Ecomoda
05:45 PM

Bertha e Sofia estão sentadas à suas mesas. Bertha come salgadinhos sem parar, nervosa. Sofia tenta fazer cálculos, mas se irrita com o barulho de Bertha comendo.

SOFIA: - Bertha, pelo amor de Deus, você está me enlouquecendo!
BERTHA: - Enlouquecida estou eu com esses dois aí dentro da Presidência! Eu não aguento mais!

Sandra, Mariana e Aura Maria se aproximam.

MARIANA: - E aí, meninas, alguma novidade?
SOFIA: - Nada ainda.
SANDRA: - Será que o doutor matou a Betty?
SOFIA: - Ai, Sandra, que absurdo. Claro que não.
AURA MARIA: - (EMPOLGADA) Só se matou de amor, do jeito que esses dois estão…
MARIANA: - Pelo visto não é nada grave ou a gente já teria ouvido os gritos do seu Armando.

Inesita vem do ateliê de Hugo e se junta ao Quartel.

AURA MARIA: - Olha só, nem a Inesita aguentou a curiosidade!
INESITA: - Nada disso, minha filha, eu estou é indo embora.
SANDRA: - Não vai esperar pra ver o que era essa surpresa do seu Armando?
INESITA: - Por hoje chega, meninas, já me bastou o que vocês me fizeram passar com a Betty…

Sofia olha o seu relógio de pulso.

SOFIA: - Meu Deus, eles não vai sair dessa sala nunca? Que agonia!
AURA MARIA: - Pois eu estou dizendo, meninas, esses dois estão aí dentro se afofando!
INESITA: - Aura Maria!
BERTHA: - Ah, chega! Eu não aguento mais!

Bertha larga o pacote de salgadinhos e levanta. O Quartel fica olhando para ela. Ela pega um jarro com flores de plástico de cima da mesa. Tira as flores. Apoia o jarro na porta da presidência, colando o ouvido no vidro, tentando escutar.

INESITA: - Bertha, isso não se faz…
AURA MARIA: - (EMPOLGADA) Ah, o que é que tem?

Todas se aproximam de Bertha, empolgadas. Inesita balança a cabeça, mas também se aproxima. Ficam todas atentas.

MARIANA: - E então, Bertha?
BERTHA: - Fala baixo, se não eu não escuto nada!

Presidência da Ecomoda
5:50 PM

Betty e Armando estão sentados no sofá, conversando. Armando está com o braço ao redor de Betty e ela tem a cabeça encostada no ombro dele. Armando está segurando a mão esquerda de Betty, brincando com o anel no dedo dela.

BETTY: - Acho que o deixei um pouco surpreso com o que falei, mas eu precisava esclarecer algumas questões com o meu pai, principalmente no que se refere à minha liberdade…
ARMANDO: - E como ele reagiu?
BETTY: - Ele não disse nada, a princípio. Mas eu sei que tenho um longo caminho pela frente. Não vai ser fácil.
ARMANDO: - É difícil mudar a forma como um pai vê um filho. Boa parte de eu ter metido a Ecomoda nessa confusão foi por querer que meu pai olhasse pra mim da mesma forma que ele olhava para o Daniel Valência. Mas precisei passar por tudo isso pra entender que não era uma coisa unilateral. Que parte desse olhar vinha da forma como eu mesmo agia.
BETTY: - Sim… É complicado saber a origem porque não sei se a minha forma de ser vinha de toda essa proteção contra o mundo ou o contrário. Mas entender isso me ajuda a tomar decisões que façam sentido para mim daqui pra frente e que não sejam fruto do que outras pessoas querem.
ARMANDO: - Muito bem dito, meu amor. E você sabe que pode contar comigo para isso. Eu não quero ocupar o lugar do seu pai, mandando em você ou decidindo as coisas por você. Quero um casamento que nos coloque lado a lado sempre. Eu quero ser seu companheiro de jornada. Quero ser seu igual.

Betty se vira para Armando e coloca as mãos nos ombros dele, sorrindo.

BETTY: - Meu amor, você é inacreditável, sabia?
ARMANDO: - (SURPRESO) Porque, Betty?
BETTY: - Você nem parece o mesmo homem que não podia ouvir falar em casamento.
ARMANDO: - Beatriz, veja, aquele Armando Mendoza está morto e enterrado. Em troca você vai ter que lidar com este outro Armando Mendoza que precisa casar o mais rápido possível, antes que você pense melhor e resolva fugir.

