N/A: A noite promete ser longa para o nosso casal favorito…
Apartamento de Armando
8:31 PM
Betty está sentada no chão, encostada no sofá, tirando várias objetos de uma caixa de papelão. Ao lado dela se ergue uma árvore de Natal, ainda sem nenhum enfeite.
Estrondo.
Betty inclina a cabeça e estica o corpo, tentando olhar para a porta da cozinha.
BETTY: - Armando?
ARMANDO: - (OFF) Maldita seja!
Betty ri.
BETTY: - Quer que eu vá aí te ajudar, meu amor?
ARMANDO: - (OFF) Não, não... Já estou indo...
Betty continua retirando os objetos da caixa, limpando o pó com uma flanela. Logo se percebe que são imagens para montar um presépio de Natal.
Armando aparece na porta da cozinha, todo enrolado em luzinhas pisca-pisca.
ARMANDO: - Betty, como é que é mesmo que falam... quando você quer desenrolar algo que está emaranhado?
Betty olha para ele e tem um ataque de riso.
Armando revira os olhos e entra na sala tentando desenroscar as luzinhas.
BETTY: - Ai, meu amor, quem vê você gritando pelos corredores da Ecomoda não imagina a fofura que você é.
Armando senta-se no chão, ao lado dela, concentrado nas luzinhas.
BETTY: - Além dos meus pais, tem mais alguém que você queira convidar pra Ceia?
Armando a ignora. Betty pára o que está fazendo e olha pra ele.
BETTY: - Armando?
ARMANDO: - (EMBURRADO) Que?
BETTY: - Não vai falar comigo?
ARMANDO: - (EMBURRADO) Beatriz, eu não sou fofo.
BETTY: - (RI) Ah, não?
ARMANDO: - (EMBURRADO) Não.
Betty esconde o riso e continua arrumando o presépio. Armando olha pra ela.
ARMANDO: - Então, me fala que coisa é essa que tem que fazer, pra conseguir desenrolar o que está enrolado...
BETTY: - Tem que pensar numa pessoa fofoqueira.
ARMANDO: - Ah, assim é fácil, vou pensar no Quartel das Feias inteiro!
Betty sorri. Os dois continuam o que estão fazendo por alguns instantes. Armando olha para ela.
ARMANDO: - Você acha mesmo que seus pais não vão se importar de passarmos a véspera de Natal aqui?
BETTY: - Não sei, meu amor. Mas eu quero muito que passemos aqui.
ARMANDO: - Quer?
BETTY: - Quero. Tenho vontade de construir lembranças com você nesse apartamento. Quero ter uma vida normal com o meu namorado.
ARMANDO: - Noivo.
BETTY: - O que?
ARMANDO: - Eu não sou só seu namorado agora, sou seu noivo, Beatriz.
Betty olha para ele, emocionada. Armando está concentradíssimo na tarefa de desenrolar as luzinhas. Ele sente que ela o observa e olha pra ela.
ARMANDO: - O que foi?
Betty solta o enfeite e se apoia no sofá, relaxando.
BETTY: - Sabe Armando, li uma vez que se pode dizer muito sobre uma pessoa pela forma como ela lida com três coisas: um dia chuvoso, bagagem extraviada e luzes de Natal emaranhadas.
Armando sorri.
BETTY: - Nunca vi sua reação com uma bagagem extraviada, mas já sei muito bem como você é nas duas outras situações.
ARMANDO: - E o que você concluiu sobre mim?
Betty dá um sorriso enigmático, baixando a cabeça e voltando a organizar o presépio.
ARMANDO: - Betty...
BETTY: - Hum?
ARMANDO: - Me fala.
BETTY: - O que, doutor?
ARMANDO: - Não se faça de desentendida, doutora. Ou terei que castiga-la.
Betty o ignora de propósito. Armando se aproxima dela e começa a beija-la no pescoço. Betty ri. Ele faz cócegas nela, que vai caindo deitada no tapete. Armando vai pra cima dela, a prendendo no chão.
ARMANDO: - E então?
BETTY: - Não vou dizer.
ARMANDO: - Porque?
BETTY: - Porque você não vai gostar.
ARMANDO: - (PREOCUPADO) Ai, Dios mio, Beatriz, você gosta de me maltratar, hein? Me diz!
Betty olha pra ele, levando a mão até os cabelos de Armando, passando a mão levemente. Armando sorri, carinhoso.
BETTY: - Bem, num dia como hoje, você achou que era uma boa ideia sair correndo debaixo de chuva, de mãos dadas comigo, rindo como um menino... Me pediu em casamento da forma mais linda que existe e em nenhum momento achou ruim estar todo molhado e possivelmente gripado. E agora você está concentrado em desenrolar essas luzinhas para o nosso primeiro Natal juntos... sem reclamar de nada. Você fez chá, esquentou meus pés gelados, me mima com todo esse cuidado e atenção aos menores detalhes... E eu me sinto, pela primeira vez, verdadeiramente acompanhada, sabe?
Armando sorri, encabulado. Betty passa a mão pela bochecha dele.
BETTY: - (SORRI) E depois de tudo isso, você ainda fica envergonhado, com as bochechinhas vermelhas, meu amor!
Armando sorri e vira o rosto para beijar a palma da mão de Betty.
ARMANDO: - E porque você disse que achava que eu não ia gostar? Eu amei o que você disse.
BETTY: - Bem, porque pra mim, isso só tem uma conclusão: vou me casar com o homem mais fofo que existe.
ARMANDO: - (INDIGNADO) Beatriz! Eu não sou fofo!
BETTY: - Porque não? Você é. Mas também pode ser mil outras coisas mais...
ARMANDO: - Como o quê?
BETTY: - (MORDENDO O LÁBIO) Como...
ARMANDO: - (CURIOSO) Como?
Betty se ergue do chão e roça o nariz no pescoço dele.
BETTY: - Cheiroso...
Armando fecha os olhos, arrepiado. Betty passa as mãos pelas costas dele, vagarosamente.
BETTY: - Gostoso...
Armando geme. Betty o beija, passando a língua sobre os lábios dele.
BETTY: - Delicioso...
Armando se agarra nela, a beijando apaixonadamente.
Betty grita e o empurra.
ARMANDO: - O que foi?
BETTY: - Você me espetou!
ARMANDO: - Betty, você me diz essas coisas e quer o quê?
BETTY: - (RINDO) Estou falando que me espetou com as luzinhas!
Armando senta-se no chão e começa a puxar as luzinhas.
ARMANDO: - (DESESPERADO) Beatriz, me ajuda a pensar em todas as fofoqueiras do mundo porque eu preciso tirar isso de mim agora!
