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Capítulo Noventa e Dois
Mestiços Imundos
7 de Maio, 1979
195,135 Grãos de Areia Restantes
Quando chegou à Ordem que alguém do outro lado estava querendo desertar, todas as outras missões ficaram em segundo plano. Mia parou de treinar Sirius, Alice e Frank em Oclumência, mas não antes de Sirius descobrir como controlar as memórias que surgiam em sua cabeça enquanto Mia vagava dentro de sua mente. Ela estava certa de que, se as dores de cabeça nem sempre seguissem suas sessões, seu namorado usaria esse talento como uma nova forma de preliminares.
James, Lily, Peter e Mary estavam sendo enviados constantemente em missões para proteger Nascidos-trouxas ameaçados localmente e conhecidos Traidores do Sangue, além de ter pares extras de olhos e ouvidos em locais de risco. Frank, Alice, Sirius e o resto dos aurores da Ordem foram a presença oficial durante algumas das quedas mais violentas envolvendo Comensais da Morte.
Enquanto isso, Mia havia sido realocada para seu posto no Ministério, onde não faria absolutamente nada pela Ordem até que Dumbledore ou Moody declarassem o contrário. Seus dias eram preenchidos com preocupação por seus amigos e familiares, misturados à monotonia de seu trabalho de empurrar pergaminho. Os poucos momentos de interrupção divertida vinham de Arthur, que estava ansioso demais para sentar no escritório de Mia e conversar sobre a cultura trouxa, possíveis reformas futuras no Ministério e sua maravilhosa família. Molly, por acaso, estava grávida de novo, e Arthur estava absolutamente certo de que este não seria apenas o último filho que eles teriam, mas também uma menina.
Mia apostou cinco galeões que ele estava errado.
Uma bruxa loira entrou correndo em seu escritório. "Me esconde!"
Mia olhou para cima antes de balançar a cabeça exasperada. A outra interrupção divertida para seus dias chatos vinham sob a forma de Laurel Parkinson, uma bruxa puro-sangue que não queria seguir cegamente os padrões e tradições com os quais havia sido criada. Laurel estava alguns anos à frente de Mia em Hogwarts e, apesar de vários pretendentes seguirem todos os seus movimentos, esperou até os vinte e poucos anos para se casar. Não só isso, mas ela era uma bruxa que trabalhava. Algo raro para alguém de uma família puro-puro de alto perfil.
As duas se conheceram logo depois que Mia começou no Ministério, quando houve um mau funcionamento da Rede de Flu. As duas se esbarraram na lareira do Ministério, apenas para ficar trancados na lareira enquanto os reparos estavam sendo feitos. Apesar de suas muitas diferenças, elas se tornaram amigas rápido.
Laurel amava o orgulhoso status de traidora de sangue de Mia e sua atitude de não aceitar nada quando se tratava do Ministério e da sociedade como um todo. Mia adorava a mente afiada de Laurel e o ponto de vista ainda mais afiada. A bruxa havia sido colocada na Sonserina por boas razões e a morte de Dorea deixou uma necessidade em forma de serpente na vida de Mia que Laurel estava muito satisfeita em tentar preencher.
"Bom dia, Laurel." Mia sorriu para a amiga em pânico. "Eu vou bem e você?"
"Mia!" Laurel gritou, os olhos azuis implorando.
"Vá em frente." Mia apontou para o armário no canto do escritório e observou a amiga correr lá para dentro o mais rápido possível.
No momento em que a porta do armário se fechou, a porta do escritório de Mia se abriu novamente, e um bruxo familiar e corpulento entrou no cômodo, mantendo-se com um ar de confiança presunçosa como se tivesse dois metros de altura. Ele usava uma capa listrada para disfarçar do mar negro das vestes que usava por baixo.
Mia ficou satisfeita ao notar que ele ainda não tinha começado a usar aquele horrível chapéu-coco.
"Ah, senhorita... Potter," disse Cornelius Fudge, verificando a placa de identificação em sua mesa, como fazia toda vez que entrava no escritório dela.
Esquece permanentemente o meu nome, imbecil, pensou Mia severamente, enquanto estreitava os olhos para o futuro Ministro da Magia.
"Bom dia!" Ele cumprimentou feliz.
"Para você também, Sr. Fudge," ela disse brevemente antes de retornar a atenção para a pilha de pergaminhos em cima da mesa.
