é muito parecido com o pai, é incrível," ela riu. "Neville era um amigo muito próximo. Ele foi a primeira pessoa que eu conheci no Expresso de Hogwarts. Você pode dizer que ele foi o meu primeiro amigo." Mia franziu o cenho enquanto se dava conta de que, com o passar dos anos, ela não pensou muito nele.
"E Harry?" Remus perguntou, quebrando o raciocínio dela.
Harry. Godric, como ela poderia pensar em começar a explicar Harry? O mais simples possível, ela imaginou. Então, Mia respirou fundo, sorriu e simplesmente disse, "Harry James Potter."
"Prongs teve um filho?" Os olhos de Remus brilharam e ele sorriu. "E ele é...?"
"Lily," Mia concordou, radiante. "Se aparece exatamente com eles. Idêntico a James, mas com os olhos de Lily. Exatamente." Ela não percebeu que estava chorando ate sentir Remus limpar as lagrimas. "Ah, desculpa," ela corou, envergonhada. "Ele era o meu melhor amigo," ela explicou. "Antes de você. Antes de eu ser enviada para cá."
Remus queria perguntar sobre Harry, saber mais sobre ele. Ele queria perguntae se James e Lily tiveram outros filhos e como eles eram. Ele queria saber sobre Sirius e Peter, e se eles tiveram famílias. Certamente não ele, é claro, e talvez Sirius nunca tenha se estabelecido, considerando que ele estava ligado a Mia - mas certamente Peter tinha encontrado alguém. Ele nunca teve a chance de perguntar, já que a cena mudou. Agora eles estavam na Torre de Astronomia e parecia que uma horda de hipogrifos tinha passado ali. Os escombros e a sujeira estavam espalhados por toda parte, e, à frente, uma garota de cabelos armados se inclinava contra a grade.
"Hermione, você está bem? Me deixa ver seu braço." Um Remus mais velho se aproximou da menina.
"Aquele... aquele sou eu," Remus disse vendo seu futuro eu. "Eu pareço..." ele estremeceu, percebendo as novas cicatrizes, linhas no rosto e o cabelo mais grisalho.
"Tão lindo como sempre," Mia murmurou atrás dele.
Ele se virou para a melhor amiga, que encarava seu eu futuro com pura admiração.
"Uau," eu admirou-se. "Eu tinha esquecido. Faz tanto tempo desde que eu vi você adulto."
"Não é nada," Hermione insistiu. "Feitiço de raspão. Se você não estivesse lá, eu tenho certeza de que seria pior." Ela suspirou.
"O que ela quer dizer com isso?" Remus perguntou, observando seu eu futuro examinar a ferida no braço da menina. Seus olhos se voltaram para Mia, que estava inconscientemente tocando a cicatriz de forma triangular em seu braço: aquela que eles tinham brigado quando namoravam.
"Nós nos metemos em uma briga," Mia explicou. "Eu não estava prestando atenção e você me tirou do caminho."
"Isso aconteceu na batalha?" O Remus mais velho perguntou e Hermione concordou. "Por que não curou?"
"Eu limpei sozinha," ela respondeu. "Vai sarar naturalmente."
"Madame Pomfrey deve ter algum Ditamno na enfermaria." Ele apontou para a porta.
"Não. Eu... eu preciso que cicatrize." Ela se afastou dele, tocando a ferida. "Eu preciso lembrar."
"Quanto tempo dura a guerra?" Remus perguntou a Mia.
"Mais do que eu quero falar," ela admitiu triste. "Ela para por um tempo, mas..." seus olhos se enchem de lágrimas de novo. "Vamos apenas ver as memórias," ela insistiu enquanto a cena mudava mais uma vez.
De repente, em vez da torre escura da astronomia, as imagens mudaram para uma grande sala de estar cheia de luz. "Eu preciso que você fique calmo e lembre-se de que estou bem agora, tudo bem?" Mia disse rapidamente, virando-se para encarar Remus e alcançando sua mão.
