Olhares...

Desceu do ônibus. Calmamente caminhou até o pequeno portão de sua casa, estava exausto, e ansiava pela sensação refrescante de um banho bem quente com muito sabonete.

A sala com apenas uma TV 14' e um sofá de dois lugares interpolados por um tapetinho, dava entrada à cozinha pela esquerda e ao corredor pela direita onde se viam duas portas de madeira, os quartos, e uma porta estilo persiana de plástico do banheiro único. Viu um prato recoberto por um pano bordado a ponto cruz sobre o fogão de quatro bocas e sentiu o amor materno envolvendo seu coração. Por mais que ela sempre fizesse isso sempre se surpreendia.

Toda a atenção e carinho que lhe dispensava em pequenos atos do dia-dia para dar lhe o máximo de conforto que suas possibilidades, digamos limitadas, ofereciam. Era certo encontrar o jantar esperando por ele, uma muda de roupa limpa e cheirosa dobrada em sua cama, além de cada detalhe em seu lar lembrar o esforço feito para torná-lo mais aprazível, desde o tapete trançado manualmente até o paninho bordado, tudo feito pelas mãos dela.

Dirigiu-se ao quarto para se trocar antes de comer, passando primeiro pelo quarto da mãe, que já ressonava. Ultimamente cansava-se facilmente, dormia cedo demais e por longos períodos. Sua face ainda jovem e bela denotava um esgotamento atípico da sua costumeira vivacidade.

Talvez fosse melhor assim, se acordada estivesse certamente leria em sua expressão a decepção de si mesmo naquele dia, e ele não queria falar. Não queria nem pensar, mas isso parecia não depender da sua vontade já que os pensamentos vagueavam sem que pedissem sua permissão para repassarem, de novo, tudo que havia acontecido.

Abriu a janela e contemplou. Moravam no alto de uma colina de onde era possível ver metade da cidade. Quando se mudaram apaixonou-se pela casa no instante que viu toda a paisagem se oferecendo exuberante. Era bom observar as pessoas mesmo estando distante, conferia uma espécie de poder. Nessas horas sentia desejo, um desejo inexplicável pelo mundo em tocá-lo, acariciá-lo, como uma necessidade de penetrá-lo profundamente em seus encantos virgens. Desejo esse que o fazia lembrar de seus objetivos, seus sonhos, que aparentavam fracassar.

"Merda"

O quarto, agora na penumbra com o cair da noite, delineava sua figura sobre a cama de solteiro simples obrigando-o a pensar o dia que passara ainda meio aturdido com tantas reviravoltas e frustrações. Frustrado? Sim e muito, tudo que ele planejara havia dado errado, ou, pelo menos, não aconteceu. Reviveu os momentos passados. O atraso, a bronca, a sensação de deslocamento, o almoço... Sentiu uma pontada aguda: o almoço! Pra que foi abrir sua boca enorme daquele jeito? Tivesse um meio de voltar no tempo com certeza as coisas seriam, talvez, diferentes. Algumas bolas-fora tiveram o poder de desacreditá-lo de suas habilidades comunicativas...

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No almoço:

- Hei Aiolia, - chamou enquanto corria para alcançá-lo para sentarem juntos na mesa do restaurante – fiquei pensando qual foi a pergunta que ele me fez àquela hora?

- Pergunta? Ah! – o riso que ele nem por educação tentou esconder preocupou nosso amigo loiro – Ele não te perguntou nada! Só que você estava com uma cara tão avoada que eu acho que ele te falou aquilo só pra ver onde sua cabeça estava!!!

-...- "Aquele implicante ainda me pregou uma peça! Ele tá mesmo afim de me fazer de piada..."

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- Então o que estão achando? – já sentados e servidos arriscou um começo de conversa, quando não se sabe o que dizer, pelo menos Milo tentava ser cortês.

- Ah bom, até agora foi como eu imaginei, mas a empresa é ainda maior do que eu pude constatar em minhas pesquisas! – disse Marin, "ela é mesmo um doce, mas acho que é só pra você que deram certo, bonequinha ruiva! Ou será que foi só pra mim que deu errado?"