"Ministro Junior Fudge agora."
Curiosa, Mia levantou uma sobrancelha. "Ah?" Ela sabia que ele esperava uma palavra de parabéns, mas o olhar inexpressivo em seu rosto dizia tudo o que palavras não podiam. Ela não dava a mínima para sua maldita promoção. "Eles atribuem títulos como esse para promoções do Departamento de Acidentes Mágicos e Catástrofes? Isso parece um pouco..."
"Excitante?"
"Presunçoso", ela corrigiu e assistiu com diversão enquanto o ego dele se esvaziava. "Com o que posso ajudá-lo, Sr. Fudge?"
"Ministro Jun-" ele começou a corrigi-la, apenas para parar no meio da frase e limpar a garganta. "Eu estava pensando se você tinha visto a Srta. Parkinson?"
"Você quer dizer Laurel?" Mia perguntou, não olhando para o armário onde a amiga estava se escondendo. "Me desculpe, Sr. Fudge, mas eu tinha a impressão que ela fosse Sra. Greengrass agora. Ela não se casou nesse inverno?"
O semblante de Fudge caiu mais uma vez, e a aura do ego em que ele tentava se envolver se desvaneceu para uma de amarga pena. Ele revirou os olhos enquanto falava, "Ah, sim, esse negócio. Eu tinha esquecido."
Ela foi uma influência forte no casamento de Laurel. Quando sua amiga se aproximou dela, preocupada com seus muitos pretendentes, as duas se sentaram para almoçar no Caldeirão Furado, onde Laurel mostrou a Mia uma lista de bruxos que fizeram ofertas por sua mão. Cornelius estava, de fato, na lista, mas estava muito perto do final. No topo havia nomes que Mia conhecia: Theodros Nott e seu filho Thoros, bem como Rabastan Lestrange e Regulus Black. Todos os Comensais da Morte. Theodros era um dos seguidores originais de Voldemort, se Mia não estava enganada. Tanto ele como o filho tinham idade suficiente para ser o pai de Laurel. Mia pediu à amiga que ignorasse todos eles, incluindo Regulus que, informou a Laurel, ainda era estudante de Hogwarts e possivelmente nem sabia que um casamento com uma bruxa mais velha estava sendo arranjado para ele por seus pais.
"Você não quer Walburga Black como sogra, vai por mim."
"Você não está namorando o filho mais velho dos Black?"
"Sim, Laurel, então acredite em mim quando eu digo que você não quer Walburga Black como sogra!"
Mia encorajou Laurel a aceitar a oferta de Hyperion Greengrass, já sabendo que ela o faria. Embora Laurel tivesse nascido em outra família que Mia conhecia em sua outra linha do tempo - os Parkinsons -, ela era, na verdade, a imagem cuspida de suas filhas Daphne e Astoria Greengrass, a mais velha sendo alguém que Hermione conhecera em Hogwarts.
O casal casou logo antes do Natal. Embora Mia tenha sido convidada por sua amiga, ela educadamente recusou, sabendo que o evento teria muitos Comensais da Morte e supremacistas de sangue para seu gosto.
Uma voz aguda e muito doce interrompeu os pensamentos de Mia e ela sentiu um calafrio nauseante tomar conta de todo o corpo. "Hem hem!"
A carranca que Mia estava se forçando a esconder de Fudge apareceu com força quando seus olhos foram atacados com uma variedade de tons de rosa na forma de uma bruxa baixa, como sapo, que estava na porta de Mia com uma pilha de pergaminho nos dedos gordos e grossos. Mia agarrou a pena na mão como se fosse uma adaga e apertou com força.
"Ah, bom dia, Dolores," disse Fudge, sua voz cobrindo o som das unhas de Mia arranhando violentamente a madeira da mesa e a pena na outra mão estalando ao meio.
Vinte anos mais jovem do que Mia se lembrava dela, Dolores Umbridge se virou para Fudge e sorriu para ele. "Ministro Júnior Fudge, parabéns pela sua promoção. Em breve você estará no topo do Departamento de Acidentes Mágicos e Catástrofes; tenho certeza disso."
Sua voz era como mel envenenado e Mia estava lutando contra o desejo mais forte de pegar a pena de fênix extra em sua mesa e esfaquear a cadela repetidamente. Felizmente, a posição de Mia no Ministério significava que ela estava sob Dolores e, portanto, mal merecia um olhar.
