Título: Enter in the Heart

Nota importante: como já havia mencionado no prólogo, ressalto que os acontecimentos não segue como nos livros, há spoilers, principalmente de personagens, mas não a seqüência exata nem a data de nascimento estão corretas. Como podem ter notado, Harry teve os filhos bem mais novo no que no original, inclusive não teve a caçula. Remus e Nynfadora não morreram, Draco não casou com Astória e o nome do filho de Ron e Hermione eu mudei! Tem mais mudanças nesse capítulo e eu preciso que vocês prestem muita atenção, é fundamental para entender o que preciso passar. Obrigada pela compreensão e desculpem se estiver muito confuso.

Nota 2: isto é SLASH centrados principalmente em DracoxHarry e com bastante menções de SíriusxRemus então é por isso que estou avisando o motivo da mudança citada logo acima. Por que toda essa faladeira? È que eu realmente não sei se será bem aceito por vocês leitores, então na dúvida e no medo de errar, só me resta amenizar as pedras delatando parte do conteúdo do capítulo e até da fic. Sorry...

Nota 3 (muito importante): se você ainda não saiu correndo depois de todos os avisos e quer arriscar ler, gostaria de perguntar: Querem que eu ressuscite o Sírius? Eu realmente não penso em revive-lo, mas como sempre a opinião dos leitores é de suma importância pra mim, deixo vocês decidirem. Tenho em mente a trama de ambas as formas, com ou sem ele. Se estiverem na dúvida, leiam o capítulo e depois reflitam e me digam. Seria um prazer saber a opinião de vocês :)

Agora a Sanae vai calar os dedos e começar com o importante do importante – a fic!


Capítulo 3

- Senhor Potter?

Harry estreitou os olhos, sem desviar das íris azuis prateadas.

- Não me desafie Potter... – Malfoy manteve-se imóvel.

- Então não me ordene como se eu fosse um de seus subalternos, Malfoy... – dito isso, colocou uma mão ao peito do loiro e o empurrou rude para que se afastasse, conseguindo que desse um passo atrás – E eu já disse que não preciso desse cuidado, pois não sou uma mulher.

Malfoy entrecerrou os olhos antes de dar espaço para que o moreno atendesse o chamado do medimago. Sem perder a postura e ignorando as pessoas que os observavam, seguiu a Potter até o consultório.

Doutor Hermman era o nome do medimago que cuidava exclusivamente da área de gravidez masculina e assim que se sentaram frente a sua mesa pousou os olhos sobre a figura do moreno o analisando.

- Antes de tudo, devo avisar que não se pode usar feitiços em um gestante masculino. Isso causa uma reação com a magia do mencionado e pode corromper o envoltório do bebê. Nada de feitiços de ataques, nem de revigoramento, nem de trauma ou de cura que tenha um alto grau de magia concentrado. Ouçam bem, estão descartados qualquer feitiço de ataque por menor que seja e os de cura como o Enervate e o Animamentis ou o Episkeio para curar machucados mais profundos ou ferimentos internos. Está bem claro? - começou, fazendo como se não houvesse percebido a tensão entre os dois.

- E se por um acaso acontecer algum acidente e... Não sei, precisar usar algum feitiço? – Malfoy parecia um pouco desconcertado com essa notícia.

- Se quiser correr o risco de perder o bebê... – o olhou seriamente - Mas o mais correto seria tentar uma cura provisória manualmente no caso de alguma queimadura, tentar parar o sangramento com as mãos ou com um pano bem apertado no local da ferida em caso de ser algum machucado grave ou uma reanimação também manualmente caso se trate de um desmaio e me chamar imediatamente. Poções só se forem para inalação, como o caso da poção de reanimação ou a de calmante que emite um cheiro tranqüilizador, nada de ingerir poções.

Ambos os pacientes concordaram com a cabeça, tendo em conta a gravidade do que dizia. Era estritamente importante saberem sobre os riscos caso algum desses fatores vierem a acontecer em Potter. Então os olhos do medimago voltaram a pousarem no moreno, vendo sua feição e seus olhos.

- Vejo que tem bom aspecto. Não está pálido, nem cansado...

- Isso significa que o embrião se adaptou bem ao meu corpo? – Harry tratou de perguntar. Passara uma semana e continuava sem sentir o feto dentro de si, exceto por algumas dores passageiras.

- Não direi que se adaptou, mas sim que não foi rejeitado... – escolheu as palavras, pois sabia que o loiro deveria provavelmente ser o pai biológico – Sei que é um mediauror senhor Potter, e que possui um conhecimento elevado na área de gravidez e seus riscos, mas tenho que esclarecer que uma gravidez masculina é distinta e a sua principalmente, é ainda mais complexa. Se o feto fosse transportado para um útero feminino igual que o originou, haveria a adaptação e a aceitação entre o embrião e o portador, mas em seu caso... – negou com a cabeça apoiando os braços sobre a mesa e observando atentamente aos dois homens – Isso nunca acontecerá...

Draco franziu o cenho, sem compreender. – Explique-se melhor.

- Homens não possuem útero... Numa gravidez masculina, o bebê se forma dentro de uma bolsa mágica e o cordão umbilical é gerado de pura magia por causa disso. No caso do senhor Potter, o bebê deveria ser ligado ao seu corpo pelo cordão umbilical natural do útero materno, mas não há essa ligação porque ele é homem. A magia arcou com essas falhas, remediando as necessidades básicas da gestação e cada dia que passa, conforme o bebê cresça, necessitará cada vez mais de magia... Dessa forma, não há adaptação e sim a necessidade de uma quantidade crescente de magia para que nada de errado ocorra – dessa vez o medimago fitou diretamente a Malfoy – Entenda-se dessa forma... Se há magia de sobra o bebê viverá até a hora de nascer, porém se faltar magia, o bebê morre.

- Menos mal, visto que a magia nasce conosco e a probabilidade de um mago deixar de tê-la é quase nula, com exceção dos casos de doença ou traumatismo grave – Draco estava mais aliviado e aproveitou para olhar ao moreno e comprovar que ele se encontrava da mesma forma, mas o que viu foi um Harry Potter muito preocupado, apertando inconscientemente as mãos no braço da cadeira.

Alguma coisa estava mal...

- Conforme o bebê vai crescendo, a quantidade de magia necessária também cresce... Não é como se só bastasse ter magia circulando pelo corpo. É como se você estivesse conjurando um feitiço ininterrupto que cada dia terá que liberar mais poder... – Harry pronunciou baixo, sem fitar a ninguém.

- Vejo que o doutor Potter percebeu a gravidade da situação... - o medimago observou os dois antes de voltar a falar. – É estritamente necessário que eu saiba, então peço que me respondam com sinceridade... – Harry voltou a crispar os dedos contra o braço da cadeira, tendo uma vaga idéia do que viria – Vocês estão juntos?

- Não – responderam ao mesmo tempo.

Doutor Hermman recostou na cadeira soltando um longo suspiro. Bastava olhar para esses dois para perceber que estavam sempre em conflitos, principalmente da forma como negaram, como se o fato de estarem juntos por qualquer que fosse o motivo, era um insulto.

- Para quê precisa saber disso? – Malfoy se pronunciou, indignado – Potter está salvando a vida do meu filho por um pedido de minha falecida esposa.

O medimago não respondeu. Levantou-se e indicou a maca. – Por gentileza, senhor Potter... Gostaria de fazer alguns testes antes de responder a pergunta do senhor Malfoy.

Harry custou para se despregar da cadeira e atender o pedido. Assim que estava recostado na maca, seus olhos foram parar em Malfoy.

O loiro o observava com curiosidade e preocupação mesclados em seus olhos.

Harry se arrepiou ao sentir o feitiço conjurado pelo medimago. Um calor se concentrou em seu ventre por alguns minutos e pairando no ar, sobre seu corpo, pôde ver números e letras sendo formados.

Como era medimago também, conseguiu ler que o primeiro feitiço era para saber se o bebê ainda estava vivo. Comprovou que o coraçãozinho batia numa velocidade quase que o dobro do seu e que estava de tamanho bom para o tempo que tinha de vida.

Sentiu o segundo feitiço, dessa vez dirigida à bolsa mágica. Esta também estava em ordem, sem ruptura ou danificada.

Então o terceiro feitiço foi conjurado pelo medimago, direcionado a seu corpo, e as letras e números não tardaram em aparecer.

Leu com cuidado - "Corpus: 100; Mentis: 100; Máxima: 75 e Reductus: 10" – e ficou pálido.

- Oh Merlin... – soluçou dolorosamente.

- Hum... Como imaginava... – doutor Hermman encerrou o feitiço e os números evaporaram no ar.

- O que constatou? Meu filho está bem? – Malfoy não deixou de esconder a ansiedade.

O medimago ajudou a Harry voltar à cadeira e se acomodou do outro lado do escritório antes de contestar.

- Com o bebê está perfeitamente bem, desenvolvendo como em uma gestação normal. O caso é que com o senhor Potter há um pequeno distúrbio... O corpo está cem por cento saudável, assim como a mente, mas a magia está baixa, provavelmente para suportar essa gestação imposta, e a queda dessa magia é de dez por cento do total. Ou seja, a cada semana ele perde uma parcela de sua magia e assim sucessivamente até zerar.

- Isso parece grave... – Draco olhou para o moreno que ainda se mantinha pálido.

- Na gestação masculina isso é normal. Acontece com todos os gestantes, essa baixa na magia – o medimago tratou de esclarecer.

- O que se necessita fazer para reter essa queda?

Doutor Hermman sorriu, vendo como o loiro estava realmente disposto a ajudar. – Não tem como deter a queda de magia, o que se tem que fazer é ir repondo... – voltou a observar os dois, antes de perguntar – Estão realmente dispostos a seguir esta gestação até o fim?

- Óbvio! – Malfoy retrucou prontamente enquanto Harry passava os dedos pelo cabelo, constrangido.

O medimago apoiou sobre a mesa e fitou diretamente aos olhos verdes. – Está disposto senhor Potter? Sabe que será difícil, principalmente por não serem parceiros...

Harry mordeu o lábio inferior, depois deu uma olhadinha em Malfoy, que o observava seriamente, sem entender ao todo.

- Potter... – a voz grave de Malfoy lhe causou calafrios. Ele o incitava a concordar.

- Certo... – disse baixo, ainda mirando os olhos prateados e se perguntando quando ele iria se dar conta.

O medimago sorriu complacente. Ansioso por ver a reação do loiro quando lhe explicasse os detalhes que Potter já sabia de antemão por ser mediauror. Nunca gostou da família Malfoy e esta era uma oportunidade única.

