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Capítulo Oitenta e Oito
Meias
20 de Dezembro, 1978
Enfurecido. Essa é uma boa palavra para descrever como Alastor Moody parecia no momento em que lhe contaram sobre a recuperação de Remus, apenas para negar-lhe os detalhes de como. O velho Auror exigiu que fosse dado um relatório sobre o que ocorreu um mês antes na Mansão Potter. Nenhum membro do Pack estava disposto a falar até que o trabalho de Sirius foi ameaçado, o que Mia achou golpe baixo, mesmo para Moody. Sirius irritadamente fez careta enquanto Remus estava sentado parecendo culpado. Enquanto isso, James e Lily estavam ambos em alvoroço pela tentativa de manipulação. Alice, Frank e Mary vieram em sua defesa, enquanto Peter estava sentado do outro lado da sala, ainda sendo evitado por Sirius.
Mia revirou os olhos para todos gritando e dramaticamente puxou o colarinho de suas vestes para revelar a marca em seu pescoço. Completo silêncio encheu a sala. Um por um, Sirius e James seguiram o exemplo, revelando suas marcas correspondentes, deixando Remus envergonhado quando Moody olhou para ele.
O resto da reunião explodiu em caos.
"Eu sabia! Eu sabia que não deveríamos tê-lo deixado na Ordem!"
"Tenho certeza de que existe uma ótima explicação para isso!"
"Dêem uma chance para eles explicarem!"
"Eu pensei que as mordidas de lobisomem parecessem maiores... Isso parece quase..."
"Dumbledore! Você não vai fazer nada?!"
Todo mundo estava gritando, exceto pelo Pack no fundo da sala. Remus parecia decididamente desconfortável com a atenção dada a eles, provavelmente sabendo muito bem que ele era a razão por trás de tudo isso. Sirius estava sentado preguiçosamente entre Remus e Mia com os braços sobre os ombros deles, parecendo entediado. Os ombros de James estavam tensos, como se ele estivesse esperando por algum de seus companheiros da Ordem atacar. Lily bufou silenciosamente com os braços cruzados sobre o peito, olhando para qualquer um que ousasse fazer contato visual com ela. Embora os garotos se sentissem o contrário, Mia riu quando ela pegou a amiga encarando Marlene McKinnon.
Mia quase se divertiu com o rumo dos acontecimentos; embora ela fosse inteligente o suficiente para esconder seu sorriso, considerando que Moody ainda estava olhando.
O problema de Alastor Moody não era, de fato, Remus ter mordido Mia para se salvar, como ele afirmou mais tarde. Tampouco era com o ritual de vínculo que o Pack tinha feito, mas meramente o segredo por trás de tudo. Ele também tinha sido incrivelmente - e, para grande diversão de Mia, vocalmente - descontente com Dumbledore, que tinha sido o único a enviar Remus para uma situação perigosa sem conhecer todos os detalhes.
No final de uma hora, a Ordem recebeu uma grande educação sobre lobisomens, embora alguns insistissem para que James, Sirius e Mia fossem examinados em busca de vestígios de licantropia. Mia aceitou só para poder esfregar no rosto daqueles que eram ignorantes demais para acreditar em sua palavra.
Uma vez que alguns feitiços foram lançados, proclamando-os livres de infecção, a reunião continuou com Moody andando de um lado para outro, as mãos atrás das costas parecendo um general em um velho filme de guerra.
"Temos relatos de que os Comensais da Morte estão em movimento novamente. Eles estão de volta à Grã-Bretanha, e massacrar inocentes durante as férias seria exatamente o tipo de coisa que aqueles bastardos podres fariam," Moody disse irritado enquanto se movia ao redor da pequena sala, distribuindo comandos e instruções. "Estamos nos dividindo em equipes para monitorar a atividade em pontos altamente densos. Black, Longbottom, vocês dois estarão patrulhando o Beco Diagonal na véspera de Natal com Bones, Shacklebolt e a outra Longbottom."