"Está bem, eu vou tentar," ele prometeu, apertando a mão dela. Ele se perguntou se ela precisava do suporte dele ou se ela estava impedindo que ele entrasse em pânico.
"Espera!" Uma voz aguda surgiu de uma bruxa de cabelos negros. "Todos menos... menos a Sangue-ruim e Sirius." Ela apontou para um cão negro que estava bem preso no ar.
Os olhos verdes de Remus se tornaram ouro com a cena.
"Mantenha o traidor do sangue longe do Potter," a bruxa insistiu.
"Aonde você conseguiu aquela espada?" A mulher desagradável perguntou à menina que Remus agora reconheceu como Hermione. Antes que Hermione pudesse responder à pergunta, Padfoot começou a chutar o ar, tentando sair do feitiço, latindo loucamente e rosnando o mais alto possível. Seus latidos ecoaram nos pisos e paredes de mármore, quase afogando os gritos do nome de Hermione vindo da direção oposta. Remus não conseguiu reconhecer a voz.
"Cala a boca, seu maldito traidor do sangue!" A bruxa gritou com o cachorro. "Cissy, leve-o para o outro quarto enquanto eu lido com a garota. Não vou conseguir tirar nada dela com ele fazendo todo esse escarcéu!"
"Bella... a garota." Uma mulher loira alta falou nervosamente enquanto encarava Hermione.
"Essa é..." Remus começou, os olhos caindo sobre a figura que parecia com a prima de Sirius, apesar de fazer anos desde que ele tinha visto Narcissa, e essa bruxa parecia mais velha. Antes que Mia pudesse responder, outra voz confirmou suas suspeitas.
"Narcissa, vá!" Lucius gritou com a esposa, os olhos cerrados. "Draco, vá com sua mãe!" Ele gritou com um adolescente que parecia a cópia do pai. O garoto se apressou em pegar a mão da mãe e entrar no outro cômodo, balançando a varinha e trazendo o Animago junto.
"Malfoy?!" Remus gritou, os olhos ficando ouro rapidamente. Ele andou para frente como se pudesse fazer algo, mas Mia apertou a mão com força ao redor dele e o puxou para trás.
"Quieto, Remus," ela o silenciou. "Precisamos passar logo por isso."
Remus percebeu que a respiração dela acelerou e, se ele se focasse, ele poderia ouvir o coração dela batendo forte contra o peito. "Para onde levaram Padfoot?" Ele perguntou, incapaz de seguir os dois loiros.
"Eu vou perguntar de novo! Aonde você conseguiu essa espada? Aonde?"
"Nós a encontramos... nós a encontramos... POR FAVOR!" Hermione chorou.
"Mentirosa! Crucio!"
"Não!" Remus gritou, observando horrorizado sua melhor amiga ser torturada na sua frente, enquanto ele ficava em pé ali, incapaz de fazer algo. Quando a bruxa de cabelos negros parou de torturar Hermione, ela se ajoelhou e pegou uma longa adaga de dentro da bota. De repente, a menina estava gritando de novo enquanto a lamina perfurava sua pele. Remus não conseguia olhar. Ele se sentiu doente e seus olhos caíram sobre Mia, que parecia estranhamente calma, apesar de seus sentidos de lobisomens captarem o pulso rápido dela.
"Eu não entendo. Para onde levaram James?" Ele perguntou, se lembrando que a bruxa tinha insistido em deixar Sirius e Hermione longe de Potter. "Por que eu não estou ali?" Ele exigiu saber.
"Porque não era o seu trabalho proteger a mim," Mia explicou.
"É, sim!"
"Não, Remus." Mia pegou a mão dele. "Não era o seu trabalho proteger a mim."
Seu rosto perdeu a cor e sua respiração ficou presa. "Você quer dizer..." ele respirou fundo, "uma companheira?"
"Sim." Mia sorriu.
"Mas eu..."
"Nós devemos continuar," Mia o interrompeu. "Você tem perguntas sobre a carta?"
