The Debt of Time

Parte Dois – O Vira-Tempo

Capítulo Oitenta e Um: Fora da Ordem

"...Put your lighter in the air and lead me back home
When it's all said and done I'll follow the echoes
I hear you night after night calling out my name
And I find myself running to meet you
I didn't want to escape
From the bricks that I laid down…"
(Break In - Halestorm)


6 de agosto, 1978

Torre Tuts, Tutshill – Quartel General da Ordem da Fênix

"Está pronta, gatinha?" Sirius perguntou a Mia enquanto se aproximava dela por trás, descansando o rosto no ombro dela e a abraçando pela cintura.

Ela lentamente assentiu, encarando tristemente o nome do pai no papel.

Após o ataque na formatura, os Grifinórios se reuniram para oferecer assistência aos feridos. Foi um caos absoluto. Alice e Mary perderam suas mães no ataque e, enquanto as bruxas caíam no chão consumidas com tristeza, Peter não conseguiu lidar com o ataque quase fatal contra sua própria mãe, deixando-a em coma. Evan Pettigrew tornou-se absolutamente fatal à vista de sua esposa, assumindo que ela estivesse morta. Ele levantou a varinha e começou a atirar feitiços e maldições para quem chegasse perto, incluindo seu próprio filho, e quando os Aurores apareceram, ele foi preso por ter atingido acidentalmente um inocente com uma Maldição Cruciatus.

Quando o corpo de Charlus foi encontrado, Mia quebrou.

A morte de Dorea tinha ferido como nada mais no mundo, mas houve tempo - embora fosse um tempo curto - para se adaptar à ideia da morte de Dorea. Mia também teve que ser forte para os outros. James e Sirius também estavam perdendo uma mãe e nunca antes tinham sofrido uma morte. Não só isso, mas Remus tinha acabado de perder a própria mãe e precisava ser cuidado. Mas perder Charlus foi como a última gota para a jovem bruxa que caiu em pedaços nos braços de Sirius ao ver o pai adotivo, morto no chão, uma longa e roxa cicatriz em sua costela.

Dolohov esteve ali.

Aqueles que tinham visto a cicatriz de Mia instantaneamente reconheceram a que estava no corpo de Charlus, mas não falaram nada, imaginando que fosse a especialidade do Comensal da Morte, como o Sectumsempra iria se tornar. No entanto, Mia sabia a verdade e se lembrou de um Remus mais velho a informando que Dolohov estava silenciado quando a acertou no Departamento de Mistérios, impossibilitado de falar o feitiço, o que provavelmente a salvou. Agora, Mia sabia com certeza que tinha feito diferença.

O funeral foi quieto, nada parecido com o de Dorea. Havia muitas mortes para lidar em um curto período de tempo, sem mencionar o treinamento de Sirius, Alice e Frank. Apesar da dor e do quanto eles tinham chorado pelos pais no chão de Hogwarts, os Grifinórios fizeram uma promessa silenciosa de seguir em frente. Eles estavam em guerra e, tão horrível quanto fosse, a morte era algo que eles tinham se acostumado.

"Estou pronta," Mia acenou para Sirius, que a beijou na bochecha e pegou a mão dela enquanto se dirigiam para a lareira atrás de Remus, Lily e James, que gritaram, "Mansão Potter!" antes de desaparecerem nas chamas verdes.

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Mansão Potter – Residência dos Potter

"O Mestre chegou!" Uma voz aguda gritou enquanto eles saíam do Flu e James era atacado por uma elfo doméstico histérico.

Depois da morte de Charlus, Tilly ficou um pouco mais apegada aos gêmeos Potter, extremamente protetora e ansiosa sempre que um deles deixava a Mansão. Mia no início ficou irritada consigo mesma por permitir isso, mas eventualmente ela concordou com James em fazer uma longa lista de tarefas para manter Tilly ocupada, sabendo que o tédio era o pior inimigo de um elfo doméstico. Parecia ser ainda pior para Tilly, que estava com problemas para não se preocupar com o perigo no mundo mágico, mas o trabalho parecia diminuir a ansiedade dela.

"O jantar está pronto, Tilly?" James perguntou. "Nós precisamos comer rápido para continuar empacotando as coisas," ele mencionou casualmente enquanto os cinco residentes da Mansão se sentavam na grande sala de jantar redonda.