"Outra Longbottom. Ouviu?" Alice sussurrou para Mia, sorrindo. "Tenho meu próprio título agora," ela disse sarcasticamente e o par de amigas riu.
"Potter." Moody voltou sua atenção para James, que se endireitou ao ouvir seu nome. "Você junto de Evans, Fenwick e Dearborn, fazendo o mesmo em Hogsmeade."
Mia levantou a mão enquanto pensava nos dias de Hogwarts. "E a outra Potter?" Ela perguntou com um sorriso.
Moody respondeu encarando-a, ainda claramente desconfortável em tê-la envolvida, considerando que tinha sido seu plano para secretamente salvar Remus. "Você vai ser a babá de Lupin."
Remus cruzou os braços sobre o peito desafiadoramente. "Eu sou perfeitamente capaz de fazer o trabalho da Ordem e não preciso de babá."
"Babá pet?" James sugeriu com um sorriso debochado.
"Cala a boca, Prongs."
Moody soltou um ruído de indignação que soou como indigestão. "Até que você obtenha a devida autorização médica de Pomfrey, Lupin, você só é permitido nas reuniões. Eu ainda não estou feliz com a sua recuperação milagrosa."
Remus estreitou os olhos. "Obrigado."
Kingsley se intrometeu, falando rapidamente. "O que Alastor quer dizer é que enquanto estamos felizes por você ter sobrevivido, alguns estão menos feliz com como você se recuperou."
O Auror havia finalmente sido convidado para a Ordem alguns meses antes, quando ouviu Moody e Edgar Bones conversando no Ministério sobre o desaparecimento de Remus.
Mia contara Kingsley como aliado e votou por ele imediatamente a Dumbledore, relatando os eventos que aconteceram na semana em que Dorea faleceu no St Mungo. Kingsley tinha defendido Remus para um grupo inteiro de aurores que tinham suas mentes preconceituosas prontas para derrubá-lo, e Mia nunca esqueceria isso.
"Posso apenas apontar que eu não sou um lobisomem?" Mia ofereceu, um pouco irritada que a recuperação de Remus ainda estava sendo jogada contra ele. "Não infectada. Zero problemas peludos."
Sirius riu baixinho. "Ela ficou um pouco irritada durante a última lua cheia, mas isso poderia ter sido facilmente uma coincidência hormonal."
"Cala a boca, Sirius."
Moody limpou a garganta bem alto para recuperar a atenção da sala, prendendo Sirius com um olhar que Mia tinha certeza que poderia congelar leite. "Quanto a Diggle, Pettigrew, Macdonald e o resto de vocês, vocês receberão o nome de alguém para ficar de olho nos próximos meses. Precisamos saber quem, com certeza, tem a Marca Negra, quem mais está na companhia de Comensais da Morte conhecidos, e bruxos em potencial que poderiam ser convencidos a mudar de lado..."
"Impossível," Sirius falou. "Uma vez Comensal da Morte, sempre Comensal da Morte."
Lily franziu o cenho para ele, desconfortável.
Moody ficou irritado com a interrupção. "Esse não é o lugar para suas opiniões, Black. Se você tem um problema com isso, então você pode alegremente assumir a responsabilidade de ser o único a nos dizer quem são os verdadeiros Comensais da Morte."
Sirius rosnou com o tom que Moody tinha falado com ele. "Eu posso te dar a porra de uma lista agora: Lucius Malfoy, Bellatrix, Rodolphus e Rabastan Lestrange, Crabbe, Goyle, Mulciber, Wilkes, Avery, Alecto e Amico Carrow, Regulus Black, e Severus Snape! Você gostaria em ordem alfabética?"
Lily visivelmente recuou, e Mia estendeu a mão para pegar sua mão, oferecendo um sorriso simpático. Ela sabia que sua amiga há muito havia cortado os laços com Snape, mas era um triste lembrete para saber até onde o homem havia ido. Uma parte de Mia queria desesperadamente dizer a Lily que Snape iria se redimir um dia; que, apesar de todos os seus defeitos - e havia muitos - ele morreria como um herói.
