No capítulo anterior de Onde Tudo Começou
_E então, você vai pra casa da sua mãe no feriado? Eliza disse que está esperando todas nós esse ano. Minha mãe falou que Maggie foi pra lá hoje, né?
A repórter franziu a testa. Como assim "nós"? E como Lilian sabia onde sua cunhada está? Kara perguntou confusa.
_Ir com você? Todas nós?
Lena sorriu.
_Sim, assim vocês não gastam dinheiro e vamos todas juntas. O anual jantar de primavera Danvers Luthor, você sabe. Para comemorar o aniversário de casamento das nossas mães. Pra ouvirmos aquela mesma história de como minha mãe conheceu a sua em um grupo de apoio de trauma que a psicóloga dela recomendou por causa da morte do seu pai. Que elas se tornaram amigas e o relacionamento foi aflorando e acabaram se apaixonando pois uma entendia a dor da outra. E então, vai comigo ou você e Kenny vão querer fazer uma viagem de carro bem romântica e completamente sozinhos?
Lena tinha um sorriso malicioso para Kara, a pobre heroína estava em choque. Para sua sorte, a morena imaginou que ainda era por conta do programa, então apenas afagou o ombro da amiga. A kriptoniana não sabia que a Luthor conhecia sua identidade secreta, com certeza iria desmaiar novamente.
National City, três minutos após a descoberta sobre Eliza e Lilian:
O trânsito estava infernal, o motorista de Lena tentava saídas alternativas mas todas as vias se encontravam congestionadas. E foi naquele momento que um ruído branco ocupou as saídas de som do carro enquanto a tv acoplada ao painel se ligava sozinha. E a imagem de uma mulher com uma coroa apareceu, era uma transmissão, que estava ocorrendo em todos os meios de comunicação e aparelhos eletrônicos. A mensagem era curta, clara e reproduzia em lup:
"_Cidadãos da Terra, eu Rhea, rainha de Daxam, estou reivindicando esses planeta. Ajoelhem-se e me adorem ou encarem as consequências."
Kara imediatamente entrou em alerta. Aquilo era um problema, mas como ela poderia ir resolver sem que Lena desconfia-se? Foi de grande surpresa quando a morena disse a seu motorista:
_Pare o carro, eu e Kara seguiremos a pé. Você não conseguirá andar muito com esse trânsito.
Assim que o carro parou as garotas desceram e a loira se viu puxada pela Luthor na direção que ficava o DEO, tentando preservar sua identidade secreta ela disse:
_Lena, você tá grávida deveria ficar em segurança, eu tenho que descobrir o que tá havendo para...ter um furo de reportagem.
_Para de bobagem, Kara temos que ir pro DEO encontrar a sua irmã e armar um plano de execução. Que bom que a Maggie em MidVale para manter nossas mães e a filha em segurança. Olha eu sei que hoje você está emotiva e tudo bem se não quiser compartilhar comigo o motivo mas precisamos ir antes que seja tarde demais para fazermos alguma coisa.
Kara ficou impressionada, porque ninguém nunca falou dessa maneira com ela. E sua falta de reação deixou Lena ainda mais nervosa.
_O que diabos deu em você? Vamos, temos um mundo pra salvar. Depois podemos voltar a essa sua crise tá bom?
A morena beijou a bochecha da loira e correram para o prédio. Chegando lá se encontraram com Alex e Lucy discutindo na sala de controle:
_Eu vou precisar desenhar pra você entender? Isso é irresponsável, imprudente e contra as ordens da presidente. Eu vou ter que te prender de novo, Danvers?
_Você quer mesmo esperar eles começarem a atacar antes de tentar invadir a nave e parar a invasão? Quer saber? Me prende mesmo, sabemos que você estava errada naquela ocasião e está agora também. Aliás, eu nem sei o que você está fazendo aqui, nem do DEO você é mais.
_Mas eu sou sua amiga, Alex. E com a Maggie longe, alguém tem que garantir que você não enfie a cabeça num buraco do qual não consiga retirar e se isso acontecer, alguém tem que cobrir esse seu traseiro petulante e te ajudar a desentalar. Você está sendo petulante, Alex. Ser diretora significa usar a cabeça antes dos punhos.