Remus mal conseguia entender as palavras dela enquanto tentava processar: ele tinha uma companheira. Ele sabia desde a primeira noite que tinha passado com Mia anos atrás. Ele lutou contra, mas ela tinha insistido, prometido que ele iria encontrar a companheira perfeita. E porque ela sabia disso. Mia sabia que ele iria encontrá-la. A esperança se estabeleceu dentro dele, aliviando a náusea causada pela memória anterior. Ele tentou se concentrar para poder responder a pergunta dela e fazer as perguntas que ele sabia que ele precisava saber.
"Por que eu te enviei de volta?" Ele soltou.
"Aparentemente porque eu te pedi," ela respondeu.
"Quando?"
"Agora," Mia sorriu. "Eu estou pedindo agora, Remus." Ela se virou para encará-lo e seus olhos se perderam nos dele. "No dia 19 de setembro de 1998, você vai estar com um Vira-Tempo que também é uma Chave do Portal. Você vai dar isso como presente de aniversário para mim e me enganar para me enviar para o passado, especificamente para o dia 1 de agosto de 1971. Você vai enfeitiçar a Chave do Portal para me levar até a sala de Defesa Contra as Artes das trevas."
"Te enganar?" Ele franziu o cenho.
"Sim." Ela concordou. "Eu não teria aceitado se fosse de outro modo."
"Eu não posso fazer isso," ele balançou a cabeça.
"Você precisa," Mia argumentou, o rosto de repente severo. "Se você não me enviar de volta, então Mia Potter nunca terá existido. Eu nunca teria conhecido você; não teria amado você; ou ter sido amiga de Lily; ou ter sido a irmã de Jamie; não teria me apaixonado por Sirius." Com a última declaração, seu exterior inflexível quebrou o bastante para revelar o pânico absurdo que ela estava sentindo. "Você precisa me prometer, Remus, não importa o que aconteça, você vai me enviar de volta."
Remus lentamente concordou com a cabeça, uma parte sua se perguntando como teria sido sua vida se não tivesse conhecido Mia. Ele se lembrava de ter sentado no Expresso de Hogwarts aterrorizado, não apenas que seu segredo fosse descoberto, mas que ele fosse acabar machucando aguem. Mia tinha mudado tudo isso. Ela tinha mudado tudo. Ela tinha mudado ele.
A cena mudou mais uma vez e de repente Remus e Mia se encontravam em uma grande biblioteca. Remus sorriu enquanto via Hermione abraçar seu eu mais velho e um bruxo de cabelos negros parado ao lado com um sorriso nos lábios.
"Aquele é o Sirius?" Remus riu. "Godric... ele realmente não consegue ficar longe dessas lojas de tatuagem, né?" Ele observou o modo como Mia encarava o Sirius adulto, imediatamente percebendo porque foi tão fácil para ela se apaixonar por ele, considerando que ela parecia tão encantada com a versão mais velha.
"Essa é a noite que eu voltei," Mia disse, apontando para a caixinha carmesim. "Você colocou o Vira-Tempo ali dentro."
"Ah, deixa eu abrir o seu presente," Hermione soltou o Remus adulto e pegou a caixinha.
Antes que ela a tocasse, no entanto, o lobisomem segurou seu pulso. "Não," ele engoliu em seco. "Espere até que eu vá embora. É... é privado," ele estremeceu. "Quero dizer, só... você pode não gostar." Ele franziu o cenho. "Na próxima vez que eu te vir, você pode me falar se gostou, tudo bem?" Seus olhos verdes momentaneamente brilharam um familiar tom de ouro e âmbar.
"Eu gostei," Mia disse com um sorriso, se virando para olhar o jovem Remus.
"Está tudo bem?" Hermione perguntou baixinho.
"Espero que sim." O Remus adulto deu um sorriso antes de soltá-la e foi em direção a porta, colocando uma mão no ombro de Sirius antes de sair da biblioteca.
"Ele está bem?" Hermione perguntou preocupada.
