Os dias se passavam e Leon ficou trancafiado o tempo todo. A refeição era deixada numa espécie de gaveta que abria para o lado de fora, mas que Leon tinha acesso.

Numa sexta-feira, o agente Brown levou Leon ao interrogatório novamente. Dessa vez Claire não estava com ele.

- Falei com meus superiores, Sr. Kennedy. Eles não querem que você vá até a América Latina para investigação. Decidimos usá-lo... de outra forma.

Algumas pessoas de jaleco entraram as sala. Eles carregavam bandejas metálicas.

- Não se preocupe. Apenas queremos uma amostra de seu sangue.

Leon não sabia por que queriam o sangue dele, mas como estava em território inimigo, não podia se rebelar.

Depois de vários vidrinhos estarem cheios do sangue do policial, Leon foi levado de volta ao seu quarto.

Já era noite quando Claire foi até seu quarto.

- Estava estranhando. Você não veio me visitar a dias.

- Desculpe. Tive que subornar o vigilante e desligar as câmeras para poder entrar.

- Subornar? E como conseguiu? – perguntou, curioso.

- Eu disse que você era muito bonito e que precisava ficar a sós com você por uma hora. Coisas muito pessoais iriam acontecer e eu não queria que esse vídeo fosse parar no You Tube, entendeu?

Leon não sabia o que dizer. Como Claire foi pensar nessa desculpa? A não ser que essa história tinha algum fundo de verdade. Começou a pensar que sempre achou Claire atraente, mas depois ele conheceu a Ada. Apesar do reencontro que ocorreu anos mais tarde, Leon não se sentia o mesmo em relação a Ada. Depois de pensar muito ele concluiu que gostava da imagem que Ada representava, que foi destruída pelas verdades que Anette disse. No reencontro descobriu que Ada estava atrás das amostras de Las Plagas, com certeza estava trabalhando para alguém. Sempre seria assim, ela nunca seria verdadeira com ele. Mas a Claire... estava madura, mas aqueles olhos azuis deixavam-na com uma feição adolescente.

- Leon?

Claire o chamou de volta para a realidade.

- Hoje colheram meu sangue, sabe o que pretendem fazer?

- Não. Depois daquele dia, William não compartilha mais informações comigo. Creio que ele ficou desconfiado de ver uma agente sozinha com o prisioneiro de toalhinha – começou a rir.

Claire contou para Leon tudo que aconteceu nos dias em que ele ficou sem contato com os agentes. Disse que os rituais na América Latina pareciam ser de origem religiosa. As pessoas se ofereciam para tomar líquido no "cálice divino". Eles acreditam que esse líquido irá trazer redenção, além de garantir uma passagem para o céu. Leon questionou como essas pessoas tem tanta fé em algo que está mais do que óbvio que é mentira. Claire disse que quando as pessoas acreditam fielmente, não há nada que as faça desacreditar. Disse que quando o vírus começou a agir nos primeiros moradores, foi explicado que o corpo do hospedeiro foi tomado por anjos. Anjos da morte.

- Faltam 5 minutos para meu tempo acabar. Tenho que ir. Mas não se preocupe, não deixarei que nada te aconteça.

- Acho que os papéis estão invertidos. Eu que devia falar isso – disse Leon.

Claire saiu e Leon ficou na solidão de seu quarto.

Do lado de fora o agente William observava o quarto do prisioneiro. Foi questão de segundos que ele não viu Claire saindo dele.