_Petulante? Com essa sua altura, você já conseguiu se ver no espelho, Lucy? Não sou eu que estou invadindo seu local de trabalho e ditando como você deveria fazer as coisas.
_Eu não precisaria fazer isso se você fosse prudente. Você tem uma esposa e filha pra voltar, não é simplesmente as sua vida e a da sua irmã em jogo. Não existe mais vocês duas contra o mundo, tem muito mais coisas em jogo.
Alex parou por um minuto para pensar, aquilo foi pesado. Porém a verdade costuma ser dessa forma. Embora não quisesse, Lucy estava certa, então ela desistiu de seu plano de invadir a nave sem autorização da presidente. Finalmente vendo que Lena e Kara estavam lá, ela começou a explicar a situação.
_Não vou mentir, as coisas não estão boas. Contabilizamos 73 naves pequenas circulando as principais cidades do mundo e uma gigante que está sobre o pentágono. Nunca enfrentamos nada parecido e parece que as coisas vão piorar ainda mais. Nossas ordens são de tentar argumentar com os invasores, descobrir o que tanto lhes atrai na Terra e dissuadi-los a liberar nosso espaço aéreo e ir embora. Eu acho isso uma grande porcaria, afinal se isso nunca funcionou na ficção porque funcionaria aqui? Aquela mulher é claramente insana, vai ser impossível ter um diálogo com ela, só estaremos adiando o inevitável, então isso é o que iremos fazer: Lena preciso de você no laboratório, estamos procurando qualquer informação da espécie que pudermos e quando encontrarmos queremos que você construa uma arma potente o suficiente para enviar-los de volta pro espaço. Kara você irá comigo e com a Lucy no comitê de boas vindas ou como eu prefiro chamar, investigar a nave mãe e descobrir uma maneira de tirar esses malditos daqui. Ninguém aqui vai virar escravo nenhum, hoje não estaremos lutando por nós ou por nossos amigos, conhecidos e família mas sim por toda a humanidade que esta sobre risco de uma possível extinção se aqueles malucos dominarem nossos recursos naturais e fonte de sobrevivência.
Kara respirou fundo, ela já havia perdido Kripton, não havia a menor maneira dela perder também a Terra, ela tinha uma família aqui, um futuro bebê a caminho e não perderia isso, pelo menos não sem lutar. Foi com esse pensamento que a loira começou a se preparar, vestiu seu uniforme e se juntou a sua irmã e amiga no pequeno jato do DEO direto para Washington DC,encarar seu destino. Durante o voo elas receberam notícias bem animadoras, Ken estava em MidVale em segurança, Lilian havia ido para National City junto de Eliza e com a ajuda das duas cientistas, Lena já estava projetando a ofensiva de emergência. O coração da kriptoniana palpitava, ela não gostava da ideia de Lena está no meio do fogo cruzado estando grávida. Mas querendo ou não, aquela não era sua decisão a ser tomada, a Luthor mais nova era dona de seu próprio nariz é capaz de tomar as melhores decisões para si e o bebê que carregava.
Chegando no perímetro que cercava o grande prédio geométrico, as três desceram sendo recebidas por uma jovem sorridente e solícita que disse a elas:
_Sejam bem vindas, sou Nia eh… Nal, isso Nia Nal. Desculpe toda essa situação o raciocínio fica mais difícil. Somos gratos pela ajuda de vocês. Vamos, as levarei até o centro de controle e lá poderão se instalar e decidir o plano de ação. Quer dizer, óbvio que haverão quartos pra vocês dormirem, não somos monstros, é só que a situação é extrema então as coisas estão meio caóticas e pode ser que não tenham muito tempo pra organizar suas coisas.