"Tilly fez o favorito do Mestre," ela sorriu radiante. "Bife e torta de rim e torta de melada," ela informou a James. "E Tilly fez frango assado para Srta. Lily, e bolo de chocolate para o Mestre Remus, e ensopado de cordeiro para o Mestre Sirius, e sobras para a Senhora," disse Tilly enquanto se dirigia a todos.

"Você não precisava ter feito tudo isso," Mia franziu o cenho.

James limpou a garganta e silenciou a reclamação da irmã com um olhar. "Claro que ela precisava," ele insistiu. "E nós estamos muito felizes por você ter feito comidas tão deliciosas para nós, Tilly," ele sorriu para a elfo que ficou radiante e, então, sumiu para arrumar a mesa. "Você sabe que ela vai se irritar se você tentar impedi-la de trabalhar."

"Eu sei," Mia franziu as sobrancelhas mais uma vez. "Eu não quero impedi-la. De verdade, eu superei isso há anos," ela revirou os olhos. "Mas eu não quero que ela se machuque se sobrecarregando com tudo isso," ela abaixou os olhos. Eles já tinha perdido tanto e a ideia de perder Tilly, que realmente teve ajudou na criação de todos eles até certo ponto, era horrível de se pensar.

"Eu prometo que vou cuidar dela," James estendeu a mão para segurar a de Mia. "Você poderia ver com os próprios olhos se quisesse. Tecnicamente, é sua casa também, sabe," ele disse.

"Não," Mia sorriu docemente para o irmão enquanto se sentava no sofá, jogando os pés no colo de Sirius. "Você e Lily podem começar a vida de vocês juntos em Godric's Hollow," Mia brevemente franziu a testa com o nome. "O Chalé Potter é a sua casa. Eu vou ficar bem morando com esses vira latas," ela sorriu apontando para Sirius e Remus.

Apenas um dia depois do funeral, eles sentaram juntos para decidir os planos para o futuro. Todos concordaram que continuar morando na Mansão parecia errado sem Charlus e Dorea. Sirius e Remus já estavam planejando sair de casa e Sirius já havia comprado um flat no Beco Diagonal, apesar dele e Remus não quererem que ninguém visse ainda. Mesmo que parecesse que todos estavam se movendo rapidamente para o mundo exterior, Sirius pediu a Mia que se mudasse com eles, afirmando que ele se preocupava que ele e Remus perecessem sem ela lá para mandar nos dois.

Mia aceitou a oferta imediatamente e, então, sorriu quando James pediu a Lily para ir morar com ele no Chalé Potter, uma casa adorável no centro de um vilarejo bruxo chamado Godric's Hollow. Tilly já tinha ido à antiga casa para limpar o lugar e torná-lo habitável para os novos habitantes e para ela mesma, já que James pediu que a elfo fosse junto, acabando com a culpa de Mia por possuir um elfo doméstico.

Também a ajudou saber que Sirius seria forçado a limpar as coisas por si mesmo a partir de agora.

"'Vira latas' ela diz," Sirius zombou e massageou os pés de Mia. "Você pensaria que ela não gosta da gente, Moony," ele sorriu para a bruxa, que afetuosamente esticou a mão e fez um carinho na bochecha dele.

"Vocês dois são podres," ela insistiu. "Você sabe que eu ainda não sei para onde estou me mudando?" Ela perguntou, inclinando a cabeça para trás para olhar para Lily, que estava sentada no colo de James, como se fosse um trono apto para uma rainha.

Lily meramente balançou a cabeça e riu. "Deixe que eles façam essa surpresa," a ruiva sorriu. "Eles estão lentamente perdendo a necessidade de pregar peças em Filch e azarar Sonserinos. Falando em azarar," Lily sorriu para a bruxa de cabelos cacheados. "Estou muito orgulhosa de você, Mia."

"Por que isso?"

"Marlene," Lily respondeu.

"Eu não acredito que McKinnon está na Ordem," Mia sibilou sob sua respiração e olhou para o final do sofá, onde Sirius estava esfregando agressivamente a sola dos seus pés, no que ela assumiu que fosse uma tentativa preventiva de evitar uma discussão sobre a Corvinal loira que arruinou o primeiro encontro oficial anos atrás.