"Provas, Black! Nós precisamos de provas!"
"Pelo menos metade dessa lista tentou matar um de nós em algum momento nos últimos anos!" Sirius respondeu com raiva. "Suponho que vamos deixar os corpos começarem a se acumular. Você prefere que eu identifique os cadáveres como 'prova' ou 'evidência', senhor?"
A reunião foi encerrada no momento que Sirius e Moody começaram a gritar no rosto um do outro. Sirius, a força imparável, encontrou Moody, o objeto imóvel. Antes que quaisquer golpes fossem trocados, Edgar e Kingsley levaram Moody para outra sala para acalmá-lo, enquanto James e Remus fisicamente retiravam Sirius para a varanda da frente para que ele pudesse se refrescar no ar do inverno.
Enquanto os garotos lidavam com um Sirius furioso, Mia e Lily começaram a solidificar os planos de celebrar o Natal alguns dias antes, já que todos estariam ocupados demais com as missões da Ordem para aproveitar o dia de verdade. Lily, que finalmente começara a se sentir em casa no Chalé Potter, aparentemente comprara caixas e caixas de enfeites, uma gigantesca árvore de Natal e um ganso que ela planejava cozinhar para toda a família - o que infelizmente incluía Peter. Quando James voltou, ele questionou se Lily sabia ou não cozinhar um ganso. De todos eles, Lily era provavelmente a mais qualificada para cozinhar qualquer coisa, uma vez que não crescera com um elfo doméstico. Até mesmo Mia perdera as poucas habilidades domésticas que poderia ter - embora nunca tivesse sido exatamente tão talentosa com uma panela quanto com um caldeirão.
Mia decidiu se afastar antes que Lily acabasse de azarar James. Ela cumprimentou Dumbledore com um aceno duro enquanto ele estava no canto do quarto, admirando um pacote vermelho brilhante em suas mãos.
"Meias," Dumbledore disse com um grande sorriso. "Minerva me conhece tão bem, todo ano ela me dá meias de Natal." Quando ela não retribuiu o sorriso nem participou da conversa fiada, ele limpou a garganta e colocou a caixa sobre uma mesa próxima.
Mia olhou para ele, observando a luz refletida no papel de embrulho vermelho brilhante, lembrando-a da caixa que o futuro Remus lhe dera no aniversário dela. Meias, ela pensou para si mesma. Não é um Vira-Tempo. Não é uma chave de portal. Ela enfiou a mão no bolso, esfregando a Tele-Portkey que ela mantinha em todos os momentos. Por alguma razão, isso acalmou seus nervos. Ela se perguntou o quanto as consequências seriam ruins se ela desse uma a Dumbledore.
"Estou feliz em ver, minha querida, que você está indo bem, considerando a recente recuperação de Remus."
Ela apertou a Tele-Portkey com força, apertando-a entre os dedos até doer. "Eu preferiria não falar sobre Remus, senhor," ela disse, sua voz misturada com uma doçura manipuladora que sua mãe teria orgulho de ouvir. "Fui informada de que qualquer ameaça à sua pessoa ou personagem tende a me fazer reagir um pouco... violentamente."
Seu olhar cintilou pela sala, onde viu Marlene McKinnon franzindo o cenho para a nuca de Remus enquanto ele tentava segurar uma ruiva enfurecida. James olhou divertido, um olhar encantado em seu rosto que lembrava Mia do jeito que Harry costumava olhar para Gina quando ela ficava furiosa com alguma coisa.
"É um defeito que eu venho trabalhando."
"Eu entendo."
Mia voltou sua atenção para Dumbledore com um sorriso animado. Ela soltou a moeda no bolso e juntou os dedos na frente dela. "Na verdade, eu vim lhe dar um presente de Natal, senhor."
"Oh?" Dumbledore levantou uma sobrancelha. "Eu espero que você não tenha saído do seu caminho, minha querida."
