The Debt of Time
Parte Dois – O Vira-Tempo
Capítulo Setenta e Oito: Trouxas e Mapas
"...Every demon wants his pound of flesh
But I like to keep some things to myself
I like to keep my issues drawn
It's always darkest before the dawn…"
(Shake it Out - Florence + The Machine)
30 de março, 1978
Cemitério de Cokeworth
Harold e Aster Evans morreram em um acidente de carro em sua cidade natal, Cokeworth. O casal estava se afastando de casa quando o carro perdeu o controle e colidiu com uma cabine de telefone, morrendo quase instantaneamente. A polícia Trouxa indicou que não havia sinais de freio do carro, nem marcas de deslizamento na estrada e nenhum sinal de outros automóveis envolvidos. Nenhum dos dois tinha vestígios de ter sido intoxicado de qualquer forma, nem sob qualquer tipo de influência. Pelo menos qualquer tipo que possa ser encontrado por Trouxas.
Lily estava devastada. Professor Dumbledore permitiu que Lily usasse sua rede de Flu, que estava conectada a residência de um Aborto que morava ali perto em Surrey. A doce senhorinha, que cumprimentou Lily, ofereceu o telefone para que ela pudesse entrar em contato com Petunia e Vernon. A irmã de Lily garantiu que os arranjos para o funeral estavam sendo feitos, embora ela não tenha demorado para apontar o estresse financeiro que isso colocaria sobre ela e seu novo marido e, então, Lily voltou para Hogwarts, dispensada das aulas para ser mimada por James que se recusou a sair do lado dela durante toda a noite, permitindo que ela chorasse em seu ombro até dormir.
Se era privilégio dos Monitores Chefes ou porque Dumbledore tinha um ponto fraco com os Grifinórios, o diretor permitiu que Lily fosse acompanhada por seus amigos ao funeral de seus pais como seus pilares de apoio emocional. Mia tomou para si a tarefa de arrumar os Puro-sangue apropriadamente em roupas Trouxas, transfigurando os robes em longos sobretudos pretos, junto das calças e camisas sociais. Apenas Sirius se destoava e um olhar para o Animago de cabelos negros fez Lily rir pela primeira vez desde a morte dos pais, implorando para que ele voltasse a usar calça jeans e jaqueta de couro.
Todos chegaram no ponto de Aparatação dentro de Cokeworth e se dirigiram ao cemitério onde Petunia instruiu Lily a chegar. Não teve discurso ou histórias, apenas poucas flores e menos pessoas ainda.
Apenas um simples padre que falou uma breve oração sobre casais e então tudo acabou.
"Eu vou cumprimentar minha irmã," Lily sorriu tristemente para os amigos que concordaram, esperando para ver o que iria acontecer com as irmãs Evans antes de voltarem para Hogwarts.
Lily se aproximou de Petunia, que possuía olhos tão vermelhos quanto os dela, embora tivesse uma expressão mais dura no rosto, mesmo quando Lily a puxou para um abraço forte. "Obrigada por cuidar de tudo," Lily murmurou para a irmã. "Eu sei que nossos pais tinham um dinheiro guardado, mas eu sei que cuidar disso tudo foi uma perda financeira para vocês dois. Quando eu terminar a escola, eu pretendo pagar de volta o que seria a minha parte," ela insistiu e estreitou os olhos quando Vernon bufou, como se ela tivesse falado uma mentira absoluta.
"Está tudo bem, Lily," Petunia falou. "Não precisa."
"Nós podemos falar sobre isso outra hora," Lily disse, botando o assunto de lado. "Eu estava pensando em ir para casa e ficar lá um pouco. O Diretor me deu o dia inteiro livre e parece que faz uma eternidade desde que nós nos vimos."
"Nós vamos para casa," Vernon insistiu.
"Você não pode ir para a casa dos nossos pais em vez disso?" Lily tentou convencer o homem teimoso e insuportável.
"Nós não podemos ir para lá porque... bom," Petunia hesitou. "A casa não pertence mais a nós. Pelo menos, não toda."
