Título: Enter in the Heart
Lorota antes de começar: A baka-chan aqui percebeu só agora que com um prólogo, vocês não iam ter muita noção do que se trata a fic (palmas para a Sanae por ser tão tapada!). E ela é Angst e Drama, então, resume-se que Harry e Draco vão sofrer desgraçadamente nessa fic, tá certo, ta certo, não será dessa forma tão desgraçadamente, só sofrerão um pouco. Mas haverá algumas que outras cenas descontraídas. (Sinto por isso Paulinhakawaii querida, mas é inevitável que eu os faça sofrer, acho que na maioria das minhas fics eles sofrem, mas tentarei recompensar cada sofrimento ok?).
Quanto ao caso Ginny (que Merlin tenha piedade dela, pois muitos querem vê-la morta), era necessário me livrar dela para poder seguir com a trama. Como a esposa do Draco eu já ia mata-la, com a Ginny tive que despacha-la para um lugar muito distante e acabou ficando dessa forma, como uma mãe desnaturada, fazer o quê? Quem sabe, num futuro, a traga de volta para atrapalhar um pouquinho os dois? (Se alguém tem culpa de eu pensar nessa possibilidade, é a SOPHIE BLACK30 por comentar sobre uma aparição dela, que agora estou realmente considerando a volta da Weasley-fêmea, como diz a Bruh Malfoy). Peço desculpas pra quem gosta da Ginny, não quis forçar muito no mau caráter dela, mas queria interagir com os filhos do Harry nessa fic.
Fiquei impressionada e super-hiper-mega feliz que tantos aprovaram essa fic! Deixo com vocês o primeiro capítulo para que se tenha uma melhor noção do que vai ser da fic. Espero que continuem aprovando assim como aprovaram o prólogo.
Outra coisa que queria dizer é que todos os capítulos serão longos como este (portanto volto a ressaltar que serão atualizações demoradas), caso alguém tenha alguma objeção, não gosta de capítulos extensos ou acha que ficou meio difícil de separar as situações e o tempo nas orações, podem me avisar que mudarei conforme seja mais fácil de ler e entender. Beijos e espero que gostem!
Capítulo 1
Harry estava apoiado na pia e via a água escorrer pela torneira. Respirava com calma e profundamente, tentando assim acalmar os nervos e relaxar. Colocou as mãos debaixo da água corrente e sentiu como a fria temperatura aplacava o calor incômodo de suas mãos e assim sucessivamente lhe esfriava os ânimos com lentidão.
Fazendo as mãos em cuia, juntou água para lavar o rosto. Não se contentou com uma ou duas vezes, senão que tivera que jogar água na cara cinco vezes e repetir mentalmente que tudo iria se resolver devidamente e sem qualquer complicações.
Fechou o grifo da torneira e voltou a apoiar na borda da pia. Ficou olhando o ralo enquanto se lembrava o que na hora do desespero não havia lembrado.
Interromper o fluxo de uma vida, independente se isso a levasse à morte ou não e principalmente, o fato de "aparatar" um feto de seu útero de origem a outro útero, era um crime dos mais graves que se tinha na história da medimagia. Chegava ao grau de um aborto, o que era proibido também no mundo mágico.
O que fez era um ato ilegal e estava classificado quase como as Imperdoáveis.
Tremeu nessa hora.
Como era mediauror, havia lido num dos livros da história da cura e medimagia avançada no decorrer dos séculos, o caso particular de uma adolescente de dezesseis anos que não tinha condições de progredir com a gravidez que, para se completar, necessitava de um útero maior e com mais elasticidade. Mesmo ela tendo recebido vários métodos de ajuda, como poções inofensivas à gestação, não logrou resultados apropriados. A mãe da adolescente se dispôs em levar em seu ventre o feto que já se encontrava no seu segundo mês de gestação, e esse caso só foi aceito por ter sido levado em júri, estudado e aprovado por uma corte que visava as leis e confirmava que era pelo bem da criança. Além do que, deveria ter a assinatura do genitor biológico, do pai e dos responsáveis, no caso do genitor não haver ainda cumprido a maioridade, concordando com as medidas que seriam tomadas.
Seus olhos caíram sobre o pergaminho de seu exame e voltou a se angustiar.
Cometera um crime, visto pelo lado da lei bruxa. Não podia ter salvado o feto, senão deixado que morresse junto com a mãe.
Agora não tinha a confirmação assinada de que ela desejava e aprovava que levasse a criança em seu corpo, muito menos isso foi de conhecimento do pai biológico.
Até ouvia as reclamações de Tonks e via o semblante de decepção em Remus quando o caso fosse á público.
Respirou fundo para voltar a se tranqüilizar, o que estava longe de conseguir. Pegou o exame e o guardou no bolso da calça se olhando mais uma vez no espelho. Seus olhos estavam vermelhos pelo choro que não conseguiu segurar e que o fez sair correndo do consultório e estar agora naquele banheiro, tentando ter coragem de ir ao Ministério e falar com Tonks.
Outro erro que cometera foi ter omitido seu ato quando o inquiriram sobre o que sabia sobre o atentado. Na hora estava tão aturdido que não chegou a ponderar nas conseqüências e nem sabia ao certo se o feitiço havia resultado com precisão, visto que nunca o havia conjurado na prática, somente estudado teoricamente como uma das disciplinas que tinha que aprender.
Deixou o St. Mungus arrastando os passos e querendo adiar essa miserável conversa que deixava em evidência o quanto era irresponsável e impulsivo.
Draco olhava a paisagem que se estendia frente à janela do Ministério. Aguardava que a auror Ninfadora Tonks viesse com o resultado do laudo feito no corpo de sua esposa. Girava no dedo anular sua aliança enquanto sua mente vagava em seus primeiros meses de casados.
Sorriu inconscientemente ao se lembrar de seus sorrisos de alegria quando souberam que Scorpius estava a caminho. Havia tomado seu delicado corpo nos braços e girado com ela imerso na felicidade que sentiam. Ainda podia ouvir seu grito de divertimento e suas risadas altas e contagiantes.
Foram três anos tentando ter um filho e sabia que ela se punia mentalmente por não lhe dar esse herdeiro tão esperado. Quando Scorpius fez um ano de idade, percebeu em seu rosto a vontade de ter outro filho, senão mais, então deixou bem claro que não pensava em ter apenas um, como era o legado da família Malfoy. Ela então lhe dedicou seu tão contagiante sorriso, feliz por saber disso e já planejando um segundo filho.
E foram mais quatro anos sem resultado...
Suspirou com resignação, imaginando como ela havia reagido ao saber que depois desses quatro anos, onde a esperança já não era mais que uma fagulha quase extinta dentro do coração, soubera que finalmente estava esperando o bebê tão desejado.
Também ansiava e desejava ter mais de um filho. Esse bebê seria o complemento que faltava em sua felicidade, agora não tinha mais ninguém além de Scorpius...
O som da porta fez sua mente voltar à realidade. Olhou para Tonks, quem vinha com um semblante sério e preocupado.
- Então? – perguntou um pouco incômodo.
- Foi constatado que não tinha nenhum feto em seu útero... – foi direta ao assunto, coisa que Malfoy já havia demonstrado que preferia a realidade sem preâmbulos ou isenta de detalhes primordiais. Notou como o primo franzia o cenho levemente, sem compreender. Também não compreendia o que havia acontecido – Seu ventre há mostras de que foi preparado para a gestação, existe ainda a placenta, mesmo esta estando muito danificada pelo que passou seu corpo...
- Não entendo. Como isso é possível? – questionou com um leve toque de nervosismo. Seria uma gravidez psicológica? Se fosse esse o caso, certamente o Dr. McFly teria dito.
- Seu caso vai ser esclarecido, não se preocupe. Estou ciente que talvez esse atentado tenha algo a ver com você, visto que retiraram a criança do corpo de sua esposa. Somente medimagos altamente treinados, ou seja, o que recebeu do Ministério da Magia e Medimagia o título que lhe permite conjurar feitiços avançados e que muitos não tem conhecimentos, podem usar.
- Demorará muito tempo para resolver isso?
- Não exatamente. É mais fácil porque esses mediaurores, por assim dizer, passaram também por um treinamento de auror. Só existem dez pessoas nessa condição. Três delas são anciões que treinam os novos candidatos e estão dentro do Ministério onde ninguém sabe ao certo sua localização, pois não podem passar seus conhecimentos sem ser para aqueles que conseguiram a nota máxima como auror e como medimago. Cinco trabalham como aurores, pois não tem como simples medimagos atuarem numa área como a nossa sem o conhecimento essencial da academia.
- E os dois que faltam? – agora estava tendo mais esclarecimento e esperava que tudo se resolvesse o quanto antes.
- São os que deixaram de atuar como auror para se dedicarem exclusivamente à medimagia e se encontram no St. Mungus.
Malfoy concordou com a cabeça. Estava exausto e arrasado. Queria descansar e colocar a mente em ordem para agüentar a avalanche que o aguardava depois dessa perda tão inesperada. Nem sabia como faria com Scorpius, como lhe diria que a mãe estava morta...
- Quando pensam em começar com o interrogatório?
- Ainda hoje – ela garantiu. Também desejava esclarecer essa situação e quem sabe, com isso desvendar esses atentados.
- Eu quero estar presente em cada interrogatório, quero saber o motivo que levou essa pessoa a fazer isso... – fez uma pausa, pensando o que realmente era tudo isso – Ainda não entendo porque retiraram... Meu filho... De minha esposa.