"Não precisa se preocupar, senhor. Eu não comprei nada. Na verdade, tenho trabalhado nisso há algumas semanas e tenho feito um grande esforço. Espero que você goste."
Depois de vários momentos de silêncio absoluto enquanto ela se concentrava, Dumbledore olhou para ela com preocupação. "Senhorita Potter?"
"D-diário," ela gaguejou. "A-anel. Meda-medalhão. Ta...Taça." O suor escorria em sua testa enquanto ela falava, expelindo as palavras de sua boca pela força enquanto ela usava suas habilidades em Oclumência para romper a Tacere Veritas. O breve choque no rosto de Dumbledore foi como uma descarga de adrenalina através de seu corpo, e ela sorriu interiormente ao se sentir eufórica.
"Senhorita Potter," Dumbledore advertiu, seu tom de voz normalmente alegre assumindo um som reprovador.
"D-D-D..." Ela continuou, tentando dizer 'diadema', mas a palavra ficou presa em sua garganta de um jeito que as outras não ficaram. Ela sabia que estava se esforçando demais, mas foi em frente. "D-D..." Ah, foda-se. "Tiara. C-cobra."
Ela sentiu suas bochechas corarem e então o sangue correu de sua cabeça pelo esforço concentrado. Ela propositadamente deixou de fora o nome de Harry. Ela poderia dar uma pista a Dumbledore sobre as Horcruxes, mesmo que apenas para irritá-lo, mas ela nunca ajudaria de bom grado em seu plano de matar Harry, não importava o quão bem tivesse funcionado no final.
Mia sentiu-se vitoriosa por ter sido capaz de dizer as palavras. Sua natureza perfeccionista teve em conjunto sua determinação, e ela estava praticando há semanas tentando falar as palavras. Era fisicamente desgastante e magicamente exaustivo para combater os efeitos do Tacere Veritas. Uma vez, ela realmente desmaiou durante o trabalho. Ela estava extremamente grata que nenhum de seus superiores tivesse entrado em seu escritório e que, em vez disso, tinha sido Arthur Weasley quem tropeçou em seu espaço de trabalho para encontrá-la inconsciente em sua mesa. Quando ele a acordou, ela disse que estava acordada até tarde na noite anterior. Arthur respondera balançando as sobrancelhas, corando até as pontas das orelhas e dizendo: "Eu também," fazendo Mia explodir em gargalhadas.
Não importava o quão difícil fosse combater o feitiço - especialmente porque ela entendia que qualquer coisa que ela conseguisse "mudar" só definiria o futuro no rumo pretendido - ela descobriu que lutar contra os efeitos estava realmente ajudando-a a aumentar suas habilidades de Oclumência. Algo que ela sentia poderia um dia ser útil se ela fosse obrigada a deixar sua posição no Ministério e pular na briga da guerra com sua família e amigos.
Apesar de falar dos perigos de brincar com o futuro, Dumbledore parecia estar tomando nota das palavras específicas que Mia havia falado, tentando conectá-las de alguma forma. Mia sorriu, sabendo que ele não seria capaz de fazer isso. Não até 1993, quando Harry lhe forneceria um diário destruído e uma presa de basilisco para juntar as peças.
"Eu não entendo," ele disse com o cenho franzido.
Mia apoiou o corpo contra a moldura da porta desgastada, apoiando o peso contra o corpo para evitar o colapso. Ela exalou, ainda tentando recuperar o fôlego da exaustão de lutar através do feitiço. "Não, senhor, eu não imagino que você entenda – ainda."
Ele permitiu a ela vários minutos de silêncio para recuperar seus sentidos antes de falar mais uma vez. "Parece que o feitiço da verdade precisa ser fortalecido mais uma vez," afirmou calmamente, como se expressasse algo tão simples quanto "Hogwarts começa em setembro" ou "eu realmente gosto de meias."
Mia corajosamente encontrou seu olhar. "Estou ansiosa para isso, senhor."
