ECOMODA
08:15 AM
Uma semana depois

[Som de Feliz Navidad – Thalía & Michael Bublé]

Sofia e Sandra estão arrumando uma grande árvore de Natal próxima ao elevador enquanto Freddy segura a caixa de enfeites, fazendo passinhos de dança.

SANDRA: - Freddy, será que você pode parar quieto?
FREDDY: - Perdoe-me, mas desculpe-me, Sandrinha, o que você precisa entender é que as canções natalinas como esta são feitas para serem disfrutadas não só pelos ouvidos mas pelo corpo inteiro.
SOFIA: - Você vai desfrutar é de uma boa dor de cabeça quando deixar cair essa caixa e quebrar todos os enfeites!

As portas do elevador se abrem e Betty entra, segurando a bolsa.

BETTY: - Bom dia!
TODOS: - Bom dia, Betty!

Betty observa a árvore.

BETTY: - Meu Deus, que dia é hoje? Nem percebi que o Natal já estava tão próximo.
FREDDY: - Minha querida doutora Betty, tomamos a liberdade de montar a digníssima árvore de Natal da Ecomoda, por se aproximar tão almejada data festiva. Perdoe se não a consultamos.
BETTY: - Imaginem, não tem problema nenhum. E vocês nem precisavam fazer isso, podíamos pedir para um funcionário da manutenção fazer o trabalho.
SANDRA: - Ah, não, Betty, não é trabalho nenhum.
SOFIA: - Além disso, quem mais além da Sandra ia alcançar no topo da árvore para colocar os enfeites, me diz?

Sandra se irrita e põe as mãos na cintura. Betty tenta não rir e esconde a boca com a mão.

SANDRA: - Pois é, e só a Sofia não fica com dor nas costas pra colocar os enfeites na parte de baixo, não é mesmo Sofia?

Sofia fica indignada e as duas começam a discutir. Betty e Freddy riem.

As portas do elevador se abrem novamente e Armando sai, carregando a maleta. Ele observa a discussão sem entender.

ARMANDO: - Ei, ei, que gritaria é essa aqui?

Sofia e Sandra param de discutir imediatamente.

SOFIA: - (DISFARÇANDO) Não é nada não, seu Armando.
SANDRA: - É que certas pessoas não tem noção da realidade e se esquecem de se meter com pessoas do seu tamanho, doutor.

Sofia abre a boca para responder, mas Armando a silencia.

ARMANDO: - Chega. Não quero mais ouvir discussão, ainda mais a essa hora da manhã.
SANDRA E SOFIA: - Sim, doutor.

Betty está olhando para baixo, mordendo o lábio e se segurando para não rir. Armando se aproxima dela.

ARMANDO: - Bom dia, doutora.

Betty olha para ele com cara de riso.

BETTY: - Bom dia, doutor.

Armando a segura pela cintura, se aproximando para beijá-la. Betty vira o rosto e Armando acaba beijando-a na bochecha. Ele estranha. Betty o ignora, se virando para os funcionários.

BETTY: - Bem, vou para minha sala. Bom dia a todos.

Betty sai caminhando na direção de sua sala. Armando olha para ela sem entender. Betty se vira e dá uma piscadinha sedutora para Armando.
Armando a observa se afastar, mordendo o lábio. Freddy a observa também, igualmente encantado. Os dois vão se esticando ao mesmo tempo, acompanhando os passos de Betty até ela entrar na presidência.
Armando olha para Freddy e ao perceber que ele observava Betty, se irrita.

ARMANDO: - (GRITANDO) Freddy!

Freddy dá um pulo de susto, deixando a caixa de enfeites cair no chão.

FREDDY: - (TREMENDO) Doutor?!
ARMANDO: - (GRITANDO) O que você está fazendo? Recolhe essas coisas já!
FREDDY: - (TREMENDO / NERVOSO) Sim, doutor. Imediatamente.

Freddy começa a recolher os enfeites.

ARMANDO: - (GRITANDO) Sofia!

Sofia se aproxima, nervosa.

ARMANDO: - Desliga esse rádio, porque eu não suporto essa música.
SOFIA: - Sim, doutor.

Sofia se aproxima do rádio e o desliga. A música cessa.

ARMANDO: - Sandra!
SANDRA: - Sim, doutor?
ARMANDO: - Porque você é tão alta, hein?

Armando sai, sem nem ouvir a resposta.

SANDRA: - É que é de família, doutor...

Freddy e Sofia riem. Sandra revira os olhos.

SANDRA: - Meu Deus, esse homem veio hoje com um humor...
SOFIA: - Ah, não ligue pra ele, vamos voltar para a árvore.
SANDRA: - Se é que sobrou algum enfeite, né senhor Freddy?