Tonks observou o rosto de Malfoy por um tempo. Não queria dar-lhe uma falsa esperança.
- Um mediauror tem a capacidade de retirar um embrião vivo e coloca-lo em outro útero para que continue vivendo... Os medimagos comuns não podem fazer isso porque é algo muito restrito e ilegal, onde somente casos aprovados pelo Ministério da Magia podem se beneficiar – notou como os olhos do primo brilharam com uma vaga esperança – Entenda Draco, talvez isso tenha acontecido, ou talvez tenham feito isso para coletarem uma amostra bizarra para futuramente ser usado como... – ela se silenciou por um momento – Como um tormento sádico de algum inimigo seu... Pode se esperar de tudo. Não vejo outro motivo que possa esclarecer isso.
Malfoy passou a mão pelo cabelo antes de se sentar em uma poltrona. Não sabia o que pensar, como agir... Sua família tinha muitos inimigos, isso era um fato.
Enquanto Draco divagava no que estava passando, na entrada do Ministério da Magia Harry acabava de chegar.
Olhou com receio às pessoas antes de seguir seu caminho até a sala de Tonks. Respirou fundo e esperou que alguém lhe viesse atender, o que não aconteceu.
Ficou durante um tempo ali parado e buscando com a vista algum funcionário ou mesmo a auror, mas pelo jeito, todos estavam muito ocupados hoje.
Sua atenção então se deteve frente à porta designada ao chefe de aurores onde se via uma plaqueta com o nome gravado. Com receio caminhou até ficar de frente a porta e respirando fundo, sabendo que iria levar a maior bronca de sua vida, e de quebra saber sua sentença pelo que fizera por impulso, estendeu a mão para chamar.
- Não quero te dar falsas esperanças Draco... – Harry parou de se mover e continuou ouvindo – Não vejo vantagens em alguém tomar uma gestação tão longa e uma responsabilidade imensa ao fazer isso. Além de ser um ato ilegal e que acarretaria sérios problemas para esse mediauror.
- Tem razão... – a voz levemente rouca se fez ouvir, mais triste do que Harry chegou a pensar que um dia ouviria – Tenho que me conformar que mataram minha esposa e meu filho que nem chegou a nascer...
Então sentiu seu coração disparar. Seria que aquela moça tão bonita e tão desesperada em salvar o filho fosse a esposa de Malfoy? Impossível!
Negou com a cabeça não querendo acreditar. Ouviu a conversa pela metade, não entendia do que estavam discutindo, mas certamente não tinha nada a ver com o que fizera.
- Quando interrogarmos um por um os mediaurores saberemos de fato o que aconteceu e qual o motivo, não se preocupe.
Nesse instante a porta se abriu e se viu frente a frente com Draco Malfoy. Tonks ainda terminava a frase quando o loiro decidiu abrir a porta para sair.
Ficaram se olhando sem reação alguma, pois fazia muito tempo que não se viam. Talvez a última vez foi ali mesmo no Ministério, quando Malfoy estava em julgamento pelos crimes de guerra.
Alto, forte, de pele pálida e olhar de gelo... O cabelo platinado caía despontado pelo rosto, dando um ar mais descontraído e demarcando as feições aristocráticas. Ele estava mais bonito do que se lembrava e certamente ainda derrubava corações por onde passava.
Em contraparte, o loiro via um homem de pele levemente bronzeada, alto e proporcional, rosto de feições definidas e suaves, porém com um toque de inocência, uma característica própria desde a infância, pelo que se recordava. Os cabelos ainda eram revoltos e negros, porém mais compridos do que um dia o havia visto portar, alcançando o meio das costas e que se mantinham presos por uma discreta tira negra. Fora claro o olhar, extremamente verde e livre das lentes.
Draco foi o primeiro a reagir, suavizando o semblante de forma séria e inexpressiva.
- Potter... – cumprimentou baixo, com um leve movimento de cabeça e estava a ponto de ir embora, quando sentiu uma trêmula mão pousar em seu peito, interrompendo seu intento.
Acompanhou essa mão até olhar diretamente aos olhos esverdeados, esperando que esclarecesse o motivo de o deter ali.
Potter prontamente recolheu a mão e buscou com os olhos a Tonks que estava ainda na sala, olhando a cena em silêncio.
- Malfoy... – balbuciou, ainda sem saber o que diria – Eu sou mediauror e...
- Harry é um dos mediaurores que está trabalhando no St. Mungus, se quiser podemos começar conversando com ele, já que estava no local do acidente antes que os aurores chegassem – Tonks se intrometeu, olhando diretamente a Harry. Como não lembrou desse pequeno e fundamental detalhe?
Potter notou que os olhos de Draco brilharam de uma forma que não soube definir. O loiro apenas abriu passagem para que entrasse na sala e assim que estava dentro, fechou a porta com os olhos ainda posto sobre si. Se não estivesse se sentindo tão miserável pelo que fizera, certamente lhe devolveria a mirada de forma inquiridora e desafiante.
Não se arrependia de ter salvado o bebê, mas se arrependia de ter tomado decisões precipitadas, o que não resultava em nada de bom, como já teve a infelicidade de comprovar por várias ocasiões.
E pensar que esse bebê que agora carregava poderia ser de Malfoy era ainda mais perturbador.
Acomodou-se em uma cadeira, vendo como Malfoy sentava na do lado e Tonks tomava seu lugar atrás do escritório. Respirou fundo pela terceira vez na mesma hora e para se acalmar, lembrou das últimas palavras de Sírius, antes de perde-lo no Véu àquela noite.
"Todos os nossos atos contribuem para algumas mudanças em nossas vidas, não só para nós, como para quem nos rodeia também. Você pode mudar o rumo de uma vida dependendo das decisões que são tomadas, tanto para o bem, como para o mal. Esteja ciente de suas responsabilidades e faça o melhor para que seja uma mudança para o bem".
- Teria alguma objeção se eu o interrogar frente ao senhor Malfoy? – Tonks foi direta e de modo bem profissional.
- Se me permite, queria esclarecer por mim mesmo – Harry tomou uma postura bem confiante, olhando diretamente a Malfoy, uma mudança bem radical de sua conduta até então.
O loiro apenas concordou com a cabeça e aguardou.
- Hoje pela manhã, eu estava de compras onde aconteceu e fui testemunha da tragédia, como já disse para a auror Tonks. O fato é que omiti que usei um feitiço de mediauror em uma das vítimas, uma moça que não conheço, mas que antes de... Falecer... Implorou-me que salvasse seu bebê... – viu como os olhos prateados se entristeceram à menção da morte de sua esposa, mas depois tomavam mais uma camada de um brilho intenso, produzido certamente pela esperança que brindava seu coração – O motivo de ter omitido isso – seus olhos agora buscaram a amiga que o reprovava com a mirada – Foi que ainda não assimilava o que fiz e também por não ter certeza de que o feitiço havia tido êxito, visto que nunca o conjurei em prática.
Draco soltou a respiração, que havia retido conforme as palavras de Potter iam avançando até que chegou ao ponto em que sua esperança voltou a vacilar junto com a frase: "por não ter certeza de que o feitiço havia tido êxito, visto que nunca o conjurei em prática". Virou o rosto para o lado oposto a Potter, sentindo uma mescla de decepção, angústia e perda.
- Harry... Sabe no que se meteu por ter feito isso, sem importar o resultado? – Ninfadora pronunciou com aflição, voltando ao seu tom amoroso e amigável.
- Perderei o título de Mediauror e nunca mais poderei exercer essa função... – Potter falou por ela. Fitava agora as próprias mãos – Mas não me arrependo – essa afirmativa, tão convicta e direta, fez Malfoy voltar a olha-lo – A Lei manda deixar o feto morrer com o genitor, mas ela implorava que salvasse seu bebê. Não me arrependo.
Draco franziu levemente o cenho. Deveria ter sido horrível ver como sua esposa, tão delicada e amorosa, implorava que ao menos salvasse seu bebê, a preciosidade que buscou com afinco por tantos anos.
Tonks ia dizer algo, quando Malfoy se adiantou.
- Por que é ilegal? – tentava buscar a mirada verde de Potter, mas este continuou de cabeça baixa, fitando as mãos e continuou assim mesmo enquanto respondia sua pergunta.
- Somente os mediaurores chegam a aprender esses feitiços, pois são aurores que passam por um feitiço de juramento onde declaram que seus atos serão apenas para o bem e segurança das pessoas. Já imaginou os inúmeros medimagos com tal conhecimento que, poderão a torto e a direito, remover embriões de seu útero de origem para outro? Poderiam fazer isso com intenções duvidosas, como por exemplo, no seu caso, retirar um herdeiro poderoso para em seguida exigir sua fortuna, ou seu cargo mais elevado, usando essa criança como arma. E quando for feito um exame para garantir a consangüinidade, ela será legítima e você, não poderá fazer nada contra. Ou tomemos um caso mais simples; uma pessoa com ou sem antecedentes criminais que precisa desesperadamente de dinheiro e a forma mais fácil é, vender seus embriões para aqueles que por algum duvidoso motivo necessita de crianças, tanto para ter um filho, como para coisas mais atrozes. Seria um caos...
Malfoy agora entendia perfeitamente. Manteve os olhos sobre Potter, lutando contra a pergunta que queria fazer. Num ponto, desejava saber se ele havia tido êxito e em quem encontrava seu filho, mas por outro, não queria ouvir uma negativa como resposta. O moreno pareceu notar isso.
- Malfoy... – sussurrou com um insistente tom rosado surgindo em suas faces, ainda sem mira-lo – Acho que precisa saber que... Seu filho agora vive em mim...