Dumbledore parecia menos do que satisfeito com a atitude dela. "Posso perguntar, o que você quer fazer se machucando desse jeito?"
Ela pensou por um momento e respondeu friamente, "Não somos apenas armas e ferramentas para você se movimentar no seu tempo livre."
Sua mandíbula estava contraída enquanto ela lembrava amargamente do olhar triste no rosto de Harry quando ele percebeu que Dumbledore tinha mantido tantos segredos dele, nunca dizendo a ele toda a verdade sobre qualquer coisa. Ela lembrou da raiva em sua voz quando ele lembrou que ele culpou o diretor, pelo menos parcialmente, pela a morte de Sirius por causa de sua manipulação e mentiras.
Na época, ela sabia que não adiantava sentar e ponderar as razões ou suas próprias reações, mas, anos depois, Mia se sentiu amargurada por Dumbledore ter essencialmente enviado três crianças para um campo de batalha sem instruções ou guia, e apenas um desiluminador, uma bola de ouro e contos de fadas como armas.
"Eu poderia dizer exatamente por que suas manipulações são um problema, senhor, mas eu provavelmente entraria em coma se eu tentasse." Ela tomou nota do jeito que Dumbledore assentiu sutilmente como se concordasse com sua teoria. "Você deveria ter se tornado Ministro da Magia em vez do Diretor de Hogwarts. Pelo menos então seus peões teriam sido adultos burocráticos e não crianças inocentes ansiosas para provar o seu valor para você."
"Eu sou realmente tão terrível no futuro?" Dumbledore franziu a testa, parecendo genuinamente triste e preocupado por qualquer ação que fizesse com que ela falasse com ele dessa maneira.
Mia sacudiu a cabeça, exasperada. "Com todo o respeito, senhor—" O que ela não achava que era nesse exato momento. "- você não é exatamente tão maravilhoso no presente." Antes de falar novamente, ela tentou trabalhar nas brechas do feitiço para não se esforçar mais. "Quando a culpa pelas perdas que você acumulou dessa guerra se tornar demais para você, por favor, lembre-se desse sentimento. Lembre-se de como é... estar sozinho." Ela pensou em Harry. "Não ter todas as informações disponíveis para você e ainda sentir o peso do mundo em seus ombros."
Ele parecia estar contemplando suas palavras profundamente, e ele concordou silenciosamente antes de pegar sua varinha. "Se você não se importa."
Mia revirou os olhos. Como se ela tivesse escolha. Dumbledore balançou a Varinha dos Anciões sobre a cabeça dela e ela sentiu um lento formigamento atravessar sua mente enquanto as barreiras de verdade que estavam no lugar se fortaleciam.
Uma vez que a magia se instalou, ela se levantou mais uma vez. "Quebrar seu feitiço me deu algo para fazer o dia todo além da papelada," ela admitiu com um encolher de ombros, não querendo mostrar a ele quanta energia ela perdeu apenas por proferir essas poucas confissões anteriores. "Feliz Natal, Albus."
Mia abriu caminho entre a multidão e seguiu o cheiro de tabaco até a pequena varanda do lado de fora da porta dos fundos. Ela sorriu ao ver Sirius inclinado sobre o corrimão com um cigarro na mão, o longo cabelo preto pendurado sobre os ombros. Lily recentemente insistiu que ele cortasse e Mia ameaçou duelar com a amiga. Sirius era lindo e perfeito e se alguém tinha alguma coisa a dizer sobre como um bruxo usava o cabelo, não seria Lily Evans, que era frequentemente pega encarando o topete na parte de trás da cabeça de James.
"Você está bem, gatinha?" Sirius perguntou quando se virou, observando-a se aproximar. Ele ofereceu-lhe um cigarro que ela silenciosamente recusou. Ela só costumava fumar em momentos de grande estresse e a incomodava, muitas vezes, o resto do tempo por seu terrível hábito. Hipócrita estava se tornando um termo carinhoso.
"Bem e você?"
