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Capítulo Noventa e Três
Ele Teria Te Salvado?


7 de Maio, Mais Cedo Naquele Dia

Sirius não confiava na informação, mas Moody insistiu que eles tinham encontrando um bom espião para a Ordem, alguém que poderia ser confiável para Voldemort e os Comensais da Morte.

Deixou poucas opções, considerando que o recrutamento para o Lorde das Trevas havia parado, pelo menos na Grã-Bretanha. Então, quando Wilkes - um conhecido Comensal da Morte - veio a Dumbledore em busca de santuário e segurança de seus companheiros, a Ordem o recebeu. Apesar dos interrogatórios feitos tanto por Legilimência quanto por Veritaserum, Sirius não confiava em Wilkes nem um pouco. Uma vez Comensal da Morte, sempre um Comensal da Morte, ele falou para todo mundo. Moody quase pareceu hesitante, mas afirmou que um idiota como Wilkes não poderia combater uma invasão de sua mente além do Soro da Verdade.

Sirius se perguntou por que eles estavam dispostos a colocar suas vidas nas mãos de Wilkes se ele era um idiota.

"Calma aí, Black. Você parece um pouco ansioso demais para entrar lá."

Sirius ignorou Kingsley, sua atenção voltada para o pequeno e despretensioso prédio. A falta de uma ameaça óbvia apenas o deixou mais ansioso. "Eu não confio em Wilkes. Eu sei que a inteligência diz que ele está desertando, mas acho que estamos nos colocando muito em risco agora, apenas com a palavra de um suposto ex-Comensal da Morte."

"Pelo menos os associados que ele deveria se encontrar hoje à noite não estão marcados," Kingsley ofereceu, sempre a pessoa que tenta fazer aparecer um pouco do sol escondido atrás das muitas nuvens desta guerra. Enquanto muitos ansiosos em urinar chuva no resto das pessoas.

Eles já haviam perdido, dentro de um ano, cinco Aurores na guerra. Caradoc Dearborn havia desaparecido dois meses antes, quando foi atacado ao lado de Dedalus Diggle e Sturgis Podmore - ambos ainda se recuperando no St. Mungo's. Desde então ninguém viu ou ouvir falar de Dearborn. A Ordem havia perdido a esperança de que ele fosse aparecer, considerando que pessoas, tanto bruxos quanto Trouxas estavam desaparecendo por toda a Grã-Bretanha.

"O mundo não está separado em pessoas boas e Comensais da Morte," Sirius murmurou baixinho. "Marcado ou não, ainda acho que ele é um deles."

Kingsley balançou a cabeça em compreensão. "Bem, se ele realmente for, é por isso que estamos todos aqui, não é? Ele só pensa que está sendo monitorado por Pettigrew e Macdonald."

Foi exatamente o que Wilkes havia dito.

Peter e Mary eram o par menos intimidador de toda a Ordem. Até as bruxas e bruxos mais velhos, como Dumbledore, Dorcas e Aberforth, intimidavam bastante. Na maioria dos dias, Peter mal parecia capaz de amarrar seus próprios cadarços, e Mary - apesar de seu temperamento - aperfeiçoara o ato de parecer não ameaçadora.

Wilkes fora informado de que, como era para ser uma reunião só com ele e com alguns subordinados, Peter e Mary iriam acompanhar e assistir de perto.

Sirius sugeriu que um par de aurores estivesse dentro do prédio com Wilkes, mas foi ignorado pelo grupo. Peter e Mary, embora capazes de se virar por conta própria, se tornaram o par mais não ameaçador, deixando Wilkes à vontade - e, portanto, com maior probabilidade de escorregar caso ele decidisse jogar nos dois lados. Moody queria que a equipe de Aurores lá fora localizasse quem chegasse. Se fosse uma armadilha, os Comensais da Morte provavelmente teriam que erguer feitiços do lado de fora do edifício. Para alívio de Sirius, Wilkes não foi informado de que James e Lily o seguiam, escondidos sob a Capa de Invisibilidade ao sul de Peter e Mary; nem sabia que Alice e Frank estavam acampados na entrada dos fundos do prédio, enquanto Sirius e Kingsley monitoravam a frente.