Betty ri.

ARMANDO: - (PREOCUPADO) Você não me deixaria plantado no altar, deixaria?

Betty puxa Armando pela gravata.

BETTY: - (SEDUTORA) Jamais, doutor.

Betty beija Armando, apaixonadamente. Depois de instantes se afasta, passando a mão pelo casaco que Armando usa.

BETTY: - Você não tem idéia do quanto fica maravilhoso nesse traje de equitação, Armando…

Betty começa a abrir os botões do casaco de Armando, lentamente. Ele estremece, ficando com a respiração mais pesada.

ARMANDO: - (NERVOSO) Pois… Pois tive que continuar o pedido de casamento de onde tinha parado, não é, Beatriz?

Betty coloca as mãos por dentro do casaco, fazendo carinhos.

BETTY: - Sim, me encantou esse detalhe, doutor…

Armando fecha os olhos, tentando se controlar. Betty começa a beijá-lo no pescoço.

BETTY: - E cabe a mim continuar de onde parei essa manhã, não é?

ARMANDO: - (FECHA OS OLHOS) Quem sou eu pra me opor, doutora Pinzón…

Betty se afasta de Armando, olhando-o nos olhos.

BETTY: - E sabe o que mais me enlouquece nesse roupa, doutor?
ARMANDO: - (DESESPERADO) O quê?

Betty apoia as mãos nas coxas de Armando.

BETTY: - Essas calças apertadas.

Armando arregala os olhos.

ARMANDO: - Que Deus me ajude, pois me vou me casar com uma mulher que é uma força da natureza!

Armando se agarra em Betty, deitando sobre ela no sofá. Ela morre de rir enquanto ele a beija no pescoço, enlouquecido.

[corte]

Bertha arregala os olhos.

BERTHA: - (GAGUEJANDO) Vo… vo… vocês ouvi… ouviram?
MARIANA: - Ouviram o que, Bertha?
BERTHA: - (GAGUEJANDO) O que o seu… o seu… O seu Armando!
SOFIA: - O seu Armando o que?
MARIANA: - Ai, Bertha, que stress! Fala de uma vez!
BERTHA: - (OLHOS ARREGALADOS) ...
AURA MARIA: - Ai, Berta! Fala! O que tem o seu Armando?

Bertha olha para o Quartel com cara de boba. Abre a boca pra falar, mas não sai som.

INESITA: - Fala, minha filha, o que o doutor disse?
BERTHA: - Ele e a Betty vão se casar!

[corte]

Armando, deitado por cima de Betty no sofá, todo sujo de batom e Betty, um pouco descabelada, olham para a porta com os olhos arregalados enquanto ouve-se os gritos do Quartel.
Armando levanta-se e abre a porta.
O Quartel se afasta rapidamente da porta. Bertha esconde o vaso de flores atrás de si. Armando olha para elas, sério.

ARMANDO: - Pode-se saber o motivo da gritaria?

O Quartel percebe o batom no rosto de Armando e a roupa que ele veste. Sandra aponta para Armando, sem graça.

SANDRA: - Doutor, desculpe, mas o senhor…

Sandra não consegue completar a frase, tentando fazer sinais.
Betty se dá conta e começa a rir. Se aproxima de Armando e começa a limpá-lo. Os dois, descabelados e amarrotados, tentam se recompor.

AURA MARIA: - (NERVOSA) Dou-doutor Armando… Betty… nós não ouvimos nada, viu?

Todas começam a negar ao mesmo tempo. Armando, que está tentando fechar os botões do casaco sem conseguir, cruza os braços.

ARMANDO: - Ouviram o que de que?
SOFIA: - Ora, pois do casamento!
INESITA: - Sofia!

O Quartel repreende Sofia que tenta se explicar. Armando ri e puxa Betty para um abraço. Ela sorri.

BETTY: - Tudo bem, meninas, vocês iam ficar sabendo mesmo… (RI) Eu e o Armando vamos nos casar!

Todas fazem um "oh", emocionadas. Armando beija Betty nos cabelos, abraçado à ela. O Quartel festeja, abraçando os dois.

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