Saint Seiya pertencem á kurumada.
O Encontro
"Décimo quarto dia
Está frio hoje. O tio me mandou vestir blusa, disse que eu poderia ficar resfriado... mas eu nunca fico resfriado, nem doente... às eu queria ficar, os meninos da minha sala contam que quando estão doentes as mães ficam tomando conta, fazem sopas e dão doces, além de não permitir que fossem para a escola, é claro. Mas se eu ficasse doente será que alguém cuidaria de mim?"
Em casa, já tarde da noite, lembrava-se dessas palavras, lidas daquele diário especial, e ainda estava surpreso com o que tinha visto. O dia havia lhe dado surpresas intrigantes sobre o dono do diário em questão.
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Na pequena casa de portões brancos, um pouco antes do meio-dia, a mulher tenta apressar seu filho em plenas vias de arrumação.
- Milo! – bateu de novo na porta – Milo, meu filho, você vai se atrasar! Sabe que médicos não esperam!
- Calma! Deixa eu amarrar o sapato, pô.
- Você tá muito enrolado, e eu sei que isso tudo é manha pra não ir ao hospital!
Suspirou resignado, fora descoberto!
- Eu detesto esses lugares!
- Sim, eu sei que é triste estar em uma enfermaria, ou CTI, onde a morte está sempre tão presente, - respondeu ternamente - mas você vai só tirar uns raio-x e fazer alguns exames! Vai ver! Rapidinho está em casa!
- Ok senhorita saúde! Você venceu! – e assim dizendo a agarrou, pôs no colo e rodopiou pela casa até jogá-la no sofá. Ela se ria e gargalhava, seu menino lindo, carinhoso e meigo, arrumava essas maluquices de jovem! - Estou indo, beijão fofinha!
Estalando um beijo em sua bochecha ele saiu. Ela ficou murmurando sobre ser chamada de fofinha naquela idade! Onde já se viu?
A consulta nada teve de pavorosa, pelo contrário, a médica era muito simpática, mas teria que esperar os resultados de glicose, contagem de plaquetas e imunoglobulinas ficarem prontos e aí sim, finalmente, ir embora. Incapaz de permanecer sentado mais de meio minuto sem fazer nada resolveu dar uma volta.
"A morte por perto", dissera a mãe. Esteve frente a frente com a morte, como seria alguém que ainda estava envolto por ela?
Sem saber por quê, sentiu enorme curiosidade de andar pela ala do CTI.
Entrar não fora difícil, era horário de visita e escutou um nome qualquer por alguém que estava realmente visitando, e repetiu-o para a moça da recepção. Teve que ser paramentado com um guarda-pó descartável, touca e máscara. Achou estranho aquilo tudo, mas entendeu o por que rapidamente. Os pacientes, alguns cheios de tubos e sondas, estavam muito susceptíveis a qualquer tipo de contaminação.
Perambulou por vários quartos, sentia estranheza pelo branco das paredes, o cheiro de remédio, a fria impessoalidade dos médicos e os lamentos que ouvia. Decididamente não gostava de hospital, e nem sabia o por que de estar ali, apenas sentia que tinha de ir mais a frente e ver... O quê? Os pensamentos pareciam longe, tudo branco, todos brancos, um vermelho...
Vermelho?
"Trigésimo sétimo dia,
Ele não foi.
Eu sabia desde o momento que o chamei que ele não iria. Mesmo assim esperei, a cada minuto que passava a angústia aumentava, a certeza também, mas ainda assim, permaneci sentado em frente ao teatro, como combinamos, e não entrei. Não entraria até ele chegar, era o combinado. Eu sabia que tinha que levantar e ir, por que ele não viria, porém... alguma coisa não deixou. Sentia-me preso naquele banco, pra ter certeza da minha decepção e regozijar-me com a dor. Indolente, não consegui lutar. Ele não foi.
(Refere-se à apresentação de estréia da ópera "Os mercadores de Viena" onde Camus faria o solo principal com apenas catorze anos, um prodígio. Shion prometera ir, mas uma reunião mais prolongada o impediu de comparecer. Desde então nunca mais se apresentou em público)".
Abriu a porta devagar, esta não fez nenhum ruído, e observou, sem acreditar em seus próprios olhos, a pessoa que dormia (ou assim parecia) prostada na cama reclinável do quarto. Os cabelos soltos emolduravam o rosto partido em duas metades uma em cada lado da face. Estava corado, a boca vermelha e quente... Sentiu-a ao tocar-lhe o rosto. Era belo. Nunca antes reparado, as cores realçavam a sua beleza, quase cândida, mas lamentava ver que o motivo era a febre. Talvez alguma reação pirogênica.
Pegou em aquelas mãos, estavam frias, e mantendo-as entre as suas pôs-se a cismar por que Camus estava em um hospital quando todos diziam que estava viajando? E por que ele não recebia nenhuma visita? Se fosse um pouco mais íntimo dele o visitaria todos os dias! Zeus sabe o quanto é terrível a solidão de um quarto de enfermaria, o que dirá da CTI?
Não soube descrever as emoções que pululavam em si. Grandes confusões chocavam suas indecisões, mágoas dissolviam-se em ternura e algo mais lhe aflorava os sentidos. Buscava o motivo, mas, como resposta, apenas fitava o rosto sobre o travesseiro.
Com uma mão ainda segurando a de Camus, tocou-lhe os cabelos, os sentido macios em seus dedos.
Continuou com o carinho por um tempo indeterminado, lembrando de cenas especificas do diário que lera. Representava alguém bem diferente do que imaginava cada linha uma nova revelação, uma nova confissão. Pensou que poderia cuidar desse Camus! Dar-lhe toda atenção que pareceu ter sido negligenciada por tanto tempo.
Afinal, parecia tão frágil e solitário, talvez precisasse de alguém por perto, por mais que não se conhecessem direito "Tá bom, admito, tinha antipatia dele..." ainda assim poderia estar por ali, pra quando precisasse de alguma coisa...
A enfermeira veio chamá-lo, informou-lhe que o tempo de visitas havia terminado. Estupefato a acompanhou, todas aquelas informações não se encaixavam! Camus se tornara um mistério muito mais complicado, e receava não desvendá-lo nunca.
Esse capítulo ficou curtíssimo, eu sei!
Mas tive que dividí-lo em dois, ou ficaria grande demais! Amanhã posto o outro! XD
Obrigado aos que leram e mais um obrigado aos que deixaram reviews! Elas me corrigem, melhoram e estimulam!!!
Comentem à vontade! )