Kingsley deu um tapinha no ombro de Sirius. "Você precisa relaxar, companheiro."

Sirius rosnou em resposta. "Dois dos meus melhores amigos e a garota que considero minha irmã estão lá."

Uma parte dele estava se perguntando ultimamente se ele ainda considerava Peter um de seus amigos mais próximos. Desde que se formou, Wormtail lentamente se separou do grupo e certamente não ajudou a amizade deles que Sirius o tivesse atacado quando Remus quase morreu. James os forçou a fazer as pazes e apertar as mãos e, apesar de fingir que as coisas estavam voltando ao normal, Sirius simplesmente não estava tão perto de Peter quanto quando eles eram crianças. Com toda a honestidade, hoje em dia ele se sentia mais próximo de Frank do que de Wormtail. Ao ouvir a voz de James em sua cabeça, reprovadoramente dizendo para ele ser um amigo melhor, Sirius fez uma anotação mental para trabalhar em passar mais tempo com Peter.

"Todos nós temos pessoas que amamos que correm riscos, Black," disse Kingsley em um tom gentil que Sirius apreciou. Foi bom ter sido colocado com alguém que poderia fazer o trabalho e não se importar com as opiniões e preocupações de Sirius.

"Eu ainda acho que foi estúpido deixar Remus fora disso."

Kingsley assentiu em concordância. "Eu sei. Mas você conhece Moody. Engane-o uma vez..."

"Porra, quando isso vai acabar?" Sirius gemeu enquanto ajustava sua posição. "Eu só quero chegar em casa."

"Ah, para a linda Srta Mia?" Kingsley balançou as sobrancelhas.

Sirius bufou. "Com ciúmes?"

"Sempre," disse Kingsley com um sorriso. "Ela é uma bruxa linda, talentosa e, francamente, um pouco aterrorizante." Ele riu alto, como um profundo estrondo.

Sirius sorriu sombriamente. "Amigo, você não tem ideia do que aquela garota é capaz."

Ele imediatamente pensou na última briga deles, onde ele não havia lavado a louça e declarou que, se ela deixasse que ele pegasse um elfo doméstico, eles não teriam esses problemas. Ele sabia que isso a provocaria, e ele estava certo. Ele provocou e provocou até que o cabelo dela soltou faíscas e ela jogou um prato na cabeça dele. Sirius a jogou por cima do ombro e a levou para o quarto deles, onde ela começou a puni-lo adequadamente por sua insolência e má atitude. Uma hora depois, como ainda não havia pratos limpos, Sirius comeu um pouco mais de sorvete de morango direto do pote.

"Quando você vai propor?"

Irritado, Sirius chutou Kingsley na canela. "Idiota. Você é mais fofoqueiro do que a Mary. O que te faz pensar que eu vou propor?"

Kingsley riu. "Porque Potter fez."

"Eu não faço tudo o que James faz."

Kingsley olhou para ele incrédulo antes de levantar uma sobrancelha.

"Vai a merda," Sirius resmungou. "Eu não faço. Eu sou Auror e ele não é. Eu posso tomar minhas próprias decisões, você sabe."

"Qual a sua decisão em relação à sua bruxa?"

"Não é da sua..." Sirius se virou, estreitando os olhos, quando seus ouvidos pegaram alguma coisa. Ele viu um breve flash de vermelho através de uma janela suja do prédio. "Você viu aquilo?"

Ao irromper pela porta, ele e Kingsley foram recebidos, não pelos membros subordinados, mas por Comensais da Morte totalmente marcados, encapuzados e mascarados lançando maldições à esquerda e à direita. Peter e Mary não estavam em lugar algum e Wilkes não parecia estar lá.