"Bom, eu sei como você se sente em relação a ela, então fico feliz em ver como você amadureceu e não deixou a varinha falar por você," Lily insistiu.

"E eu iria azarar a vaca na frente de Dumbledore e de vários Aurores?" Mia levantou uma sobrancelha.

"Não, ela vai esperar até ser enviada em uma missão com Marlene como parceira. Então, ela vai acabar com ela," Sirius riu, recebendo um belo sorriso de Mia em retorno.

"Na verdade," Mia suspirou. "Eu vou ficar em uma missão permanente fora da Ordem," ela explicou lentamente.

"Como assim?" James levantou as sobrancelhas. "'Fora da Ordem', o que isso deveria significar?" Ele perguntou nervoso e Mia franziu o cenho, sabendo que James provavelmente estava pensando que Dumbledore a tenha recrutado como espiã, a colocando em perigo.

"Eu vou ficar bem," ela prometeu. "É mais como por trás das cortinas. Equações de Aritmância, tentando prever os eventos futuros," ela mentiu. "Mas eu não posso participar das missões na maioria das vezes," ela explicou sua desculpa ensaiada. "Se eu estiver muito envolvida eu poderia tentar trabalhar as equações a favor de um resultado favorável e isso nunca funciona. Então, eu tenho que levar minhas informações diretamente a Dumbledore," ela disse.

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Mais Cedo Naquela Noite

Torre Tuts, Tutshill – Quartel General da Ordem da Fênix

"Então, basicamente eu sou um membro oficial da Ordem só porque seria suspeito todos os meus amigos e familiares serem chamados e eu não," Mia resumiu dentro de uma área isolada e silenciada dentro da Torre Tuts, olhando para frente, onde Albus Dumbledore tinha a audácia de sorrir para ela. "Eu imagino que se as minhas habilidades e os resultados dos exames não tivessem sido tão elevados como foram, poderia ter dito facilmente que eu não estava qualificada. Mas no meu entender, eu sou a pessoa mais qualificada para estar na Ordem."

"Eu realmente acredito que você poderia duelar com qualquer membro aqui e vencer," Dumbledore assentiu com um estranho olhar de orgulho sobre a antiga aluna. "A não ser, talvez, Remus."

"Isso foi um acaso," disse Mia, estreitando os olhos quando o ex-diretor referenciou sua derrota durante sua segunda prova prática do NIEM de Defesa. "Então, o que eu devo dizer? 'Eu sei que faço parte da Ordem, mas eu não posso ir a nenhuma reunião porque Albus acredita que eu vá ficar muito emotiva, vá surtar e contar tudo sobre o futuro'?" Ela zombou. "Exceto que eu não posso confessar nada, então provavelmente eu só vou ficar muito irritada," ela franziu o cenho e cruzou os braços.

"O futuro não pode ser mudado e eu acredito que se você estiver envolvida nas reuniões, apenas machucaria você no final das contas," Dumbledore confessou com uma expressão de remorso no rosto. "A Ordem vai estar na primeira linha de defesa nesta guerra e nenhum de nós é tão orgulhoso de achar que não vamos sofrer perdas. Perdas que você pode estar ciente."

"Eu certamente estou ciente delas," Mia rebateu.

"É por isso que eu não acho justo que você se sente em uma sala com pessoas que você conhece que podem morrer e ouvi-las serem enviadas a locais onde você sabe que não voltarão," explicou. "É uma bondade que estou tentando estender a você, Mia."

"Seria mais bondoso impedir que elas morram," ela sibilou. "Mas nós discutimos isso há anos," ela concedeu. "Nada vai mudar, eu sei," ela respirou fundo e lentamente expirou, tentando se acalmar.

"Eu tenho fé de que nós iremos vencer esta guerra," Dumbledore sorriu para ela.

"Não," Mia balançou a cabeça. "Você tem a minha palavra de que nós vencemos, Albus," ela deu um suspiro exasperado. "Isso não é fé. Não é nem esperança. Isso é garantia," ela descruzou os braços e olhou para o outro lado da sala onde os outros estavam juntos, esperando para serem iniciados. Ela sorriu tristemente com a visão de Sirius e Frank sentados no sofá.

"Alastor me disse que o treinamento dos nossos novos Aurores está indo bem," Albus comentou pensativo, seguindo os olhos de Mia.