"O que você quer dizer?" Lily franziu as sobrancelhas. "Ainda é o nosso lar, não é porque a Mãe e o Pai estão... se foram que ela não é menos nossa."
"Na verdade, Vernon e eu pretendemos vender a casa. Assinamos um contrato esta manhã com uma empresa que pretende comprar o bairro todo," Petunia explicou para a irmã, se recusando a olhá-la nos olhos.
"Você vendeu a casa?!" Lily quase gritou, chamando a atenção imediata de seus amigos e namorado. James apareceu pronto para ajudá-la, mas Mia o deteve, esperando que talvez as irmãs pudessem resolver o problema sem a interferência deles. Mia sabia que Vernon não iria apreciar caso eles se intrometessem para defender Lily. Isso afastaria ainda mais as irmãs. "Petunia, como você pôde?!"
"Ela foi deixada para mim, e nós já tínhamos nos mudado para Surrey," Petunia estreitou os olhos vermelhos para a irmã. "Nós não precisamos de uma casa extra para cuidar, especialmente uma tão velha."
"É o nosso lar! Nós crescemos ali!" Lily chorou.
"Eu cresci ali," Petunia disse amarga. "Não tem sido a nossa casa desde que você saiu para aquela... escola dos horrores."
Lily pareceu ignorar o insulto completamente, escolhendo descobrir mais informações sobre a casa de sua infância. "Por que eles deixaram a casa só para você? Isso não faz sentido."
"A última vez que eles mudaram o testamento você ainda era menor de idade, eu imagino," Petunia deu de ombros. "Meu deus, eu não acredito que você trouxe essas pessoas com você," ela olhou por cima do ombro de Lily, vendo Sirius acender um cigarro com um isqueiro Trouxa, imediatamente chamando a atenção de Frank e Mary para o objeto que criava fogo.
"Eles são meus amigos e vieram para me apoiar," Lily cerrou os olhos, mais irritada ainda por Petunia estar ignorando. "Se você vendeu a casa, onde estão as minhas coisas?"
"Empacotadas e prontas para você levar para onde quer que seja que você vá," a mais velha disse sem fazer contato visual, um olhar de desgosto no rosto enquanto observava os bruxos e bruxas atrás da irmã.
"Onde quer que eu vá..." Lily zombou. "Certo... porque eu com certeza tenho uma casa sobrando para ir morar!" Lily gritou tão alto que a ponta do seu cabelo começou a se agitar, o que chamou atenção imediata dos amigos e James tomou a iniciativa de se aproximar da namorada. "Eu me formo em alguns meses. O que eu devo fazer?" Lily perguntou a Petunia, que mostrou brevemente uma preocupação, mas logo a cobriu com uma máscara de indiferença. "Para onde eu devo ir? Você é minha irmã!"
"Como você se atreve a levantar a voz para a minha esposa," Vernon se intrometeu e olhou para a cunhada com desgosto. "Você não percebeu que ela sofreu o bastante com a morte dos amados pais?"
"Eles eram os meus pais também seu..." Lily começou a tremer de raiva. "Seu... Trouxa nojento!"
"Lily," James chegou perto, puxando a bruxa para os seus braços e a acalmando. Ele não estava ciente da discussão inteira, mas o olhar de confusão e desgosto nos rostos de Petunia e Vernon era o bastante para ele. Foi preciso muito esforço para James lembrar de todas as leis em relação a ataques em Trouxas, mesmo que eles estivessem informados sobre a magia. "Se acalme, amor," ele murmurou para ela e Vernon observou o abraço estranhamente íntimo.
"E quem é esse?" Ele perguntou.
"James Potter," James disse enquanto estendia uma mão para o homem, esperando ajudar a relação de Lily e Petunia sendo o mais educado possível com o que parecia ser o maior obstáculo. "Sou o namorado de Lily."
"Potter," Vernon quase cuspiu o nome e encarou a mão de James, não fazendo nenhum movimento para cumprimentá-lo. "Você é um deles, não é?"