Em vez disso, Sirius viu James e Lily enfrentando quatro Comensais da Morte. Pelo som da gargalhada vinda de um deles, ele sabia que Bellatrix estava lá. Outro tinha um longo cabelo loiro espreitando por trás da máscara e Sirius rosnou.

"Malfoy".

"Longbottoms, deem cobertura para Potter e Evans!" Kingsley ordenou. De repente, Alice e Frank entraram na visão de Sirius, correndo para a batalha. "Black, encontre Pettigrew e Macdonald!"

Sirius assentiu, apesar de tudo dentro dele parecer precisar estar ao lado de James. Ele viu quando Alice e Frank entraram em ação, protegendo um ao outro enquanto se moviam em direção a James e Lily. Só então ele percebeu que os outros dois Comensais da Morte não estavam realmente brigando. Um estava jogando azarações tão longe da linha de batalha que Sirius se perguntou se havia alguém naquele canto que ele não conseguia ver. O outro estava duelando corretamente, em um estilo familiar, só que do ângulo que Sirius estava olhando, parecia que ele estava propositadamente desviando maldições que estavam sendo lançadas a Lily e James por Bellatrix e Malfoy.

"Não fique aí parado, seu idiota!" Malfoy gritou por baixo da máscara para o menor Comensal da Morte do grupo. Ele estendeu a mão e agarrou o mago mascarado pela garganta e o jogou violentamente para o lado onde ele colidiu com o canto de uma porta.

Quando ele atingiu a borda, sua máscara rachou e caiu de seu rosto, e os olhos de Sirius se arregalaram. Um par de olhos cinzentos iguais aos seus o encararam de volta.

"Sirius," Regulus sussurrou, e seu rosto ficou sem cor.

"Vocês!" Sirius rosnou e apontou a varinha para o irmão mais novo, olhando para as vestes do garoto que haviam sido rasgadas em sua queda, revelando a Marca Negra tão clara quanto o dia. O estômago de Sirius girou com a visão, e ele lançou um Stupefy em silêncio para o irmão Comensal da Morte. "Regulus, seu maldito idiota!"

"Sirius! Pare!" Regulus implorou, conjurando um escudo.

"Seu filho da puta!" Sirius avançou, esquecendo o fato de que ele deveria estar procurando por Peter e Mary. Ele não conseguia pensar direito. Tudo o que ele podia ver era Lily caindo no Lago Negro, Mia soprando a vida de volta para o corpo dela. Ele viu Comensais da Morte cercando seu próprio corpo enquanto sangrava no chão em Grimmauld Place, com Walburga implorando a Voldemort para poupar Regulus. Ele viu a cicatriz de Mia - sangue ruim - cortando seu braço.

"Caramba, Sirius!" Regulus gritou enquanto se desviava dos ataques da melhor maneira que podia. Sua menor estrutura e os reflexos de Apanhador estavam se mostrando bons para duelos, e a falta de controle de Sirius não estava ajudando no ataque ao irmão mais novo. "Pare! Eu preciso - seu idiota, imprudente - Sirius, vocês estão sendo traídos!"

"Não brinca!" Sirius bateu e jogou Regulus no chão. As duas varinhas caíram das mãos.

Regulus ainda estava revidando, esquivando-se de socos. "Pare! Irmão, eu posso explicar-"

"Eu não sou seu maldito irmão!" Sirius gritou e lançou um punho cerrado no rosto de Regulus, sentindo o barulho satisfatório da cartilagem. Com Regulus sangrando no chão, Sirius convocou sua varinha e se levantou, apontando-a para baixo.

"Espera!" Regulus implorou, olhos arregalados.

Sirius hesitou apenas uma fração de segundo a mais e Regulus recuperou sua varinha bem a tempo de lançar outro escudo.

"Não é o que você... Porra, para de me atacar, seu idiota! Estou tentando lhe dizer que estou saindo e tenho informações que sua preciosa Ordem precisa."