Sirius deu de ombros. "Melhor."
Ela se inclinou contra ele carinhosamente e sorriu quando ele envolveu um braço ao redor dela, embalando-a no couro macio de sua jaqueta. Ela apertou a bochecha contra tecido que cobria o peito dele, respirando profundamente o cheiro de pergaminho, grama e couro. Deslizando a mão por baixo da camisa, apertou a palma da mão contra a pele dele e suspirou suavemente enquanto passava a ponta do polegar distraidamente contra uma pequena cicatriz nas costas. Sua mão livre estava descansando suavemente contra o peito dele enquanto a dele estava correndo pequenos círculos no interior do antebraço dela.
Eles nunca conversaram sobre isso, suas torturas individuais nas mãos de Comensais da Morte. Mia não podia, mesmo se tentasse, mas Sirius guardava para ele sua vida no Largo Grimmauld. No entanto, eram momentos tranquilos como aquele - momentos em que eles passavam as mãos por velhas feridas, tomando conhecimento dos sacrifícios um do outro - que os motivavam a seguir em frente e continuar lutando.
"Você não deveria provocar Moody assim."
"Idiota. Você pensaria que sendo tão paranoico quanto ele é, ele tomaria minha maldita palavra que eu sei quem são Comensais da Morte."
"Se você vai brigar constantemente com seu superior, você pode querer repensar suas escolhas de carreira," Mia ofereceu com uma risada enquanto observava a fumaça sair do nariz de Sirius em um bufo.
"Tudo bem. Vou largar meu emprego, comprar uma ilha e podemos ir morar longe de toda essa bagunça."
"Eu pensei que você não queria apenas sentar e viver do seu dinheiro como um preguiçoso," brincou ela.
Sirius sorriu para ela, passando a ponta do cigarro pelo corrimão. "Nós não vamos viver de dinheiro, nós vamos viver de côco. Merlin, bruxa, você não sabe como as ilhas funcionam?"
Ela sorriu enquanto pensava em ir de férias para longe com ele. "Aparentemente não."
"Nós teremos que consertar isso, então."
Sirius a beijou forte e profundamente de um jeito que a aqueceu até os dedos dos pés. Seu coração martelou em seu peito com a sensação e ela sorriu contra sua boca enquanto se perguntava se seria sempre assim. Sua voz sempre enviaria arrepios por sua espinha? Seu toque sempre deixaria uma deliciosa sensação de queimação em seu rastro? Será que o beijo dele sempre faria os dedos dos pés dela enrolarem e o coração disparar e a cabeça ficar ligeiramente tonta?
Sim.
"Então, o que devemos trazer conosco para a nossa ilha?" Ele perguntou enquanto se afastava do beijo, esfregando a ponta do polegar contra o lábio inferior dela enquanto ela fazia beicinho com a súbita falta de sua boca na dela.
"Protetor solar," ela sugeriu com uma risada.
"É, eu imagino que Lily iria entrar em combustão."
"Ah, nós vamos levar Lily conosco?" Ela levantou uma sobrancelha. "Quer me dizer exatamente que fantasias você tem correndo por aí nessa sua cabeça?"
Sirius empalideceu. "Com a Lily? Merlin, nunca. Aquela sua amiga loira do Ministério, por outro lado..."
Ela beliscou ele. Com força.
Ele riu, pulando para longe dela o suficiente para agarrar a mão dela. "Você pode parar o ataque à minha pessoa e tirar esse olhar de julgamento do seu rosto, se quiser," disse ele com um sorriso quando ele tocou a marca do Pack no ombro dela.
Lembrando-se do ritual do Vínculo do Pack, Mia franziu a testa quando um pensamento lhe ocorreu. "Acho que devemos conversar com Dumbledore sobre Remus e como ele está sendo tratado na Ordem."
Saltos de sapatos clicaram na varanda atrás delese e tanto Sirius quanto Mia se viraram para ver Marlene McKinnon, pegando um pacote de seus próprios cigarros e sorrindo para Sirius enquanto acendia um, como se ela estivesse silenciosamente apontando o quanto de repente tinham em comum.