A reação geral foi única – assombro e incredulidade.
Harry fez o impossível por ignorar essas miradas sobre si e retirou do bolso o exame, colocando sobre a mesa, frente ao loiro.
- Para sobreviver, o feto precisa que o novo portador tenha o mesmo tipo sanguíneo e RH, isso é o fundamental. Como tomei uma decisão desesperada, tive que ser o novo portador, pois meu sangue e RH são universais – esclareceu, ainda se sentindo incômodo pelo silencio da sala.
Resolveu erguer os olhos para ver a reação de Malfoy, e o que encontrou foi ainda mais perturbador.
Draco praticamente o devorava com os olhos, que brilhavam de um modo como nunca havia visto antes. Era como uma mirada repleta de emoções indefinidas que se mesclavam entre si numa batalha interminável para ver qual delas sobressaía às demais.
- Posso garantir seu cargo e sua vida tranqüila... – então ouviu o loiro e se surpreendeu por isso.
- Malfoy, isso é um ato ilegal... – negou com a cabeça.
- Além de te tirarem o título de Mediauror e seu trabalho, o que mais afetaria?
- Terei que perder o feto e meu nome será manchado dentro do Ministério... – esclareceu com cuidado, sabendo que isso não agradaria ao outro.
- Não quero que meu filho morra... É o último pedido de minha esposa e um desejo que tanto ansiei. Garantirei seu título e seu nome em troca de você me garantir essa gestação até o fim – disse com determinação.
Harry estava duvidoso e buscou confirmação em Tonks, que até então se mantinha calada e apenas observava a interação dos dois.
- Ele pode fazer isso aprovando que você leve seu filho, no entanto, terão que viver relativamente em contato, para que o Ministério saiba que estão fazendo isso pelo bem da criança.
- Não aprovaria se fosse de outra forma. Quero acompanhar a gestação de meu filho – Malfoy não abriria mão disso nunca.
- Relativamente em contado? – Harry franziu o cenho.
- Você viverá comigo a partir de agora Potter.
Harry manteve os olhos sobre Malfoy, ainda sem acreditar como sua vida foi mudar tão drasticamente.
Depois da conversa com Tonks, Harry seguiu Malfoy até um parque ali perto do Ministério, onde se encontrava agora sentado em um dos bancos e ao lado de seu antigo inimigo de escola.
O que conversariam dessa vez era assunto deles e não queriam discutir isso na frente da auror.
- Não será tão fácil que eu simplesmente me mude pra sua mansão e viva como se nada, debaixo do mesmo teto... – Harry começou, olhando algumas crianças que brincavam ao longe.
- Acha que está sendo simples pra mim Potter? – o loiro retrucou de modo contido – Também não será nada fácil viver contigo, quem simplesmente não me dou bem e que me humilha relativamente.
Dessa vez os olhos verdes se dirigiram ferozes para o rosto pálido e aristocrático que estava levemente retorcido em um semblante de desgosto.
- Como assim te humilho? – disse baixo, mas nitidamente molesto pelo que ouviu.
- Convenhamos que nunca nos demos bem e nunca nos daremos bem. Tenho conceitos completamente opostos que os seus e isso causa sérios conflitos de convívio. Fui praticamente seu inimigo na guerra, não temos porque esconder isso e você já fez seu maior ato para me dizer claramente que eu não estaria aqui, agora, se você não tivesse me salvado a vida. Então você entra em cena novamente, depois de tanto tempo e me mostra que meu débito e gratidão por você terão que ser redobrados, pois agora você salvou a vida do meu filho – desabafou, olhando fixamente ao longe, sem realmente querer olhar para seu interlocutor.
- Não fiz isso por humilha-lo! Já disse que nunca havia visto sua esposa na vida e nem sabia que ela era uma Malfoy! – se levantou, decidido a ir embora, mas teve que mudar de idéia, quando o loiro se fez ouvir.
- Dá na mesma, com ou sem intenção, você sempre consegue me humilhar e me atormentar... E caso tenha esquecido, se não vivermos relativamente em contato, seu nome e seu emprego serão prontamente manchados.
Harry apertou os punhos e tentou se acalmar. Estava sozinho e necessitava desse emprego e do nome limpo para criar a James e Albus. Caso seu nome fosse sujo por atos ilegais, certamente perderia a guarda dos filhos e isso era o que menos queria na vida. Engoliu seu orgulho e voltou a se sentar ao lado de Malfoy.
Pelo menos o arrogante loiro era sincero em lhe mostrar que ainda não o via com bons olhos e que realmente nunca se aturariam.
- Não farei da sua vida um inferno. Já passei dessa faze Potter. Ainda mais se você está agora gerando um filho meu... – essa última frase saiu como num sussurro, tomado por um sentimento de vergonha que Harry distinguiu claramente por ser auror, mas que muitos nem teriam notado.
Seus olhos pousaram sobre uma formiga que puxava parte de uma folha ainda verde na areia branca que forrava as trilhas de caminhadas do parque. Era constrangedor para si também. O simples fato de saber que em seu ventre existia um ser que surgiu de uma parte fundamental de Malfoy, era completamente desconcertante. Praticamente era como se tivesse tido relações com ele, visto como os bebês surgiam...
Corou sem que pudesse evitar e deu graças que seu acompanhante não o olhava no rosto.
- Prefiro que você venha morar comigo ao que eu vá para onde esteja residindo. Metade do meu trabalho eu cumpro em casa e seria uma grande moléstia e inconveniente que resultariam em atrasos e mais atrasos em minha vida e nos bolsos de meus acionistas que não viria nada bem nesse momento. Como deve saber, não sou visto com bons olhos e os poucos que decidiram confiar uma parcela em mim, poderiam simplesmente deixar de confiar.
Harry analisou essas palavras com calma. Realmente seria mais complicado para Malfoy mudar de vida do que ele, que morava em um apartamento mediano e seu trabalho se resumia em apenas atender pacientes no maior hospital bruxo que existia na Inglaterra, fora que por mais que odiasse, era o queridinho "Salvador", nunca lhe negariam algum tempo de folga para se adaptar a uma mudança brusca, como era o caso, principalmente se agora estava grávido.
Seu problema era outro e completamente difícil de se resolver...
- Tenho dois filhos Malfoy... Acho que isso já te dá uma dica do porque não é tão simples assim...
Draco já sabia desse detalhe, pois era óbvio que o famoso Harry Potter não estaria sozinho e sem família até agora.
- Como eu disse, receberei você, sua esposa e filhos em minha casa, não me importa que venha com eles, também não lhe privaria de sua vida exigindo que se enclausure sozinho em minha residência por nove meses. Enquanto tiver condições, ainda poderá cumprir com seu trabalho normalmente, sair, ou o que lhe der vontade, apenas quero acompanhar o desenvolvimento do bebê e cumprir com o que nos é obrigatório.
- Que seria viver relativamente juntos... – Harry não sabia o que era pior nisso tudo.
Ficaram em silencio durante um momento, cada qual imerso em seus próprios problemas.
- Como se chamam? – Malfoy perguntou baixo.
Harry o olhou de esguelha para no instante seguinte fitar novamente as crianças que brincavam ao longe. Foi uma pergunta que não esperava por parte desse homem.
- O mais velho se chama James e o mais novo Albus...
- Não poderia ter sido diferente – o loiro sorriu afetado. O nome do pai e do principal tutor em Hogwarts para Potter – Pensei que teria um time inteiro de Quidditch com Ginevra Weasley.
Harry sorriu um pouco ao se lembrar da ruiva. Realmente queria ter mais filhos, era um dos sonhos que construiu com ela.
- E quanto a você? – mudou um pouco o rumo dos pensamentos, não queria lembrar nela, nem o quanto sentia falta de seus abraços – Este é o seu primeiro?
Em menção disso, Draco olhou à barriga de Potter, coberta pela camisa. Isso fez o moreno se incomodar um pouco, ainda não acostumado com sua nova condição.
- Meu primogênito se chama Scorpius... – disse com um pouco de tristeza, desviando a mirada para longe – Este é meu segundo filho.
Harry não soube se sentia alívio por saber que não levava o principal herdeiro, mas pensou melhor. Era perturbadora em ambas a forma, pois era filho de Malfoy.
Uma leve pontada lhe fez franzir o cenho. Passou os dedos pela barriga como forma de aliviar o mal estar de seu hóspede enquanto se recriminava mentalmente.
- Desculpe bebê, não me arrependo de leva-lo comigo... Só me é muito incômodo seu pai... – pensou consigo mesmo, como se dessa forma pudesse se desculpar e acalmar aquele pequeno ponto de vida que mal tinha tomado forma.
Draco o olhava discretamente, vendo como acariciava de forma vaga e delicada o ventre sobre o tecido fino da camisa. Então se levantou, tentando não levar esse gesto pra nenhum lado. Pra ser sincero, não sabia pra que lado haveria de levar aquilo, só não queria pensar que Potter carregava seu filho e parecia gostar disso.
- Acho que já temos um acordo? – não esperando muito pela resposta do moreno, continuou – Tratarei de resolver o que preciso aqui no Ministério e depois do funeral de minha esposa, você poderá se mudar para minha casa.
Harry suspirou com incômodo, mas aceitou. Isso requeria algum tempo, talvez, no mínimo, três dias, o que já lhe ajudava a conversar com os filhos e tentar convence-los que tudo iria ficar bem, mesmo não acreditando nisso. Precisava tomar mais tempo para arrumar as coisas.