"Uma boa pessoa?" James perguntou levantando uma sobrancelha, não gostando nem um pouco do modo como estava sendo encarado, como se fosse lixo. Do mesmo modo que pessoas como Lucius Malfoy olhava pessoas como Lily. "Sim. Posso ver como você possui dificuldades para identificar uma," James soltou, o desejo de ser educado desaparecendo como folhas ao vento.
"Olha aqui sua aberração," Vernon zombou e avançou como se estivesse se preparando para uma trocação física.
Petunia parecia escandalizada, mas Lily parecia fascinada. Ela viu as consequências do que aconteceu quando James foi atrás dos próprios amigos para uma briga e só podia imaginar o que seu namorado faria com um homem como Vernon Dursley, que não possuía nenhum desejo de pedir desculpas. Enquanto Lily nunca tivesse sido uma pessoa que promovesse a violência, ela não podia deixar de sentir raiva pelo homem que havia virado sua irmã contra ela, logo aqui onde seus pais estavam enterrados.
"Está bem," uma voz razoável disse, e Remus se colocou entre James e Vernon, para o descontentamento dos homens que ainda estavam se encarando ferozmente. "Todos se acalmem agora," disse Remus calmamente, colocando uma mão gentil no ombro de James para segurar seu amigo.
"Eu não ouço ordens vindas de um ralé que nem você!" Vernon falou para Remus, o rosto começando a ficar roxo. O olhar de desgosto aumentou ainda mais quando ele percebeu as cicatrizes no rosto de Remus.
"Amigo," Remus se virou e olhou diretamente para Vernon. "Eu sou o seu melhor amigo neste momento, porque eu estou evitando que os meus amigos ali atrás venham até aqui se apresentar." Ele apontou para o grupo de bruxos que estava encarando o homem obeso, mas nenhum parecia mais ameaçador do que Sirius e Mia, que pareciam estar no limite para se transformarem na forma Animaga e atacar o Trouxa.
"Irritar Lily não vai fazer bem a nenhum de vocês," Remus disse, olhando brevemente para Petunia, que parecia envergonhada antes de se esconder atrás do marido. "Um pé fora da linha e eu prometo que vocês vão ganhar uma viagem ate o hospital."
"Você está me ameaçando?" Vernon cuspiu em Remus.
"Sim," ele respondeu, os olhos brilhando ouro. A visão fez com Vernon tropeçasse nos próprios pés antes de ir para trás, ainda muito ingênuo com o mundo Bruxo que sua cunhada tinha exposto para ele contra a sua vontade, mas ele ainda possuía um senso de autopreservação e sentiu que se ele insistisse no assunto, iria se arrepender.
"Onde estão as minhas coisas?" Lily murmurou entre soluços, finalmente se acalmando e se permitindo o luto.
"Que coisas?" James perguntou curioso.
"Eles venderam a casa dos meus pais," Lily chorou. "Eu não... não tenho para onde ir."
"Você tem sim," Mia disse enquanto se aproximava, lançando um olhar mordaz para Petunia e Vernon. "Você vai morar com a gente na Mansão," Mia insistiu.
"Mansão," Vernon zombou e revirou os olhos. Mia o encarou em resposta, uma parte dela querendo levá-lo para a Mansão Potter apenas para mostrar. Ela queria raptar o Trouxa imenso e levá-lo para o mundo Bruxo pelo pescoço, mostrando Hogwarts, Gringotes, deixar com que ele se mijasse com a visão do cofre de Sirius e, então, deixá-lo apodrecer na sala de estar da Mansão Malfoy.
"Não," Lily balançou a cabeça. "Eu não posso."
"Lily, você pertence a nós," Mia prometeu com um sorriso.
"Isso é certo," Vernon murmurou em voz baixa.
"Mia, Sirius," James chamou o melhor amigo que estava ao lado de sua irmã, cigarro na boca e os olhos cinzas enterrados no rosto de Vernon Dursley. Sirius inalou e, então, soltou a fumaça no rosto de Vernon, sem se importar com a forma como o homem tossiu na frente dele. "Levem Lily de volta a Hogwarts," James instruiu. Ele sabia que podia confiar em Frank e Alice, ou até mesmo Mary e Peter, mas ele sabia que estava sendo difícil controlar seu temperamento, imagina Mia e Sirius que eram pessoas voláteis demais para estarem perto dos Dursley no momento.