- Então, creio que terei que esclarecer ao senhor Malfoy os procedimentos... – Draco desviou os olhos de Potter para fitá-lo com um pouco de arrogância – Você precisará passar magia para o senhor Potter, através do contato corporal.

E a reação de Draco Malfoy foi sublime...


Harry às vezes se perguntava porque a vida era tão cruel consigo...

Olhava para as pessoas e lhe parecia injusto. Todos pareciam felizes, sem sérias preocupações, vivendo sua rotina programada e previsível, enquanto a sua...

Fechou os olhos querendo acreditar que era um pesadelo e que ao abri-los novamente, se daria conta que estava em seu apartamento, abraçado a fina cintura de Ginny e que seus filhos ainda dormiam no quarto ao lado.

Lembrou-se da conversa de Malfoy e o medimago, antes do loiro deixar o consultório ruminando de raiva.


- Não sou Bi, muito menos gay! Acha que seria fácil meramente mirar um outro homem? Isso é grotesco, repugnante!

- Antes da consulta creio ter visto vocês em uma posição nada repugnante, senhor Malfoy...

Isso fez Harry corar um pouco. Naquela ocasião estavam se enfrentando e não se 'mirando' com segundas intenções. Seu antebraço ainda estava dolorido pelo agarre brusco da mão de Malfoy para que parasse quieto.

- Escuta, doutor – Draco cuspiu com desprezo – Não faço as coisas pensando pro lado amoroso ou sexual com outro homem. Eu nem cheguei a considerar que estar perto ou confrontando uma pessoa do mesmo sexo é suspeitoso. E sim, eu respeito e tomo cuidado com minhas ações se tratando de mulheres, pois apenas elas me trazem conotações amorosas e sexuais.

- Devo lembra-lo que com o senhor Potter deverá ser uma exceção, para o bem do bebê.

Malfoy apertou os punhos e o fulminou com a mirada. – Nunca me interessei e relacionei com homens e não será agora que farei.

Harry só ouviu a porta ser batida com força e o suspiro cansado do medimago antes deste lhe dirigir a palavra.

- Se realmente quiserem levar a cabo essa gestação, terá que convencer ao senhor Malfoy a voltar aqui com você daqui a duas semanas. Precisarei fazer análises na magia dele e constatar qual o grau de contato que deverão ter para que ele possa te passar a quantidade exata de magia que seu corpo necessitará conforme os meses... – Harry voltou a crispar os dedos nos braços da cadeira, incomodado com essa conversa, mas tratou de concordar com a cabeça - Suas preferências são como as do senhor Malfoy?

- Nunca senti nada por pessoas do mesmo sexo... – disse baixo. Ao menos sempre teve olhos para garotas, como: Cho, Parvati, Susan, Luna, Ginny... E esta última ainda ocupava seus pensamentos...

- Sabe senhor Potter... Tenho alguns pacientes difíceis, que não aceitam o fato de estarem grávidos... É como se achassem que se tornaram monstros, pois seus conceitos giram em torno do "apenas mulheres podem gerar filhos". Muitos tentaram o aborto por meios ilegais e outros o suicídio... No caso de vocês é completamente distinto. Não se interessam por homens, mas precisam ficar juntos por causa de uma gestação imposta por um feitiço... – recostou na cadeira e entrelaçou as mãos sobre o estômago – Vê algum futuro nisso?

Essa pergunta não soube responder...

Quando saiu do St. Mungus encontrou a Malfoy encostado no carro e fumando um cigarro bruxo. A mão que segurava o cigarro tremia quase imperceptivelmente e soltava lentamente a fumaça após cada tragada, tentando se acalmar.

- Não sabia que fumava... – disse casualmente, parado a uma distância prudente. Depois daquela conversa não pensava em chegar tão perto de outro homem.

- Comecei depois da guerra... – disse baixo e o fitou com rancor – Poderia ter me avisado desse "inconveniente"...

- Eu não sabia... – o loiro pareceu não acreditar - Já disse que gravidez masculina não era minha área... – retrucou com moléstia – Atendo casos de gravidez quando é assunto muito grave passando a ser enfermidade ou risco de vida.

Harry percebeu que Malfoy ia dizer algo, provavelmente um insulto, mas de repente se conteve e desceu a mirada para sua barriga. Instintivamente levou a mão ao ventre, seus dedos se agarrando na barra da camiseta na tentativa de encobrir essa parte de seu corpo. O loiro notou e desviou a mirada para o cigarro, fitando seriamente a ponta acesa.

- Que merda... – Draco deu uma última tragada antes de jogar a ponta dentro de um cesto de lixo próprio para fumantes. Soltou a fumaça por entre os lábios enquanto tomava as chaves do carro e abria a porta para entrar atrás do volante, grunhiu exasperado – Eu sinceramente quero esse bebê...


Harry voltou a abrir os olhos quando sentiu que o carro tocava o chão. A estrada que estavam não era movimentada.

Não sabia o que pensar. E realmente estava achando que sua decisão foi mais que equivocada e que talvez não devesse ter atendido o ultimo desejo de uma estranha...

- Acha que perderemos nossa dignidade? – perguntou de repente, mas era o que estava girando em sua mente.

- Lógico... – Draco apertou os lábios, tenso – A homossexualidade é normal, mas para quem é hétero não é muito apreciativo se ver tendo relações com alguém do mesmo sexo... É como se tivéssemos perdendo nossa dignidade... No meu caso principalmente, pois descendo de uma família tradicionalista.

Verdade... Harry lembrava que havia lido em um livro de história bruxa, quando cursava o sexto ano em Hogwarts, algo sobre isso. Queria saber mais sobre o mundo em que nasceu e descobriu que a homossexualidade era vista com normalidade pelos bruxos, mas havia o conceito de que o casamento era só feito com parceiros do sexo oposto.

As famílias mais antigas só se relacionavam com pessoas do mesmo sexo apenas para se divertir e muitas vezes nunca vinha em público. A homossexualidade aberta se expandiu junto com a expansão dos nascidos muggles no Mundo Bruxo. Era como se os bruxos-muggles tivessem aberto novas portas quando conquistaram o direito de viverem entre os magos de sangue-puro.

Mesmo assim, até hoje, os descendentes dessa linhagem pura não se relacionavam com pessoas do mesmo sexo e nem com sangue-muggle... Aqueles que faltavam às regras, como sua própria família Potter, ou os Weasley, eram marginalizados ou, no caso de seu padrinho Sírius, deserdados...

Era algo complicado de se entender...

O mundo bruxo não descriminava a homossexualidade como ocorria no mundo muggle, mas tinham seus próprios preconceitos ao respeito.

Não sabia se era seu instinto "bondoso", mas não via uma relação desse tipo como perda de dignidade. Achava que todos tinham sua dignidade e aqueles que não possuíam, não era necessariamente gays e muggles...

Só concordava uma coisa com Malfoy... Seria uma relação difícil.

- Daqui a duas semanas precisaremos retornar ao St. Mungus... Doutor Hermman precisa te fazer alguns exames...

- Já imagino... – disse cansado. Passou a mão pelo cabelo, retirando a franja dos olhos.

Não demoraram muito para chegar na Mansão Malfoy.

Harry observou os grandes portões se abrirem para dar passo ao carro que tomou a alameda em direção à entrada. Sentiu também a poderosa magia milenar que protegia o terreno e seus ocupantes.

Sentia-se num redemoinho de conturbações que começou desde que Ginny lhe dissera que amava outra pessoa e cada vez esses problemas cresciam.

Assim que Malfoy parou o carro tratou de descer, mas uma mão o segurou pelo pulso. Instintivamente puxou o braço, incomodado. Seus olhos buscaram o loiro que estava sério apoiando um cotovelo na porta e observava fixamente em frente.

Então ele sorriu quase com desgosto.

- Viu? Nem conseguimos mais tolerar o toque casual...

Harry tentou relaxar o corpo no banco do carro. Olhou para frente também se perguntando se reagiria dessa forma o tempo todo. Nesse exato momento não via futuro algum nessa gestação/relação.

- Não vai dar certo... – disse baixo, mas o suficiente para o loiro ouvir.

- Não pode usar seus conhecimentos de mediauror e passar meu filho para o útero de uma mulher? Estive pensando nisso e... Seria mais fácil pra todo mundo...

- Não é simples assim... – Harry respirou fundo, sentindo-se impotente e perdido – O bebê não suportaria ser transportado novamente, pode sofrer algum trauma, tanto físico como mental, o que o levaria à morte ou a ter problemas como paralisia, má formação dos membros e do cérebro entre outras patologias...

- Não... Não quero que isso aconteça... – Malfoy negou rapidamente. Essa idéia estava totalmente descartada, então só lhe restava a Potter, infelizmente.

Não estava perturbado por ser Harry Potter, mas sim por ser homem. Merlin! Teria que ter contato com um homem! Só de pensar nisso lhe revolvia o estômago.

Desceram do carro em silêncio e entraram à mansão. Ali, se depararam com três crianças mortalmente caladas e uma Luna Lovegood absorvida em uma conversa estranha com Narcissa Malfoy.

Draco tossiu um pouco, chamando a atenção das duas mulheres.

- Oh! Já chegaram? – Narcissa sorriu discretamente – Sejam bem-vindos...

Harry se aproximou da matriarca e lhe cumprimentou formalmente, depois lançou um olhar reprovador à amiga antes de ir ver Scorpius.

Dava até dó, os meninos ali sentados no amplo sofá. James e Albus numa ponta, o menor quase no colo do maior e o loirinho na ponta contrária feito uma estátua.

Era nítido que estavam completamente coibidos e estranhando o lugar.

- Olá Scorpius... – tocou ao cabelo do menino, tirando os fios de seu rostinho. O pequeno apenas lhe dedicou um tímido sorriso – Conheceu os meus filhos?

O garoto negou com a cabeça o que fez Harry encarar Luna e Narcissa de forma assombrada. As duas passaram todo o tempo conversando entre si e nem prestaram atenção aos meninos!

Sabia que deveria ter pedido pra Hermione acompanhar os garotos e sem dúvida ela os enturmava à força, mas como Hermione tinha que cuidar do filho ainda bebê descartou essa possibilidade. A única opção era Luna...

- James. Albus... – chamou os filhos, que muito constrangidos se aproximaram do pai – Quero que conheçam a Scorpius.

- Olá Sscorpiusss... – James saudou o garoto, mas recebeu uma mirada reprovadora do pai, pela forma que arrastou o nome do menino para caçoar discretamente. Fingiu que não notou – Gostei da sua casa, ela é enorme!

Albus observava o garoto com interesse, vendo como era completamente diferente de todos que já viu. Scorpius não tinha o cabelo escuro como o seu ou de seu pai e irmão, nem era ruivo como a maioria de seus tios e primos por parte de mãe. A única pessoa a qual ele se parecia era com a esposa do tio Bill, a qual poucas vezes vinha em reuniões familiares.