Lucy e Alex não puderam segurar a risada enquanto Kara franzia a testa. A loira por conta do quanto Nia se assemelhava a Lena na aparência e a dupla de amigas por como os trejeitos da garota eram parecidos com os de Kara. A onda de divertimento logo se dissipou quando uma nova transmissão de Rhea foi captada assim que as quatro garotas chegaram a sala de controle:
"_Sintam-se sortudos, como forma de união com o vosso planeta, será dada a um de vocês a oportunidade de se unir matrimonialmente com meu herdeiro. E nós já temos a escolhida, o mais próximo de uma Daxamita que vocês têm aqui. Supergirl, agradeça a Rao por essa dádiva pois hoje você irá se casar com meu filho. Se apresente a uma de nossas naves ou seu planeta sofrerá consequências."
Alex se segurou para não bater sua mão direita contra a testa. Quando se pensa que as coisas não poderiam se tornar mais caóticas, agora a lunática queria casar sua irmã JÁ CASADA e pra piorar ameaça o planeta. Por um lado eles poderiam atacar por dentro, por outro, se não desse certo, Kara teria dois casamentos, um que ela não lembra como aconteceu e outro que ela preferirá esquecer. Sua cabeça ja estava doendo só de imaginar como elas estariam quando tudo isso acabasse.
Infelizmente, não havia escolha, elas teriam que arriscar e descobrir dentro da nave como agiriam pois algumas cidades já começaram a ser atacadas pela demora de Kara. E desta forma que as três junto da nova garota acabaram embaixo da nave mãe esperando os daxamita. Em poucos instantes, um feixe de luz veio do céu e dois guardas apareceram, o que estava a direita disse:
_ Apenas a kriptoniana foi convocada, vão embora ou sofram as consequências.
Kara desespera falou:
_Eh… elas são.. é… minhas damas de honra. Isso. É um costume terrestre que a noiva tenha damas de honra para ajudá-la a se arrumar e faze-la companhia até o momento do casamento. Eu preciso delas, principalmente se vocês desejam que a cerimônia seja considerada válida aqui.
Os guardas aceitaram a desculpa e logo os seis estavam sendo teletransportados para dentro da nave. A tecnologia lá dentro era inimaginável, tanta luz e metal em algo que estava flutuando no céu. Lucy anotava mentalmente cada vez que eles viraram uma esquina, Alex observava tudo que poderia usar como arma, Kara tentava usar sua visão de raio-x mas era inútil naquele lugar e Nia, ela parecia fascinada como em um parque de diversões e se segurando para não tocar nas coisas sempre que via algo de diferente. Após ultrapassarem alguns corredores, os guardas as mandaram entrar em um cômodo escuro,temerosas, elas realizaram o pedido e assim que a última das quatro entrou, a porta atrás delas se fechou e a iluminação foi ativada. Sem janela alguma, com uma cama e uma vestimenta sobre a mesma, assim terminava a decoração do que mais parecia uma cela do que um quarto.
Um dilema se instaurou e Lucy percebeu que elas estavam bem mais encrencadas do que pensava, coçando a cabeça ela expôs o problema:
_Você não pode fazer isso, supergirl.
Franzindo a testa, Alex perguntou:
_Você esqueceu que não temos opção? Temos ganhar tempo até o DEO conseguir solucionar esse problema. Vamos torcer para que a Luthor resolva rápido isso mas se demorar, vamos ter que ir em frente com a cerimônia.
Suspirando, a major pegou a cabeça da amiga e direcionou para a roupa sobre a cama:
_Você percebe que ela vai ter que vestir aquilo e arriscar a identidade secreta, certo?
Nia se sentiu devastada com aquela possibilidade e suplicou:
_Supergirl, você não pode fazer isso. A vida de todos que você ama estará em perigo se você fizer isso. Temos que encontrar um jeito de te tirar daqui.
A loira era a única que parecia calma e com uma voz fria e inumana falou:
_Não há discussão, é o planeta ou minha família. Sim, é o dilema do trem, tenho que escolher entre um trilho onde matará cinco desconhecidos ou um que matará a um conhecido. Não há escolha, essa é a pegadinha. Não ir, garantirá o sofrimento de todos na Terra e entre estes estão aqueles que eu amo, por outro lado, se eu for, eles ainda terão uma chance de lutar.