"Remus e eu vamos levar as coisas dela para a Mansão," James disse olhando para Vernon e Petunia. "Eu espero um endereço da onde as coisas dela estão sendo guardadas," ele insistiu antes de se virar para a irmã. "Vou avisar tudo o que aconteceu ao Pai."
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Hogwarts Escola de Magia e Bruxaria
"Merlin," Sirius disse exasperado quando o grande grupo aparatou fora dos portões da escola, esperando que um dos Professores ou Hagrid fossem abrir para eles, enquanto Mia fazia seu Patrono raposa aparecer e enviava uma mensagem para o Diretor. "Nós conhecemos os Malfoys dos Trouxas?" Sirius perguntou.
"Eles são horríveis," Mia concordou. "Lily, eu sinto muito que você tenha passado por isso logo hoje."
"Eu perdi tudo," a ruiva deixou escapar um soluço trêmulo, seus olhos verdes normalmente brilhantes estavam escuros e já não brilhavam como esmeraldas na luz. Lily recostou-se contra os portões e deslizou lentamente para baixo até sentar-se no chão. "Minha casa, minha família..."
"Sua família está bem aqui," Sirius insistiu, ajoelhando na frente da bruxa. "Na verdade..." ele disse e após pensar rapidamente, tocou a varinha no bracelete de ouro ao redor do seu pulso, um dos itens que ele nunca tinha removido sob nenhuma circunstância, o outro sendo a corrente de prata ao redor do seu pescoço. Seus olhos cinzas foram até Mia, como se pedindo por aprovação, ao que ela meramente sorriu docemente para ele.
Sirius se virou de novo para Lily, pegando um pulso dela onde ele colocou o bracelete, o virando para cima para que ela visse as palavras da Casa escritas nele.
"Sirius, não, isso é muito caro!" Lily começou a argumentar.
"Não é nem meu para começar," ele falou. "Então não é como se eu tivesse gastado dinheiro com ele."
"Apenas uma antiga herança que estava jogada por aí," Mia sorriu para a amiga.
Lily respirou fundo e olhou para o bracelete, a mão ainda sendo segurada por Sirius. "Animo et astutia," Lily leu em voz alta. "Essas são as palavras da Casa Potter."
"Com Coragem e Astúcia," Sirius sorriu. "Mia me deu quando eu perdi a minha família," ele explicou, deixando de fora o resto da história sobre como ele tinha transado loucamente com ela um pouco depois. Se isso fosse uma tradição depois de receber um novo bracelete, ele teria prazer em deixar Prongs cuidar do assunto mais tarde. "Ela me deu quando eu me tornei parte da família Potter, agora é a sua vez."
"Eu não sou uma Potter, Sirius," Lily franziu o cenho, balançando a cabeça. "Eu não posso aceitar isso. Pegue de volta."
"Não."
"Mia..." Lily olhou para a amiga, esperando uma intervenção.
"Não," Mia balançou a cabeça, cortando Lily. "Eu concordo com Sirius. Você é minha irmã," Mia insistiu com um sorriso radiante enquanto ia até o lado da bruxa, a abraçando fortemente. "E isso a torna uma Potter ou talvez uma Black já que é Sirius que está dando o bracelete para você," ela riu e seus olhos pareceram brilhar. "Além disso, James vai adorar te ver usando isso. E se alguém honra as palavras da minha Casa, é você. Coragem e Astúcia? Podemos muito bem dizer apenas 'Lily Evans'."
"Viu?" Sirius sorriu. "Mia diz que está tudo bem!"
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Dormitório dos Monitores Chefes
Levou mais uns cinco minutos para que Lily parasse de argumentar com Mia e Sirius, e até Alice e Mary tiveram que intervir e dizer que era uma tradição Puro-sangue e que Lily estava ofendendo ao recusar o bracelete. Era uma rara ocasião onde eles precisavam enganar a amiga Nascida-trouxa, mas eles o faziam apenas quando era necessário. Mia, uma bruxa Nascida-trouxa também, percebeu a mentira e sacudiu a cabeça em desaprovação, mas entendeu. Uma parte dela pensou se Ron e Ginny já tinham feito isso com ela.