Scorpius encarou os dois com um pouco de moléstia antes de olhar para seu pai. Draco o observava em silêncio sem se intrometer. Então se levantou e mostrou que era um bom anfitrião.

- Prazer em conhece-los... – disse formalmente, para orgulho de Draco.

- Scorpius, por que não mostra para nossos convidados o parque que tem nos fundos?

O garoto apenas fez que sim ao ouvir a voz de seu pai antes de levar os dois irmãos à porta lateral, onde os levariam ao fundo da mansão.

A ama, que estava sentada em uma distancia respeitosa, os acompanhou para certificar que nada aconteceria às crianças.

- Agora que está aqui, vou indo – Luna se despediu num vago sorriso e deixou a casa sem esperar respostas.

- Também me retiro, pra deixa-los à vontade... – Narcissa se despediu.

Harry suspirou, tentando se relaxar após toda a avalanche que recebeu no St. Mungus. Ainda se sentia perturbado.

- Venha, te mostrarei o seu quarto e o quarto das crianças...

Harry seguiu a Malfoy e com interesse observou os detalhes suntuosos que apareciam pelo caminho. A mansão era realmente enorme e estava preocupado dos filhos acabarem se perdendo ali.

Assim que subiu para o segundo andar, notou que o corredor se estendia até onde seus olhos enxergavam. A parte mais afastada sumia na escuridão.

- Preciso deixar claro uma coisa Potter – a voz do loiro atraiu de volta sua atenção – Só usem a parte norte da casa, que é esta que estamos. O restante da mansão está inutilizado por ser muito grande e pouco freqüentado, e a parte oeste é onde ficam meus pais... Acho que com isso se resume o porque de não ir para lá.

- Seu pai sabe que estaremos aqui?

- Minha mãe deve ter comentado com ele... – deu pouco caso.

Mesmo curioso por saber o motivo desse desinteresse pelo próprio pai, Harry não achou sensato questionar. Não cabia a si o que se passava com a família de Malfoy.

Assim que estavam frente a uma porta, o loiro a abriu – Este é seu quarto. Pode decora-lo ao seu modo.

Harry entrou no aposento e olhou ao redor. O quarto dava praticamente o tamanho de seu apartamento. Uma enorme cama se situava ao fundo com dossel de veludo, do outro lado uma mini sala ao redor da lareira, logo em frente à porta as janelas eram encobertas por espessas cortinas e não muito longe da lareira havia uma porta.

Só que o que mais lhe impressionou, não foi o tamanho do quarto, e sim a cor empregada nele. Branco, puro e liso branco desde as paredes até a cor das poltronas.

- Hum... Tirando o fato de ser exageradamente grande... Não acha que é muito branco? Não que eu não goste, mas trabalhar em um lugar com essa cor já me tem saturado, acredite.

Draco sorriu um pouco. – Deixei em neutro para que mudasse da forma que quisesse. Não necessariamente é obrigatório ser dessa cor.

- Ah sim... - Harry o olhou com surpresa – Eu... Posso escolher da forma que me cai melhor?

O loiro estendeu o braço indicando ao redor. – Fique à vontade... – Harry pegou a varinha, mas antes que pudesse se decidir onde começaria, Malfoy o deteve – Lembre-se que está com queda de magia. Não é bom usa-la por coisas banais, chamarei um elfo doméstico para que mude a tonalidade pra você.

- Verdade. Havia me esquecido... – olhou com pesar a própria varinha antes de guarda-la de volta ao bolso da calça.

- Pukky – um elfo apareceu num estalo e se inclinou numa respeitosa reverência – Quero que mude as cores conforme Harry Potter desejar.

- Sim mestre, será um prazer para Pukky... – o elfo se posicionou ao lado do moreno e concentrou magia na ponta do dedo indicador.

Na mesma hora em que fez isso, Harry sentiu como se sua pressão arterial despencava vertiginosamente o deixando pálido. O mundo passou a girar e escurecer.

Draco se assustou quando notou que Potter perdia cor e a boca se tornava de uma cor azulada, quase roxa, então o abraçou para impedir que caísse quando desmaiou sem mais nem menos.

- Potter! – o carregou e o depositou sobre a cama – Pukky chame ao doutor Hermman no St. Mungus. Agora!

O elfo tremeu e desapareceu para cumprir a ordem.

Enquanto esperava o medimago, Draco encostou perto do rosto de Potter para sentir se respirava. Como não parecia respirar, seu nervosismo passou a se tornar alarmante. Tinha que faze-lo voltar a si e puxar oxigênio para não morrer, e tudo isso sem usar feitiço.

Então fechou os olhos e suspirou fundo lembrando-se da aula de Costumes Muggles que freqüentou em Hogwarts.

Tampou o nariz e abriu a boca puxando levemente o maxilar com os dedos. Passou a língua pelos lábios antes de tragar ar, para em seguida encostar a boca contra a de Potter e soprar. Afastou para buscar mais ar e voltar a soprar dentro da boca do moreno que, tendo uma pressão na traquéia, obrigou o músculo abrir a passagem contraída, tossiu um pouco voltando a respirar, mas sem realmente cobrar consciência.

Draco terminava de afastar da boca do moreno com o coração desesperado. Fitava o rosto ainda pálido de Potter sem acreditar que o primeiro contato que teriam seria tão pronto e dessa forma.

Então o barulho de alguém entrando pelo quarto às pressas o fez sair do estupor. Sem ter tempo de enfocar a visão ao recém chegado, foi empurrado de lado enquanto doutor Hermman se sentava ao lado de Harry e o manuseava com preocupação, medindo o pulso, a temperatura e com um feitiço para saber se algo aconteceu com o corpo ou com o feto, descobriu que a magia de Harry havia decaído em cinqüenta por cento do total, algo muito preocupante. Por pouco não passa do chamado "linha vermelha" para um gestante.

- Por Merlin... O que houve? – perguntou o medimago – Não constato nenhum tipo de agressão, nem feitiço, nem enfermidade passageira ou causadas da própria gravidez...

- Não sei o que houve... Ele simplesmente ficou pálido e desabou inconsciente... – Draco passou os dedos pelo cabelo tentando lembrar se havia acontecido algo a mais. Então seus olhos pousaram sobre o elfo que estava silenciosamente num canto aguardando qualquer ordem – Pukky! Sim, foi quando meu elfo parou do lado dele e ia mudar as cores das paredes quando aconteceu. Antes disso, ele parecia bem.

- Pukky fez algo mau, mestre Malfoy? – o elfo tremia amedrontado, abaixando as orelhas.

Doutor Hermman fechou os olhos e suspirou. – Isso é raro, mas pode acontecer... – se levantou e observou a criatura – Um elfo puxa energia vital para fazer magia, por isso não precisa de varinha e tem um alto poder. É a chamada magia natural, que vem dos objetos ao redor, principalmente se for através de meios que concentram energia viva, como plantas, ou o fluxo de um rio correndo, ou do sol, enfim, eles puxam para si a energia das coisas ao seu redor para canalizarem magia natural. Nós magos temos uma espécie de defesa contra esse magnetismo que eles utilizam, um bloqueio que impede que nossa energia seja sugada.

- O que não foi o caso de Harry... – Draco estava preocupado.

- Não... Com o senhor Potter, essa defesa não funcionou, talvez por ter gasto muita magia usando o feitiço de "aparatação de embrião" e na criação violenta, sem seu corpo estar preparado, de uma bolsa mágica para a gestação. Isso me leva à teoria de que o senhor Potter nunca geraria uma criança, pois são raros os homens que tem esse "dom".

- Ele está bem?

- Perdeu muita magia, se é o que quer saber... – o medimago negou com a cabeça – Terá que ajudá-lo a repor a perda ou não agüentará muito.

Draco engoliu em seco. Franziu o cenho enquanto fitava o piso de forma preocupada e indecisa.

- E... O que tenho que... Fazer?

- O que fará é o meio mais rápido de passar magia a outra pessoa, mas que não é recomendável. Só utilizaremos isso agora por ser de extrema necessidade. Venha – Draco se aproximou da cama e observou o corpo estendido, quase não o notava respirar. Doutor Hermman segurou seu pulso e o fez pousar a mão sobre o peito de Potter – Pronto? – o loiro apenas fez que sim, respirando fundo – Concentre-se em sua magia e pronuncie "Maxima Patronus Vitae".

- Maxima Patronus Vitae – então sentiu como sua magia era expelida de seu corpo, formando seu Patronus que adentrou pelo corpo de Potter o envolvendo numa luz prateada. Quando a luz se extinguiu, sentia como sua energia também se extinguia. Caiu sentado sem forças.

- Está assustado? – o velho medimago sorriu um pouco – É um derivado do Espectro Patronus utilizado para mandar mensagens ou afugentar criaturas das trevas. O Patronus é parte de cada um, por isso possui formas diferentes conforme pessoa, esse feitiço passa parte de si para o receptor, aumentando a magia no corpo de quem o recebe, porém drena a magia no corpo de quem o oferece.

- Isso é magia das trevas... – Draco rebateu. Não podia ser outra coisa. Ainda sentia-se débil sem condições de se levantar.

- Esse feitiço é magia antiga sem varinha e sua única utilidade é a de cura – o medimago o corrigiu. Então apontou a varinha para Harry conjurando feitiços de testes para ter certeza de que estava bem – Corpus: 100; Mentis: 100; Máxima: 100 e Reductus: 10. Meus parabéns senhor Malfoy! Acaba de repor em cem por cento a magia do senhor Potter – doutor Hermman não resistiu a vontade de caçoar.

- Escuta velho... Se vier aqui para me insultar ou rir da minha cara...

- O senhor não poderá fazer nada, pois em toda Inglaterra, eu sou o único mediauror que fez mais oito anos de extensão para atender exclusivamente os casos de gravidez masculina. Pode ir para outro país em busca de outro medimago especializado? Sim, isso é obvio, mas garanto que nenhum deles sairá às pressas de seu consultório com risco a serem presos por viagens internacionais sem o consentimento do Ministério que só libera os passageiros de trasladores ou via flú por cada viagem e não por temporada ou quando bem desejarem.

Draco apertou os lábios, sentindo o sangue subir. Estava odiando esse medimago e por razões, seria capaz de usar até uma imperdoável.

Um movimento captou a atenção dos dois homens que se desafiavam com a mirada. Harry acordava já recuperado, sua cor voltava a ser a mesma e não o pálido doentio. Com lentidão se sentou na cama e passou a vista ao redor, pousando sobre os dois que estavam ao lado da cama.