Todas ficaram surpresas com aquela declaração, a loira costumava ser um poço de alegria e agora ela parecia tão...depressiva. Alex conseguia perceber algo que nenhuma das duas mulheres parecia perceber, Kara estava a um ponto de se debulhar em lágrimas. A ruiva queria tanto pegar a irmã nos braços para poder acalentar o coração dela mas infelizmente, aquela não era a sua irmãzinha e sim a Supergirl e a Supergirl não tem uma irmã mais velha para consolá-la.
A decisão foi tirada de suas mãos quando uma mulher entrou no quarto e em uma posição submissa, com o rosto abaixado e as mãos juntas a frente do corpo informou que foi enviada para vestir a noiva. Só então as meninas descobriram que realmente se tratava de um vestido, ele era azul esverdeado e continha pequenos brilhos verdes. Contra a vontade de todas, Kara se despiu de seu uniforme de heroína e aceitou ajuda da serva para colocar o vestido. Instantaneamente se sentiu fraca e com o seu corpo queimando. Os brilhos verdes eram kriptonita.
A dor que sentia fisicamente não podia ser maior que aquilo que sentia em seu coração. Sendo acompanhada por suas amigas até o salão principal da nave, solitárias e silenciosas lágrimas saiam de seus olhos. E as coisas não melhoraram pois ela percebeu câmeras, sua imagem estava sendo transmitida para todo o mundo. Do lado oposto da sala estava Rhea e seu filho, príncipe Mon-El de Daxam que com um sorriso sádico foi até a loira e a deu um beijo forçado falando:
_Sorria, princesa. O mundo todo está vendo a dádiva que você está recebendo, em poucos minutos você será minha.
Quando o príncipe estava próximo de forçar a garota a outro beijo, uma explosão foi ouvida. Luzes piscavam e uma voz se fez presente na sala:
_Você, saia de perto da minha amiga, seu idiota. Ela já é comprometida e mesmo que não fosse, o gosto dela é melhor do que um misógino escravista.
A voz era de Lena, que carregava uma espingarda e que a apontava para o príncipe. Quem imaginaria que a melhor arma para espantar esses alienígenas seria uma arma de chumbinho. A CEO deu um tiro no ombro de Mon-El, nada fatal mas doloroso o suficiente para que ele se afastasse de Kara. Um sorriso florescia no rosto da loira e assim permaneceu, mesmo depois que elas foram retiradas de dentro da nave e que um dispositivo liberando chumbo no ar garantiu a debandada imediata dos daxamitas.
Uma semana marcava o fim da invasão. Todas as Danvers, Luthor, Lucy e Nia, que foi praticamente adotada pelo grupo por ser uma garota tão nova e já estar no meio das loucuras da Super Family, se encontravam na casa de Eliza e Lilian. Por mais estranho e desconfiado fosse no começo, com a trupe de viajantes no tempo, se acostumaram com o casal. Alex e Kara nunca haviam visto a mãe tão feliz como quando estava com a Luthor mais velha, a filha Sanvers era uma garota fofa, era engraçado como Lex falava e babava sobre a beleza do Superman, mesmo não sendo da família, Nia e Lucy pareciam boas adições ao grupo.
Após um dia de churrasco, praia e diversão, todos se encontravam juntos na sala decidindo qual filme seria visto naquela noite enquanto na tv passava o noticiário e a manchete a seguir trouxe uma enxaqueca coletiva:
"_Uma semana após a ocorrência com os daxamitas, nossos analistas finalmente tiveram um resultado sobre as imagens da Supergirl e a descoberta foi sensacional. Comparando com as festas de gala foi encontrado uma semelhança imensa entre a heroína e a apresentadora de TV da CatCo, Kara Danvers. Sim, senhoras e senhores, Kara Danvers é a Supergirl"
O choque foi inevitável, como seria a vida deles agora que a identidade de Kara havia sido revelada? A crise de pânico já batia na porta da mente da loira quando ela sentiu uma mão reconfortante em seu ombro, pertencia a Lilian que com um sorriso a la Luthor disse:
_Daremos um jeito nisso, querida. Ninguém mexe com os bebês da mama Luthor, vamos garantir que esqueçam essa matéria em um estalar de dedos. Você terá a sua vida de volta, Kara, eu te prometo.