Fudge sorriu, aproveitando os elogios de Umbridge. "Bem, não saia contando, mas espero pular mais alguns degraus da escada."
Mia segurou o café da manhã que ameaçava reaparecer. Por que ela deixou Sirius e Remus convencê-la a ter um café da manhã inglês completo? Ela nem gostava de pudim preto e apenas comia porque sabia que Remus ficaria doente se ele comesse tudo sozinho.
"E está certo!" Umbridge declarou, sua voz subindo duas oitavas. "O ministro Minchum tem sido maravilhoso, mas as eleições ainda serão daqui a um ano, e ouvi dizer que Millicent Bagnold está tentando abrir caminho para a disputa," disse ela com desdém. "Você sabia que a mãe dela é nascida na trouxa? Você consegue imaginar?"
"Uma nascida-trouxa?" Mia finalmente os interrompeu, seu comentário entrelaçado com sarcasmo no final de um suspiro horrorizado. "Merlin, que abominável!"
Irritada com o tom de zombaria, Dolores voltou seu foco para ela, seus olhos redondos pousando em Mia. "Muito. Então você é a garota dos arquivos?"
"Sim," Mia respondeu. "E você deve ser a senhora Umbridge, chefe do Departamento de Uso Inadequado da Magia."
"Oh, eu acho que faço mais do que monitorar feitiços feitos por menor de idade hoje em dia." O olhar irritado saiu de seu rosto como se Mia a tivesse elogiado pela simples menção de sua posição. "Falando nisso," ela disse, largando a pilha de pergaminho na mesa de Mia. "Eu tenho vários papéis para você colocar em prática."
Mia olhou para o pergaminho logo em cima e sentiu o sangue ferver em suas veias. Ela engoliu a bile e olhou para a mulher, seu queixo apertado quando a imagem de um Remus ensanguentado e quebrado deitado em sua cama, morrendo, veio à tona em sua mente. "Você está tentando aprovar legislação para impedir que os lobisomens procurem tratamento médico?"
"Não apenas lobisomens, querida. Todos os mestiços imundos," respondeu Umbridge, não vendo o brilho da fúria nos olhos de Mia ou ignorando-o completamente. "Eles são um perigo para o resto da população. Você sabia que um lobisomem invadiu o St. Mungo há um ano ou mais e tentou atacar um andar inteiro de bruxas feridas, e os aurores o soltaram no final? Honestamente, o que o governo está fazendo?"
Mia estreitou os olhos para a bruxa.
De fato, ela sabia o evento em questão, considerando que ela estava lá. O lobisomem era Remus, que acabara de descobrir que sua mãe havia morrido. Ele não havia invadido o hospital, não havia tentado agredir ninguém - muito menos um andar de bruxas - e os aurores não precisavam deixá-lo solto, já que seus amigos e familiares nem sequer os deixaram chegar perto para capturar Remus.
"Horrível. Espero que o Auror Moody se aposente logo e alguém menos indulgente com essas criaturas imundas entre para assumir seu lugar como Chefe do Gabinete dos Aurores." Umbridge colocou o resto dos papéis nos braços e foi se sentar. A cadeira, movida pela mágica furiosa de Mia, bateu contra a mesa como se puxada por uma força magnética. Umbridge apertou os lábios em desaprovação. "Se você me perguntar, todo o Departamento de Aplicação da Lei Mágica precisa ser limpo."
Tanto Umbridge quanto Fudge pareciam ignorar o modo como a mão de Mia pairava sobre a varinha em sua mesa, mal conseguindo se conter.
"Sou amigo de Bartemius Crouch, sabia?" Fudge anunciou brilhantemente. "Funcionário esforçado. Eu almocei com o homem na semana passada e, pelo que parece, ele está ansioso por uma promoção no departamento. Ele vai arrumar as coisas, confie em mim," disse ele com outra piscada conspiratória e Umbridge corou como se ele estivesse flertando com ela. Foi nauseante. Mia tinha certeza de que nunca mais comeria novamente em sua vida.