Sirius ficou chocado com as palavras, mas ele não as levou a sério. Uma vez Comensal da Morte, sempre Comensal da Morte. "Você é um merda de tão covarde! Você sai e se junta aos malditos Comensais da Morte e quando fica demais, você volta. O quê? Não gostou de torturar seus familiares em sua própria casa? Acha que foi por acaso? Um dia de folga em que Bellatrix ficou entediada? Não! É isso que eles fazem! É isso que VOCÊ faz! Stupefy! "

"Protego! Eu não! Eu nunca..." Regulus abaixou a varinha. "Eu-eu não... Não mais. Sirius, eu quero sair!"

Tremendo de raiva, Sirius lutou com a imagem na frente dele. Regulus, um Comensal da Morte, seu irmãozinho. Ele não estava falando seu desdém habitual, mas parecia em pânico e com medo. Sirius não conseguia conciliar a expressão dele com a Marca Negra aparecendo no antebraço. Ele se moveu para atacar e só parou quando viu o menor sinal de cicatriz no pescoço de Regulus e de repente ele pôde ouvir a voz de Mia em sua cabeça.

"Eu cuidei da ferida no pescoço dele, disse para ele procurar um pouco de Dittany para que não ficasse uma cicatriz. Sim, Sirius, eu cuidei do seu irmão para que ele não tivesse uma cicatriz. Você talvez tenha uma ideia de como eu me sinto em relação a cicatrizes."

Por que Mia cuidou de Regulus?

O breve momento de misericórdia dela com irmão mais novo fez Sirius duvidar de si mesmo.

"Sai de perto de mim ou eu vou te matar," ele disse em uma voz baixa e ameaçadora.

Regulus arregalou os olhos, chocado por Sirius recuar. Em vez de avançar para o ataque como Sirius esperava, Regulus recuou e abaixou a varinha. "Eu vou te provar. Juro. Enquanto isso... diga a Evans que sinto muito," disse ele e desapareceu em uma nuvem de fumaça negra.

"Porra!" Sirius gritou de frustração e depois voltou para a luta. "Peter! Mary!" Ele olhou por cima do ombro e viu Lily e Alice lançando vários feitiços em Malfoy e Bellatrix, além de mais três Comensais da Morte que apareceram. Ele não sabia onde Frank e James estavam e quando estava prestes a procurar seu melhor amigo, ouviu Peter gritando por ele.

"Padfoot! Me ajuda!"

Sirius se virou e notou seu amigo enfiando a cabeça por trás da porta de uma pequena sala. A parede tinha sido explodida em vários pedaços e Sirius correu, se escondendo atrás dela enquanto evitava uma maldição que voou sobre sua cabeça. Quando deu uma boa olhada em Peter e Mary, sentiu o sangue sumir de seu rosto.

Peter parecia pronto para vomitar enquanto embalava Mary em seus braços, lágrimas escorrendo pelo rosto sujo. Ela estava sangrando profusamente, com a pele pálida. Seu corpo estava tremendo, os olhos tremulando enquanto ela entrava e saía da inconsciência. Ainda assim, ela parecia estar lutando contra o domínio de Peter, provavelmente querendo voltar à luta. Mary sempre foi uma lutadora. Sua varinha estava perto do pé de Peter, quebrada na metade. Sirius se perguntou se ela teria sido destruída junto com o quer que tivesse explodido a parede em pedaços.

"Padfoot. Aj-ajuda. E-Eles acertaram ela com..." Peter gaguejou enquanto olhava para a garota em seus braços. "E-ela está em choque."

"Mary?" Sirius se ajoelhou do lado da garota, pegando seu rosto gentilmente nas mãos. "Mary, amor, olhe para mim," ele implorou em lágrimas. Ele forçou um sorriso quando seus olhos azuis se abriram para olhá-lo. "Olá, linda. Você consegue, ok? Vou pedir uma ajuda. Pete, o que aconteceu?"

"W-Wilkes... Foi uma armadilha."

"Onde ele está?" Sirius rosnou.