Uma vez dentro do dormitório de Lily e James, Sirius sentou ao lado dela no sofá, a abraçando de lado enquanto Mia fazia chocolate quente na pequena cozinha, não querendo perturbar os elfos domésticos, principalmente porque isso a fazia não pensar no futuro onde seus próprios pais estavam mortos, mas Petunia e Vernon ainda existiam. Se eles já não estivessem na lista de Mia com base na maneira como eles trataram Harry por tantos anos, eles teriam sido adicionados hoje pela maneira que tinham tratado Lily.
"Nós cuidamos de tudo," James disse enquanto ele e Remus entravam pelo retrato. Sirius vagou o lugar no sofá, deixando que James tomasse seu lugar ao lado de Lily com um sorriso gentil. "Todas as suas coisas foram levadas à Mansão," ele assegurou. "E eu tentei impedir Tilly, mas ela já estava levando uma das caixas. Ela está arrumando um quarto inteiro só para você. Espero que você goste de roxo, foi a cor que eu a vi escolhendo para as paredes quando eu saí," ele deu um sorriso doce e Lily realmente riu do pensamento da pequena elfo que sempre foi gentil com Lily, se não um pouco imponente.
"O que aconteceu?" Remus disse enquanto parava no centro da sala parecendo alerta e nervoso.
"O que quer dizer?" Mia perguntou enquanto se aproximava, colocando a bandeja com chocolate quente na mesinha em frente ao sofá. "Nós viemos para cá logo quando chegamos. Frank, Alice, Mary e Peter foram para a Torre trocar de roupa," ela explicou.
Remus sacudiu a cabeça. "Algo está diferente. Algo mudou..." suas narinas dilataram e olhos âmbar se focaram na ruiva. "Lily, você..." ele começou e, então, olhou ao redor como se tivesse perdido algo importante. "O que nós perdemos?"
"Só uma ligação feminina," Sirius provocou. "Eu tentei convencer essas duas a tirarem a roupa e fazerem uma briga de travesseiros," ele disse apontando para Lily e Mia enquanto se sentava ao lado de James. "Mas ninguém quer colocar os meus desejos e necessidades em primeiro lugar. Ai!" Ele olhou para o melhor amigo, que tinha acabado de socar seu ombro. "Era uma piada."
"Sirius deu a Lily o bracelete dos Potter que eu dei para ele alguns anos atrás," Mia apontou para o pulso de Lily, ignorando o senso de humor depravado do namorado.
"Isso foi tudo?" Remus perguntou, ainda estranhando. "Eu... eu sinto alguma coisa... não consigo explicar."
"Ah!" Mia arregalou os olhos.
"O quê?" Remus se virou para ela.
"Vínculo Familiar!" Ela gritou. "Sirius, você provocou um Vínculo Familiar ao dar o bracelete para Lily!" Ela falou animada, se lembrando da explicação de Dorea anos atrás sobre como Mia entrou para a família. "Foi isso que aconteceu comigo. Eu ganhei o bracelete quando fui adotada e isso provocou um Vínculo Familiar entre eu, Jamie e nossos pais. Foi o que me tornou uma Potter."
"Espera," Lily empalideceu. "Eu sou uma Potter agora?" Ela voltou os olhos verdes para James com horror, pensando se tinha acabado de se tornar irmã do namorado. Já era um pouco estranho para a bruxa ruiva que, tecnicamente, Mia e Sirius fossem primos de segundo e/ou quarto grau.
"Bom, não tecnicamente," Mia prometeu. "Ainda é um vínculo que não foi selado. Você teria que ser oficialmente adotada ou..." ela desviou os olhos castanhos para o irmão, que possuía uma adorável cor avermelhada no rosto.
"Oh," Lily assentiu pensativa olhando para o bracelete quando ela parou para entender as palavras de Mia e brevemente olhou para James. "Oh! Eu, hmm..." ela gaguejou e mordeu o lábio. "Então nós estamos ligados? Como o Vínculo do Pack de vocês?" Lily perguntou.