"Ele tem muita coisa na cabeça," Sirius explicou. "Nós temos passado por uns momentos nostálgicos ultimamente. Trouxe à tona algumas memórias intensas do passado." Ele encolheu os ombros e lentamente entrou no quarto, pegando o pulso dela com o bracelete e puxando-a para ele. "É quase meia-noite," sussurrou Sirius. "O dia depois do seu aniversário."
"Isso é importante?" O jovem Remus perguntou.
Mia franziu as sobrancelhas. "Nós iriamos conversar sobre o Vínculo de Alma, sobre nós," ela explicou. "Eu só sabia sobre isso há um ano e era confuso." Ela suspirou. "Sirius sabia, porque ele sabe disso agora, e ele tinha prometido que iria me explicar tudo. Mas... mas eu fui enviada para cá, então nunca tive a chance. Tenho certeza que vocês dois marcaram essa data de propósito," ela acrescentou.
"Eu queria perguntar isso há um tempo... Mia," suspirou Remus. "Por que você nunca me falou sobre o Vínculo de Alma entre você e Sirius?" Seus olhos se alternaram entre as imagens do Sirius Black adulto e a garota chamada Hermione.
"Honestamente? Eu não sei," ela admitiu com a testa franzida. "No início eu não sabia o que significava e depois eu não sabia que podia contar porque eu não tinha certeza se você... o seu eu futuro, mais velho, já sabia disso, e no final foi só... ficou muito complicado," ela suspirou e olhou para Remus, que apenas assentiu com a cabeça.
"Antes de nos aprofundarmos em magias antigas, e conversas adultas esquisitas, você deixaria que um velho cachorro tivesse um último momento de imprudência?" O Sirius mais velho perguntou a Hermione.
Remus arregalou os olhos levemente enquanto via uma versão mais velha do seu amigo se abaixar e beijar a menina em seus braços. Ela não parecia muito mais velha do que Mia agora, mas Sirius parecia estar perto dos quarenta. Era um pouco desconfortável até que Remus se virou para Mia, que olhava a cena como se fosse uma dádiva da vida. De repente, ele entendeu: esta memória não era inteiramente para ele. Ela precisava ver. Ela precisava lembrar.
"Feliz aniversário, gatinha," Sirius murmurou. "Não importa o que aconteça," ele engoliu. "Me prometa que você vai apenas tentar ser feliz, está bem?"
"Sirius, eu não enten-"
"Não, sem mais conversas até amanhã," ele insistiu. "Agora abra o presente de Remus. Ele não parou de falar sobre isso," Sirius sorriu e Remus e Mia bufaram com a piada. Sirius se afastou dela, movendo-se em direção às portas da biblioteca e com grande hesitação, ele escorregou para fora da sala.
"Você sente falta de Sirius Black," Remus murmurou. "Isso que você falou na noite em que fizemos você e Sirius beberem Veritaserum para confrontar os problemas. Você se referiu a ele, não foi?" Ele perguntou.
"Se você falar de novo sobre as idades, eu vou te azarar," Mia falou sem nem mesmo olhar para ele.
Remus simplesmente riu. "Não vou falar nada," ele prometeu. "A carta diz que você usou um Vira-Tempo antes?" Ele pensou de novo. "Para salvar Sirius?"
"Ele se meteu em problemas," Mia respondeu vagamente.
"Ele faz isso." Remus sorriu levemente, uma parte feliz em saber que não mudava muita coisa no futuro. Sirius aparentemente ainda era Sirius. "E o Departamento de Mistérios?"
"Essa é uma longa história," Mia balançou a cabeça, "e uma que é melhor ser vivida, eu acho."
"Que vidas são perdidas?" Ele perguntou imediatamente. "Quem morre na guerra?"
Mia franziu o cenho e evitou encará-lo. "Você sabe que eu não posso contar isso," ela suspirou. "Eu já tentei consertar as coisas e elas explodiram na minha cara." Ela rosnou. "Dumbledore e até minha Mãe falaram para não mudar nada. Sim, ela sabia. Ela sabia tudo." Ela balançou a cabeça frustrada. "Eu não poderia mudar as coisas nem se eu quisesse. Eu realmente fiz as equações e cálculos de Aritmância para a minha taxa de sucesso e, bom, nada saiu a meu favor. Se eu conseguisse mudar algo, pioraria o futuro. Mesmo assim, eu não acho que funcionaria,"
"Por que isso?"