"Hem hem!" Ela imitou em voz alta Umbridge, chamando a atenção de volta para ela. "Desculpe interromper, mas eu tenho uma lista de tarefa bem grande e imagino que meu pequeno escritório lamentável seja o último lugar em que oficiais tão elegantes do Ministério como vocês precisam ficar apertados enquanto planejam o futuro do mundo bruxo," disse ela., sua voz assumindo um tom um pouco mais doce, sabendo que se ela não controlasse sua fúria agora, ela poderia muito bem incendiar todo o edifício. Uma voz na parte de trás da cabeça dela - que parecia um pouco com Sirius - sussurrou que talvez não fosse uma má ideia.
Fudge olhou para o relógio de ouro pendurado no bolso de suas vestes listradas. "Ah, sim, de fato. Srta Potter, se você vir a Srta, er, Sra Greengrass, você poderia avisá-la que eu gostaria de uma reunião com o Ministro?"
"Absolutamente, Sr Fudge. Bom dia para o senhor."
"Tenha um bom dia."
Enquanto Fudge escoltava Dolores para fora, fechando a porta atrás de si, Mia jogou a ambos um gesto rude.
Laurel saiu do armário com um sorriso no rosto. "Mia Potter! Um gesto tão grosseiro para uma bruxinha tão doce," ela disse sarcasticamente antes de cair na cadeira anteriormente magnetizada.
Mia finalmente soltou. "Essa mulher é totalmente vil!"
Laurel acentou em concordância. "Ela é uma boa companhia então para Corny."
"Eca," Mia disse, engasgando. "Não o chame assim."
Laurel riu, seus olhos azuis atraídos para o enorme anel de esmeralda na mão esquerda, olhando-o com gratidão. "Você ouviu a maneira como ele se dirigiu a mim? 'Esse negócio', ele diz. Casamento arranjado ou não, eu me Avado antes de ser pega morta no braço daquele sapo."
"Umbridge ou Fudge?"
Laurel bufou. "Você é cruel. Tem certeza de que foi sorteada corretamente?"
Mia encolheu os ombros, lembrando o tom de desdém que o Chapéu Seletor a havia dado quando ameaçou ateá-lo fogo. "Nem sempre. Você está apenas se escondendo de Fudge? Fiquei com a impressão de que o Wizengamot estava apresentando um novo membro ao assento da sua família hoje," disse.
Laurel revirou os olhos, mas ofereceu um sorriso em resposta. "É realmente ridículo. Hyperion não tem nem vinte e cinco anos, e seu pai está forçando-o a ocupar o lugar só para que ele e minha sogra possam se aposentar e se afastar. 'Muitos nascidos-trouxas nesse país!' É o que meu sogro diz, e Hyperion simplesmente faz tudo, porque é o que se espera dele." Ela balançou a cabeça em decepção. "Assuma o assento familiar, administre os negócios, faça festas."
"Você casou com um Sonserino," Mia a lembrou.
"Eu sou uma Sonserina."
"Uma das poucas que eu considero amiga; não pressiona a sorte, cobra." Mia riu quando Laurel deu a língua para ela. "Hyperion realmente acredita nessas idiotices anti-nascidos-trouxas?"
Ela sabia que no futuro que a família Greengrass tinha sido uma grande defensora durante a guerra, e embora Daphne e Astoria nunca tivessem se esforçado para serem cruéis com ela, as duas meninas tinham sido pelo menos um pouco amigáveis com pessoas como Pansy Parkinson. Embora, depois de conhecer Laurel, ela pudesse ter atribuído esse fato à conexão familiar; as meninas eram primas.
Laurel deu de ombros e suspirou. "Aqui e ali. Mas ele tinha um amigo nascido trouxa na escola, então ele não é um purista como seu pai ou o resto daquelas ovelhas."
"Seu próprio pai não é uma dessas ovelhas?"
"E minha mãe. E Peneus também. Eu gosto de ser o grande desapontamento, mas pelo menos sou bonita. Você tinha que ver a bruxa que meu irmão casou. Posy," ela disse o nome com uma careta e Mia riu. "A mulher mais feia que eu já vi. Tem o nariz de quem deu de cara com uma janela de vidro."
Espere até ver a filha dela, Mia pensou e então falou em voz alta, "Você e meu namorado iriam se dar super bem." Seus olhos se voltaram para a pilha de pergaminhos em sua mesa com a assinatura de Umbridge seguida pela do ministro, junto com o selo Wizengamot. Como aquela mulher horrível foi capaz de aprovar essas leis terríveis... Mia simplesmente não conseguia entender como as pessoas podiam ser tão cruéis.