"Lá." Peter apontou para a parede dividida e Sirius deu uma olhada, notando outra sala anexa. "Eu tentei, mas... Mas eu..."

"Está tudo bem, parceiro." Sirius deu um tapinha no ombro de Peter. "Eu vou te dar uma cobertura e você sai daqui." Ele deu outra olhada, notando que Lucius e Bellatrix foram embora, deixando para trás os outros três Comensais da Morte que haviam parado de brigar, mas estavam olhando em volta. James, Lily, Alice, Frank e Kingsley não estavam lá.

"Eles levantaram feitiços Anti-aparatação," Peter murmurou. "Específico para isso. Tentamos sair quando Wilkes deu o bote." Peter olhou para Mary quando ela se esforçou para falar. "Shhh... Está tudo bem. Wilkes acertou Mary e então alguém..." Peter levantou o braço esquerdo e Sirius viu um grande corte na pele.

"Está bem." Sirius gentilmente puxou Mary dos braços de Peter e a colocou no chão ao lado da parede. Ela soltou um grito doloroso e Sirius franziu a testa. "Pete, corre; saia da área dos feitiços. Vou tirar Mary daqui."

"Eu posso levá-la," insistiu Peter.

"Não, Wormtail, você está ferido. Deixe Mary aqui e vai." Quando viu Peter hesitar novamente, ele falou alto, "Peter, vai!"

Com a varinha erguida, ele viu Peter atravessar a porta, indo para a saída. Os três Comensais da Morte aparentemente desapareceram no breve período em que Sirius planejava como evitá-los. Ao ver Peter correndo, Wilkes saiu do esconderijo e estreitou os olhos.

"Pettigrew!" Wilkes gritou, apontando a varinha para as costas de Peter. "Seu rato!"

"Avada Kedavra!" Sirius gritou e uma luz verde saiu de sua varinha, atingindo Wilkes no peito antes que o Comensal da Morte pudesse lançar a mesma maldição no seu amigo. O corpo de Wilkes caiu no chão e Sirius de repente se sentiu doente. Seus joelhos cederam e ele caiu no chão. Somente a visão do corpo trêmulo de Mary o tirou de seu estupor.

"S-Sirius ..."

"Mary, oh Merlin, me desculpe," ele disse, tentando acomodá-la em seus braços para que ele pudesse tirá-los de lá. Quando ele se levantou, ela soltou outro grito de dor e Sirius olhou para baixo e viu que o sangramento do estômago era pior do que ele pensava. Ela e Peter devem ter sido atacados quando chegaram para que ela estivesse sangrando tanto.

"Siri... Sirius... Arm-armadilha..."

"Eu sei." Ele piscou por trás das lágrimas enquanto a carregava para algum lugar seguro. "Eu sei, Wilkes nos traiu. Eu sinto muito, Mary, eu... eu não sei o que fazer," ele admitiu enquanto andava no meio de vidros e pedaços de parede, porta... até a entrada do prédio.

"Pe-Peter..." Mary murmurou. "Peter..."

"Está tudo bem," Sirius se abaixou para dar um beijo na testa da amiga, notando como a pele dela estava fria. "Peter saiu em segurança. Só machucou o braço, mas vai ficar bem."

Os olhos de Mary lacrimejaram e ela deixou escapar outro choro antes de murmurar, "N-não. Peter... Armadilha."


9 de Maio de 1979

193.457 Grãos de Areia Restantes

Mia não sabia por que a morte de Mary a surpreendeu. Tão próxima quanto Mary era do resto deles, Mia deveria saber que ela tinha morrido na guerra. Uma bruxa como Mary não teria permitido que Harry fosse criado por Petunia e Vernon Dursley. Não, Mary teria morrido na guerra. Mia deveria saber; ela estava certa de que uma parte dela sabia, mas decidiu viver em negação e empurrou essa informação para o fundo de sua mente, onde mantinha uma lista contínua de pessoas que não iriam sobreviver.

Ela se concentrou naqueles que sobreviveriam.

Sirius e Remus.

Harry.