- Uma semana pode ser?
Draco ponderou um pouco antes de aceitar. – Dentro de uma semana mandarei uma condução trazer-lhes devidamente à mansão.
Trocaram um frio aperto de mãos como despedida, antes de Malfoy voltar ao Ministério e Potter deixar o parque para ir de Noitibus buscar os filhos na Toca, onde os havia deixado brincando e passando o dia com os avós.
No trajeto, Harry ainda pensava nas palavras de Sírius. Nunca imaginou que aquela moça tivesse alguma relação com seu passado e duvidava que fosse apenas uma coincidência da vida... Estava mais para uma jogada do destino que outra coisa, ou então alguém lá em cima gostava de brincar com sua sanidade mental e resolveu testá-lo colocando novamente Malfoy em seu caminho.
Ficou um pouco enfadado com esses pensamentos, que puxavam outros e tudo girando em torno de Draco Malfoy e sua desprezível presença e comentários. Decidiu não pensar muito nesse indivíduo, pois admitia que ainda guardava certos rancores do passado em relação a muitas coisas que ele fez.
Teria tempo de se perturbar com ele daqui a uma semana, por enquanto, queria apenas refletir sobre seus atos e como diria aos seus filhos que se mudariam do apartamento durante alguns meses. Também não chegou a pensar muito sobre isso, pois em sua mente surgiu algo mais... Diferente, por assim dizer.
Pousou a mão sobre a barriga e imaginou como seria estranho dar a luz a um bebê híbrido de pele pálida e cabelos louros platinados. Sorriu com essa imagem e as caras que Mione e Ron estampariam no rosto.
- É bebê... Você causará um tremendo reboliço na vida da gente... – e riu um pouco mais.
Levantou do banco e quase caiu quando o veículo parou, só não foi pro chão porque sabia que qualquer queda não era muito saudável para o pequenino ser que agora morava em seu corpo, ainda mais quando este estava tão fraco por ter acabado de ser removido de sua proteção natural para habitar outra desconhecida. Seu braço direito chegou a doer pela força com que se agarrou nas barras de ferro que compunham o banco da frente.
- Desculpe Harry, não queria arriscar a vida de seu filho – o pequeno "enfeite" tratou de se desculpar prontamente, para assombro do moreno.
- Tudo bem, não aconteceu nada e eu deveria estar mais atento, pois essas viagens sempre foram... Bruscas quase violentas... – escolheu um pouco as palavras e resolveu por não saber como Stan descobriu algo nada perceptível como sua gravidez, ou acabaria varando a tarde com ele e sua compulsiva faladeira.
Quando desceu do Noitibus ainda era metralhado por algumas perguntas, entre elas quem era o outro pai e como foi que conseguiu ficar nesse estado, que se aliviou quando finalmente o veiculo fechou as portas e partiu.
Caminhou um pouco até chegar na Toca, pois o ponto onde a condução passava ficava alguns metros longe da residência dos Weasley.
Assim que chegava na porta ouviu a voz de Albus, quem correu em sua direção lhe dando um forte e caloroso abraço.
- Papai! – o pequeno sorria feliz.
- Olá querido... Brincou bastante? - tratou de carregar e beijar seu rosto antes de entrar na casa.
- Vovô nos deixou brincar no fundo da casa! Foi divertido! – o menino lhe explicava.
- Que bom!
- Olá Harry, chegou na hora do café! – a senhora Molly tratou de arrasta-lo até uma cadeira assim que pisou na cozinha – Fiz aquele maravilhoso bolo que você tanto adora!
- Desse jeito ficarei mal acostumado – brincou, colocando o filho na cadeira ao lado da sua.
- Um homem sozinho não sabe se alimentar direito – ela o olhou bem dentro dos olhos e apertou um lado de sua bochecha, comprovando que suas próximas palavras estavam certas – Está magro demais! – ela se afastou para se encarregar do bolo – Precisa de uma esposa Harry, que cuide bem de você.
Harry sorriu de leve, se constrangendo e entristecendo ao mesmo tempo. Sabia que os Weasley não aprovaram o que a caçula fizera, mesmo tendo explicado que um casamento nunca iria pra frente sem amor. Molly Weasley era a que mais se chateou pelo ocorrido, incluindo Ron é claro. O amigo ficou inconformado e chegou a dizer que traria de volta algum juízo na cabeça da irmã nem que para isso tivesse que socar algo coerente dentro do crânio dela.
Sorriu ao ver o ruivo entrar na cozinha justamente nesse momento.
- Olá Ron...
- Harry! Você demorou que achei que não viria até anoitecer! – o amigo lhe deu tapinhas no ombro, como cumprimento.
- Estava resolvendo um problema – Harry fez uma careta ao se lembrar do problema.
- Daqueles bem grande? – Ron notou o semblante nada satisfeito em Harry.
- Daqueles que fariam os olhos da Mione brilharem.
- Imagino... – Ron e Harry compartilharam um exagerado olhar de pesar, para depois rirem descontraídos quando a mencionada entrou pela porta.
- Do que estão rindo? – ela perguntou com interesse, ocupando o lugar ao lado de Ron.
- Harry apenas estava me dizendo que demorou porque estava resolvendo um problema.
- E podemos ajuda-lo? – ela se ofereceu prestativa e doida para solucionar qualquer tipo de problema, e quanto mais difícil, melhor.
Harry suspirou, sabendo que desse problema, não poderia contar com a ajuda de ninguém além de si mesmo.
- Infelizmente é algo que só cabe a mim mesmo resolver... – fez uma pausa, olhando seus dois melhores amigos – Mas precisarei de muito apoio e compreensão de vocês.
Prontamente os dois lhe sorriram. – Claro Harry!
Apesar de ter ficado feliz com essa dedicação por parte dos dois, não estava muito convencido de que não teria nenhum inconveniente quando se inteirassem de qual era o problema e quem estava envolvido nisso. Principalmente por parte de Ron...
Então teve que mais uma vez afastar esses pensamentos, quando James entrou na cozinha junto com os primos. Sorriu assim que seu garoto mais velho lhe viu ali e foi saúda-lo com um beijo no rosto e desabando pesadamente na cadeira do outro lado de Harry.
- Hoje o domingo foi muito divertido, mas seria melhor se estivesse aqui com a gente. No próximo espero que esteja presente, pai – James lhe sorriu, mostrando o quanto sentia sua falta.
- Não penso em perder os próximos domingos – Harry garantiu, passando a servir os filhos com uma generosa fatia de bolo e suco de abóbora.
Seus olhos pousaram em Hermione, que também servia seu filho e não pôde deixar de lembrar em como Ginny fazia o mesmo, tendo aquela graciosidade e habilidade especial que somente as mulheres possuíam.
Uma pequena mão se pousou na sua e olhou a James, quem continuava sorrindo.
- Você é um excelente pai e te tendo sempre conosco, não precisamos da mamãe... – lhe sussurrou.
- Te amo papai... – Harry dessa vez olhou para Albus, quem lhe sorria com um belo bigode de suco de abóbora – E eu preciso de um guardanapo papai.
Harry riu feliz, dando um guardanapo para Albus e mais um pedaço de bolo para James. Os problemas já não lhe pareciam tão graves assim, apenas incômodos e manejáveis.
No meio da noite ainda se encontrava na Toca sentado na sala em companhia de Ron e Hermione. Albus dormia no sofá com a cabeça apoiada em seu colo enquanto James ajudava o avô Arthur com sua coleção de fios elétricos.
- Então Harry, não vai compartilhar de seu grande problema? – Ron perguntou de forma descontraída, pois os problemas tinham que ser resolvidos com a cabeça fria, como sua esposa sempre lhe dizia desde a época de Hogwarts, só que nunca chegava a levar em consideração quando o problema era seu.
- Talvez podemos pensar em uma solução mais viável, pois duas cabeças pensam melhor que uma – a castanha garantiu, ainda querendo ajudar no que fosse preciso a Harry, como sempre.
O moreno passou a mão pelo cabelo, fazendo sua franja cair rebelde por seu rosto. Não sabia como contar o que fizera, pois tinha certeza que o sermão saltaria da boca de Hermione no instante seguinte, sem contar quando chegasse na parte em que Malfoy aparecia e seria a vez de ver como uma infinidade de xingamentos e reclamações pularia pra fora da boca de Ron.
- Não tem solução para o que eu fiz... – começou, ponderando nas próprias palavras – Agora só me resta manejar o resultado da melhor forma possível e sair bem depois de tudo.
O casal se entreolhou em confusão, antes de voltarem atenção ao amigo.
- O que você fez de errado que não há como remediar? – Hermione perguntou com calma, querendo entender o que se passava.
Harry suspirou, de uma forma ou outra eles iriam saber. Quem não iria? Vivendo com ninguém mais ninguém menos que Draco Malfoy.
- Não considero isso como um erro, entendam... – aclarou esse detalhe que para si, ou seria melhor dizer, para o bebê, era fundamental - Souberam do atentado da clínica hoje de manhã? – os dois confirmaram – Eu estava na loja de frente ao prédio, escolhendo uma vassoura para James, quando aconteceu...
- Oh Harry! – Hermione exclamou, sabendo como o amigo não gostava de presenciar essas tragédias, principalmente depois da guerra e de tudo que tivera que passar. E o moreno ficava ainda mais deprimido quando não conseguia salvar as vítimas e as viam morrer. Ron apenas entrelaçou a mão da esposa.
- Eu tentei socorrer quem fosse, mas infelizmente, não se podia fazer muito... – sorriu com tristeza, se recordando da cena e sentindo-se incapaz.