"Eu também vou me juntar ao Ministério," disse a jovem bruxa. "Serviço de Administração da Suprema Corte dos Bruxos," explicou. "Uma funcionária meticulosa mexendo com arquivos," ela disse com um sorriso suave no rosto. "Eu não acho que poderia chamar menos atenção mesmo se eu passasse o resto dos meus anos desiludida."

"E na sua nova posição você terá um grande acesso a arquivos públicos e selados," Dumbledore observou pensativo. "Envolvida nas reuniões ou não, Mia, você será um grande ativo para a Ordem."

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6 de agosto, 1978

Beco Diagonal

Depois de Tilly fazer um estoque para eles com suas comidas favoritas, Sirius e Remus ansiosamente levaram Mia da Mansão Potter para mostrar o novo flat onde ela iria morar com eles. James e Lily estavam mais do que felizes por ficarem sozinhos, tendo a Mansão só para eles pela primeira vez e, provavelmente, pela última, já que o casal iria se mudar para o Chalé Potter na manhã seguinte.

Quando o trio entrou no Caldeirão Furado, Tom levantou uma sobrancelha desconfiado e saiu de trás do balcão, cruzando os grandes braços enquanto bloqueava o caminho, os olhos estreitando. "Você está bem, querida?" Ele perguntou à bruxa de cabelos cacheados.

"Tom?" Mia perguntou e, então, riu envergonhada. "Sim, estou bem. Esses dois idiotas tem uma surpresa para mim e, aparentemente, eu tenho que ser vendada para atingir o máximo de animação," Mia prometeu ao bartender que continuou olhando a expressão de culpa de Remus, a alegria de Sirius e a venda vermelha que mantinha a bruxa no escuro, literalmente.

"Muito bem," o bruxo mais velho assentiu. "Vão indo então, eu suponho," ele apontou para a porta.

"Eu disse que a venda era uma má ideia," Mia sibilou enquanto eles a levavam para o fundo, onde uma parede de pedra os separavam do Beco Diagonal. Sirius segurou Mia enquanto Remus tocava as pedras certas com a varinha.

"Eu acredito que suas palavras exatas tenham sido 'vendas não foram feitas para serem usadas fora do quarto'," Sirius sorriu.

"Eu não disse isso! E eu nunca usei venda na cama, como você bem sabe," Mia disse com um suspiro indignado, cruzando os braços.

"Mesmo?" Sirius sorriu debochado e se inclinou para sussurrar perto do ouvido dela. "Porque as cores das bochechas do Remus me dizem o contrário," ele riu.

Remus estreitou os olhos, limpando inconscientemente seu rosto como se ele pudesse dissipar o calor de suas bochechas. "Para falar a verdade," ele disse enquanto limpava a garganta. "Ela nunca usou uma venda nos olhos," ele esclareceu com um pouco de diversão na voz. "E não estávamos exatamente em um quarto na época."

Sirius soltou uma risada e puxou Mia contra ele quando a parede de tijolos começou a ceder. "Você se segurando comigo, gatinha," ele se inclinou e a surpreendeu com um beijo rápido. "Nós vamos guardar isso," ele disse, suavemente tocando o nó na parte de trás da cabeça, onde a venda estava amarrada.

"Mãe de Merlin, como eu vou viver com vocês dois?" Mia balançou a cabeça com exasperação quando sentiu Sirius pegar uma mão enquanto Remus pegava a outra e eles gentilmente a levaram pela abertura do Beco Diagonal onde ela ficou agradecida por não ouvir muitas pessoas por perto.

"Eu acho que vamos nos dar muito bem," Sirius sorriu radiante. "Qualquer problemas que tivermos, um simples Feitiço Silenciador resolve, não é mesmo, Moony?" Sirius disse piscando um olho.

"Não sei porque vocês ainda se incomodam," Remus deu de ombros enquanto continuavam caminhando. "Qualquer som que Mia fizer, eu já ouvi em abundância," o lobisomem riu.

Mia corou bastante, brevemente irritada que a amizade que Remus e Sirius agora compartilhavam faltava ciúme, que ela sentia ser necessário para evitar que falassem abertamente assim. "E você está bem em ouvir Sirius?" Ela perguntou, na esperança de deixar pelo menos um deles envergonhado.