"Porque o tempo é, como diz na carta, um looping. Se eu tivesse sucesso em mudar qualquer coisa que fosse, eu poderia impedir que eu conseguisse pegar o Vira-Tempo e assim nunca ser enviada de volta," ela colocou a mão dentro do bolso e pegou a pequena caixa que Dumbledore tinha dado a ela. Abrindo, ela pegou uma corrente dourada e tirou o objeto preso nela para mostrar a Remus. Balançando na frente dele havia uma pequena ampulheta envolta em uma caixa de prata. Lá estava uma areia azul que parecia estar congelada, imóvel. Ele tocou hesitantemente o Vira-Tempo, olhando-o cuidadosamente, inclinando-o para o lado onde ele notou uma runa esculpida no fundo.
"Predestinação," ele olhou para cima, vendo Mia sorrir para ele. "Eu não sei como você conseguiu se envolver em tudo isso."
"Bom, eu tive quase sete anos para me acostumar," ela deu de ombros. "Além disso, tive algumas distrações. Você sabia que eu namorei um lobisomem por dois anos?" Ela perguntou sarcasticamente. "E meu atual namorado é incrivelmente lindo."
Remus sorriu, concordando com ela em silêncio. "É por isso que você estava espionando Sonserinos? Alguns deles são Comensais, não são?"
"Sim."
"Nós estamos em perigo agora?" Ele perguntou. "Com eles no castelo?"
"Eu não sei," ela admitiu. "Eu só conheço três com certeza e dois deles vão voltar para o nosso lado, eventualmente. Eles são bastante cruciais. Na verdade, se houvesse alguém que eu tentaria convencer a vir para o nosso lado, seriam eles dois... existe um terceiro, mas..." Mia fechou os olhos e guardou a raiva dentro dela.
Remus encarou a bruxa.
"Eu nem posso tentar fazer algo. Simplesmente por saber o futuro eu estou em perigo. Se Você-Sabe-Quem descobre..."
"Está bem..." Remus concordou, a interrompendo, não querendo pensar no que Você-Sabe-Quem faria com ela. "Hmm... por que eu? Por que não Sirius ou James ou Lily?"
"Porque eu confio em você mais do que em qualquer outra pessoa," ela respondeu na mesma hora. "Você é o meu melhor amigo e certamente ajuda que a sua mente não possa ser lida." Mia pausou por um longo momento antes de falar de novo. "Sirius é muito emotivo, imprudente e ele é horrível em Oclumência." Ela revirou os olhos. "James é a mesma coisa e Lily faria muitas perguntas."
Remus deu um aceno em entendimento. "Nós somos felizes no futuro?"
"Tem muitos solavancos," Mia franziu a testa. "Mas chegamos a um lugar maravilhoso que eu não mudaria por nada. Eu amo minha vida aqui, mas ainda sonho com o futuro. Muitas vezes sinto falta."
"Sirius do futuro." Remus sorriu como se lembrasse de algo. "Uma vez você me disse, quando terminamos, que você estava sonhando com um Sirius no futuro. E pelo jeito daquele beijo..." ele provocou.
"É complicado," Mia respondeu simplesmente.
"Claramente," Remus balançou a cabeça. "Ele é vinte anos mais velho do que você."
"Dezenove e você não pode falar nada de diferença de idade," ela o encarou. "Acredite em mim, você não deveria me perturbar com isso de idade."
"O quê?" Ele piscou. "Mas você disse... e eu vi... você e eu não... no futuro?"
"O quê?" Ela se virou para ele e levantou uma sobrancelha. "Não! Mas... bem... sua companheira é um pouco mais nova que você também."