"Nada que você possa fazer sobre isso, você sabe," disse Laurel. "Umbridge, quero dizer. Ela tem o ouvido do Wizengamot e do Ministro. Eu deveria saber; eu marquei todos os seus malditos compromissos, e ela está em seu escritório beijando seus pés e empurrando papéis sobre sua mesa toda semana."
"Ela é repugnante. Leis anti-lobisomem."
"Não apenas lobisomens. Eu os ouvi conversando," a loira disse sussurrando. "Ela tem escrito legislações contra um grande número de mestiços. Nascidos-trouxa também. Muita hipocrisia, se me perguntarem."
"Por que isso?"
"Bom, ela mesma é mestiça."
"O quê?" Mia perguntou com os olhos arregalando comicamente. "Você tem certeza?"
Sua mente voltou há meses e meses atrás investigando velhas leis do Wizengamot que ainda estavam em vigor - embora amplamente ignoradas - e uma dessas leis se destacava dramaticamente para ela. Os sangue-puro governaram o governo a tal ponto que até mestiços eram considerados uma espécie diferente em algumas leis antigas e não tinham autoridade para falar ou agir em nome do mundo bruxo. Mia estava certa de que, em alguma legislação ultrapassada, havia uma lei que significava que a propaganda anti-lobisomem de Umbridge seria aproximadamente traduzida em um ato de guerra de uma espécie mestiça para outra.
"Com quem você está falando?" Laurel zombou, ofendida. "Eu sei de tudo que acontece no Ministério. Estação Fofoca é um círculo adorável que fica em volta da minha mesa. A mãe de Umbridge era uma Trouxa. Tem até um rumor de que ela tem um irmão Aborto em algum lugar lá fora."
"Algum lugar lá fora?" Mia perguntou. "Então você não sabe?"
Laurel balançou a cabeça. "Não, o pai dela se aposentou do Ministério alguns anos atrás, muito tempo depois de devolver seu filho e esposa ao mundo trouxa."
"Como que ninguém sabe disso?"
"Bom, olha como ela é. Diz para qualquer um com ouvidos que é uma sangue-puro."
Mia já sabia que Umbridge era uma supremacista de sangue, se destacando com uma relação com os Selwyns e, portanto, puro sangue - algo que Mia sabia ser ilegal. Como as leis arcaicas do mundo bruxo sempre colocavam tanta ênfase no status sanguíneo, Dolores estava violando leis vendendo a si mesma por algo que não era. Até mesmo Mia tinha, tecnicamente, uma posição legal mais alta, já que ela foi considerada puro-sangue por conta de sua adoção.
"Sua opinião sobre trouxas e mestiços certamente não faz ninguém suspeitar, não é? E agindo como o maldito gato de estimação do ministro do jeito que ela faz, quem se importaria em questioná-la?"
Harry questionaria, Mia pensou.
"Nós realmente precisamos de um novo Ministro da Magia."
Laurel suspirou, passando a mão pelos longos cachos dourados, mexendo quando seu enorme anel de casamento se enroscou neles. "Ele não é tão ruim. Um pouco extremista quando se trata de Dementadores, na verdade. Acabei de pedir um novo lote a ser enviado a Azkaban." Mia recuou sem querer com a menção da prisão. "Mas, fora isso, ele é bastante imparcial."
Olhando para a assinatura do ministro no papel, Mia disse, "Não se ele estiver permitindo que Umbridge escreva e passe uma legislação como essa."
"Ah, eu não acho que ele simplesmente permita."
Mia olhou para cima, confusa. "Como assim? Ele assina os papeis, né?"
"Sim, mas vamos dizer que após suas reuniões com Madame Umbridge, o Ministro fica..." ela parou, procurando pela palavra certa. Mia conseguia ver a astucia Sonserina entrando em ação. "Bastante maleável e relaxado."
Mia ofegou. "Você está brincando. Imperius?"
Laurel acenou com a cabeça depois de olhar para a porta de Mia, que ainda estava fechada. "Mas não posso provar."
"Não," Mia concordou. "Mas um pouco de suspeita pode machucá-la de qualquer forma."