- Doutor Hermman? – ficou confuso em vê-lo ali, então ficou pior ao notar que o loiro estava sentado no chão – Malfoy? O que aconteceu?

- Olá Harry... – o velho sorriu afetuosamente – Você passou mal e desmaiou, mas não se preocupe, já está tudo resolvido. Apenas fique longe dos elfos domésticos.

- O que tem haver com elfos domésticos? – estava ainda mais confuso.

- Eles drenam sua magia, então evite aproximar de qualquer um deles. E também aconselho tirar licença do trabalho, pois conjurar feitiços que exigem alta quantidade de magia só agravará a redução em seu corpo e isso requererá mais reposições por ambas as partes – olhou ao loiro – Melhor que seja você ou algum outro mago ou bruxa para ajudar ao senhor Potter com os feitiços e aviso que não se pode usar o Patronus Vitae que acabamos de nos beneficiar, pois você pode morrer. O coração simplesmente não agüentará uma drenagem tão brusca várias vezes seguidas.

- Quanto tempo ficarei sem magia?

- Nesse exato momento seu corpo já deve estar produzindo magia para implantar a perda recente. Você poderá conjurar feitiços simples, mas não os mais elaborados durante uns dois meses. Endente agora o risco de se usar esse feitiço? A recuperação fica mais lenta quanto mais se usa então, totalmente descartado.

Draco se levantou, sentindo como seu corpo voltava ao normal. Era como se estivesse com todos os músculos dormentes e que aos poucos voltava à ativa.

Sinceramente pensou que seria uma boa idéia utilizar o feitiço para repor a magia de Potter, mas se ficasse indefeso, corria o risco de ser atacado sem chances de se defender, nem a si mesmo, quem dirá seu filho...

Olhou para o moreno e reconsiderou. Seus filhos, afinal, Potter levava seu outro filho...

- Não imaginava que gerar um filho fosse tão complicado – Harry finalmente se fez ouvir, até então apenas ouvia o que os dois diziam.

- E não é. O seu caso que é um pouco... Diferente, por assim dizer – o medimago se despediu de Harry com um aceno de cabeça, então olhou para Malfoy – Poderia me acompanhar até o corredor?

Draco simplesmente o seguiu para fora do quarto, sem antes dispensar o elfo para que não ficasse muito tempo perto de Potter. No corredor, olhou ao velho aguardando o que desejava conversar longe dos ouvidos do moreno.

- Tenho que alertar que haverá mudança de temperamento no senhor Potter... E não digo como em uma mulher. A situação é bem distinta e foi exatamente por isso que deixei de atuar como auror para estudar mais oito longos anos em gravidez masculina. Até dez anos atrás, sabe quantos homens deram a luz? – Draco negou com a cabeça, sem entender aonde o medimago queria chegar – Nenhum... De dez entre dez morriam ou matavam o próprio filho – dessa vez sim, Draco entendeu. Arregalou os olhos com assombro – Hoje em dia, de dez, apenas dois conseguem levar a gestação até o fim, cinco por meios manipulados com poções ou feitiços ilegais.

- O que exatamente eu tenho que saber?

- Que a depressão abate de forma impiedosa aos homens nessa fase... Eles se sentem na obrigação de matarem o corpo estranho que se incubou dentro de si ou acabam se suicidando... Conheço casos de parceiros que usaram Império em seus cônjuges para que eles não se auto-destruíssem, mas que de uma forma ou de outra, isso acaba destruindo parte da mente e do caráter de quem é submetido a esse feitiço. O conjurador foi preso em Azkaban e a suposta vítima nunca mais foi a mesma depois de quase um ano sob o feitiço imperdoável...

- Harry sabe que leva um bebê, ele próprio se ofereceu para isso...

- Mas quando se está em gestação, tudo muda dentro de si, o corpo, os hormônios, o emocional. Se em uma mulher a mudança é grande, em um homem é cem vezes pior. Vai chegar um momento em que ele provavelmente não aceitará isso e não enxergará com racionalidade o que agora tem consciência. Só acho que deva se dedicar de corpo e alma e me avisar se notar qualquer mudança em seu comportamento.


James seguia atrás dos dois menores e notou como seu irmão parecia muito interessado no novo garoto.

Chegaram no parquinho onde foram sentar em um banco que flutuava alguns centímetros do solo.

A velha ama tomou lugar em uma cadeira de balanço situada debaixo de uma varanda de vidro com trepadeiras em flores amarelas. Ali também havia uma mesa baixa e almofadas pelo chão.

- Nossa seu pai é realmente rico! – James passou a caminhar ao redor do lugar, olhando como o espaço para brincar era grande e que mais ao longe entrava no jardim com trilhas e canteiros arquitetados.

- Somos Malfoy... – o loirinho respondeu, como se só o nome explicava a riqueza.

James o olhou com o cenho franzido. – Nosso pai também possui dinheiro e não é pouco visto que nossos primos não podem comprar muitos brinquedos e roupas que compramos, mas eu digo que... Seu pai é podre de rico! – abriu os braços de forma exagerada, tentando mostrar a magnitude desse fato.

- Somos Malfoy... – Scorpius deu de ombros.

Os braços de James caíram. – Como alguém que é podre de rico pode ficar tão antipático como você? Scorpius! Você pode ter de tudo! Qualquer coisa que quiser seu pai te dá! Nós não podemos, pois nosso pai tem dinheiro, mas não para gastar sem pensar.

- Eu adoraria ter na minha casa um parque como o seu... – Albus sorriu um pouco, vendo como os olhos prateados do outro garoto se pousavam em seus olhos.

- Pra começo de conversa, moramos em um apartamento. Sabe o que é isso? – James retomou a palavra. Scorpius apenas negou com a cabeça. Nunca tinha visto um apartamento antes – São casas que tem o tamanho de sua sala de visitas e que são construídas uma em cima da outra, fazendo uma pilha bem alta.

- Nossa, parece legal! – o loirinho arregalou os olhos, tentando imaginar.

- Ah sim, no começo é interessante, pois você pode ver a cidade pelo alto, mas com o tempo é chato, pois nem quintal você possui – James bufou – E pra sair do terreno onde mora tem que dividir espaço com todos os outros moradores. Tem uma piscina, mas todo mundo utiliza ao mesmo tempo...

Scorpius torceu o arrebitado nariz. – Todo mundo? Até quem não é da sua família e seus amigos?

- Todo o amontoado de famílias que vivem nessa pilha de casas chamada apartamento.

- Nós temos cinco piscinas. Duas aqui fora, duas lá dentro e uma que é a particular do meu pai e fica no jardim de inverno dos cisnes negros.

James abriu a boca sem acreditar. – Está me dizendo que tem cinco piscinas e tem um jardim de inverno?

- Não... – Scorpius negou com a cabeça – Temos ao todo vinte jardins de inverno, mas os maiores são apenas três que é a dos cisnes negros, a das orquídeas que é a favorita da minha avó e a dos vaga-lumes, que dá para o escritório do meu avô.

- Vaga-lumes? – Albus sorriu amplamente – Podemos vê-los? Teve uma vez que Jey pegou dois pra mim! Eu não consegui pegar nenhum...

- Meu pai sabe pegar bastante – Scorpius parecia ter se interessado na conversa, pois sorria mais – Ele até consegue pegar as fadas!

- Verdade? – Albus abriu ainda mais os olhos, impressionado – E ele pode pegar uma fada pra mim também?

- Eu posso pedir pra ele.

- As fadas são realmente muito difíceis de pegar – James se sentou num brinquedo giratório que estava frente aos dois menores. Quando o brinquedo sentiu seu peso, passou a girar sozinho o sobre-saltando e quase o fazendo cair no chão – Hei!

Os outros dois começaram a rir pela cara de susto que havia feito.

Ann olhava às crianças e sorria amplamente. O patrãozinho parecia estar mais alegre, até ria junto com demais.

Não gostava de ver o menino tão sozinho, pois crianças tinham que se divertir com amigos, correr, pular e estar junto com mais crianças, mas não era como a falecida patroa enxergava...

Hellenna amava o filho, mas o criava com muita disciplina e regras. Não eram permitidas outras crianças, pois elas poderiam estragar a personalidade e o caráter que Scorpius estava em fase de construção. Não podia deixa-lo se sujar na terra, nem ficar correndo pelos cantos, muito menos pulando ou gritando, era inadmissível para o herdeiro Malfoy. E desde os dois anos passava metade do dia estudando rigorosamente como controlar a magia, como falar direito, escrever, ler, prestar atenção e até aprender etiqueta!

O patrão já era quase o oposto da esposa. Ele aprovava os estudos desde novo, mas não em exagero, e também era a favor da disciplina, regras tradicionalistas que todo descendente aristocrata tinha que saber na ponta da língua e da conduta e etiqueta, mas queria que o filho também tivesse amigos e não ficasse sozinho na maior parte do tempo. Como um dos meios para aumentar o lado social do filho, Draco se associou em um parque de diversão para a sociedade alta da Inglaterra bruxa.

Porém, Scorpius continuava retraído e pouco comunicativo. Nem sempre tinha opinião e quando as tinha, certamente guardava para si mesmo e ignorava o resto com apatia.

O garoto passava mais tempo com a mãe do que com o pai, então para a ama, esse era o motivo que o tornara tão recluso, pois os ensinamentos da mãe predominavam os do pai.

Enquanto Scorpius mostrava um por um os brinquedos e como eles funcionavam, Ann tocou um sino para chamar algum elfo doméstico. No instante seguinte a criatura estava a seu lado aguardando ordens.

- Traga uma jarra de leite, uma jarra de suco de abóbora, uma travessa de biscoitos de chocolate e outra de tortinhas francesas. Não esqueça dos bombomzinhos de chocolate ao leite rico em vitaminas e das frutinhas caramelizadas.

Assim que o elfo se foi, a velha mulher sorriu para si mesma. Estava tão entusiasmada com a animação de Scorpius e dele estar se divertindo com os filhos de Harry Potter, que se auto-permitiu deixa-los comer um pouco de doce.

- Sorte que Hellenna não está aqui para brigar e proibir os garotos de qualquer "porcaria" doce e faze-los comer apenas cereal sem açúcar... – escapuliu baixinho, para então se arrepender e fazer o gesto da cruz olhando para o céu – Perdoe-me Senhor, mas ela estava judiando do próprio filho...

Ann era uma squib que vivia na parte muggle perto de Wildshire. Sua lareira era conectada com a lareira dos Malfoy por trabalhar ali como ama do pequeno Scorpius, então acreditava em um Deus e conhecia os costumes religiosos do povo muggle.

O elfo voltou a aparecer, colocando a bandeja com todas as comidas solicitadas sobre a mesa e voltou a desaparecer num estalo.