"Deve ser por isso que Moony consegue sentir algo," Sirius acrescentou. "Você está ligado a nós e nós estamos ligados a ele."
"Ela faz parte do Pack agora," Remus sorriu. "Quer dizer, mais ou menos," ele adicionou com um olhar confuso. "É diferente com vocês três," ele disse apontando para Mia, Sirius e James. "Mas agora eu sinto... muito mais protetor com ela do que antes," ele falou com Lily antes de sentar perto da bruxa, se esforçando para não esfregar sua bochecha na dela. "Isso é incrível," Remus riu. "Eu me pergunto se alguém mais que nascer ou casar com nós vai fazer parte disso," Remus olhou para Mia que apenas sorriu, sabendo que ele estava se referindo a Harry.
"Eu faço parte do Pack?" Lily sorriu, as emoções aflorando. "E da sua família?" Estava claro que Lily sentia tanto tristeza quanto alívio. Ela tinha perdido a própria família no mesmo dia e foi incluída em outra rapidamente.
"Você sempre fez," Mia falou para a amiga. "A magia apenas concorda com a gente agora." Lily riu com as palavras e deixou escapar um suspiro de alívio.
"Eu amo magia," a ruiva sorriu entre lágrimas.
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1º de abril, 1978
Hogwarts Escola de Magia e Bruxaria
"Como assim você perdeu o Mapa?!"
Mia não via o irmão entrar em pânico assim desde que ele achava que tinha perdido a Capa da Invisibilidade no terceiro ano. Ela tinha entrado no dormitório dos garotos apenas para ver os meninos destruindo tudo. As camas estavam praticamente desmanteladas enquanto os bruxos procuravam em vão a herança da família. James praticamente se jogou no chão derrotado enquanto repetia 'o Pai vai lançar Avada atrás de Avada em mim' até que Mia o lembrou que ele tinha emprestado a Capa para ela no dia anterior, para que ela fosse até a cozinha ver se os elfos podiam preparar algo especial para o aniversário de Sirius.
Mas o Mapa não estava com Mia. Tinha sido emprestado para Peter, que agora estava se encolhendo na frente de dois de seus amigos, todos agradecidos que Sirius não estivesse lá para testemunhar a cena.
"Eu não fiz de propósito!" Peter insistiu, parecendo horrorizado.
"Que diabos você estava fazendo, Wormtail?" James perguntou. "Por que você precisou dele? Nós não tínhamos nenhum plano, nenhuma brincadeira e não precisamos usar a Capa já que sabemos todas as passagens secretas!"
"Eu-eu esta-tava indo... indo... ver minha namo-morada," Peter gaguejou nervoso. Remus e James ficaram chocados com a revelação, mas Mia apenas revirou os olhos.
"Você tem uma namorada?" Remus levantou uma sobrancelha confuso. "Desde quando?"
"Quem diabos é ela e por que nós não a conhecemos?" James rebateu.
"Porque vocês..." Peter engoliu em seco. "Vocês não iriam entender," o bruxo baixinho franziu o cenho. "Ela é... uma Sonserina."
As três pessoas ficaram chocadas. Remus e James com o fato do amigo estar namorando uma Sonserina. Mia com o fato de que alguma garota, Sonserina ou não, aceitou namorar o podre roedor. Sem contar o fato de que Peter acabaria se tornando um traidor, Mia ainda estava brava com ele por espioná-la com Remus anos atrás.
"Peter, amigo," James colocou uma mão no ombro dele. "Quem é ela?"
"O nome dela é Iris," Peter franziu o cenho. "Ela é do sexto ano."
"Iris o quê?" Mia perguntou curiosa.
"Hm?"
"Qual o sobrenome dela, Wormtail?" James olhou o amigo.
"M-mulciber."
"Oh Merlin," Mia revirou os olhos e se afastou da cena por um momento enquanto o irmão perdia o controle.
"Mulciber?!" James gritou. "Vocês está namorando a irmã do Mulciber? Você perdeu completamente a cabeça?!" James jogou as mãos no ar. Remus ficou parado ali, encarando Wormatil, totalmente embasbacado.
