Havia chegado a hora que Lucy sonhou durante sua vida inteira, ela estava enfim montando seu estúdio de dança. E o melhor de tudo em um local onde ela poderia brilhar e florescer, em National City, ela não seria a irmã de Lois, ela poderia fazer seu próprio nome. Aquela era sua oportunidade, nada de filha do general, nada de irmã da repórter, naquele instante existia apenas a dançarina e seu espaço cheio de espelhos e barras. O início de sua história, o ponto de decolada de sua vida rumo ao sucesso.

Durante sua vida inteira, Lucille foi julgada e compara a alguém. Na infância não existia Lucy, apenas a irmã mais nova da prodigio Lane. A morena amava sua irmã, realmente, de todo o seu coração, ela era grata por Lois sempre a apoiar a seguir seus sonhos e manter a história de sua mãe viva através da dança. Porém é difícil se destacar quando tudo que se faz é reduzido a uma tentativa falha de conseguir atenção das pessoas.

Quando a mais velha das irmãs foi para faculdade, uma luz de esperança enfim surgiu. Aquele parecia ser o universo a chamando para o desabrochar, nunca a garota estave tão errada. Seu pai não estava nem um pouco satisfeito com as escolhas liberais de sua primonata e iria garantir que a caçula seguisse a carreira militar. Foi uma ocasião decisiva de sua vida, Lucy precisou escolher. Seguir a carreira militar, viver a sombra do pai e a mercê de suas ordens o resto da vida ou abandonar todos os planos que foram criados para sua vida e seguir seu coração pelo caminho da dança. Talvez em outro universo ou até outra vida mas Lucille não permitiria que sua vida fosse para sempre acatar ordem, ela era um espírito livre e assim faria seu próprio futuro.

Exigiu muita força da jovem mulher dizer não a seu pai e acabar morando com sua irmã. Nunca em seus mais obscuros e insanos pensamentos, ela imaginou que seu pai a expulsaria de casa por se recusar a ir para a academia militar. Foram difíceis tempos mas quando Lucy por fim encontrou seu caminho, ela nunca mais parou. Todos os seus anos de esforço a levaram á aquele momento, encontros constrangedores como quando seu cunhado Clark pensou que ela daria um bom par com seu melhor amigo James, momentos triste como quando recebeu de seu pai uma carta dizendo para buscar tudo que quisesse e que estivesse em sua casa de infância, pois nada que o lembra-se da vergonha que era sua filha, ele não queria por perto, momentos felizes como quando foi selecionada para ser uma das dançarina de Jennifer Lopez. Tudo o que ocorreu em sua vida foi para levá-la a aquele ponto, aquele local que mudaria completamente seu destino.

Emocionada e ansiosa para começar sua história de glória, Lucy virou a placa grudada a porta, seu estúdio estava oficialmente aberto e...nada. Nenhuma nova sensação, sem fogos imaginários estourando ou uma fila de pessoas ensandecidas desejando se matricular nas aulas. Aparentemente as pessoas não aparatam como em Harry Potter ou magicamente ficam sabendo que devem tirar um tempo em seus dias estressados e corridos, em que tudo se volta ao dinheiro e não a uma real satisfação pessoa, para realizar aulas de dança. Nem todos acham válido e útil praticar uma atividade física ou pelo menos não consideravam dança uma atividade. Se a dançarina quisesse ter clientes ela teria que fazer algo que nunca imaginou, usar seu twitter e instagram para se promover e consequentemente a sua marca.

Se havia algo que se encaixava no perfil de Alexandra Danvers era destruição. Não importa onde e com quem estivesse, ela era o prelúdio do fim. No DEO todo o tipo de história circulava sobre a sua pessoa. Alguns dizia que como o diretor, ela era uma alien de espécie avançada e incapaz de sentir emoções, outros que ela era um super soldado como Steve Rogers nos quadrinhos, porém nada a definia melhor do que workaholic, uma viciada em trabalho incapaz de desligar este lado desde que recebeu a incubencia de cuidar de sua irmã mais novo.

Kara Danvers, a vida de Alex sempre existiu e cresceu baseado na proteção e nas necessidades da irmã kriptoniana . Amigos? Se limitava a Vasquez, a única colega de trabalho que parecia ter conseguido, ao menos um pouco, quebrar o muro construído pela ruiva ao redor de si. Casa? Ela não precisava de muito, um apartamento de um cômodo com banheiro lhe bastava. Sonhos? Não havia tempo para pensar no futuro, Alex precisava garantir a segurança de sua irmãzinha a todo e qualquer custo.

Infelizmente, o preço para isso estava sendo sua própria saúde. Em uma semana já havia mandado 5 recrutas para a enfermaria com contusões que os renderia pelo menos duas semanas de atestado. Não vendo outra opção, John teve que tomar medidas drásticas e suspender a agente. Porém o marciano conhecia sua filha de consideração e sabia que ela nunca aceitaria ficar sem trabalhar então lhe fez uma proposta. Alex poderia voltar ao trabalho desde que arrumasse um hobbie, algo que fosse completamente seu e não tivesse qualquer tipo de relação com Kara.

E foi desta forma que Alexandra acabou de frente da World Dance Academy. Se ela pudesse escolher, voltaria a surfar mas John foi estritamente claro de que queria uma confirmação da atividade realizada. E a ruiva não entregaria um celular ou uma câmera para um turista qualquer filmar seu rosto enquanto surfava para provar ao chefe que estava cumprindo o que lhe foi proposto e pedir a sua irmã para gravar retiraria o propósito de tirar um tempo para si e não pensar sobre Supergirl em todos os momentos do seu dia. Baseado nisso, ela chegou a aulas de dança, teria uma chamada confirmando sua presença e ela ainda poderia aprender uma nova habilidade para usar em missões futuras.