- Venham comer meninos!

Os três garotos correram para a mesa.


Assim que o medimago e Malfoy saíram do quarto, Harry levantou da cama e se dirigiu à janela. Empurrou a cortina e apoiou a testa contra o vidro frio. Ali se tinha a visão de parte do jardim e para seu maior prazer, onde havia um pequeno parquinho para crianças.

Sorriu ao ver os meninos se divertindo enquanto a velha ama os cuidava.

Então notou como um elfo aparecia com uma bandeja cheia de suco, doces e biscoitos para as crianças.

Ficou sério pensando em sua situação.

Se não podia usar mais magia, como seria daqui pra frente? Teria que arranjar algo para se distrair, pois também não podia voltar ao trabalho, única coisa, além de seus dois filhos que eram seu mundo, sua vida, que o mantinha longe da cruel realidade em que estava.

Odiava-se por ainda sentir algo por Ginny...

De repente aquela mansão lhe parecia estranha demais, e mesmo sendo gigantesca, começou a se sentir sufocado naquele ambiente. Estaria longe do serviço, estaria longe do apartamento que viveu por quase dez anos, estaria longe de tudo que lhe era familiar.

Precisava conversar com alguém, mas não queria perturbar a paz de Ron e Hermione. Também não sabia como conversaria sobre sua vida sem Ginny para qualquer um dos Weasley, era absurdo.

Mas precisava, necessitava, clamava por ouvir palavras diferentes, por ouvir algo que realmente lhe aliviasse senão tudo, ao menos em parte.

Então veio em mente o sorriso amoroso de Remus. Fazia tempo que não conversava com o último membro dos Marotos.

Mordeu o lábio inferior pensando se seria uma boa idéia incomodar ao estimado homem... Sempre via Remus quando este ia buscar Nynfadora no Ministério quando por algum motivo havia sido chamado a estar ali. A última vez que o viu foi no domingo retrasado quando almoçaram na casa de Andrômeda. Também fazia tempo que não visitava seu afilhado Teddy...

Decidiu-se que sim, iria fazer uma visita à eles e precisava contar sua novidade... Passou os dedos pela barriga.

Draco o observava calado, vendo como Potter estava imerso em pensamento. Fazia alguns minutos que retornara ao quarto e o pegou dessa forma intertida, fitando o vazio pela janela.

Como o doutor Hermman havia dito, o estado psicológico do moreno poderia ser perigoso e vendo-o assim, se perguntava se ele já não estava passando por alguma mudança de temperamento. Essas coisas não podiam brincar, ou quando se desse conta, seria tarde.

Lembrou-se de como tivera que reagir quando Potter ficou sem respirar e teve que reter uma arcada de repulsa. Ainda bem que o moreno estava inconsciente ou seria muito mais constrangedor.

Fechou os olhos e respirou fundo tentando se acalmar e esquecer esse detalhe. Quando voltou a abri-los, deu de cara com os olhos esverdeados o fitando.

- Fazia muito tempo que estava aí? – Harry perguntou franzindo o cenho.

- Não... Apenas não quis te chamar porque parecia muito pensativo...

- Pensava em ir ver a Remus...

- Agora? – Draco ergueu uma sobrancelha. Não gostava muito do homem-lobo.

- Sim, preciso contar as novidades e onde estarei. Faz tempo que não o vejo.

- Não acho que seria uma boa idéia andar sozinho nessas condições...

Harry ficou extremamente sério. – Não vejo porque... Ainda estou no primeiro mês e posso andar perfeitamente bem sozinho.

- Se quiser ir, não direi o contrário, mas irei com você.

- Não preciso que fique me vigiando os passos! – Harry se afastou da janela com irritação – O desmaio foi por causa do elfo doméstico, já estou bem.

- Insisto que te acompanharei... – Draco quase sibilou como uma ordem.

- Eu vou so.zi.nho. Não quero que ninguém fique marcando meus passos, muito menos você Malfoy! E garanto que será muito estranho aparecer na casa dos Tonks com você pendurado em mim!

- Não discuta comigo! – o loiro estreitou os olhos.

Harry parou frente a Malfoy o enfrentando. – Eu faço o que quero e não é por estar esperando um filho seu que irei te obedecer! – seu dedo cutucava o peito do loiro com provocação – Posso estar na sua casa, mas porque foi você quem quis e não o contrário. Posso estar sem muita magia, mas garanto que tenho o suficiente para te cruciar dolorosamente e ainda sair com vida e com o bebê em perfeitas condições e outro detalhe que você sempre gosta de ressaltar. Sou o Salvador do Mundo Bruxo o Famoso Herói que livrou a todos de Voldemort e bem... – sorriu de lado com os olhos brilhando – Salvei inclusive o seu traseiro. Entendeu?

Draco apertou o maxilar e ergueu ainda mais o queixo encarando essas esmeraldas que pareciam arder em chamas. Ali estava o Harry Potter que conhecia e não o disperso e quase apagado medimago que trabalhava no St. Mungus.

- Mas te levo até a porta e te busco.

Harry suspirou passando os dedos pelo cabelo e se afastando de Malfoy. Não tinha jeito...

- Cabeçudo idiota... – grunhiu.

- Não precisa agradecer cara-rachada... – Draco sorriu com suficiência.

Após avisarem à Narcissa e à ama, deixaram a mansão rumo à casa de Andrômeda Tonks.


Depois de quase brigar com Malfoy na porta da casa de Andrômeda, ter que concordar que ligaria para o celular do loiro para que viesse busca-lo e quase expulsa-lo a chutes, Harry agora se encontrava sentado numa das poltronas da sala bebendo um gostoso chá de erva-doce com hortelã.

- Fazia tempo que não vinha visitar vocês... Como está Teddy?

- Muito bem... Deve estar terminando o banho agora – Andrômeda olhava pela janela enquanto bebia de sua xícara. Sorriu imperceptivelmente – Sabe, pode dizer ao meu sobrinho que ele está permitido entrar em minha casa.

Harry franziu o cenho e olhou pela janela preocupado em ver alguma cabeleira loira do outro lado da rua. Para seu alívio não tinha nada.

- Tudo bem, eu direi quando ele vier me buscar...

Andrômeda elevou uma sobrancelha, mas não comentou nada a respeito. No instante seguinte Teddy apareceu na sala, entusiasmado em abraçar ao padrinho.

Harry retribuiu o abraço, feliz em ver o garoto tão alegre. Quando cumpriu a maioridade bruxa, ou seja, aos dezessete anos, Remus havia perguntado se gostaria de ser padrinho oficial de Teddy e que seria uma grande honra, isso poderia ter certeza.

No início ficou meio surpreso, pois o garotinho já estava com dois anos de idade e sem padrinho, foi descobrir que o amigo de seus pais estava esperando que cumprisse a idade certa para ser padrinho antes de escalar qualquer outro, pois Harry seria perfeito para o título.

Não teria cabimento se recusasse.

Afagou o cabelo azul enquanto Teddy se sentava no braço da poltrona em que estava. Entusiasmado passou a tagarelar sua ansiedade em entrar em Hogwarts ano que vem.

- Acha que serei bem aceito, Harry? – perguntou o menino, com um tímido sorriso. Nunca esconderam sua herança genética.

- Lógico! Pode haver pessoas que te insultem, mas isso acontece com todos. Até comigo que era o tão comentado Harry Potter não escapei – sorriu abertamente quando o garoto voltou a se alegrar.

- Em que casa irei? Gryffindor? Oh sim terá que ser Gryffindor, como meus pais! – seus olhos brilhavam numa cor ambarina, própria dos de sangue lupino – Mamãe me disse que certamente eu me darei bem em Gryffindor, a casa dos valentes!

Andrômeda havia deixado a sala para que tivessem mais privacidade, mas não demorou muito para outra pessoa aparecer em cena.

Remus saiu pela lareira e sorriu ao ver quem estava ali com Teddy.

- Harry! – abraçou efusivamente ao jovem – Pensei que tinha esquecido de nos visitar!

- Desculpe a demora, mas aconteceram muitas coisas.

Remus se sentou na poltrona que ficava de frente a de Harry. – Fiquei sabendo por Nynfa o que você andou aprontando... – sorriu um pouco olhando para a barriga de Harry – Sente-se bem?

- Creio que sim... – Harry deu de ombros – Não o sinto pra ser mais sincero – e sorriu um pouco.

- Ainda está no começo... Só sentirá a partir do segundo mês... – Remus observou o rosto do rapaz. Então olhou para Teddy quem o olhava com olhinhos suplicantes.

- O que foi? – Harry olhou a ambos suspicaz – Estão tramando algo?

- Só quero que meu padrinho saiba a verdade... Por favor, papai... – o garoto implorou – Ele também vai ter um bebê, isso não é ruim...

Harry olhou para Remus com interrogação. Do que esses dois estavam falando afinal?

O rosto de Remus tomou uma camada de vermelho e Harry pôde ver claramente nos olhos âmbar, a vergonha que sentia. Parecia ser vergonha misturada a culpa.

- Sinto não ter te dito antes Harry... Mas me é muito difícil comentar sobre isso... – Remus abaixou a cabeça, parecendo mais acabado do que esteve durante a guerra.

- Aconteceu algo Remus? – a preocupação era latente na voz e no rosto de Harry.

- Nynfadora não é minha mãe. Eu nasci de meu papai – Teddy soltou num grande sorriso – Mas eu gosto dela como se fosse minha mãe.

O queixo de Harry foi parar no chão após esta chocante confissão surpreendente. Buscou a Remus para ter certeza que ouviu direito.

O lupino não o olhava, parecia mais perdido do que qualquer um ali na sala, então voltou a olhar para o garoto.

- Se é assim... Por que seu cabelo muda de cor como os de um metamorfomago?

- Isso no meu cabelo é um simples feitiço de humor que as crianças bruxas aprendem para brincar. Meu cabelo é preto.

- Teddy... Poderia vir ajudar a vovó? – Andrômeda chamou da porta da cozinha. Sabia que a conversa passaria a algo mais sério e o melhor era retirar o menino dali.

Com um bico de contrariedade Teddy beijou o rosto de Harry e foi atrás da avó.

Sozinhos na sala, Remus tratou de erguer a cabeça e confrontar a verdade que mantinha durante tantos anos escondida até de si mesmo.

- É vergonhoso... Foi um choque pra mim e eu não sabia se era por minha maldição, por ser metade criatura das trevas, uma besta inumana... – movia as mãos enquanto tentava articular as palavras certas – Os três primeiros meses eu não desconfiei de nada, mas depois foi como se o mundo tivesse desabado... A família Tonks me acolheram com carinho e preocupação... Acho que não estaria aqui se não fosse por eles... Então dei o segundo nome a meu filho de Ted em homenagem ao pai de Nynfa...