"Parceiro, você gostou da Mary por anos, não lembra o que Mulciber fez com ela no quinto ano?" Remus perguntou.
"Iris não é má," Peter insistiu. "Ela não é nada como o irmão, eu juro."
"Então, você foi ver Iris... Mulciber," Remus balançou a cabeça chocado. "E então..."
"Fui pego pelo Filch," Peter assentiu, franzindo o cenho enquanto colocava as mãos dentro do bolso, envergonhado. "Ele viu o Mapa saindo do meu bolso e o pegou.
"Está bem," James voltou do breve surto de ficar andando de um lado para o outro, agora parecendo determinado. "Nós só pedir a Sirius para usar a faca dele para entrar e pegar o Mapa de volta," explicou James com cuidado. Não era a primeira vez que eles entraram no escritório do zelador e, conhecendo os Marotos, Mia assumiu que não seria o último.
"Não," Mia insistiu.
"Como assim 'não'?" James se virou para olhar a irmã.
"Primeiro que vocês não podem deixar Sirius descobrir porque Peter perdeu o Mapa," ela falou. "Se ele souber que Peter está namorando uma Sonserina, ainda mais a irmã de Mulciber, seria a mesma coisa que contar que você está namorando Snape. Ele vai surtar," ela disse, observando as expressões de entendimento de James e Remus, e apreciando a expressão de terror no rosto de Peter ao pensar em confrontar um Sirius Black furioso. Uma parte de Mia realmente queria deixar o namorado acabar com o rato, mas ela sabia que o Mapa precisava ficar no escritório de Filch. "Segundo, está na hora do Mapa ir."
"Ir?" James ficou boquiaberto. "Ir aonde?"
"Nós já vamos nos formar e não vamos precisar do Mapa," Mia sorriu. "Eu digo para deixar com Filch e vai que algum aluno o pegue?" Ela riu. "Passar adiante. Uma herança Marota.
Curiosamente, James parecia animado com o pensamento de algo que ele ajudara a criar passando para as futuras gerações de Marotos, brincalhões que estavam ansiosos demais para fugir de Filch e Mrs. Norris, Monitores e Professores.
"E se ninguém conseguir?" Remus perguntou curiosa, uma parte dele não querendo deixar para trás um pedaço de magia brilhante que ele e seus amigos criaram juntos.
"Então, eles não são merecedores," Mia sorriu e tanto James quanto Remus gostaram da resposta.
"Pete, companheiro," James suspirou olhando para seu amigo baixinho. "Você tem muita sorte por ter minha irmã olhando por você," ele riu e ignorou o olhar mordaz que Mia lhe deu. Ela certamente não estava cuidando de Peter. Ela estava cuidando do resto deles. Peter, se livrando dessa briga, era apenas um efeito colateral infeliz.
"Obrigado, Mia" Peter ofereceu um sorriso.
"Não me agradeça," ela insistiu. "Apenas mantenha um olho na sua cobra e nem pense em concordar em conhecer a família dela," ela falou para o mais novo. "Eu não posso falar muito sobre isso, considerando que namoro Sirius," ela admitiu. "Mas você sabe o que Mulciber é, Peter. Iris pode ser boa, mas a família dela não é."
"Eu entendo," Peter assentiu. "Eu vou ter cuidado. E sinto muito por ter perdido o Mapa," Peter se desculpou de novo com James enquanto voltavam para a Torre da Grifinória e Mia pensava em um jeito de explicar a Sirius porque o Mapa não estava mais com eles.
"Todos nós cometemos erros, parceiro," James suspirou, tentando se concentrar. "Além disso, Mia está certa. Não é como se pudéssemos usar o Mapa depois que formos embora. Ele pertence aos futuros Marotos de Hogwarts," ele sorriu.
"Que dia é hoje?" Mia perguntou pensativa.
"Primeiro de abril," Remus perguntou. "Por quê?"
"Apenas curioso," ela riu.
Feliz aniversário, Fred e George, ela pensou consigo mesma.