Entrando na sala indicada, Alex soltou o ar que nem havia percebido que segurava, apenas outra garota se encontrava no local e isso a deixou feliz aparentemente a turma seria pequena o que significava não ter que aguentar uma multidão de pessoas com péssimo equilíbrio e reflexo. Copiando os movimentos de sua colega, a agente também começou a se alongar e a se perguntar onde diabos estaria o professor já que havia se inscrito para a dança de salão.

Sua surpresa se iniciou quando a pequenina colega se apresentou como sendo a professora:

_Eu gosto do charme de uma garota que é capaz de chegar a tempo de seus compromisso. Desculpe, piada pessoal demais, certo? Sou Lucy Lane e serei sua professora.

Alex corou com o comentaria, uma desconhecida não deveria ter esse tipo de poder de apenas com palavras, desarma-la completamente. Arquivando este pensamento na pasta "comportamento pouco heterossexual porém explicável'', a ruiva se lembrou que aquele era o momento em que pessoas comumente se apresentavam e foi isso que fez, não queria passar uma imagem de esquisitona mais forte do que já estava passando.

_Sou Alex Danvers, aluna aparentemente. Meu chefe recomendou frequentar algumas aulas para não ficar tão concentrada no trabalho.

_Sim, eu sei. Eu e ele conversamos ao telefone durante um bom tempo. Não costumo ter tanta informação sobre meus clientes ou dar aulas particulares. Sou nova na cidade e atendendo uma pessoa por hora nunca poderei pagar o aluguel. Apesar disso, a quantia oferecida pelo seu patrão me fez reconsiderar, além que concordei com ele que com seus problemas de controle de impulso, quanto o menor número de pessoas na sala contigo menor a chance de alguém se machucar. Parece que você é esquentadinha em outros locais além da cor do cabelo, certo?

Aquela piscada recebida de Lucy e acompanhada da frase nem um pouco sugestiva, foram a certeza para Alex que aquelas aulas seriam a sua morte, ela apenas não entendia o que na figura da pequena mulher a afetava tanto. Não foi até o início oficial da aula que a Danvers teve a certeza de que o desejo da professora era matá-la com aqueles pequenos comentaria que por algum motivo lhe causavam um frio na barriga.

_Bem, Alex. Vamos começar a aula, apenas relaxe, vou conduzir a dança. Começaremos com passos simples então você deve conseguir pegar rápido, mas se quiser ir devagar é só dizer. Temos todo o tempo do mundo para ir na sua velocidade.

Só poderia ser sua mente e a grande abstinência de sexo que Alex estava vivendo. Era impossível que aquela mulher estivesse falando de algo que não fosse relacionado a dança. Saindo da aula, a ruiva teria um lindo encontro com uma garrafa de cerveja, era isso que ela merecia mas por agora tentaria manter o controle da aula.

_Eu não deveria ser aquela a conduzir? Afinal sou mais alta e não vou aprender nada apenas seguindo o fluxo dos seus movimentos.

Lucy riu, sua risada se assemelhava a um merlot, um vinho balanceado e suave, agradável a quem tem o prazer de saboreá-lo. Não que a agente quisesse provar os lábios da morena de olhos verdes, claro que não era ela hetero, nada contra lésbicas, ela apenas não jogava naquele time. O que estava tentando dizer era que ouvir a professora sorrir era delicioso, droga. Isso não ficou mais hetero. Bem, Alex não se importava se parecia ou não, ela sabia que era hétero e não seria uma bonita garota, com movimentos delicados e sexys e que a fazia sentir coisas que nunca havia experimentado, que mudaria isso. Durante o tempo em que debatia consigo mesma sobre as possíveis explicações científicas para suas reações corporais, a ruiva sentiu suaves dedos tocarem sua mandíbula e abaixou um pouco seus olhos para encarar o motivo de seus pensamentos, enquanto a pequena falava.

_Você não está aqui para tomar controle da situação, senhorita Danvers. Eu sou a professora, eu decido o método utilizado em seu aprendizado e caso não dê certo, pensarei em um novo. Porém você precisa colocar algo em sua cabecinha de agente policial, você está aqui para relaxar e deixar alguém tomar conta das decisões. Aqui dentro você não é a top agente do FBI, você é uma simples aluna de dança que deve confiar na didática da sua professora. Além que você é linda, pode ter certeza que homens e mulher brigam para poder lhe conduzir e você deveria se aproveitar disso. A dança não é simplesmente um passatempo, ela diz muito sobre a pessoa, sobre sua forma de viver, desejos e sonhos. Obedeça o que eu digo e posso lhe garantir que nunca mais irá querer liderar uma dança.

A ruiva estava de boca aberta, pela coragem e palavras da mulher a sua frente, o desejo de refutar até existia mas caiu por terra quando seu telefone recebeu uma mensagem. O comitê de boas vindas da presidente havia sido atacado por um alienígena e as suspeitas eram de ser o kriptoniano misterioso que fugiu do DEO. Nem um mês na Terra e o cara já estava tentando causar uma guerra intergalática. Não havia tempo para conversinhas, Alex se despediu de sua professora e correu para o aeroporto torcendo para haver algum tipo de ação lá para que pudesse quebrar alguns narizes e não pensar nos elogios que recebeu hoje da sua instrutora de dança.