- Segundo nome? Pensei que Teddy era o primeiro nome... Quando eu o apadrinhei apenas tive que dizer Ted Lupin.

- No apadrinhamento não há necessidade de dizer o nome do afilhado, apenas estarem juntos para o feitiço ser completado já basta...

- E qual é o primeiro nome de Teddy?

- Orion...

- Orion... Orion... – pensava Harry. Já conhecia esse nome. Então se lembrou de onde conhecia esse nome, apesar de não ser quase pronunciado e arregalou os olhos – Sírius Orion Black...

"Meu cabelo é preto...".

O eco da voz de Teddy retumbou em sua mente.

Orion é o segundo nome de Sírius, nome que pertenceu ao seu pai. E Sírius tinha o cabelo preto como a maioria dos Black.

Orion Ted Black-Lupin...

- Você já estava grávido quando Sírius caiu no véu... – os olhos verdes encheram de lágrimas – E a culpa do Teddy não conhecer o outro pai é minha... De você ter passado por tudo sozinho... - Harry tampou a boca com as mãos e se levantou da poltrona buscando ar. Sentia-se tão culpado, mais ainda ao saber disso. As lágrimas já desciam por suas faces – Sinto muito... Por Deus... Me perdoe...

Foi tentar deixar a casa, em busca de um lugar deserto onde pudesse se xingar e berrar e revoltar contra si mesmo sozinho e onde não precisasse enfrentar a Remus, nem ao pequeno Teddy, quando sentiu como era abraçado.

- Harry, a culpa não foi sua... – Remus o abraçava apertado. Não queria que ele se sentisse dessa forma, não queria abrir velhas feridas que nunca foram realmente sanadas.

- Sim... A culpa é minha... Eu... Eu... – soluçava e tentava se afastar desse abraço confortante porque não merecia isso. Não merecia o carinho de Remus...

- Escuta Harry... Sírius nunca se perdoou por ter escusado ser o portador do Fidelius de seus pais e este ter passado a Pettigrew. Para Sírius, ser o portador do encantamento era óbvio demais, pois todos sabiam que ele e seu pai eram melhores amigos, inseparáveis em tudo. Ele fez isso pensando no melhor, mas acabou acontecendo algo equivocado... Ter permanecido treze anos em Azkaban foi justo para o seu padrinho? – Harry negou com a cabeça. Nunca achou justo que Sírius perdesse todos esses anos trancafiado por ser inocente – Mas para Sírius, ele se conformou porque achava que mereceu, pelo que fez... Por ter permitido que o traidor do Peter fosse o guardião do Fidelius... E só não se permitiu morrer para vingar a morte de seus pais e te ajudar no que fosse preciso...

- Tenho certeza de que meus pais nunca o culpariam... – Harry murmurou com a voz embargada pelo recente choro.

- Sim... Também sei que Lily e James nunca pensariam em culpa-lo. E que ele fez o que fez achando que seria o melhor, para o bem de todos... Assim como também sei que você nunca pensou em machucar nenhum de nós, nem que fosse acontecer o que aconteceu aquele dia no Ministério... Você não sabia que Voldemort podia entrar em sua mente e que não era apenas visões em segundo plano... Achou que podia salva-lo e seu coração gritava para salva-lo... Sírius fez o mesmo por você, foi em seu auxilio porque o coração gritava para te salvar... – fez uma pausa, sentindo como Harry parava de soluçar e apenas suspirava em busca de ar e não tentava mais se afastar – Tenho certeza que Sírius nunca te culparia pelo que aconteceu...

Ficaram um tempo em silencio apenas abraçados, até que Harry se afastou enxugando as lágrimas. Remus aproveitou para enxugar as próprias que haviam traído seus olhos e transbordado.

- Desculpe Remus... É que... É muito difícil pra mim...

- Tudo bem Harry... Eu entendo... – Remus sorriu o puxando com delicadeza para se sentarem no sofá frente à lareira.

- Então... – respirou fundo tentando afastar esses sentimentos tristes – Desde quando estavam juntos?

- Começamos a namorar desde o quarto ano em Hogwarts... – Remus sorriu ao se recordar – Foi por acaso, nem sabíamos que nossa proximidade era por motivos amorosos... Teu pai foi o primeiro a saber, depois Peter e sua mãe. James e Lily nos apoiaram desde o primeiro momento, mas nunca chegamos a nos mostrar abertamente em Hogwarts por causa das pessoas. O que importava era nós dois e nosso mundo quando estávamos no dormitório, o resto era resto, mas havia a família de Sírius e não quisemos problemas desnecessários...

- Foram dias felizes até o último ano escolar. Depois foi um inferno... – Harry deixou de sorrir, tomando um semblante sério, quase furioso ao se recordar da guerra – Aconteceram todas as tragédias que você já está cansado de saber e Sírius foi preso em Azkaban... Meu mundo acabou nesse dia... Sem meus amigos, sem a pessoa que eu amava... Passei treze anos tentando viver sem poder realmente viver... Dia trás dia me arrastando como se fosse algo sem valor... Sabe o que é isso?

- E como conseguiu suportar? – Harry sentia mais admiração ainda por este homem. Depois de tanto sofrimento ainda tinha forças para sorrir, para dizer "bom dia".

Remus voltou a sorrir. - Porque antes de ser preso, Sírius me disse: Seja forte, porque eu também o serei... Então eu soube que ele me pedia que continuasse de pé e o esperasse, porque ele voltaria demorasse o tempo que fosse...

- Treze anos é muito tempo... – Harry estava impressionado. No fundo se perguntava se estivesse no lugar de Remus, conseguiria?

- Não para quem ama verdadeiramente...

- Sabe... Te ouvindo dizer isso, dá até vontade de acreditar... – riu fracamente.

- Não acredita Harry? – Remus se surpreendeu.

- É meio difícil acredita em amor depois que sua esposa que você tanto ama, te diz que ama outra pessoa e não pensa duas vezes em largar tudo e ir embora...

- Harry... – Remus segurou as mãos do moreno – Nenhum relacionamento é as mil maravilhas. Se alguém te disser que amou verdadeiramente a primeira pessoa que encontrou na vida e que viveram felizes para sempre, isso é mentira. Sírius e eu tivemos altos e baixos em nosso relacionamento. Sírius era um galinha incorrigível, eu me relacionei com outra pessoa antes de estar com Sírius, sua mãe namorava outra pessoa quando seu pai a conheceu e a arrebatou do pobre coitado que nunca o perdoou...

- Quem era o pobre coitado?

- Snape...

- Oh... Por isso esse ódio milenar passado de geração para geração?

- Provavelmente... – Remus voltou a apertar as mãos de Harry – Foi estranho depois que Sírius retornou de Azkaban... Quando eu o vi... Nossa... Não sabia como reagir e creio que não foi como ele esperava... Passar todo o tempo afiançado nas lembranças para não perdê-las para os dementadores e reviver o passado enquanto passa o presente num cubículo e não tem esperanças de um futuro é muito diferente de quando se passam treze anos do lado de fora, vivendo.

- Ele ainda se lembrava de você naquela época?

- Sim... E foi difícil ver como tudo havia mudado... Tanto pra mim como pra ele. Mas sabe, tivemos que entrar novamente no coração do outro e mostrar que éramos nós mesmos não importando o quê havia mudado. Seguíamos sendo nós, e nos queríamos...

- Até que se resolveram a tal ponto que surgiu o pequeno Teddy... – Harry riu quando Remus corou furiosamente.

- A questão do nascimento de Teddy ainda é um tabu pra mim... E pra maioria do mundo bruxo... Só sei que devo muito à Nynfa por ter passado os seis meses restantes cuidando de mim, ou eu certamente acabaria cometendo alguma loucura. Sem o Sírius, sozinho, e com algo na barriga...

Harry se entristeceu, mas fez o possível para não voltar a chorar novamente. – E como ela conseguiu?

- Uma poção que me deixou o restante da gestação na forma de lobo. Ela disse que era somente em minha forma animal que eu não rejeitava a cria, pelo contrário, a desejava... Então veio a minha hipótese de que a gravidez aconteceu comigo por ser metade criatura das trevas.

Harry sabia que a gravidez masculina era extremamente raro e muitos não tinham conhecimento. Não era como os medimagos que tem um conhecimento básico na escola de Medimagia.

Também sabia que algumas criaturas das trevas podiam gerar filhotes sozinhos sem necessitar parceiros e haviam os hermafroditas e os que geravam a cria não importando o sexo, conhecimentos esses adquiridos por cursar a Academia de Auror caso fosse necessário enfrentar alguma manada de criaturas das trevas.

O caso de Remus poderia ser a segunda opção somando que deu à luz sem precisar repor magia como havia dito o doutor Hermman, mas independente de qual fosse, não foi uma experiência agradável.

Perguntava mentalmente se chegaria a passar por isso e se a resposta fosse sim, quem o ajudaria? Duvidava da capacidade de auxílio de Malfoy numa crise dessas ainda mais sendo consigo Harry Potter e homem, para dar mais ênfase.

- Harry?

O moreno o olhou, saindo de suas inquisições.

- Desculpe... O que dizia?

- Me preocupa o seu estado... Acho que é um fardo muito pesado para carregar...

- Foi minha escolha... – sorriu, para acalmar o castanho.

Andrômeda entrou na sala junto com Teddy. Olhou aos dois tentando decifrar o que haviam dito, mas logo descartou a idéia de perguntar. Existiam assuntos que não cabiam a terceiros saberem, somente se eram colocados à par dos assuntos sem se intrometerem.

- Ficará para o almoço Harry?

- Sinto muito Andrômeda, mas não posso. Hoje é o primeiro dia na Mansão Malfoy e não seria nada bom deixar meus filhos almoçarem sozinhos num lugar desconhecido.

Remus ergueu as sobrancelhas, assustado. – Está residindo na casa dos Malfoy?

- Sim... Até o bebê nascer. Não se preocupem, o Ministério e Nynfadora sabem que estamos ali. Creio que Malfoy, depois da reputação que teve após a guerra, deseja evitar qualquer tipo de mancha em sua longa lista. Não se atreveria empunhar a varinha contra mim e duvido que tenha tão mau caráter para fazer algo com meus filhos...

Harry se despediu de todos, por último deu um forte abraço em Teddy que chegou a tirar o fôlego do garoto. Assim que se afastou, retirou os fios da testa do menino e o olhou minuciosamente buscando traços de seu padrinho.

Remus passou a mão pelo cabelo do filho encerrando o feitiço de glamour. O liso e o azul sumiram na mesma hora mostrando Teddy ao natural.