Freddy resmunga, juntando os enfeites do chão.


Presidência da Ecomoda
08:30 AM

A porta da sala de reuniões se abre e Armando coloca a cabeça pra dentro da presidência.

ARMANDO: - (FALANDO ALTO) Doutora Pinzón!

Betty olha para Armando por cima das lentes dos óculos. Ele entra, fechando a porta.

ARMANDO: - Posso saber que espetáculo foi aquele lá fora?
BETTY: - Espetáculo?

Armando para em frente a mesa dela.

ARMANDO: - (NEURÓTICO / FALANDO ALTO) Não se faça de desentendida, senhorita! Quer dizer que agora a você sai provocando os homens pelos corredores da Ecomoda, distribuindo piscadinhas aos funcionários e andando... andando...
BETTY: - Andando como?
ARMANDO: - Daquele jeito, Beatriz!
BETTY: - Que jeito?

Armando passa as mãos pela cabeça, totalmente neurótico. Betty se segura para não rir.

ARMANDO: - Daquele jeito insinuante, ora!
BETTY: - Mas eu estava caminhando normalmente, doutor.
ARMANDO: - E não me venha com essa de doutor! Já basta ter me negado um beijo!

Armando cruza os braços, emburrado.
Betty abaixa a cabeça e morde o lábio novamente, tentando não rir.

BETTY: - (DISSIMULADA) Mas é que eu acho que os corredores da Ecomoda não são lugares para isso, doutor Mendoza. Não é certo ficarmos dando espetáculos aos funcionários. O senhor não acha?

Armando descruza os braços e faz cara de sofrimento.

ARMANDO: - (SOFRENDO) Ai, Beatriz, porque você me faz isso, ahn? Porque me faz sofrer assim?

Betty se levanta e dá a volta na mesa. Ele se vira de costas para ela e cruza os braços novamente.

BETTY: - Armando...
ARMANDO: - (EMBURRADO) O quê?
BETTY: - Veja só onde estamos agora...
ARMANDO: - Hum...
BETTY: - Estamos os dois aqui...

Betty o abraça por trás. Ele continua de braços cruzados.

BETTY: - Na presidência...

Betty fica na ponta dos pés e beija o pescoço de Armando.

BETTY: - Fechadinhos...

Armando se vira para Betty e a agarra, a encostando na parede. Os dois se beijam apaixonadamente. Quando se separam estão ambos ofegantes. Armando fecha os olhos e encosta a testa na testa de Betty.

ARMANDO: - Betty, não me faz isso... você me mata do coração desse jeito...
BETTY: - (DESENTENDIDA) Que jeito?
ARMANDO: - Ai, Betty...

Armando respira fundo, tentando conter a excitação que Betty lhe causa.

BETTY: - Além do mais, que graça tem ter um namorado se a gente não pode fazer ele sofrer nem um pouquinho... (RI)

Armando ri e beija Betty novamente, agora mais calmo. Betty se afasta e passa a mão no rosto dele.

BETTY: - Meu amor, tenho uma coisa para perguntar... (TENSA) Onde você pensa em passar o Natal esse ano?

Armando se afasta de Betty, segura a mão dela e a puxa na direção do sofá.

ARMANDO: - Não pensei nisso ainda, meu amor. Na verdade com tantas coisas para resolver acabei esquecendo que estava tão próximo.

Armando e Betty sentam-se no sofá, lado a lado.

BETTY: - (COM A CABEÇA BAIXA) Imagino que você vai querer passar com os seus pais em Londres...
ARMANDO: - Betty...

Betty levanta a cabeça para olha-lo.

ARMANDO: - (CARINHOSO) Quer que passemos juntos?
BETTY: - (NERVOSA) Doutor, acho que o senhor tem que passar com a sua família, nós ainda estamos no estágio inicial do relacionamento, não posso pedir que o senhor deixe os seus pais para...
ARMANDO: - Beatriz, calma, calma. Você não está me respondendo a pergunta.

Betty respira fundo. Armando passa a mão no cabelo dela, colocando uma mecha para trás da orelha.

ARMANDO: - Bem, eu posso falar por mim quando digo que o que eu mais quero é estar com você. O dia de hoje, o de amanhã, o Natal, o Ano Novo, a Páscoa, o Domingo de Ramos, o dia da Batalha de Boyacá...
BETTY: - (FINGINDO SURPRESA) Nossa, até a Batalha de Boyacá?

Armando sorri.

BETTY: - Bem, eu acho que estarei ocupada nesse dia, mas vou reservar pra você o dia da Independência de Cartagena...

Armando finge uma cara de sofrimento e suspira.

ARMANDO: - Ai, que mulher exigente, meu Deus...

Os dois riem e se beijam.