- Não foi sua culpa Harry. Sabe disso... – Ron murmurou, vendo como o amigo se punia interiormente.
Mas Hermione notou que ele não estava totalmente arrasado, e isso era algo muito fora do que sentiria. – Morreram todos, eu sei...
Harry negou com a cabeça, seu sorriso deixando de ser triste para ter um leve matiz de orgulho. – Salvei uma pessoa, mesmo que esse ser humano ainda não possa ser considerado como um e que certamente nunca chegaria a ser incluído na contagem que o Ministério faz de cada vida perdida ou salva... – Ron e Hermione guardaram silêncio, sem entenderem – Encontrei uma das vítimas ainda com vida – dessa vez a tristeza voltou aos olhos de Potter e seu sorriso sumiu ao se lembrar dela e em como lhe implorava desesperadamente ignorando a própria vida – Ela pediu que eu salvasse seu bebê de apenas uma semana... E eu não podia negar isso a uma mãe...
Harry se recordou de sua própria mãe, em como ela deu a vida por si e com tal amor, que não se importou em morrer para tê-lo vivo... A senhora Malfoy fizera o mesmo...
- Você salvou uma criança Harry? – Hermione sabia que não era uma criança, pois por mais que fosse recém-nascido, contaria como uma das vítimas. Então arregalou os olhos quando o amigo negou com a cabeça.
- Entende agora porque o que fiz não tem volta nem solução?
- O que você fez? – Ron estava literalmente perdido nessa conversa e não compreendeu o que Hermione havia compreendido.
- Harry salvou um feto recém gerado e que agora vive... – ela duvidou um pouco, mas o olhar esverdeado não dava margem de erro – Vive dentro do Harry...
- Quê? – o ruivo praticamente berrou.
Hermione se ergueu de supetão, passando a caminhar de um lado a outro, quase tendo um ataque.
- Por Merlin Harry! Como você não pensou nas conseqüências? Isso acabará com sua carreira, com seu nome e... – ela se calou, olhando para Albus, que apesar do berro de Ron, ainda estava dormindo – Acontecerá coisas ainda piores... – dessa vez ela sussurrou.
Harry sorriu com tranqüilidade e negou com a cabeça. – Já resolvi esta parte Mione... Acalme-se ok? – quando a amiga voltou a sentar, continuou – Fui ao Ministério dizer o que fiz, e por casualidade, encontrei o marido dela. E por eu ter salvado a vida de seu filho, ele cuidou para que nada disso acontecesse.
- Bem... – ela suspirou mais relaxada – Fico aliviada por saber disso.
- O problema agora é que terei que viver esses meses com ele, até o bebê nascer... É o que exige o Ministério.
Hermione concordou. Era um critério válido, pelo bem do futuro bebê.
- Ele deve ter ficado desolado pela perda da esposa, mas em compensação, não vai perder o filho – ela sorriu. Apenas Harry Potter era capaz de colocar tudo de lado para fazer o que era o mais certo no momento. E Harry tinha muita sorte a seu favor...
- E como chama o pai? - Harry observou com preocupação o sorriso de Ron, quem fizera a pergunta. Desviou a mirada para Mione e depois para o piso, coçando a nuca de forma torpe. - Harry? - Ron já não sorria mais, assim como a castanha o inquiria com o olhar.
- E isso importa? – praticamente implorou em que dissessem não.
- Quem é o pai? – agora Hermione queria saber a todo custo, enquanto o ruivo duvidava de querer ouvir a resposta.
Harry fez bico, contrariado, e pegou a varinha antes de dizer. – Lembram do Draco Malfoy? – no mesmo instante lançou um silenciador nos amigos que reclamavam desesperadamente. Sorte que não ouvia nada – Sei que estão enojados com isso, mas agora tenho que ir e colocar os meninos na cama.
Hermione se calou com moléstia e cutucou Ron para que ficasse quieto. Com enfado pegou a varinha e desfez o feitiço.
- Sabe como é o Malfoy, Harry... Isso não vai acabar bem – ela sentenciou – Não vale a pena...
- Posso me arrepender de minha impulsividade, mas sei de uma coisa que eu não me arrependo. E não será Malfoy quem fará com que eu me arrependa dessa escolha Mione... Eu não me arrependo de ter salvado esse bebê, independente de sangue e nome, eu não me arrependo, porque esse bebê por si só, vale mais do que pensamos.
Hermione corou de vergonha perante essas palavras. Agora via como o que disse há pouco para Harry era algo cruel, pois não havia pensado pelo lado da criança, e sim pelas desavenças que nutria por Malfoy.
- Eu não pensei no que disse... – ela tentou se corrigir.
- Tudo bem Mione, ninguém aqui confia ou meramente gosta do Malfoy... – Harry também entendia o lado deles. O loiro lutou pelo lado inimigo mesmo sendo forçado ou ameaçado a isso, coisa que havia descoberto e não havia comentado com quase ninguém, e sempre desprezou os três, e não tinha dúvidas que ainda os desprezava.
Ron olhava para o amigo sem dizer uma palavra. Reconhecia que Harry tinha razão. Então lembrou da conversa que tiveram essa tarde.
- Tem razão Harry, só você pode solucionar isso – os dois o olharam incrédulos – A única coisa que Mione eu podemos te dar é apoio e compreensão.
Depois dessas palavras, não precisavam de mais argumentos. Hermione abraçou o ruivo pelos ombros com orgulho, enquanto o moreno lhe dedicava um sorriso de gratidão.
Harry então olhou para Albus que dormia placidamente com a cabeça em seu colo. Passou os dedos pelo cabelo marrom avermelhado quitando algumas mechas do rostinho do filho antes de carrega-lo com cuidado, para não molesta-lo muito.
O menino resmungou sonolento e enroscou os braços ao redor de seu pescoço, repousando em seguida a cabeça em seu ombro. Então buscou o mais velho, quem estava na cozinha conversando animadamente com o senhor Arthur.
- James... – chamou baixo e esperou que o filho viesse até ele colocando uma jaqueta para se proteger do frio noturno.
Harry cobriu o filho menor com sua blusa de linho, para que não tomasse friagem no caminho de volta.
- Não quer dormir aqui hoje, Harry? – Molly quase implorou, desejando mimar um pouco mais os netos.
- Fica para outro dia, senhora Weasley. Nessa semana terei que arrumar algumas coisas.
- Está bem... Mas é uma pena... – ela soou decepcionada.
Harry se despediu de todos antes de deixar a Toca com James caminhando alegremente a seu lado.
A noite estava calma apesar do friozinho que fazia.
James colocou as mãos nos bolsos da jaqueta e olhou ao pai com interesse. Quando a atenção dos olhos verdes se focaram em si, lhe sorriu divertido.
Harry devolveu o sorriso, desconfiando que o garoto batucava algo com demasiado interesse.
- Está esperando um bebê? – finalmente veio a pergunta.
- Sim... – confirmou com cuidado, atento nas reações do filho – Isso está bem pra você?
James torceu os lábios numa careta de desagrado. – Tirando que terei que aturar outro irmão pentelho mais novo... – e deu uma olhadinha nada satisfeita para Albus – Está bem – depois sorriu satisfeito – Isso faz com que Al também tenha que aturar um irmão pentelho mais novo.
Harry riu. James era esperto e bem receptível apesar de ter sete anos.
- Acha que estará bem para seu irmão?
James pensou um pouco fitando o céu com um dos olhos fechados e o outro aberto. – Hum... Ele supera, não se preocupe!
Harry sentiu-se mais leve interiormente e aquela preocupação de um conflito com os filhos desapareceu de seu coração. Quis abraçar a James pelos ombros enquanto caminhavam até o ponto de táxi muggle, mas não conseguiria, pois Albus já tinha cinco anos e pesava muito para poder carrega-lo com apenas um braço.
Percebendo, James se encostou ao corpo paterno se prendendo no braço à disposição. Isso fez Harry sorrir ainda mais.
- Papai te ama muito... – murmurou.
James negou com a cabeça abrindo um largo sorriso maroto. – Papai está esperando um bebê, isso o torna mamãe agora...
- Engraçadinho... – Harry o cutucou de leve ainda sorrindo, sendo influenciado pelas risadas divertidas de seu primogênito.
Essa noite Draco voltou pra casa como se houvesse trabalhado uma semana inteira sem descanso. Sua cabeça doía e sentia-se vazio por dentro.
Foi muito duro ter que enfrentar a realidade, quando finalmente liberaram o corpo de sua esposa e a viu inerte, tão ferida e sofrida...
Esfregou o rosto com desespero e apoiou os braços sobre a lareira ficando com a cabeça levemente abaixada. Tentava colocar a mente em ordem, desesperar-se não era o correto numa hora dessas. Tinha que mostrar firmeza, não por ser um Malfoy, como diria seu pai, mas por Scorpius...
Seu filho precisava que fosse forte pelos dois...
Apertou a base de pedra onde estava apoiado ao se lembrar em Potter. Seus olhos acompanhavam as labaredas de fogo que consumiam lentamente as toras de cedro, dispersando um sutil aroma pelo ambiente.
Tinha uma dívida de vida com Harry Potter, agora sua dívida aumentava por ele ter sido o anjo que salvou ao menos a vida de seu segundo filho.
Pressionou a base do nariz entre os olhos, tentando assim suavizar a irritação que sentia. Deixou a sala para subir a escadaria e ir em busca de algo mais importante que se consumir em pensamentos que por hora, não haveria soluções.