Então ali estava... Harry sorriu. Cabelo preto com as pontas torcidas, nariz fino e arrebitado como todos os Black e boca de lábios finos que sorrindo, seria a perdição para as meninas e alguns meninos, assim como os sorrisos provocadores de Sírius Black. Os olhos eram âmbar como os de Remus, assim como a pele branca com pouquinhas sardas abaixo dos olhos e no nariz.

- Você parece muito com Sírius... – voltou a afagar o cabelo preto, agora levemente encaracolado.

- Seria bom conversar com você sobre meu pai... Se importa de algum dia termos esse assunto? Papai dificilmente consegue terminar alguma conversa por se emocionar e eu queria ouvir algo sobre meu outro pai, por outra pessoa que o tenha conhecido. Vovó também disse algumas coisinhas sobre a infância dele... – o garoto sorriu para Andrômeda, mesmo ela não sendo sua avó ele a considerava assim como considerava Nynfadora como uma mãe.

Harry se lembrou das vezes em que se emocionava e se maravilhava com as histórias de seu pai, sobre as habilidades de sua mãe...

Era como se entrasse dentro de um mundo de sonhos verdadeiramente encantador onde podia imaginar cada trecho que Sírius e Remus lhe contavam... Ou quando algum comentário lhe era confrontado quando fazia alguma travessura em Hogwarts, lhe dizendo que era a cópia de James desde o físico até a mente para tramar escapadas noturnas e quebrar todas as regras se possível.

- Seria ótimo sentarmos lado a lado e conversar longamente sobre Sírius Black... – voltou a abraçar a Teddy – E trarei minhas fotos em que ele aparece para te mostrar.

Teddy não pôde estar ainda mais feliz.


Draco observava a cena sem saber o que sentia. Olhava para esse moreno de olhos verdes que cada vez lhe mostrava ser muito além do que pensava.

Quando deixou Potter frente à residência dos Tonks, não foi embora como havia dito. Somente rodou com o carro durante alguns minutos para em seguida, com um feitiço desilusionador retornar e estacionar do outro lado da rua.

Desceu do carro e recostou na porta, observando a movimentação pela janela aberta.

Uma mulher conversava com o moreno e pela idade e semelhança à Bellatrix, soube que se tratava de sua tia deserdada Andrômeda Black, ou Andrômeda Tonks seria o correto dizer.

No momento da conversa notou como a mulher olhava pela janela e parecia mirar diretamente a si. Ficou um pouco confuso e quase podia jurar que ela o enxergava perfeitamente.

Talvez seu feitiço não havia funcionado porque perdeu magia antes de estarem ali, mas quando Potter girou o rosto e olhou em sua direção, percebeu que seu feitiço funcionava perfeitamente, pois o moreno não viu nada voltando a conversar.

Draco sorriu. Mesmo tendo sido deserdada era uma Black, não podia subestimá-la.

Como ela não deu mostras de querer delata-lo e logo em seguida se retirou da sala, Draco passou a apenas mirar a Harry Potter interagir com seus amigos.

Não havia mudado em nada... O mesmo jeito de se mover, de gesticular com as mãos, de pender a cabeça para um lado e apenas mirar. E de sorrir...

Era como se voltasse a estar no Salão Principal em Hogwarts, vendo do outro lado, na mesa de Gryffindor, ao famoso garoto-que-sobreviveu.

E a facilidade com que Potter possuía para levar aos demais ao seu redor a sorrir também era algo que nunca soube entender.

Então notou como o assunto em questão parecia ter ficado sério com a chegada de Remus Lupin. Ele tinha um semblante amável e sempre estava sorrindo, mas não confiava em seres que eram metade criatura das trevas. O instinto animal sempre ecoava dentro do corpo, mesmo estando perfeitamente consciente.

E teve que se controlar, apesar de que não resistiu e se afastou do carro passando a caminhar de um lado a outro, quando viu como Potter simplesmente chorava nos braços do homem de cabelo castanho.

Mudanças bruscas de emoções não eram boas para o bebê, principalmente se as emoções fossem más, como tristeza, dor, desespero, impotência, angustia...

- Sabia que era uma péssima idéia deixa-lo sozinho com Lupin... – grunhiu.

Se estivesse ali, não deixaria que o portador de seu filho estivesse nesse momento tentando respirar enquanto controlava os soluços.

Se estivesse ali talvez já teriam ido embora sem trocarem muitas palavras...

Seus passos seguiram a direção da porta. Estava para desfazer o feitiço de camuflagem quando viu que Potter enxugava as lágrimas e sorria fracamente. Franziu o cenho parando de andar.

Sempre odiou essas mudanças de comportamento no menino de ouro, e ali estava novamente.

Confessava que tinha curiosidade em ouvir o que estavam falando. Lupin parecia tão emocionalmente afetado como Potter...

Então uma mão o tocou superficialmente no braço. Saltou um pouco apontando a varinha para quem fosse, e notou ser sua tia Andrômeda.

- Ele está bem... Não acontecerá nada com o bebê por se desabafar de vez em quando, talvez até seja melhor assim...

Draco abaixou a varinha e a guardou de volta ao bolso. – Sinto tê-la ameaçado...

Andrômeda havia saído pela porta da cozinha e agora retirava as folhas secas de suas plantas. Teddy arrumava a mesa sem prestar atenção em ninguém.

- Não foi nada... – ela suspirou um pouco vendo que os gnomos apareceram em seu jardim.

- Como consegue me ver?

- Sua magia está fraca. Basta forçar um pouco a mirada e concentrar que posso enxergar os contornos mais marcantes do seu corpo, como se você fosse feito de água.

- Droga... – olhou às mãos com preocupação.

- Não se preocupe, ninguém o notou além de mim...

- E... O que queria me dizer?

- Sei que você é Draco Malfoy... O cabelo de um Malfoy não é muito comum... – ela sorriu um pouco ao notar o semblante de desagrado no rosto do sobrinho – Se quiser me visitar, eu não me importo... Apenas você está bem-vindo em minha casa, os seus pais não...

- Por que? – ficou confuso.

- Uma vez, logo após a guerra, Harry me comentou sobre você e o motivo que o ajudaria no julgamento... – dessa vez sim, Draco estava impressionado – E Harry tem uma visão perfeita das coisas, mesmo sem saber esse Dom...

- E o que... Ele comentou sobre mim?

- Muitas coisas horríveis a teu respeito...

- Ah claro... – Draco desviou os olhos. Sabia que só poderiam ser esse tipo de comentário.

- Mas... Uma coisa ele me garantiu – Andrômeda o olhou nos olhos – O teu coração é maior do que se pode enxergar...

Depois dessas palavras, ela apenas deu-lhe as costas como se nunca estivesse falando com alguém e voltou para ajudar a Teddy a colocar os pratos e os talheres na mesa.

"O teu coração é maior do que se pode enxergar...".

Agora estava ali, encostado de volta ao carro e com essa maldita frase na cabeça.

Havia voltado pro carro e deixado a casa para parar numa quadra mais adiante e desfazer o feitiço, já que sua magia ainda estava oscilando e não dava mostras de querer se recuperar tão cedo.

Buscou sua cigarreira e estava para pegar um cigarro quando o som de uma música começou a soar: "Over an over I look in your eyes…".

Estranhando, pois não era nenhuma das músicas que identificava as pessoas que lhe telefonavam e nem a música de chamadas anônimas, pegou o celular que repousava no assento do passageiro e o atendeu.

- Alô...

- Malfoy, você poderia vir me buscar agora? Senão, eu volto sozinho, nem se preocupe, está bem?

- Potter... – reconheceu a voz – Estarei aí em um minuto.

- Ah ta... – o moreno parecia decepcionado com tanta disposição em ir busca-lo.

- E um aviso Potter. Se der um de engraçadinho e eu chegar aí e você já não estiver, da próxima vez faço escolta – disse como se não estivesse fazendo isso agora. O celular mudo denunciou que este era o plano do moreno. Ir embora sozinho pra mostrar que ninguém mandava em Harry James Potter – Sabia. Se prefere assim, todas as suas saídas serão devidamente escoltadas.

- Já entendi Malfoy! – voz irritada, mas com um toque de frustração e rancor – Vem logo então!

Draco sorriu quando a linha caiu. Mais uma vitória sobre o Salvador do Mundo Bruxo!

Mas seu sorriso não durou muito ao se lembrar do toque. Levou o aparelho até a altura do rosto e observou o menu. Procurou os toques particulares e ali estava o número do celular de Potter e o toque. Havia deixado em "toques aleatórios" na memória de MP3 para quando adicionasse um novo número, mas não sabia porque exatamente caiu justamente nessa música.

Todas suas músicas eram de bandas de rock e metal, apenas duas eram românticas e nem quase ouvia. Uma delas era aquela que acidentalmente foi parar como chamada particular das ligações de Potter, a outra certamente evitaria por um largo tempo, pois era o toque pessoal de Hellenna.

Sorriu fracamente quando se lembrou que na empresa, quando seu celular começava a tocar aquelas palavras...

"The whispers in the morning / Os sussurros na manhã

Of lovers sleeping tight / De amantes dormindo apertados

Are rolling like thunder now / Estão rolando como um trovão nesse momento

As I look in your eyes / Enquanto eu olho em seus olhos

I hold on to your body / Eu me seguro em seu corpo

And feel each move you make / E sinto cada movimento que você faz

Your voice is warm and tender / Sua voz é calorosa e suave

A love that I could not forsake / Um amor que eu não poderia abandonar

'Cause I am your lady / Porque eu sou sua dama

And you are my man / E você é meu homem"

Todos o olhavam com um sorriso cúmplice, pois sabiam a quem pertencia a ligação. Eram palavras de uma mulher tão dominante e decidida, mas verdadeiramente apaixonada...

E Hellenna poucas vezes aparecia nas empresas, suas idas ali sempre tinham fundamentos, mas não havia um funcionário que não a conhecia e respeitava.

Para afastar essas lembranças, Draco passou a trocar a chamada do moreno para "The Unforgiven" do Metallica. Esta sim era a cara de Potter.

Jogou o celular no banco do passageiro e entrou atrás do volante. Daria uma volta para parar na frente da casa como se tivesse chegado da avenida. Só precisava demorar mais alguns minutos ou seria estranho aparecer na porta de Andrômeda Tonks tão prontamente.

Não queria que Potter ficasse revoltado por ter sido enganado, mas precisava vigia-lo ou perderia seu filho que tanto desejou e que era parte de Hellena. Sobre- saltou de susto ao ouvir o celular chamar. Mirou ao aparelho como se estivesse enfeitiçado.

"Over an over I look in your eyes…".

Seus dedos buscaram o objeto e olhou para o número. Era Potter...