"Eu dividi um banheiro com ele por sete anos, Mia," Remus riu. "Se ele for tão barulhento com você como ele é sozinho, então não vai ser nada que eu não tenha ouvido."

"Sozinho?!" Mia virou a cabeça na direção de Sirius como se ele pudesse ver a surpresa no rosto dela.

"O quê?" Sirius perguntou inocentemente. "Eu sou um amante muito talentoso e eu gosto de me deixar saber como sou bom."

O trio começou a rir e Mia, de repente, sentiu que o estresse dos meses anteriores desapareceu de seus ombros. O sofrimento era pesado e a guerra era dolorosa, mas de alguma forma os dois bruxos ao seu lado tinham uma maneira de curar sua dor. Eles sempre tiveram.

"Muito bem," Sirius disse animado. "Pronta para ver sua nova casa?" Ele perguntou.

"Tire a venda de mim!" Mia falou, cansada da antecipação.

Sirius pegou o pano vermelho e o removeu de uma só vez, fazendo o melhor para não deixá-lo preso na bagunça de cachos selvagens dela. Mia lentamente abriu os olhos e encarou o prédio a sua frente. "Oh, Godric," ela murmurou enquanto abria a boca.

O prédio tão familiar não tinha as cores vivas e luzes intermitentes. Não tinha os produtos pulando, estourando nas janelas, nem havia um bruxo ruivo gigante usando um chapéu alto pousado sobre a entrada do prédio. Mas com certeza, ali estava: Beco Diagonal, 93, o futuro lar das Gemialidades Weasley.

"Eu não entendo," Mia disse, a boca ainda aberta como um peixe dourado.

"Essa é a nossa casa!" Sirius disse excitado. "Bom, não o prédio, óbvio," ele apontou para a loja que tinha uma placa de 'Fechada para Mudança' na grande janela. "Costumava ser a Loja de Poções Embelezadoras da Madame Primpernelle, mas ela precisava de um espaço maior no final da rua. Eu comprei o prédio todo e tem um flat em cima da loja," o Animago disse com um sorriso orgulhoso enquanto se dirigia ao prédio, balançando a varinha e removendo os feitiços de proteção que ele e Remus tinham colocado uns dias atrás enquanto terminavam de levar todas as coisas para lá.

"Espera... o que você vai fazer com uma loja?" Mia perguntou enquanto passava pela porta e via um enorme lugar vazio que um dia seria estocado com estantes de orelhas extensíveis, kit mata-aula, detonadores-chamariz, mini-pufes.

"Eu não tenho ideia," Sirius respondeu sorrindo.

"Quando nós estávamos procurando por um flat, viemos ao Beco Diagonal almoçar, então ele viu a placa de 'A Venda' na janela," Remus explicou enquanto iam em direção a uma pequena escada no final da loja, onde dava para uma porta que Mia achava vagamente familiar. "Eu mal terminei a minha cerveja amanteigada no Caldeirão Furado e ele já estava assinando o contrato e passando as informações do cofre dele no Gringotes para a Madame Primpernelle."

Ela só tinha ido no flat de Fred e George uma vez, um pouco antes da fuga com Harry, Ron e Sirius, mas Mia subiu no flat como se já estivesse em casa, sorrindo para o pedaço do seu futuro que tinha se aberto no passado.

Ela se perguntou como diabos Fred e George não sabiam do fato que sua loja tinha pertencido anteriormente a dois Marotos. Não havia como eles saberem. Se soubessem, o mundo inteiro teria ouvido falar sobre isso. Os gêmeos podem muito bem ter fechado a loja e a transformado em um templo. Mia brevemente se perguntou se o Remus e Sirius do futuro sabiam, mas considerando que durante esse período da guerra, Remus estava disfarçado com os lobisomens e Sirius estava preso no Véu ou destruindo Horcruxes, ela imaginou que nenhum dos dois conhecia a feliz coincidência.

Passando pela porta, Mia sorriu radiante com a visão. Parecia tão absolutamente normal e praticamente Trouxa na decoração, exceto pelas poucas fotografias que Remus e Sirius tinham pendurado nas paredes, todos se movendo dentro de seus quadros.

Ela lentamente se aproximou de uma grande imagem em cima da lareira ao lado do Pó de Flu. Tirada logo antes da formatura, depois de todos terem completado seus NIEMs. Ela pegou a foto e sorriu para a imagem.