Aioria se desconectou do universo enquanto Marin falava, resolveu então continuar a conversa.

- Eu achei o tal do Camus um chato, e muito arrogante! – como ele mesmo tinha puxado o assunto, achou por bem dar sua opinião, na realidade queria desabafar toda sua revolta daquela manhã, sentindo-se seguro na companhia dos dois que lhe inspiravam confiança. Só não esperava pelo comentário inocente de Marin:

- Oh, mas ele não é tão assim, só num primeiro momento pode passar essa impressão ele, na verdade, é muito meigo!

- Hunf, e o que te faz ter essa certeza? Conhece a peça rara?

- Sim, desde criança, nós somos primos, apesar da seleção não levar isso em consideração... – Milo, totalmente sem graça, ficou momentaneamente sem palavras "Ótimo, acabei de reclamar do cara pra prima dele... que inteligente que sou!" – E vocês moram perto daqui? – decidiu mudar rapidamente de assunto com a esperança de que a pequena da Honda tivesse uma amnésia seletiva e esquecesse aquela parte do almoço...

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O resto da tarde foi passado com uma psicóloga do setor de pessoal explicando a política da empresa e os direitos dos colaboradores, tão interessante que Milo nem percebeu quando dormiu. Acordou apenas por que Aiolia deu-lhe um belo cutucão para informá-lo que estava na hora do café. A atitude do rapaz conquistou sua simpatia passando a tratá-lo como a um amigo.

Porém, na hora de sair...

Milo andava pelos corredores em busca de ... um toalete? "Mas não posso perguntar simplesmente: onde fica o toalete? Aff... Ninguém fala assim! Dizer banheiro também não parece certo... Ora bolas! Vou ter que fazer aulas de etiqueta só pra aprender a como perguntar onde posso ... !" Já meio desesperado e sem perceber bem onde estava, escuta vozes.

- (...) se bem que achei todos os currículos muito bons! O RH está de parabéns dessa vez. – Era uma voz grossa e denotava um prazer imenso das palavras que dizia.

- Ora meu caro pode elogiá-lo abertamente! Sinto que quer demonstrar todo seu orgulho por Dohko, que realmente, trabalhou bem! – E essa? O timbre jamais lhe sairia da memória! E se isso não fosse suficiente, só o sotaque francês já dava todas as pistas sobre quem falava.

- Bom, mas reconheça, ele além 'catar' os melhores, escolheu belos espécimes não acha? – Milo se achava estranho em escutar, não exatamente atrás da porta, do lado dela (esse detalhe faz toda a diferença) já que estava entreaberta sendo possível ouvir tudo o que se passava dentro da sala. Entretanto a curiosidade de saber o que mais eles diriam afastou de sua consciência a obrigatoriedade de não bisbilhotar os outros.

- Sim alguns são interessantes. – "Ué eles são... gays?"

- Interessantes? Meu Zeus! Como estão seus olhos? Sua capacidade de enxergar está claramente deturpada! Só tem deuses gregos em sua turma! Inclusive um grego de verdade não? Aquele cabelão! Zeus! Magnífico! - "Putz! Será que é de mim que estão falando?"

- O grego? Tolerável... – Instintivamente lembrou-se de haver reparado a inexistência de alguns botões na camisa do rapaz, por onde se entrevia um tórax muito mais belo do que queria admitir. Afinal era só um desajeitado que não sabia se vestir e ser pontual. Embora não conseguisse explicação do porquê lembrar tão vivamente desse detalhe. Sem ver a confusão de pensamentos na qual Camus mergulhara, Milo chateou-se profundamente com o comentário do outro. "Nossa! Tolerável?" O desinteresse do outro feria seu ego mais do que poderia assumir.

- Credo, isso é exigir demais! Tolerável? Ele é mais bonito do que todas as suas companhias - Deu uma risada um tanto irônica, talvez pela cara que o outro fez, achando melhor mudar de assunto - Bem, e o sueco? Aquele até parece uma Helena versão masculina!

- Esse sem dúvida é belíssimo, mas como um quadro, bom apenas observá-lo. – Realmente ninguém parecia ser bom o suficiente para o ruivo.