- Diga... – estava reticente em falar e muito desconfiado.

- Malfoy, eu estou morrendo de fome! Dá pra vir voando, literalmente?

Um sorriso espontâneo surgiu em sua boca. – Quem diria Potter. Confessando que não era só o Weasley que tragava metade dos banquetes em Hogwarts?

- Que? – o moreno parecia insultado.

- Precisarei pedir para meus elfos triplicarem a quantidade de comida em cada refeição? – riu zombeteiro. Girou o volante numa esquina e pôde ver a Potter parado na calçada e realmente irritado consigo.

- Escuta Malfoy... Se não quer alimentar seu filho, pois que fique bem claro que estou comendo por dois agora! Eu...

- Certo Potter. Pare de reclamar e entra no carro...

Harry girou o corpo ao ouvir como um carro parava ao seu lado.

Malfoy sorria de canto com uma mão no volante e a outra segurando o celular contra a orelha. Assim que foi notado desligou o aparelho e indicou com ele o banco do passageiro, elevando uma sobrancelha.

Harry estreitou os olhos apontando para o loiro com o seu celular.

- Estava tirando com a minha cara Malfoy? Desde quando estava aqui seu cretino?

Draco quase se deixou perceber que foi descoberto, mas manteve o semblante tranqüilo enquanto erguia os ombros de forma pertinente.

- Vim voando como você pediu, afinal, não deixaria meu filho passar fome já que você precisa comer por dois... – fez uma careta antes de acrescentar - Só não quero nem imaginar daqui a alguns meses como será esse seu apetite duplicado...

Harry quase empalideceu. Dificilmente sentia fome mesmo estando em horário de almoço e trabalhando desde cedo. Agora se imaginava comendo tudo pela frente a qualquer hora com uma enorme e obesa e horrorosa...

- Potter!

Harry voltou a si e olhou ao loiro quem parecia levemente preocupado. Apertou os lábios tentando voltar à sua raiva contra Malfoy, mas definitivamente sua cabeça estava em outro assunto.

- Deveria me obedecer mais vezes... – tentou espetar ao ex-Slytherin, mas seu semblante não pareceu muito convincente para Malfoy.

- Em seus sonhos mais absurdos... – Draco fez que não notou, mas a mudança de emoção no rosto do moreno chegava a ser palpável. Agora tinha certeza que precisava ficar com um olho em cima de Potter vinte e quatro horas por dia.

Suspirou enquanto tomava o rumo para sua mansão. Olhou de esguelha à barria do moreno cuja roupa estava levemente levantada e Potter não havia se dado conta. Uma faixa de pele aparecia entre o tecido.

Ali descansava o motivo de toda essa confusão e sacrifícios e nem sabia que era por sua causa...

Voltou os olhos para a pista e apertou o volante com firmeza. Seus olhos brilhavam determinação.

Era um sonho ter pelo menos três filhos e como foi difícil ter Scorpius e depois este outro bebê, agora tinha medo de perde-lo... Sabia que um terceiro filho seria impossível visto que os Malfoy não eram muito férteis.

Quando era criança sua mãe sempre lhe dizia que agora que tinha um menino queria ter uma menina, mas nunca seu sonho se realizou... E não por sua culpa, pois era uma Black e os Black tinham de dois a três filhos se tornando uma família de tamanho tradicional e bem composta...

A família Malfoy era escassa e pequena. Vinha sendo suplantada por herdeiros únicos durante muito tempo e ninguém comentava nada sobre o motivo de só nascerem um filho de cada geração e justamente um menino para ser o herdeiro que levaria o nome até o próximo sucessor.

Era como se os Malfoy tivesse uma maldição...

- Acredita se eu disser que nós Malfoys temos uma maldição no nome? – disse de repente, sentindo necessidade de comentar aquilo com alguém.

- Como assim? – Harry franziu o cenho sem entender.

- Todos os descendentes Malfoy foram homens que casaram com mulheres de outra linhagem. Não existe uma mulher Malfoy que se uniu com algum herdeiro de outra linhagem assim como também não existe outro Malfoy que tem em mãos parte do capital familiar. Todos somos filhos únicos, portanto minha herança quando meu pai morrer, será absurda em quantidade e em acres de terras e construções, fora as empresas.

- Isso é impossível – Harry negou com a cabeça, tentando entender o que acabava de ouvir – Não tem como em uma família tradicional e antiga como a sua não existir outros com seu nome, ou uma mulher nascida em sua família.

- Isso é o óbvio, por isso digo que tem algo errado porque até eu não acredito que seja possível... – notou como estava sendo encarado com assombro – Te mostro a árvore genealógica dos Malfoy se quiser. Não há mulher nascida em nossa linhagem e nem dois irmãos para disputarem ou dividirem a herança.

- Mas se é assim, você seria o milagre? – Harry ficou um pouco desconcertado com essa conversa – Tenho um filho seu no meu ventre nesse exato momento...

- Um filho meu que demorou quatro anos para ser concebido depois de muitos esforços e que por pouco não morre junto com a mãe e que ainda corre risco de vida se formos analisar a situação.

Harry ficou mudo. Se isso era verdade, talvez o nome Malfoy realmente era amaldiçoado...

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Continua...

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Nota: na Discografia de Enter in the Heart esta música será tema de Draco e Hellenna.

Deixo aqui a letra e a tradução completa da música.


"The Power of Love" de Celine Dion

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The whispers in the morning / Os sussurros na manhã

Of lovers sleeping tight / De amantes dormindo apertados

Are rolling like thunder now / Estão rolando como um trovão nesse momento

As I look in your eyes / Enquanto eu olho em seus olhos

.

I hold on to your body / Eu me seguro em seu corpo

And feel each move you make / E sinto cada movimento que você faz

Your voice is warm and tender / Sua voz é calorosa e suave

A love that I could not forsake / Um amor que eu não poderia abandonar

.

'Cause I am your lady / Porque eu sou sua dama

And you are my man / E você é meu homem

Whenever you reach for me / Qualquer hora em que você procurar por mim

I'll do all that I can / Eu farei tudo o que puder

.

Lost is how I'm feeling Lying in your arms / Perdida é como eu me sinto quando me encontro em seus braços

When the world outside's too / Quando o mundo lá fora é demasiado

Much to take / Muito para suportar

That all ends when I'm with you / Que tudo terminará quando eu estiver com você

.

Even though there may be times / Mesmo que possa haver momentos

It seems I'm far away / Que podem parecer que eu estou longe

Never wonder where I am / Nunca fique imaginando onde eu estou

'Cause I am aways by your side / Porque eu estou sempre do seu lado

.

Refrão:

'Cause I am your lady / Porque eu sou sua dama

And you are my man / E você é meu homem

Whenever you reach for me / Qualquer hora em que você procurar por mim

I'll do all that I can / Eu farei tudo o que puder

We're heading for something / Nós estamos no dirigindo pra algo

Somewhere I've never been / Algum lugar onde nunca estive

Sometimes I am frightened / Algumas vezes eu fico assustada

But I'm ready to learn / Mas eu estou pronta para aprender

Of the power of love / Sobre o poder do amor

.

The sound of your heart beating / O som de seu coração batendo

Made it clear / Deixou claro

Suddenly the feeling that I can't go on / De repente o sentimento de que não posso prosseguir

Is Light years away / Está anos-luz distante

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Repetir Refrão.


Sim, haverá uma música para cada personagem que eu achar conveniente. A música do celular de Harry será o tema de amor de Draco e Harry, mas isso só revelarei mais pra frente, por enquanto ficará em suspense. E Sírius e Remus também terão seu tema de amor que por enquanto estou buscando. Harry e Ginny já tem uma música tema, mas que a empregarei na fic quando for mais apropriado.

Agradecimentos a: Ed Gyllenhaal; ...Makie... - olá, obrigada por dedicar mais alguns minutinhos só para comentar! Isso me emociona! (olhos brilhando). Que bom que está gostando da fic, espero que este capítulo também a tenha agradado. Hellenna era um caso à parte, carinhosa e apaixonada pela família, estúpida e arrogante com o resto! hehe ;) Mega bjs; Nyx Malfoy; Bakazinha - olá, obrigada pelas palavras! Também te desejo tudo de bom ;) Respondendo seu comentário, o Draco nesse chap continua preocupado e o Harry, bem, digamos que está com alguns probleminhas. Espero que tenha entendido um pouco mais a estória da fic, vou tentar não demorar muito em postar o próximo chap, mas os capítulos são grandes então... Bjks; Tety Potter-Malfoy; Fabrielle; tsuzuki yami; Inu - olá, nos vemos nessa fic agora? Por favor! (puppy eyes). Vc sumiu em Caminho do Coração, espero que tenha gostado do final da fic :) Obrigada por comentar, bjim; Condessa Oluha; Serena Malfoy - olá, obrigada pelo review! Que bom que gostou do chap passado, espero que tenha curtido esse também! Estou tentando atualizar mais rápido, mas Enter in the Heart são chaps enormes, então fica mais complicado, pois tenho que estudar a melhor forma de passar o conteúdo pra não embolar e o leitor parar de ler pela metade e não dá mais, desisto! Às vezes eu embolo um pouco na escrita e tenho que tomar cuidado com as separações de espaço e tempo. É ótimo saber que está gostando da fic! ;) bjks; Sy.P; KaksChan; Fabi - olá adoro seus comentários! E fico imensamente feliz que esteja acompanhando mais esta fic e que está amando! (fazendo a dancinha da vitória). Depois de Caminho eu tinha que escrever esta fic com um Harry passivo (não curto muito um Harry passivo, só de imaginar o Draco dominado e aprisionado por baixo do Harry me dá aquele caloooor), mas como notei que escrevo melhor um Harry por baixo de um Draco dominante e tesudo (visto por Caminho do Coração), me animei em escrever esta fic! Pelo jeito estou indo bem! Obrigada pelo comentário! Bjks; Sora Black; Set - olá, desculpa essas demoras nas atualizações, mas como avisei no começo, serão demoradas, mas não penso em desistir :) Espero que tenha gostado da consulta dos dois, e do suposto primeiro beijo (OMG! Eles já tiveram o primeiro beijo! Sem se gostarem!), mas eu precisava colocar um pouquinho de contato físico entre eles hehehe XD Obrigada pelo comentário! Bjks; Nanda W. Malfoy; CarineCG; Dani Malfoy - olá, obrigada pelo apoio e pela força! Espero que tenha gostado desse capítulo também! E obrigada por comentar! Big bjo ;) Drix Potter Malfoy.

Caso eu tenha esquecido de responder ou de colocar o nome aqui, por favor, peço desculpas e me avisem. Obrigada a todos por lerem!