Capítulo Um – O que o Mar Pode Trazer

Salazar levantou-se do círculo de refeições de sua família. Mais uma vez havia se desentendido com seu pai. O velho Slytherin não queria, de forma alguma, aceitar suas idéias: tinham que partir para um local isolado de Norfolk, erguer barreiras mágicas, apartar-se do governo trouxa. Assim não correriam perigo, não mais.

Seguiu para fora da casa principal da família, não queria se recolher agora, preferia pensar. Será que aquela velha raposa que era seu pai estava finalmente caducando? Ou será que ele estava tão ligado à suas terras que colocaria a vida de todos os seus em risco? Salazar jogou-se na areia fofa à beira-mar e inspirou o ar da noite. Cheiro de sal. A brisa marítima da primavera trazia mais algum cheiro, mas não reconhecia.

Viviam numa comunidade litorânea, cercada por brejos e pelas águas do mar. Era uma pequena cidade onde trouxas e bruxos viviam, mas não em harmonia. Nesses dias, a perseguição aos bruxos se acirrou, qualquer sinal de magia era imediatamente delatado, todos culpavam os bruxos pela desgraçada invasão viking. Todos os trouxas acreditavam se tratar de um castigo de Deus à presença de "adoradores do demônio"... Ignorantes! O rapaz cerrou o punho e deu um forte soco na areia. Atirou um pouco ao lado irritadamente e a brisa um pouco mais forte acabou por levar os grãos aos seus olhos verdes, da cor dos mar.

Sentiu uma aproximação, Seely sentou-se ao seu lado, ajeitando as pregas da saia ao redor dos joelhos. Ficaram por um tempo em silêncio. Até que sua irmã falou primeiramente.

– Papai quer o nosso bem, você sabe... – não olhou para o irmão, continuava fitando o horizonte negro.

– Pode ser... mas ele não faz isso da forma mais inteligente.

Ficaram novamente em silêncio. O rapaz estranhou a imobilidade de Seely ao olhar o horizonte.

– Você sabe que é perigoso continuarmos no meio dos trouxas... – ele falava olhando para sua irmã.

Os longos cabelos se desprenderam do penteado com uma rajada vinda do sul, foi quando ela finalmente deixou de fitar o mar.

– É... mas o que quer que você ache perigoso em terra, meu irmão, não se compara ao que o mar pode trazer...

--

Ficou intrigado com as palavras da irmã. Mais que nunca sentia urgência em saírem dali. Andou por toda a casa. No salão ainda estavam seu pai e seus irmãos mais velhos bebendo e ceando. As crianças já estavam sob suas mantas junto às mulheres mais velhas, as novas aguardavam os homens terminarem a refeição para recolherem os utensílios. Deu mais uma olhada no céu estrelado e recolheu-se para dormir.

--

Ouviu um barulho incomum, parecia um grito... não... um gemido... um gemido de agonia.

Eram altas horas da noite, tudo estava escuro, não sendo pela claridade que vinha de algum ponto da casa pela porta reservada por uma manta de lã. Despertou no momento em que sentiu. Cheiro de fumaça, cheiro de palha queimando... Levantou-se de forma brusca e tossiu convulsivamente, abaixou-se novamente e tentou se concentrar para pensar. Devem ter esquecido de apagar o fogareiro.

Alcançou a varinha e seguiu ainda abaixado até a entrada do cômodo mal iluminado. Tocou em algo úmido e viscoso... Sentiu náuseas... era sangue. Esqueceu-se da cautela e levantou-se buscando sua varinha. Irrompeu pelo portal e encontrou o tumulto, de um lado a casa pegava fogo, vigas vinham ao chão, móveis se destroçavam, e do outro pôde ver um rastro vermelho vivo. Ouvia tosses, acordou os dois irmãos mais novos que dividiam o cômodo com ele. Ambos pegaram suas varinhas e seguiram para diversos lados da casa. Foi até o quarto das mulheres e crianças... foi a pior cena de sua vida. Salazar apoiou-se na parede e colocou para fora tudo que pudesse estar em seu estômago. As crianças... todas... Procurou pela irmã. Procurou pelas mulheres! Corria cegamente pela casa tomada por fumaça e fogo. Onde estavam seus outros irmãos? Seu pai? Suas irmãs? Sua irmã!? Onde estava Seely?

Percorreu o que pôde da casa e, quando seus pulmões não podiam mais agüentar a fumaça, desatou a correr pela areia. A vila inteira estava em chamas. Homens corriam com seus filhos nos braços. Mulheres caiam ao chão chorando.

Viu um de seus irmãos apagando com magia o incêndio de uma das palhoças mais pobres. E um brilho verde engolindo a escuridão da noite. Seu irmão foi ao chão, o outro tentava em vão protegê-lo. Desviou os olhos na direção do assassino. Era um estrangeiro, um bruxo das terras geladas... Em um acesso de fúria levantou a varinha e proferiu a maldição. Uma rajada de luz verde atingiu o homem de cabelos ruivos trançados que rolou de olhos abertos pela areia.

Virou-se para seguir em auxilio do outro irmão quando ouviu a voz... era Seely... gritava por ele... Um homem de cabelos quase brancos de tão louros, alto como dois e de longa barba segurava sua irmã pelos pulsos unidos acima da cabeça. Ela estava estirada no chão e com as roupas rasgadas. Ele estava... não! Não sua irmã... sua irmãzinha... Seely... Seely! Quando apontou a varinha na direção da cabeça do viking, sentiu uma fraqueza nas pernas. Salazar não estava entendendo... Buscou com o olhar a causa da interrupção. Um outro guerreiro viking havia estilhaçado sua coluna com um martelo de metal. Salazar foi ao chão ainda apontando a varinha na direção do homem que encobria Seely... mas não conseguiu falar... não conseguiu manter seus olhos abertos... Não manteve o braço erguido e a varinha firme.

Seely...

... Seely...

É... mas o que quer que você ache perigoso em terra, meu irmão, não se compara ao que o mar pode trazer...

Seely...


Gostaria de agradecer a todos que leram a fic!

Agradecimentos especiais àqueles que deixaram reviews!!

-

Manu Black: Minha Bettaaaaaaa!! :D Obrigada pela força! Seu incentivo foi excencial para que eu continuasse a colocasse para frente o projeto Espero que muitos tenham a mesma impressão que você teve do início de Hogwarts E dos personagens

-

V. Lovett: Obrigada pela review!! Vou sim! Vou sim! Vou continuar!! Olha aqui o Capítulo Um! Em breve o dois no ar! ashuahsuahsuas Continue acompanhando Estarei postando assim que acabar as últimas olhdas nos capítulos

-

Aurons: Obrigada !! Espero que continue gostando dos capítulos que estão por vir!!

-

Estarei postando assim que conseguir dar a última olhadinha no próximo capítulo

Duachais Seneschais


FAÇAM UMA AUTORA FELIZ: DEIXEM UMA REVIEW!!