- Ah, meu caro eu não ficaria apenas a observar uma beldade daquelas, aliás... – Nessa altura Milo se afastou, ficou tão transtornado que decidiu não ouvir mais nada. E, sem mesmo se lembrar da vontade de ir ao banheiro, saiu inconformado com o que ouviu. Por menos que ousasse admitir, era vaidoso e se orgulhava do próprio porte, mesmo considerando que não era direcionado a rapazes, as palavras do seu chefe havia, novamente naquele mesmo dia, lhe machucado.

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Deitado em sua cama, tentava imaginar o que faria no dia seguinte, mas sentia-se confuso queria mostrar suas capacidades, surpreender aquele ruivo desdenhoso, entretanto não tinha idéia de como fazê-lo. Todas as suas peripécias já tinham esgotado sua cota de más primeiras impressões.

Ao menos tinha comprado um terno, na volta do trabalho. Sentiu essa necessidade de não estar feio, embora sem conseguir justificá-la para si mesmo. Talvez a roupa influenciasse mais do que imaginava. Talvez o terno, mais do que seus conhecimentos pensou com amargura, pudesse impressionar aquelas pessoas, ainda que fosse pagá-lo em doze vezes sem juros.

Queria checar seus e-mails antes de se deitar, mas tudo que a mente clamava era por repouso e achou melhor obedecê-la.

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O dia seguinte saiu duas vezes mais cedo, sentindo-se muito bem com o terno novo. Sorte sua que a mãe já estava acordada e, junto com o café com bolinhos que lhe preparou, cortou a etiqueta pendente pela manga, sorrindo com meiguice do sorriso sem graça do filho.

Chegou com tamanha antecedência que precisou esperar o prédio abrir as portas por que nem mesmo o porteiro do diurno havia chegado. Não lhe restando outra opção se não ficar do lado de fora, decidiu passear pelo jardim onde se viam uma profusão de cores e formas exóticas de plantas oriundas dos mais diversos locais do planeta. A visão acalmava, e deixou que seus pensamentos simplesmente deslizassem por sua mente sem se fixar em nenhum. Tão absorto estava nesse estado que só percebeu a presença de outra pessoa quando esta já se encontrava bastante próxima.

Virou-se instintivamente para cumprimentá-la, imaginando ser o porteiro, mas estacou. A figura nem ao menos esboçou uma reação, dirigiu-lhe apenas um olhar e se retirou.

Milo vendo os cabelos ruivos escorridos pelas costas balançando ao vento, sentiu-se insultado. "Então o patrãozinho não pode se dar com subalternos? Isso mesmo Camus mantenha distancia ou pode se contaminar comigo!" Não conseguia evitar o ódio que uma atitude tão mesquinha lhe causava.

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O autor do ódio, por outro lado, estava longe de imaginar que imprimia tal imagem negativa. Todos os dias saía bem cedo de casa, e se deliciava em admirar o jardim, que ele mesmo mandara para construir. De fato trouxera plantas de diversas partes do globo, dos lugares por onde já estivera e gostava de observar o seu desenvolvimento. Aqueles seres tão belos e mudos traziam-lhe calma e ânimo, imaginando o esforço do crescimento praticamente impossível de se avaliar em um dia, mas que os meses e anos demonstravam a força da vida.

Naquela manhã, como sempre, faria sua pequena ronda, quando supreendeu-se com uma cena pitoresca. Os cachos louros cascateando sobre o corpo delineado pelas flores, em que o sol, ainda frio, mas brilhante da manhã atingia, refletia-se em tons que pintavam um quadro quase onírico. Inconscientemente se aproximou, como que querendo tocar na imagem de sonho, quando sentiu um olhar azul e sorridente fitando-lhe diretamente, percebeu estar bem mais perto do que imaginava e se desconcertou por completo. Tão alheio estava da realidade que a visão do outro o chocou e tudo que conseguiu fazer foi fugir.

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A semana estava programada inteiramente por treinamentos nas diversas áreas da empresa de forma a se familiarizarem com a mesma, tendo como fechamento um coquetel na sexta-feira à noite. Milo pensava em não ir, sexta era o dia que sua mãe tinha pra descansar e gostava de passar esse tempo com ela, além de claro, evitar encontrar pessoas desnecessárias à sobrevivência na Terra.