Sirius havia caído em uma série de pesadelos após a morte de Mary e sua primeira morte. Moody estava realmente orgulhoso dele por acabar com um Comensal da Morte e um espião, protegendo um deles no processo. Ele recebeu muitos parabéns da maioria da Ordem, mas Mia podia ver que aquilo estava destruindo uma parte dele.

No dia seguinte ao ataque, Kingsley havia parado para falar com Sirius, o que Mia apreciou, porque o que quer que o Auror mais velho tivesse dito ao namorado começou a tirá-lo um pouco da escuridão. Ele era um Auror e eles estavam em guerra. Pessoas morrem em guerras. Às vezes era matar ou morrer; Mia sabia disso. Foi Sirius quem disse isso à ela quando ela caiu na mesma escuridão após matar acidentalmente Crabbe Sr na batalha final em 1998.

Ao contrário de Dorea e Charlus, ou qualquer outra pessoa que eles haviam perdido para a guerra, Mary não ia ter um funeral. Ela foi a única morta naquele dia e os Comensais da Morte estavam cientes disso. Como Mary não tinha membros da família sobreviventes, isso significava que a Ordem da Fênix estava encarregada de seu enterro. Ter um grande funeral atrairia apenas o tipo de atenção que mataria mais deles.

James, Sirius, Remus e Peter se ofereceram para cuidar de enterrar Mary. Sirius e Peter queriam fazer isso sozinhos, sendo os dois últimos que a tinham visto viva, mas James e Remus insistiram em estar lá para apoiar seus companheiros Marotos.

"Lily e Alice também não vão," Sirius disse enquanto Mia o ajudava a vestir sua capa de viagem. "Tanto Frank quanto Alice estarão no Ministério com Moody como uma distração. Lily também."

Mia entendeu. "Provavelmente é o melhor. Não quero que nenhum de vocês vá, mas... é Mary e alguém precisa vê-la devidamente enterrada."

"Quando capturarmos os bastardos que fizeram isso, daremos um funeral real para ela." Remus prometeu enquanto colocava a mão no ombro de Sirius. "Por enquanto, só precisamos cuidar dela. Ela não tinha família, apenas parentes distantes, na verdade. Tem certeza de que está tudo bem em você ficar?"

"Eu estou bem," Mia mentiu. "Como você disse, não é um funeral de verdade, apenas um enterro. Quando a guerra acabar, todos nós sofreremos juntos..." Ela fez uma pausa quando seu peito se apertou dolorosamente. "Sobre todo mundo que perdemos. Enquanto isso, só precisamos seguir em frente, nos recompor e lutar".

Sirius ofereceu um sorriso triste antes de se inclinar e beijar o canto da boca dela. "Minha garota feroz."

"Ei, vocês estão prontos?" James perguntou quando saiu da lareira, seguido logo por Peter.

Remus inclinou a cabeça para James e depois olhou para Peter. "Como está o braço, Pete?"

Peter esfregou o curativo ao redor do antebraço. "Melhor, obrigada. Os curandeiros disseram que pode levar um longo tempo para curar. Talvez nunca, mesmo. Disse que deve ter sido uma maldição sombria que me atingiu."

Seus olhos lacrimejantes foram para o antebraço exposto de Mia que dizia Sangue-ruim. Ela parou de se preocupar em cobri-lo, especialmente quando sabia que Peter estaria por perto.

Sirius suspirou. "Vamos indo logo. Terminar com isso."

Todos os quatro bruxos se viraram para sair.

"Peter," Mia chamou atrás dele. "Você poderia esperar um minuto? Eu gostaria de ter uma palavra com você."

Nervoso, Peter olhou para Sirius.

"Está tudo bem," Sirius sussurrou. "Ela me disse que só quer agradecer por tentar ajudar Mary." Ele deu um tapinha nas costas de Peter antes de olhar para Mia, que estava sorrindo docemente para os dois.

"Uh, claro." Peter assentiu. "Vocês vão na frente, eu te encontro lá."