Empurrou a porta de um dos quarto e olhou para a cama.
Scorpius já dormia, rodeado por seus bichos de pelúcia, cada um maior que o outro. A babá estava sentada em uma poltrona ao lado da lareira que ardia para aquecer o quarto, um livro caído em seu estômago e a sono solto.
Olhou as horas e negou com a cabeça. A pobre senhora não tinha culpa de estar tão cansada, pois já passara muito do horário que ela ia embora.
Caminhou em silêncio até ela para despertá-la com um leve toque no ombro.
- Ann... – ela piscou algumas vezes, para então se sentar devidamente reta.
- Oh, perdão senhor Malfoy, eu havia pegado no sono sem perceber – ela se desculpou, envergonhada.
- Tudo bem Ann, pode se acomodar no quarto ao lado, já está muito tarde para ir embora.
- Scorpius se comportou raro hoje... – ela sussurrou, lançando uma olhada para o menino que dormia.
Draco franziu o cenho. – Explique-se melhor.
- Não quis brincar, nem ir ver o lago, onde ele gosta de passar a tarde...
- Tudo bem Ann, amanhã a gente conversa, agora vá descansar.
A velha ama concordou com um semblante entristecido e olhando para a caminha do garoto antes de se retirar em completo silêncio.
Draco então se aproximou da cama, se acomodou deitando ao lado do filho com cuidado para não despertá-lo e apenas acariciou de leve os cabelos platinados e extremamente suaves, depositando um beijo quase superficial na fronte pálida do menino e sentindo como o aroma de seu cabelo lhe invadia os sentidos e acalmava a dor que lhe consumia nesse momento.
- Vamos ficar bem, meu pequeno... – murmurou fechando os olhos e repassando mentalmente cada acontecimento importante de sua vida.
Não soube quando dormiu, mas sabia que se estivesse em seu quarto, deitado na espaçosa cama sem a companhia dela, nunca teria adormecido...
Scorpius despertou depois de um sono estranhamente sem sonhos e com uma sensação esquisita que não sabia como classificar por ter apenas cinco anos de idade. Era como se algo ou alguém estivesse apertando seu peito que ficava difícil até para respirar.
Abriu os olhos para se deparar com a cara de seu dragão de pelúcia, o que sempre arrastava pela mansão e dormia abraçado. Mas havia algo diferente...
Girou o corpo para ver quem estava dormindo junto consigo e sorriu, ao descobrir que era seu pai. Acomodou-se como pôde, puxando o dragão por uma das asas e se abraçou ao pai lhe enchendo de beijos.
Draco abriu os olhos ao ver como o filho estava apoiado em seu peito e lhe sorria feliz por descobri-lo ali em sua cama, como os demais bichos de pelúcia. Retribuiu o sorriso acariciando a cabeleira loura do menino.
- Dormiu bem?
Scorpius fez que sim com a cabeça, mas logo ficou pensativo.
- Onde está a mamãe? – a primeira que via pelas manhãs era a mãe, que o acordava para o café.
Draco mordeu o canto da boca, sem saber como diria algo tão horrível. Tinha que admitir que não levava jeito para lidar com assuntos delicados ainda mais quando se tinham frágeis e sensíveis crianças envolvidas.
- Ahn... Que tal você ir lavar o rosto e escovar os dentes enquanto o papai fará o mesmo para irmos tomar o café da manhã e conversar?
- Papai quer conversar comigo? – Scorpius arregalou os olhos – O que eu fiz de errado?
Draco franziu o cenho, pois essa expressão no rostinho do filho denunciava que ele havia feito alguma travessura e estava com medo que foi descoberto. No momento não levaria isso à sério porque o assunto que ia tratar era grave, mas depois tentaria descobrir o que foi que andou aprontando.
- Só vamos conversar e não tem nada a ver com o que você andou aprontando – esclareceu, deixando bem claro que depois dessa conversa, quem sabe entrariam no assunto.
- Ta bem... – Scorpius desceu da cama passando sobre o corpo do pai e correu ao banheiro.
Draco também se levantou e penteou o cabelo com os dedos, tentando deixa-los o mais aceitável possível para sair no corredor sem que os elfos domésticos se assustassem com seu aspecto. Estava um bagaço, cansado e com a roupa de ontem toda amarrotada, pois não havia nem ao menos tomado um banho e se trocado devidamente.
- Quer que chame tia Ann para ajuda-lo? – perguntou, sem saber se a ama o ajudava no banheiro.
- Papai! Eu já sei fazer isso sozinho! – veio a resposta, um tanto indignado e molesta por parte do menino.
- Desculpe! – negou com a cabeça. Agora percebia que não estava muito a par do desenvolvimento do filho e que mesmo não querendo, estava seguindo os passos de Lucius e se afastando.
Anotou mentalmente revisar sua agenda de compromissos e diminuir seu horário de serviço para se dedicar mais à família... A menção da palavra família logo lhe trouxe uma horrível tristeza. Já não era mais uma família, pois sua esposa já não se encontrava mais entre eles. Agora só eram Scorpius e ele. Deveria ter dedicado mais tempo com eles...
Enquanto entrava em outro banheiro para se lavar, lembrou-se que não seriam somente os dois, pois Potter viria com a família dentro de uma semana.
Quando se recordou de Potter, uma idéia lhe surgiu à cabeça. Banhou-se e se trocou rapidamente, tendo no corpo uma roupa casual, de marca e estilo, mas bem confortável, pois não pensava em ir trabalhar, visto o que passava. E logo mais à tarde teria que passar pelo enterro e pelo encerramento de sua curta vida matrimonial...
Negou com a cabeça tentando afastar a dor de sua mente. Bastava com ela em seu coração. Quando desceu a escada, Scorpius já estava na sala de jantar com a babá e o esperava comportado.
- Já estou indo aí – avisou ao filho antes de entrar em seu escritório e conectar a lareira. Aguardou um pouco até a cabeça de Potter aparecer entre as chamas.
- Ah, bom dia Malfoy... – o moreno ficou um pouco surpreso que era exatamente ele que o procurava no St. Mungus – Queria falar comigo?
- Sei que está em serviço Potter, mas eu precisava de um favor seu – foi direto ao assunto.
- Bem... Isso sim é muito surpreendente. No que posso ajuda-lo?
- Você tem filhos e certamente sabe conversar com eles mais do que eu – fechou os olhos e apertou a fronte com cansaço – Poderia vir agora via floo para falar com o meu?
Harry arregalou os olhos e tentou entender o que Malfoy lhe pedia. O loiro se via realmente arrasado, mesmo mantendo o porte e elegância digna de seu sangue e sua criação aristocrática. Então se lembrou do que exatamente tinha que conversar com o filho.
- Por que exatamente decidiu que eu sou a pessoa mais indicada? – era algo que realmente não entendia por mais que se esforçasse em achar uma resposta.
- Não sei Potter, apenas foi o único que me pareceu mais apto para conseguir me ajudar, dentre todos da minha lista de influências – retorquiu de forma irônica – Melhor que Pansy Parkinson, eu garanto, pois aquela não sabe muito o significado das palavras consolo e criança na mesma frase.
Mesmo não gostando do modo que Malfoy respondeu, resolveu por ajuda-lo.
- Terei que ver se posso sair assim, do serviço. Espere um instante.
Draco aguardou enquanto Potter sumiu. Depois de cinco minutos a cabeça do moreno voltou a aparecer.
- Então?
- Estarei aí dentro de quinze minutos, pois como estou grávido, não posso arriscar uma viagem mágica via lareira – foi a resposta um pouco incômoda por parte de Potter.
- Estarei esperando.
Desconectaram a lareira e foi para a sala de jantar, onde optou por tomar apenas uma xícara de chá, pois não tinha apetite. Via como Scorpius tomava suco e comia cereal.
- A mamãe não vai vir tomar café com a gente?
Draco apoiou a xícara de volta ao pires e cruzou os dedos observando o rostinho do filho.
- Sua mãe não estará mais com a gente, Scorpius... Sei que não levo jeito pra falar sobre isso, mas queria que você primeiramente soubesse de minha boca... – viu como o menino franzia o cenho, sem entender.
- Ela foi viajar? – tentou perguntar.
O pai apenas negou com a cabeça. – Virá uma pessoa conversar com você a respeito disso. Não quero que fique deprimido por algo que eu não soube te dizer...
Scorpius assentiu e terminou seu cereal. Depois de lavar as mãos, se sentou no sofá da sala de visitas e ficou esperando. Não demorou muito para o feitiço de proteção anunciar que alguém estava à espera.
Harry olhava com assombro ao jardim, achando que ele era feito da metade de Londres. A fonte de entrada tinha como motivo de ninfas e a água escorria colorida por uma concha situada ao meio das belas criaturas, metade mulher, metade peixe. Talvez a fonte media o tamanho de sua sala, e olha que onde morava, era um apartamento cinco estrelas e bem localizado.
- Bonito não? – Harry olhou a Malfoy, quem observava a fonte ao seu lado.
- Principalmente as cores do arco-íris caindo da concha ao centro. Me recorda o banheiro dos monitores em Hogwarts.
- Isso não era assim, eu que tive de enfeitiçar a água para que caísse colorida, ou Scorpius teria pesadelos à noite – Harry o olhou sem entender – No fundo da fonte tem a imagem de Poseidon cavalgando em um polvo gigante e afundando grandes embarcações com seu tridente numa noite tempestuosa. Como a água era transparente, Scorpius havia subido na borda e acabou vendo essa imagem. Não precisa dizer que ele se assustou, pois a figura de fundo se move como viva.