Sim, muito bem, vocês compartilham um vício. Certamente, ele vai querer fugir com você agora, Mia pensou enquanto revirava os olhos.
"Bem, considerando o fato de que toda a Ordem foi mantida no escuro sobre a... condição dele, acho que temos direito às nossas reações," disse Marlene, desgosto evidente em seu tom. "Especialmente porque ele claramente não está no controle de si mesmo." Ela gesticulou levianamente para o ombro de Mia, onde apenas uma pequena parte da cicatriz podia ser vista sob o colarinho de sua blusa.
"Ciúmes, McKinnon? Você não parece estar olhando para a minha marca como uma cicatriz, mais como um anel de noivado." Mia riu do olhar de choque e irritação que surgiu sobre Marlene. "Aposto que você adoraria ter um homem bonito como Remus afundar seus dentes em você." Ela mexeu os ombros apenas o bastante para permitir que o tecido de sua blusa escorregasse, revelando a marca em toda a sua glória. Ao olhar de repulsa no rosto de Marlene, Mia mordeu o lábio inferior e gemeu. "Você adoraria. Ele afunda com força e profundo."
Sirius pressionou-se contra as costas de Mia, envolvendo seus braços ao redor da cintura dela e inclinou o rosto para baixo para colocar um beijo de boca aberta na marca em seu ombro. Mesmo sem vê-lo, Mia sabia que ele estava olhando para Marlene ao fazê-lo. Ela podia sentir seu peito roncar de prazer e diversão.
"Merlin!" Marlene se irritou. "Você realmente fala dessa maneira sobre outro bruxo na frente de seu próprio namorado? Você é nojenta."
Mia deu de ombros, ignorando a sensação da dureza de Sirius sendo pressionada contra ela através de seu jeans. "Bem, o que eu posso dizer? Sirius nunca teve muito bom gosto em bruxas." Ela sorriu conscientemente para a mulher que olhou para ela em resposta. "Você deveria ter visto os lixos que ele fodeu antes de mim."
Levou cada grama de esforço que Mia não tinha para responder enquanto Sirius furtivamente enterrava sua ereção contra sua bunda, embora suas mãos vagassem para se sentar em seus quadris não fosse nem um pouco sutil. Quando Marlene gaguejou em resposta, ficando vermelha no rosto, Mia se virou para encarar Sirius, a fim de esconder seu sorriso da loira.
"Eu prefiro ser o lixo que dorme com bruxos," Marlene começou, claramente não pegando a expressão súbita no rosto de Sirius, enquanto ele silenciosamente a advertia sobre o ombro de Mia, "do que alguém que abre as pernas para os monstros."
A reação de Mia foi lenta. Não uma explosão de raiva como a expressão no rosto de Sirius dizia que ele estava se preparando para isso. Em vez disso, ela se virou e sorriu para Marlene enquanto dava alguns passos para frente, enfiando a mão no bolso. Marlene começou a pegar sua varinha, preparando-se para um ataque, mas quando a mão de Mia saiu do bolso aparentemente vazia, a loira hesitou e baixou a arma.
"McKinnon, você sabe nadar?"
"Ah, merda," Sirius murmurou de trás dela.
Marlene estreitou os olhos. "Que diabos isso tem a ver com o assunto?"
oOoOoOo
Sirius voltou para casa, esfregando o frio nos braços enquanto examinava a sala com curiosidade, procurando por McGonagall ou Dumbledore. Quando ele não viu nenhum deles no meio da multidão, ele colocou as mãos em torno de sua boca e gritou, "Alguém está voltando para Hogwarts em breve?"
Várias pessoas se voltaram para ele, mas foi James quem falou. "Não estava planejando isso. Por quê?"
Sirius riu nervosamente, passando a mão pelos cabelos. "Por nada. Pode haver algo que precisa ser tirado no lago."