- Mas não é optativo! A presença de todos é quase obrigatória! Tipo que os figurões consideram importante a 'confraternização' entre os colaboradores... – Aiolia tentava a todo custo convencê-lo, Milo percebia que por trás havia um pedido mudo por companhia, porém ainda assim replicou:

- Essa é a velha política do pão e circo! Dão festinhas daí acham que podem tratar a gente de qualquer jeito! Não aceito isso! – Vendo que Aiolia parecia levemente desolado e pronto a desistir completou – Bom talvez seja pelo menos interessante para observar como as pessoas se comportam. Em momentos de descontração elas se revelam! Vejamos como ele age!

- Ele quem?

- Hã? Ah, eu quis dizer eles... todo mundo... – Tudo bem que já to implicado com o chefe, mas não quer dizer que tenho que anunciar isso aos quatro ventos!

Interrompeu seus pensamentos ao ver uma garota sair, em prantos, da sala de Camus.

- É essa deve ser a maneira dele dar bom dia... – disse Milo a Aiolia que estava tão abismado quanto ele. Como estavam perto de uma secretária, decidiram perguntar o que tinha acontecido.

- Ela errou em um dos relatórios que ele apresenta na diretoria semanalmente. Simplesmente ele não aceita erros! E eu imagino com quanta gentileza ele deve ter falado isso para a menina... coitada! Se bobear de novo estará olho da rua... terrorista isso... – a secretária loira demonstrava conhecimento de causa, talvez já tivesse recebido tratamento semelhante, surgindo assim um sentimento de empatia pela chorona.

- Não é bem assim! –uma advogada de defesa que aparentemente daria a vida pelo seu protegido apareceu na conversa sem convite, não se importando em pensar na inconveniência de sua atitude. – Camus apenas deplora serviços mal feitos, e nunca erra, portanto não aceita erros de ninguém, ele é racional, muito educado sem jamais levantar a voz e inteligentíssimo! É isso que lhe traz tantas promoções: sua eficiência e genialidade! – Milo não quis retrucar, mas talvez o fato de Camus ser sobrinho do presidente influenciasse significativamente sua carreira, pensava.

A menina ainda chorava no corredor, e mesmo que não fosse intenção de Camus ofender, frieza e desprezo podem ferir tanto ou mais.

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Conseguiu evitar os atrasos durante todo o resto da semana, mas ao custo de sair horas antes e chegar extremamente cedo, vagueando pelo quarteirão ou lendo na escadaria de um prédio próximo. Evitou voltar ao jardim, assim como o evitava a qualquer custo, o que não foi particularmente difícil nessa semana apenas de treinamentos realizados pelo setor de Recursos Humanos.

Surpreendeu-se então com o grupo no qual trabalhava. Contrariando suas expectativas, aquelas pessoas eram até, salvo algumas exceções que confirmam as regras, agradáveis. Logo de inicio simpatizou com Aiolia descobrindo vários gostos em comum como, por exemplo, futebol e infernizar a vida dos outros!

Nos trabalhos de estudo de caso, que faziam parte do treinamento, descobriu que poderiam ser extremamente fortes dentro da empresa se combinassem seus talentos corretamente. O desanimador era saber que isso seria uma missão quase impossível. Pra começar Aiolia não se dava nada bem com Shaka, que apesar de muito sagaz, parecia cego para as ótimas idéias do outro sempre implicando e criticando seu trabalho. Mu era meio ausente, mas muito humano, dava certo equilíbrio durante as disputas (cada vez mais freqüentes). Shina fazia tudo para agradar Camus, mesmo quando ele não estava por perto, exortando todos a fazer as coisas do jeito dele. Mas de um modo geral, conseguiam angariar respeito pelos bons resultados, talvez até mesmo acima da média. Restava agora conhecê-los completamente na malfadada confraternização da noite de sexta.