- Como os quadros? – ficou impressionado.
- Sim, mas não interage com a gente – Malfoy se afastou, rumo à porta principal – Venha.
Harry voltou a olhar para a fonte, vendo como a água resplandecia em diversos tons baixo os raios do sol, muito o oposto de uma guerra em alto mar com direito a tentáculos que se movem. Negou com a cabeça. Os aristocratas eram realmente excêntricos em relação a bom gosto, como eles costumam dizer.
Apressou os passos para alcançar o dono da casa e seguiu com ele pelo hall de entrada. Surpreendeu-se que aquilo tudo, diga-se mais ou menos como uma galeria relativamente larga e muito extensa com armaduras, tapeçarias e quadros, era apenas o hall de entrada.
Notou que passaram por algumas portas antes de chegar ao meio do hall, onde formava uma encruzilhada com dois largos e amplos corredores, um para cada lado. Malfoy virou para a direita e seguiu calmamente.
- Quanto tempo você demora em chegar ao outro lado da mansão? – quase riu alto ao receber uma mirada estreita por parte do loiro.
Malfoy parou frente a uma entrada, que no lugar da porta havia uma cortina de turmalinas devidamente recolhidas para os lados por uma corda de palha trançada que permitia livre passagem ao interior.
- Eu não perco meu tempo caminhando até o outro lado, Potter, me basta aparatar e pronto. - Harry riu um pouco mais. Foi uma resposta bem ao nível.
Na realidade, Potter estava nervoso por estar ali e tendo que lidar com um assunto tão delicado. A tristeza que envolvia a ambos moradores era grande demais para que ficasse retraído e mostrando que não se sentia bem naquele lugar.
Quando entrou na sala, seus olhos logo se pousaram sobre o menino sentado num dos sofás, que o fitava com desconfiança. Dessa vez seu sorriso foi de admiração e carinho, pois o garoto deveria ter praticamente a idade de Albus.
- Oi Scorpius, é um prazer conhece-lo... – se agachou frente ao menino – Eu me chamo Harry Potter.
O garoto estreitou um pouco os olhos, passando a analisa-lo com um discreto interesse. Sempre ouviu falar de Harry Potter. Quem não ouvia? Mas este que estava a sua frente não parecia ser o grande Harry Potter, salvador do mundo bruxo e a lenda viva que muitos viviam falando, incluindo alguns garotos que freqüentavam o mesmo parque de diversões que eram sócios.
Este a sua frente era... Normal demais? Simples demais? Essa era a palavra, corrigiu-se mentalmente. Este a sua frente era simples. Olhou para as roupas que vestia e fez uma pequena careta. Onde estava a roupa de supermago? E as medalhinhas que ganhou por ter vencido uma guerra?
Harry notou o olhar do garoto e olhou para o jaleco que vestia. Como estava em horário de serviço, não pôde trocar de roupa.
- Este é meu uniforme de trabalho, sou medimago... – esclareceu, alisando uma ruga invisível em sua roupa para disfarçar o pequeno incômodo. Os olhos do menino eram idênticos aos do pai, incluindo a forma que mirava e desaprovava quando não estava de seu gosto.
Scorpius voltou a olha-lo nos olhos. Pelo menos algo que gostou no famoso Harry Potter. Os olhos verdes e que expressavam o mesmo que sua mãe. Não sabia o que os olhos de sua mãe e de Harry Potter expressavam, mas estava ali e era bem distinto que os olhos dos outros. Pendeu a cabeça para um lado e o estudou cuidadosamente.
- Você não é tão estranho assim – foi seu veredicto final.
Harry riu. – Estou aprovado então? – Scorpius torceu a boquinha e aprovou com a cabeça – Que ótimo então. Agora podemos conversar?
O garoto voltou a afirmar.
Harry olhou ao redor e viu que do outro lado da sala de visitas havia uma porta de vidro que levava ao jardim pela lateral da mansão.
- Que tal você me mostra o jardim enquanto conversamos? Eu adorei o seu jardim.
Scorpius se levantou e estendeu-lhe a mão. – Eu deixo você segurar minha mão enquanto andamos.
- Fico feliz que eu possa segurar sua mão enquanto andamos - Harry voltou a sorrir segurando a pequena mão com a sua. Seus olhos foram até Malfoy, que se mantinha afastado apenas olhando em silêncio e rindo um pouco – Nos acompanha?
- Tenho alguns assuntos que resolver, nos veremos depois – foi a escusa.
Deixaram a casa por aquela porta de vidro e tomaram um dos inúmeros caminhos de cascalho.
- Papai me disse que queria falar comigo. Por quê?
- É sobre sua mãe... – disse baixo, olhando a cabeça de fios louros, agora mais dourados pelos raios do sol.
- Ela não estava no café da manhã... E papai disse que ela não vai mais estar com a gente...
- Seu pai disse o porque? – Scorpius negou com a cabeça o arrastando para uma trilha em meio às árvores.
Harry notou que ali havia um balanço branco e foi justamente nele que pararam para sentar. Com cuidado acomodou o menino, pois o balanço era feito para adulto, se sentando ao lado.
- A mamãe foi viajar?
- Digamos que sim, ela foi fazer uma longa viagem... – Harry sussurrou, se sentindo triste – E não vai voltar...
Scorpius franziu o cenho. –Por quê?
- Você sabe o que é a morte?
- Mamãe morreu? – o garoto arregalou os olhos, lágrimas inundando rapidamente.
- A morte não é algo ruim Scorpius... O nome que eu dou a ela é anjo. Sua mãe virou um anjo e teve que ir para o céu... – afastou com gentileza algumas mechas que caíam nos olhos do menino – Também perdi minha mãe e meu pai, mas eles são como meus anjos agora, e sempre cuidam de mim, o que ela estará fazendo com você, até o fim...
Scorpius desviou os olhos para o chão. O desespero que sentiu e aquela sensação ruim foram amenizados ao pensar que sua mãe virou um anjo e foi pro céu, mas que sempre estará cuidando de si. Algumas lágrimas caíram de seus olhos e escorreram por sua bochecha.
- Eu não posso me despedir dela? – quis saber, esperançoso.
- Hum... – Harry negou com tristeza – Ela não pôde se despedir de ninguém, porque suas asas já estavam prontas para leva-la ao céu, mas ela mandou beijos pra você, porque te ama muito.
- Você a viu? – Scorpius arregalou os olhos lacrimosos.
- Sim... Ela estava linda... – confirmou, retendo a própria vontade de chorar enquanto enxugava as lágrimas que mancharam esse rostinho tão lindo.
- E ela te mandou aqui para cuidar de mim e do papai? – um pequeno sorriso se formou na boquinha do menino.
Essa pergunta foi inesperada. Analisou o olhar do garoto e percebeu que resposta o pequeno queria ouvir. Bem, teria que viver com eles durante nove longos meses e teria que de uma forma ou outra inteira-lo sobre o irmão que viria, coisa que duvidava que Malfoy houvesse meramente pensado em como dizer.
- Eu virei morar aqui com vocês, seu pai já sabe disso e... Sua mãe me deixou cuidando de seu futuro irmãozinho também.
Scorpius voltou a franzir o cenho e entrecerrar os olhos enquanto pensava. Então olhou para a barriga de Harry.
- Um bebê? – encostou o dedo na barriga ainda plana de Harry.
- Sim... Você não gostaria de ter um irmão ou uma irmã?
- Não sei – deu de ombros.
Harry inclinou a cabeça, olhando aos olhos do garoto e sorriu, ao nota-lo mais tranqüilo apesar de estar querendo chorar. Não entendia como uma criança tão pequena conseguia segurar o choro como se fosse um adulto, talvez naquela família todos eram assim por natureza.
- Você vai ficar bem?
Scorpius confirmou com a cabeça, mas quando foi puxado para o colo, recebendo tanto conforto num apertado abraço, seu pranto finalmente se soltou. Já entendia o que era a morte, e mesmo acreditando em Potter, que sua mãe virou um anjo e foi morar no céu, era difícil aceitar que nunca mais a teria perto.
Harry ficou apenas assim, consolando como se fosse seu próprio filho. Acariciava as costas do menino em movimentos uniformes para acalma-lo enquanto balançava suavemente. O som rangente da corrente que suspendia o banco não os incomodava, pois os pássaros cantavam em coro, como se unidos, ajudariam a acalmar ainda mais ao pequeno menino.
Não soube quanto tempo ficaram ali, em silêncio e apreciando a calma que o jardim dispersava, mas isso também não importava.
Scorpius manteve a mirada no canteiro de rosas, o qual sua mãe mais gostava. Então fechou os olhos e girou o rosto para o outro lado, ainda sendo confortado por Harry. Seus olhos se pousaram no tronco da árvore em que estavam. Estava cansado e mesmo não querendo, seus olhos teimavam em fechar e o sono ameaçava vir a qualquer momento.
- Quero ir com o papai agora – disse baixo. Se fosse dormir, dormiria no colo do pai do que de qualquer outro, mesmo que essa pessoa fosse Potter, quem o consolou até agora. Para dormir tinha que ter muita confiança e por enquanto, confiava apenas em seu pai.
- Você quer ir andando ou prefere que eu te leve no colo?
- Quero ir andando.
Harry desceu o menino e este se segurou em sua mão enquanto que com a outra limpava as lágrimas que incomodavam seus olhos. Caminharam em silêncio até a sala de visitas, onde Malfoy estava sentado olhando para a lareira.
