Tudo era muito confuso para Kara. Não era como se aquela realidade tivesse algo de errado mas a loira se sentia mal. A quantidade de vidas que ela alterou, tudo por querer realizar algo bom. E agora seu melhor amigo não existia mais, Maggie perdeu o emprego dos sonhos, Lucy havia se afastado, Kenny tinha uma esposa que não o amava na mesma intensidade que ele fazia, Lena estava carregando um bebê para a melhor amiga e a Kriptoniana não sabia como ser essa amiga.

Tudo que ela queria era voltar pra casa, para o tempo onde ela entendia as coisas que estavam acontecendo, onde todos os seus amigos estavam com ela, onde todos eram donos de seus próprios destinos ao invés de serem impostos a uma realidade estranha. A repórter só queria nunca ter deixado aquela ampulheta se quebrar, dessa forma não entraria em um conflito moral de salvar ou não Ken e não teria criado a confusão em que agora se encontrava. Infelizmente, devemos lidar com as consequências de nossas ações. Respirando fundo e chegando à conclusão que Alex não atenderia o celular, a garota saiu do banheiro para encarar o programa de tv que agora apresentava.

A sorte estava do lado de nossa heroína pois assim que saiu do lavabo, Lena veio em sua direção para conversarem porém antes que elas pudessem ter seu tão esperado diálogo, ambas foram puxadas para os camarins para se arrumarem. E quando a maquiagem e o cabelo estavam pronto… já era a hora de iniciar a transmissão do programa.

O cenário era tudo que a garota nunca imaginaria. Em vez de um amplo cômodo com sofás como de Ellen Degeneres ou Oprah, pelo contrário, tinha um cenário descompromissado com uma grande mesa onde todos puderam se sentasse. Para a sorte da Danvers mais nova, havia uma tela onde estava escrito o que deveria ser dito, sem aquilo, ela estaria perdida. A contagem regressiva começou e em três segundo o programa foi ao ar. A loira respirou fundo, colocou um sorriso no rosto e começou a ler o teleprompter:

_Boa tarde a todos, estamos começando mais um Super Mulheres. O programa de hoje é inédito e ao vivo por conta do mês em que estamos. O mês da parada é algo que para todos terem orgulho. Eu sou Kara Danvers, a apresentadora do programa. Nossas convidadas são Lena Luthor, uma referência quando o assunto é administração, ciência e também estilo de vida lésbico e Cat Grant, rainha das mídias, dona do estúdio e ícone da bissexualidade. Iremos abordar hoje a comunidade LGBTQ+ no mundo dos negócios e métodos de enfrentamento contra o preconceito. Também teremos duas notícias inéditas e direto da fonte que iram abalar todos os sites de fofoca.

Quando Kara terminou sua fala, iniciou a abertura do programa. E ela se sentiu orgulhosa, pelo que ela leu, seu programa não era fútil e fazia a diferença. Esse sentimento permeou durante a próxima uma hora e meia até ser chamado o último intervalo comercial e a produção informar que era a hora dos anunciamentos e que seria improvisado para ter mais verassidade.

Lena percebendo o nervosismo da kriptoniana, segurou a sua mão e dando um leve aperto disse:

_Não se preocupe, vou estar do seu lado o tempo todo, você não está sozinha. Você vai fazer a diferença hoje, Kara. Hoje vamos mudar a história, juntas vamos abrir as portas do futuro para vários garotos, garotas e qualquer outra pessoa que não se sentia representada. Vamos provar que toda forma de amor é valida e real. Ser diferente não significa ser infeliz mas significa ser especial. Você é especial, pra mim e para o nosso bebê.

O que nenhuma das duas percebeu é que já haviam saído do intervalo e todo o discurso de Lena tinha sido transmitido. Só foram perceber quando Cat tomou a palavra.

_Emocionante, não? Com esse discurso sobre diversidade, iniciamos as grandes revelações desta noite. Kara? É com você.

Chegou a hora, mas depois de tudo que Lena falou para a loira, ela sabia exatamente o que dizer. Iria falar aquilo que desejava ter ouvido quando chegou a terra. E foi dessa forma que ela começou:

_Durante muito tempo, eu tive que esconder quem eu era, para me encaixar, para não chamar atenção, para ser normal. Mas agora chega, eu não quero um padrão que me prenda, uma forma que me molde, um modelo que me normalize. Eu quero ser eu, em todas as minhas características, independente do que os outros iriam pensar. Porque como Lena falou, não quero mais ser comum, quero mostrar como sou extraordinária. Eu, Kara Lee Danvers, sou pansexual. Eu amo as pessoas independente do gênero. E não a nada de errado com isso. O ódio nunca será mais forte que o amor e é por isso que estou compartilhando isso ao vivo para milhões de pessoas. Porque eu sei o que se sentir mal consigo mesmo por não se adequar aos padrões e queria que alguém tivesse me dito isso. Então o que tenho a dizer a todos que me assistem é: sejam vocês mesmos. Visitam o que quiserem vestir, usem o nome que te permita sentir como você mesmo, amem sem se importar com os outros. Porque no final de tudo, a sim dificuldades no caminho mas é uma bela jornada pois é a sua jornada. Enquanto você não machuca os outros ou a si mesmo, não a nada errado no que você faz. O que nos leva a segunda revelação, Lena e eu temos um filho. Isso não significa que estou me separando de Ken, eu o amo e nada mudará isso. Eu não posso ter filhos mas a Lena sim e por isso nós três cuidaremos desta criança. E se você tem algum problema com isso, lide sozinho com os seus demônios. Não abrirei mão da minha felicidade apenas para que você não se choque.

Ela nem percebeu que estava chorando, apenas quando algo molhou sua mão que ainda estava segurando Lena. Como o clima parecia muito emotivo, Cat decidiu encerrar o programa ela mesma. E quando tudo estava terminado, a Luthor decidiu levar sua amiga pra casa já que ela estava muito abalada.

Dentro do carro, a CEO tentou distrair a loira com alguma conversa tranquila.

_E então, você vai pra casa da sua mãe no feriado? Eliza disse que está esperando todas nós esse ano. Minha mãe falou que Maggie foi pra lá hoje né?

A repórter franziu a testa. Como assim "nós"? E como Lilian sabia onde sua cunhada está? Kara perguntou confusa.

_Ir com você? Todas nós?

Lena sorriu.

_Sim, assim vocês não gastam dinheiro e vamos todas juntas. O anual jantar de primavera Danvers Luthor, você sabe. Pra comemorar o aniversário de casamento das nossas mães. Pra ouvirmos aquela mesma história de como minha mãe conheceu a sua em um grupo de apoio de trauma que a psicóloga dela recomendou por causa da morte do seu pai. Que elas se tornaram amigas e o relacionamento foi aflorando e acabaram se apaixonando pois uma entendia a dor da outra. E então, vai comigo ou você e Kenny vão querer fazer uma viagem de carro bem romântica e completamente sozinhos?

Lena tinha um sorriso malicioso para Kara, a pobre heroína estava em choque. Para sua sorte, a morena imaginou que ainda era por conta do programa, então apenas afagou o ombro da amiga. A kriptoniana não sabia que a Luthor conhecia sua identidade secreta, com certeza ia novamente desmaiar se soubesse desse fato.