"Amo você, gatinha." Sirius sorriu para Mia antes de entrar na lareira.

Mia sorriu de volta para ele. "Te amo."

James se inclinou e beijou sua bochecha. "Amo você, Mia."

"Eu amo você, Jamie."

"Te amo, Mi", Remus disse enquanto passava por ela, beijando o topo de sua cabeça antes de seguir os outros para o Flu.

"Te amo."

Um breve momento de silêncio passou entre os dois deixados sozinhos no apartamento enquanto Mia olhava para as chamas verdes que desapareciam lentamente.

"Estranho, não é?" Sua voz quebrou o silêncio e seu tom de voz antes amável ficou frio. "Você sente isso? Tanto amor. E eles sempre foram assim. Desde o primeiro momento desde que fui adotada, Jamie estava ali me abraçando forte e me chamando de irmã. Sirius estava lá, me levantando do chão com um joelho esfolado, sorrindo aquele sorriso radiante dele e oferecendo um lenço. E Remus, com tanto medo e ainda tão disposto a confiar em mim. Isso é amor. Isso é família. "

Peter sorriu e assentiu em concordância. "Sim."

"Você não faz parte desta família, Peter."

Seus olhos se arregalaram em choque. "O quê?"

Mia caminhou lentamente em sua direção, não o leão perseguindo uma gazela na mata, mas uma serpente se movendo em direção a um rato nos arbustos. Ela não correu para ele com os punhos cerrados, como havia feito com Draco e repetidamente com Snape. Ela deslizou. Ela era filha de Dorea Potter e não seria sua mordida que mataria... mas o seu veneno.

"Você teve a chance, é isso que eu não entendo. Pais puro-sangue, e apenas um deles parecia ter uma afinidade com as Artes das Trevas. No entanto, você não se importou muito no começo, não é? Você só era egoísta, ganancioso e ansioso em agradar, desde que o mantivesse nas boas graças daqueles que poderiam protegê-lo."

A cada passo que ela dava em direção a Peter, ele instintivamente recuava como se a sala estivesse se fechando sobre ele. "Durante todo o tempo de Hogwarts, eu assisti enquanto você lambia ansiosamente aos pés do meu irmão, se aquecendo na sombra de Sirius e elogiando os esforços de Remus para ser seu amigo, enquanto revirava o nariz com nojo pelo fato de ele ser um lobisomem, ou por Lily e eu sermos sangue-ruim."

Peter se encolheu com a palavra. "Eu-eu... Mia, eu não..." Ele continuou se movendo para trás até atingir a beirada da lareira de tijolos.

Ela estendeu a mão, tirando o cabelo que caíra sobre os olhos dele, as mãos macias, quase afetuosas como se ela não estivesse olhando para ele como se ele fosse algo que ela estava tão ansiosa para esmagar sob seus pés.

"Você está com medo agora? Você está aí, mentalmente, contando as várias maneiras que eu poderia te machucar? Imaginando se eu poderia ter colocado algo em sua comida ou bebida recentemente?"

Os olhos de Peter se arregalaram.

"Você sabe que eu poderia fazê-lo. Fiz isso na escola com bastante frequência. Você está se perguntando se eu vou lhe entregar uma Tele-Portkey? Quer saber se talvez - apenas talvez - eu realmente tenha dado uma para a Lula? Você sabe nadar, Peter?" A menor sugestão de um sorriso perigoso apareceu no canto de sua boca. "Você pode nadar para fora da barriga da besta?"

"Eu-eu preciso ir..." Peter gaguejou, seu corpo tremendo.

"Sim, enterrar Mary."

Ela suspirou e deu um passo para trás.

Peter soltou um suspiro de alívio e caiu um pouco para a frente.

"Mas você já fez isso, não fez?" Ela desafiou, os olhos voltando-se para ele mais uma vez. "Trouxa, nascido-trouxa ou traidor de sangue: essas são as opções de sacrifício. Como está a sua ferida, Peter?"