Para Draco, era uma cena bonita, apesar de estranha. Harry trazendo seu filho pela mão, ambos imersos em uma cumplicidade que nunca pensou que o moreno teria com seu filho.
Assim que viu o pai, Scorpius se soltou da mão de Potter e se afundou dentro do abraço paterno, onde se encolheu com prazer para poder dormir.
Malfoy então buscou os olhos esverdeados, fazendo uma muda pergunta.
- Ele vai ficar bem... – Harry respondeu em tom baixo – Levará um tempo, mas ele é um menino muito forte e decidido.
- Devo agradece-lo por tudo... – o loiro não pensou duas vezes antes de dizer. Sabia que realmente necessitava dizer essas palavras, e foi um agradecimento não somente a este favor, mas a tudo.
Harry se surpreendeu por isso, e como sabia que não era sempre que se ouvia um Malfoy tão aberto e humilde, apenas sorriu em resposta, aceitando a gratidão sem palavras, o que foi mais fácil para Draco.
- E ele já sabe que virei morar aqui durante algum tempo e sobre o irmãozinho que vai chegar... Achei que facilitaria pra você se eu contasse – esperou por objeções por parte do loiro, mas estas nunca vieram.
Malfoy apenas concordou antes de mudar de assunto. – Vai almoçar conosco?
- Não posso, fiquei de almoçar com as crianças – Harry declinou o convite rapidamente. Agora que estava mais tranqüilo depois da conversa com o menino, aquele sentimento de incômodo voltava lentamente. Estar na casa de Malfoy e dialogando com ele estava longe de se familiarizar.
- Virá ao funeral hoje à tarde? – o loiro perguntou baixo, quase num sussurro para não incomodar o filho que já dormia em seu colo.
Harry confirmou. – Só aconselho a deixar Scorpius fora disso. Seria pior pra ele presenciar a mãe nessas condições... Borrar a imagem que ele criou da mãe seria muito cruel, com o tempo ele entenderá.
Malfoy assentiu. – Nos vemos à tarde.
- Até logo, Malfoy...
Um elfo doméstico apareceu num 'pop' para conduzi-lo até a saída. Parado na entrada estava uma carruagem com a porta aberta.
- Mestre Malfoy disponibilizou a condução para que senhor Harry Potter possa voltar pra casa tranqüilamente, senhor – o elfo esclareceu.
- Obrigado – Harry se acomodou dentro da carruagem e esperou chegar em casa.
Sua mente estava mais confusa que antes, pois essa situação lhe mostrou um lado que nunca pensou que veria em Malfoy. O lado paterno, amoroso e preocupado. Recordou a imagem de um Draco Malfoy embalando o sono de uma criança e percebeu que não era tão assombroso assim, era mais meigo do que num principio tivesse pensado.
Quando chegou ao apartamento, encontrou com a senhora Frans Mourisé, talvez era francesa não sabia ao certo, que residia no andar de baixo e quem cuidava dos meninos das Segundas as Quintas, e um saboroso cheiro de comida recém-preparada.
- Como está, senhora Mourisé?
- Olá Harry, estava na hora – ela lhe sorriu quando se assomou na cozinha. James e Albus já estavam sentados na mesa – Agora vou indo.
- Obrigado – Harry agradeceu e a acompanhou até a porta. Quando voltou, se acomodou em seu lugar na mesa.
Mesmo tendo uma mesa de jantar na sala, pois esta era um único cômodo, mas dividido em ambientes, eles preferiam usar a mesa que ficava na cozinha, menor e mais familiar.
- Como foi o serviço hoje, pai? – James lhe sorriu enquanto pegava o garfo.
- Nem quase fiquei no hospital, tive que ajudar uma pessoa e meu chefe de setor deve estar realmente bravo – se lembrou que havia pedido para se ausentar do trabalho durante apenas uma hora, sendo que no final, já era hora do almoço.
- Isso é mau – James voltou a sorrir. Nem sempre o pai levava bronca, pelo menos não em serviço, pra ser mais exato, era muito raro disso acontecer.
Harry pousou os olhos em Albus, quem apenas cutucava seu frango assado com o garfo.
- Não vai comer filho?
O menino ergueu os olhos e o mirou injuriado. – James disse que papai está esperando um irmãozinho pra gente – soltou de modo acusador.
Harry ficou um tempo sem saber reagir, até que as risadas de James lhe trouxeram de volta.
- Não esquenta pai, ele supera. Apenas está assim porque não será mais o caçula.
- Não é por isso não! – o menor lançou um olhar estreito ao irmão.
- Ei... – Harry passou a mão pelo cabelo de Albus atraindo assim sua atenção – Por que está tão chateado então?
- Porque você só vai dar atenção ao novo bebê... – resmungou baixo.
- Minha atenção é para os dois e quando o bebê nascer, ele necessitará de um cuidado maior, porque será pequeno e frágil, mas eu continuarei amando aos dois, de todas as formas não importa o quê, nem quando e nem onde, o meu amor será o mesmo. E esse bebê precisará de você também, porque você será mais velho que ele e mais forte.
- Eu também posso cuidar dele? – perguntou duvidoso. Albus às vezes chegava a ser tão desconfiado, que tinha hora que duvidava que ele entraria de primeira em Gryffindor.
Harry confirmou. – Certamente ele já ama vocês dois.
- Oh sim, e ficará chateado se nós não amarmos ele também – James comentou casualmente, retirando as cebolas de seu refogado. Depois olhou para o pai num discreto sorriso – Eu amo o novo bebê.
Harry sorriu de volta, sabendo que nessas horas, James tentava convencer ao irmão e ajudar no que fosse preciso.
- Eu também amo o novo bebê – Albus afirmou, olhando agora para o pai.
- Bom... – Harry aprovou depositando um beijo na cabeça dos dois e viu como Albus começou a comer.
Foi James quem deixou de comer dessa vez, pensando em algo que não havia pensado antes.
- Pai...
- Sim?
- Eu sei que não se tem um bebê sozinho e sim de dois. Quem é o número dois?
Harry quase engasgou com a comida. Percebeu que Albus prestava bastante atenção na conversa.
Estava descartada a possibilidade deles entenderem o que era genética, medimagia, feitiços de aparatação de embriões, poções avançadas e leis ministeriais. Sendo assim, não tinha a menor noção de como explicar que não fez o filho com o outro pai, e sim que o "pegou" para gerar.
Agora percebia como que sua conversa com Scorpius foi bem mais fácil. Apesar de que só foi fácil porque o menino estava triste pela perda da mãe que o que falou depois talvez nem se dera conta de questionar. Ou talvez nem chegou a ouvir direito.
Realmente, por uma única escolha, o rumo de suas vidas estava sendo completamente modificado.
Voltou a olhar a James, quem aguardava a resposta. Seria uma longa semana e nem sabia o que esperar de sua estadia na Mansão Malfoy.
Nota da autora: Gostaria de saber se mesmo agora, essa fic deve continuar. Está muito cansativa a leitura? Posso continuar dessa forma? Espero de coração que tenham gostado desse primeiro capítulo.
Agradecimento a: XI Sant'Anna - olá, obrigada pelo apoio! Espero que continue gostando da fic! Bjs; Scheila Potter Malfoy; SOPHIE BLACK30; Nanda Lilo; HannaSnape; Ayla Potter - olá, agradeço o apoio e fico feliz que aprova a fic! Bjs; Tety Potter-Malfoy; Nanda W. Malfoy; love roxa kingdom hearts; Laura - olá, obrigada pelo comentário, com certeza o Draco ainda vai agradecer que a Ginny abandonou o Harry, mas por enquanto ele ainda está deprê com a morte da esposa. Bjs; Isabella Ann Malfoy; Lua - olá, obrigada pelo apoio, e sim, o Harry sempre tem que dar uma de herói... Bom pro Draco não? rs... Bjs; Hotaru Peacecraft; Nandda; Raw Potter - olá, obrigada pelo review! Demorei um pouco em atualizar, mas o cap. foi longo, espero que tenha gostado. Bjs; Rosa-Malfoy - olá, obrigada pelo review! Que bom que está gostando, espero que os próximos caps tbm lhe agrade. Quando der, eu leio sua fic, sem falta! O/ Bjs; Miyu Amamyia; Fabi - olá, obrigada por sempre acompanhar minhas fics e dar esse apoio tão grande! Adoro seus comentários e, caso tenha alguma opinião, diga sem receio! Espero que tenha gostado do primeiro cap. que agora sim dá pra se ter uma noção do que vai ser da trama. Bjks; Condessa Oluha; bru - olá, obrigada pelo apoio e espero que continue acompanhando! Bjs; Milady Tomouo; Kalisto Luna; Bruh Malfoy; Paulinhakawaii; ...Makie... - olá, rsrrsss acho que todo mundo odiou a Ginny nessa fic. Quanto ao Harry, eu tive que fazê-lo deixar a Ginny ir embora, ou não haveria a trama nem o enrosco com o Draco-sexy, apesar de que o Harry será o passivo nessa relação xD. Bem, talvez a personalidade dos meninos serão meio OOC nessa fic, pois eles terão que conviverem juntos desde pequenos, o que difere do original, mas espero que continue gostando mesmo assim. Obrigada pelo imenso review, adorei! Bjs e Mira.chan2004.
Pra quem é cadastrado que leu este capítulo e me deixou review no anterior e ainda não recebeu minha resposta, logo responderei devidamente, pois agora já são três da matina e não consigo nem mais abrir os olhos, mas como só tive tempo de postar de madrugada... Desculpem.
Obrigada a todos que comentaram, beijos!