"Cuidado, Mia," Laurel a advertiu com uma careta. "Ela está bem conectada. Vocês, Grifinórios, sempre correndo para salvar o dia, não?"
Mia sorriu diabolicamente. "Confie em mim, quando eu acabar com aquela vadia, eu vou ser uma serpentezinha astuta," ela disse com um ar seguro. "Pelo menos até eu poder rasgá-la com minhas garras."
"Eu já te disse o quanto é divertido visitar seu escritório?" Laurel perguntou enquanto se recostava na cadeira, colocando os pequenos pés no canto da mesa de Mia, bem em cima da pilha de papéis que Umbridge tinha trazido.
Mia sorriu. "Eu já te disse que bela amiga informante você se tornou?"
O restante do dia de trabalho de Mia se saiu muito melhor.
Depois que Laurel saiu para retornar às suas funções como secretária do Ministro, Mia começou a trabalhar arquivando os papéis que Umbridge havia deixado com ela, mas não antes de retirar vários documentos mais antigos sobre leis que poderiam ajudá-la a acabar com a cadela a longo prazo.
Pouco antes do almoço, Arthur parou para acompanhar as últimas fofocas e Mia o contou da sua manhã. Arthur, por sua vez, desabafou com Mia sobre a mais recente crise de náusea de Molly, sobre a qual Mia aconselhou que ele dissesse à Molly que parasse de comer carne enlatada. Depois de erguer uma sobrancelha confusa, ela simplesmente acrescentou, "Seu filho odeia carne enlatada."
Arthur mais uma vez argumentou que acreditava que seria uma garota dessa vez, mas que passaria a dica para a esposa apenas por precaução.
Mia saiu da lareira do apartamento e tirou o pó das vestes antes de colocar a bolsa no chão e tirar a capa de viagem. "Sirius! Remus! Alguém em casa?"
Um sorriso relaxado surgiu em seu rosto enquanto ela se movia mais para dentro do apartamento. "Vocês não vão acreditar no dia que tive. Laurel acabou de me dar algumas informações que eu provavelmente posso usar contra aquela bruxa horrível que está tentando passar—"
Ela parou de andar quando um cheiro familiar de metal invadiu seus sentidos.
Seus olhos se arregalaram e ela pegou sua varinha, correndo pelo corredor em direção à porta do quarto. Ofegando quando a abriu, Mia levou as mãos para cobrir a boca, deixando cair a varinha no processo.
Sirius estava sentado na beira da cama, com a pele pálida e os olhos vidrados. Suas vestes e camisa de Auror estavam em uma pilha ao pé do grande dossel e Lily estava ajoelhada na frente dele, uma flanela na mão, limpando o sangue dos braços e do peito expostos.
Remus se virou quando Mia entrou no cômodo e Lily olhou para a amiga, mas os olhos de Sirius permaneceram firmemente fixos em algum ponto aleatório no canto, parecendo que ele nem sabia que havia alguém com ele.
"Mia..." Remus a advertiu. "Volte. Sirius está bem."
Mia balançou a cabeça em negação. Ele não está bem! Olhem para ele! ela gritou em sua cabeça.
Remus a acompanhou de volta pela porta, fechando-a atrás dele para permitir que Lily continuasse cuidando de Sirius. Ele envolveu Mia em seus braços com força e respirou pesadamente contra o topo da cabeça dela, que estava enfiada embaixo de seu queixo.
"Não era o sangue dele."
"O que aconteceu?" Ela sussurrou aterrorizada.
"Uma missão da Ordem foi... muito mal."
"Quem?"
Ele se afastou dela e limpou o canto dos olhos vermelhos. "Alguns foram enviados para vigiar um informante. Alguém que pensávamos que poderia ser usado como espião. Nossas informações estavam erradas. O informante delatou a Ordem no segundo em que foi interrogado e... os Comensais da Morte apareceram e atacaram. Foi uma armadilha. "
Mia ofegou. "Onde está Jamie?"
"Ele está bem. Tremeu, mas tudo bem. Lily e Prongs simplesmente escaparam graças a Frank e Alice estarem lá. Sirius... ele... ele... ele tirou Peter, mas..."
Mia respirou lentamente. "Quem era a dupla de Peter hoje?"
Remus engoliu em seco antes de falar novamente.
"Mary."
194.635 Grãos de Areia Restantes