"Ela é?" Ele perguntou curioso, uma parte dele se perguntando quantos anos mais nova. Inicialmente o pensamento dele com uma Hermione mais nova aterrorizou Remus, mas depois de ver a memória dela e Sirius, ele não evitou se perguntar se Mia estava certa e a idade não era um problema. "Quem ela é? Você pode mostrá-la para mim?"
"Você sabe que eu não posso," Mia franziu. "Apenas... quando a hora chegar, não tenha medo dela. Não tenha medo de se apaixonar," ela implorou e Remus concordou com um sorriso no rosto. "Então, se você não é a Mia no futuro... o que aconteceu entre o agora e o depois?" Ele perguntou.
"Eu não sei," a bruxa franziu o cenho. "Isso é algo que teremos que improvisar."
"Isso é inacreditável." Ele passou uma mão pelo cabelo, se perguntando se queria continuar vivendo sabendo disso tudo. Como ele poderia olhar Sirius sabendo o homem que ele se tornaria? Remus estava grato por não ter visto outras memórias. Ele não poderia imaginar como James e Lily vão se parecer em vinte anos. Remus queria ver mais, queria ver sua companheira, o filho de James e de Frank e Alice, mas ele percebeu que Mia foi bem cuidadosa ao escolher as memórias, além de Sirius, ela só mostrou momentos privados dele e Hermione.
"Então, você vem... seguindo as minhas instruções esse tempo todo?" Ele perguntou, olhando para as mãos de Mia, que ainda seguravam a carta. "Vivendo a sua vida e..." ele parou e sorriu radiante para ela. "Sua tatuagem! Você tatuou as minhas palavras no seu ombro!"
"Sim," Mia sorriu.
"Uau," Remus riu. Logo suas risadas se transformaram em gargalhadas abertas e ele se curvou, segurando seu estômago enquanto continuava a rir.
"O que é tão engraçado?" Ela olhou o lobisomem desconfiada.
"Sirius..." Remus ria. "Sirius estava tao convencido quando nos disse que você tatuou o nome dele e você tecnicamente me tatuou em você no ano passado!"
Mia corou com o fato de que Sirius não conseguia manter a boca fechada. "Godric." Ela revirou os olhos, fazendo uma nota mental para nunca informar Sirius desse fato. "Eu nem quero ter essa conversa com ele. Se livra desse sorriso convencido, Moony." Ela bateu no braço dele.
"Está bem, está bem." Remus respirou fundo e lentamente parou de rir. "Então, o que fazemos agora?"
"Bom, nós temos que pensar em um jeito de contar sobre essa cicatriz para os outros." Ela olhou para baixo e franziu o cenho. "Acho que durante os feriados de Pascoa eu posso desaparecer por um tempo e falar que fui atacada por Comensais da Morte."
O sorriso de Remus sumiu na mesma hora. "Você não pode fazer isso," ele insistiu. "Mia, se Sirius pensar que você foi atacada, ele vai surtar. Sem falar James. Eles vao se culpar," ele explicou. "Eu iria. Eu meio que me culpo," ele franziu as sobrancelhas, uma parte dele irritada por seu eu futuro não estar com Sirius e Mi... Hermione quando eles foram atacados.
"Eu vou pensar em algo." Ela assentiu. "Vamos." Mia levantou a varinha e gesticulou para Remus fazer o mesmo. Quando ele o fez, os dois foram puxados para fora da Penseira e aterrissaram no escritório de Dumbledore.
Remus imediatamente se virou para o diretor, embora ele não parecesse estar esperando por eles. Uma carta estava em sua mão e o brilho cintilante tinha desaparecido de seus olhos azuis. Remus franziu a testa para a cena e deu um passo para perto do velho mago.
"Senhor? Está tudo bem?" Remus perguntou.
"Não, infelizmente," Dumbledore respondeu, ainda olhando para a carta. "Eu me pergunto se vocês dois seriam gentis em buscar a Srta. Evans para mim."
"O que aconteceu?" Mia empalideceu.
"Parece que houve um acidente," Dumbledore explicou tristemente. "Os pais da Srta. Evans morreram na noite passada."