No canto esquerdo Mary e Alice estavam de braços dados, Frank atrás de Alice com as mãos nos ombros dela, e o anel de rubi de Alice brilhando ao sol. Peter estava na frente das meninas, rindo, com a cabeça voltada para James, que levantava Lily no colo ao estilo noivos enquanto a ruiva ria e dava tapas no peito dele. Na direita de James estava Sirius, Mia e Remus. No início da foto, Mia começava nos braços, indo para frente e para trás como se eles estivessem dançando. A imagem de Sirius pegou a mão de Mia, a girando para longe de Remus e a inclinando para trás, com o lobisomem rindo atrás deles.

Esta é a minha família, Mia pensou feliz e, então, recolocou a foto no lugar antes de olhar o resto do flat. Este é o meu lar.

Os rapazes fizeram um rápido tour pela casa, que incluía uma pequena cozinha, apesar de Mia saber que Remus não conseguiria cozinhar nem para salvar sua vida e que Sirius cresceu dependente de elfos domésticos. Recusando-se a mimar os meninos do jeito que Tilly fez, Mia percebeu que eles iriam sobreviver com o Caldeirão Furado. Em vez de uma geladeira, na cozinha havia um grande armário, enfeitiçado com um Feitiço de Resfriamento para manter a comida fresca. Ela percebeu que os meninos o haviam preenchido com suco de abóbora, cerveja amanteigada e leite.

Mia olhou brevemente ao redor da cozinha, observando que Sirius já havia escondido várias garrafas de Firewhisky em um armário próximo, e, então, com um sorriso no rosto, ela olhou rapidamente debaixo da pia da cozinha, onde havia um grande caldeirão preto. Sorrindo, ela colocou a mão dentro e puxou um punhado de sapos de chocolate escondidos. Previsível, Remus, ela pensou com uma risada.

O quarto de Remus era o primeiro no corredor e Mia sorriu com a visão do que parecia ser uma biblioteca com uma cama no centro. Era simples e peculiar, muito Remus. As paredes eram pintadas de uma cor suave de creme como o resto do flat e, assim como a decoração da sala, o quarto de Remus era todo com cores neutras e que acalmavam.

"Espero que você tenha arrumado espaço para todos os meus livros," Mia disse ameaçadoramente a Sirius depois de observar a grande coleção de volumes de Remus. "Se não, acho que posso passar mais tempo no quarto de Remus do que você gostaria," ela provocou. O lobisomem riu e o Animago bufou antes de arrastá-la pelo longo corredor para o segundo e maior quarto.

Previsivelmente, o quarto estava decorado em tons de vermelho e dourado, refletindo o quarto de Sirius na Mansão Potter, o que certamente não incomodou Mia nem um pouco. Ela notou que as caixas com suas coisas estavam empilhadas na extremidade do quarto e ela ficou agradecida por eles terem a deixado fechada. Ela gostava de fazer as coisas por conta própria e a seu modo. Ela tomou nota de que as grandes estantes de livros empilhadas na parede oposta estavam mais do que metade vazias, apenas esperando que sua coleção as preenchessem.

Os meninos abriram a porta do banheiro anexado e os olhos de Mia se arregalaram ao ver a maior banheira de pé de garra que existia. "Doce Merlin," ela olhou reverentemente para a vista, entrando na banheira de cobre imediatamente. "Esta coisa é grande o suficiente para duas pessoas!" Ela exclamou.

"Três se ficarmos entediados," Sirius disse provocando e piscando um olho para Remus, que apenas revirou os dele em resposta.

"Eu vou ficar com o meu próprio banheiro, obrigado," o lobisomem riu.

"Tem certeza que não quer ficar aqui, Moony?" Sirius sorriu, olhando por cima do ombro para o amigo. O lobisomem apenas riu e revirou os olhos de novo. "Bom, então cai fora," ele moveu a cabeça em direção a porta com uma risada. "Nós precisamos estrear adequadamente a nossa nova banheira," o bruxo de cabelos negros falou com um sorriso diabólico no rosto enquanto os olhos cinzas recaíam na castanha, sentada no que poderia muito bem ser uma bandeja de cobre, servida apenas para ele.

"Feitiços Silenciadores!" Remus gritou assim que a porta fechou.