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Esperava Aiolia a cerca de vinte minutos, pelo visto o amigo também não era muito bom com horários. Sua mente o acusava de estar arrumado demais pra quem se dizia desanimado a ir à festa e que não passava de um favor para Aiolia. "Eu só vou dar uma força pro Aiolia com a Marin... e observar..." Bom, mas era assim que iria e já estava cansado de tanto conferir sua aparência no espelho, que ficava atrás da porta do guarda-roupa e dava pra ver somente até a cintura, ficando a cargo da imaginação completar o quadro de si mesmo. Vestia uma blusa preta de seda com uma calça cáqui, não, não iria de terno, era uma festa não é? Então iria do jeito que quisesse e os protocolos que fossem ao inferno, passava a impressão de despojado, mas ainda assim elegante, e mesmo querendo ser modesto podia se avaliar como muito bonito naquela noite. "Ah, pra quê modéstia? Eu tô um gato!" Pensou.

Bem... contra fatos não há argumentos.

Chegaram um pouco tarde e já encontraram todos pelo salão maior que quatro quadras de futebol de salão juntas, ornamentado pelas idéias de um proeminente decorador, onde se podia ver uma fonte de cálices ao centro, e várias mesas com petiscos para serem servidos ao estilo buffet. Requinte até nos guardanapos.

Milo, que não estava muito habituado a ambientes assim, procurava agir com cuidado, imitando Aiolia com medo de cometer uma gafe daquelas ínfimas como pegar o peixe com garfo de salada, mas que ficam profundamente guardadas na memória corporativa como um pecado maior do que matar a mãe. No entanto, não suportando ficar quieto tempo demais, largou aquela pose sisuda e se pôs a conversar com os membros de seu próprio grupo e com outros funcionários da empresa também. Em pouco tempo formou-se umcírculo ao redor de si onde todos conversavam animadamente sobre nenhum assunto definido.

De longe dois olhos não se despregavam daquela direção, tentando, apesar do barulho, decifrar sobre o que conversavam para estarem tão contentes. Em especial tentando saber o que uma certa pessoa conversava. Sentia uma leve curiosidade em relação à Milo, e sabendo que uma aproximação direta seria inviável, decidiu começar por ouvir suas palavras a qualquer custo, mesmo que fossem dirigidas a outras pessoas.

- Real Madri? Aquela porcaria?

- Porcaria é a merda do - um copo se quebrou ao seu lado e não pode escutar qual time estava sendo criticado pelo outro – (..) ganhando tudo! E de tão ruim foi campeão da Eurocopa!

- Pura sorte ... – Milo parou de falar ao se perceber observado por Camus. Logo atribuindo a este a intenções negativas, decidiu que não cairia no joguinho de siga o mestre, ele também atacaria.

- Camus! – Disse sorridente, mas com o intuito de desmascará-lo – Vigiando seus funcionários para ver se estão fazendo sua caveira? – Tinha a intenção de ser sarcástico, mas o tom saiu quase brincalhão.

- Caro Milo, não atribua tamanha importância às suas palavras a ponto de julgar que elas seriam alvos de meu interesse – embora fosse exatamente o que estivesse fazendo, não esperava ser interpelado tão repentinamente e tinha que dar o troco à altura! Mesmo que fosse com a primeira desculpa que lhe veio à mente – se não percebe venho aqui apenas para me servir de vinho.

- Ah, mas Camus – não podia deixar de ver que o outro não se pegava facilmente, seria um erro subestimá-lo, era um bom combatente, mas dessa escola Milo já era professor e contratacou – pra que a necessidade de se servir de vinho em uma mesa de salgados?- Milo, sempre atento, largou sua deixa com um sorriso irônico, mas que soou ao outro como estranhamente sedutor, e certo de sua vitória, se afastou antes que Camus, confuso e envergonhado com sua falta de espírito, se recompor.

Este sem saber exatamente o que fazer se foi para os fundos, sem vontade de falar com mais ninguém. A atitude daquele grego começava a intrigá-lo vivamente, mas sem conseguir realmente se zangar com ele, dirigiu seu mau humor a outra pessoa.


Mais um capítulo, e se tiverem tempo, escrevam pra mim o que acharam dele! É realmente ótimo saberem o que estão pensando!

XD