"Não!" Peter gritou e tentou se mover quando ela alcançou o braço dele, mas os reflexos dela eram mais rápidos e ela o agarrou, enfiando os dedos no curativo.

"Precisa de uma varinha para chamá-lo aqui ou pode simplesmente tocar?" Ela apertou com mais força, observando enquanto ele chorava de dor. "Eu acho que você precisa de uma varinha, não é? Isso? Isso provavelmente doi como o inferno." Ela apertou novamente e sentiu um breve momento de alegria quando os joelhos dele dobraram sob ele. "Deixe-me perguntar novamente, Wormtail... Você está com medo?"

Ele olhou nos olhos dela e baixou a cabeça. "S-Sim. Por favor, Mia..."

Seria muito fácil, ela pensou. Ele está bem aqui. Mate ele. Mate ele. Mate-o como ele matou Cedric. Como ele matou Mary.

Mia mentalmente fez as equações em sua cabeça mais uma vez. Se Wormtail morresse, ele não se tornaria Fiel do Segredo. Outra pessoa seria. Não Sirius, porque Sirius ainda iria sugerir que eles mudassem. Seria outra pessoa tão indigna de confiança quanto Wormtail? E se eles mudarem os planos? E se Voldemort chegar mais cedo? E se Lily não estiver lá para proteger Harry? E se Harry morrer?

E se? E se? E se? E se? E se?

Não.

Mia sabia que não podia. Ela tinha que manter Harry a salvo. Ela prometeu a James. Mesmo que isso significasse perder todo o resto, Harry precisava viver. Ela não podia matar a sangue frio. Não assim. Nem mesmo Peter Pettigrew.

Toda ação que fazemos é a causa do destino, viagem no tempo não mudará nada.
O que está destinado a acontecer, vai acontecer, independentemente de como aconteça.

"Você acha que se eu decidir não te matar agora, isso contaria como um débito de vida?" Mia perguntou, soltando o braço de Peter e ignorando quando ele o segurou contra o peito. "Não. Provavelmente não. Eu me pergunto... Peter, você acha que se eu decidir te matar pelo o que você fez e pelo o que você vai continuar fazendo... ele te salvaria? Será que Voldemort sequer se importaria se você morresse?" Ela rosnou para ele quando ele recuou com a menção da palavra. "Não trema com o nome dele, seu covarde!"

"Eu sinto muito, Mia," Peter disse, choramingando. "Eu estava... Você não entend- eu sinto muito."

"Eu também sinto. Sinto muito pela minha contribuição em deixar você se tornar... isso." Ela apontou para ele com desgosto. "Talvez eu pudesse ter sido uma amiga e te salvado, mas de alguma forma eu acho que isso não teria adiantado. Sirius foi criado por supremacistas e ele se rebelou. Remus é classificado como uma criatura das trevas e, mesmo assim, ele é o homem mais gentil que eu conheço. Jamie, bom, ele é mais poderoso do que aparenta e ele é o rosto da bondade. Você teve todos eles para te inspirar, para se espelhar, para pedir ajuda, e mesmo assim..." ela balançou a cabeça e olhou para longe dele.

"Mia-"

"Vocês deixar algo claro agora, Wormtail: eu não confio em você. E por alguma razão que aparentemente apenas o Destino sabe, eu decidi não te matar nesse momento." Ela o encarou, sentindo sua magia vibrar na ponta de seus dedos. "Você é um covarde e um traidor. Você vai embora. Depois que você enterrar Mary e fingir chorar a morte dela como se não tivesse sido você a assassiná-la, você vai ficar longe da minha família ou eu vou terminar o que comecei quatro anos atrás na Casa dos Gritos."

Ela não conseguiria impedir Peter Pettigrew de trair seu irmão e a família dele. Mas ela não precisava olhar para o rosto dele na mesa do café da manhã, fingindo não conhecer o destino de Moony, Wormtail, Padfoot e Prongs.

193,439 Grãos de Areia Restantes.