O local estava escuro. Ele acordou, pois uma luz muito forte feria seu olho. Estava deitado, seus braços e pés estavam atados na cadeira. Olhou para os lados e viu vários armários. Dentro deles, diversos vidros coloridos estavam guardados. Sabia que aquilo não era um bom sinal. Ouviu duas pessoas conversando muito baixo, mas entendeu o que elas diziam:
- Onde foi achar um candidato tão perfeito? Quase foi infectado pelo G-Virus e Las Plagas... Você é um gênio! – exclamou uma voz masculina.
Os passos estavam se aproximando cada vez mais, até que um homem de barbas e cabelos brancos apareceu. Sua feição era de um homem desgastado pelo trabalho. Olhou os braços de Leon, analisou as veias, virou-se e voltou com uma seringa.
- Sabe o que é isso, Sr. Kennedy? Uma variação do G-Virus misturado com o seu sangue que tinha vestígios dos Las Plagas, além do T-Veronica Vírus. Chamamos esse mix de Project L-Virus, sendo que esse "L" é em sua homenagem. Não está contente?
- Serei o responsável pela morte de milhares... Nunca fiquei tão feliz em toda a minha vida, encarnei a própria morte, mas não tenho foice – disse Leon, ironicamente.
- Esse seu sarcasmo irá embora, Kennedy. Será o pioneiro nessa experiência, seu nome será lembrado, assim como os do Ashford já foi algum dia.
Ashford... Leon escutou Chris dizer esse nome a anos atrás, quando Claire foi capturada pela Umbrella.
- Será mais perfeito do que Alexia foi, você vai ver! – disse o cientista, empolgado.
Pegou um vidrinho de líquido verde-musgo e inseriu-o na seringa. Ia injetar o L-Virus em Leon, mas algo o interrompeu.
- Mais que diabos...? – reclamou.
O barulho da porta automática foi ouvido. O cientista correu e pegou uma pistola, mas não conseguiu acertar o alvo, pois tomou dois tiros certeiros no peito. Leon não sabia o que estava acontecendo, o cientista ao pegar a arma correu para fora do campo de visão dele.
Passos leves se aproximaram. Uma pessoa estava vestida de preto com uma máscara de oxigênio. Era Claire.
- Leon! – sorriu.
- Sempre achei que isso estava errado. Era eu quem devia ser seu herói. – brincou Leon.
- Ah mais você sabe, as mulheres conseguem fazer tudo o que os homens fazem, inclusive salvá-los das torres quando eles jogam seus cabelos.
Claire correu até o computador. O barulho de seus dedos batendo nas teclas era intenso.
- Mas que droga!
Leon não conseguia ver onde ela estava.
- O que foi?
- Essa porcaria está pedindo uma senha para cada trava! Eu consegui invadir o sistema e apenas tenho uma.
Claire digitou a senha. Uma tela abriu-se e informou que estava verificando a senha. Não havia barra de status nem qualquer outro informativo. Claire já tinha contado 1 minuto quando a porta eletrônica abriu. Ela imediatamente empunhou sua arma. Era o agente Brown.
- O que pensa que vai acontecer quando você soltá-lo? Ele já está infectado com o L-Virus. Mas você não desiste não é? O que rola entre vocês dois?
O agente não obteve resposta. As armas miravam em direções opostas.
- Tive acesso a um banco de dados muito interessante – disse, tentando aguçar a curiosidade de Claire.
- Problema é seu. Isso não me importa.
- Mas é claro que importa, querida Emilly Burside, ou eu deveria dizer... Claire Redfield! Consultei as suas impressões digitais na base da Umbrella e descobri tudo! Você tinha 19 anos quando foi pra Raccoon, depois foi aprisionada na ilha Rockford. Foi lá que a menininha encontrou o seu amor, o Steve!
Claire então gritou:
- Não se atreva a falar dele, seu cretino!
- Ora, por quê não posso? Ah sim, ele morreu. A Alexia o matou. Que desperdício de dinheiro, fazer experiências nele. No final ele falhou e ela nem sequer conseguiu pegar os dados de combate dele – lamentou Brown.
Ela lembrou-se das últimas palavras de Steve: "Eu estou muito feliz de ter te conhecido. Eu te amo, Claire..."
- E agora olha só quem você encontra. O Leon, seu companheiro de aventuras! Querendo reviver o passado. Mas que comovente.
O computador emitiu um aviso sonoro, que desviou a atenção de Brown. A oportunidade era propícia, e Claire atirou. Ele caiu – morto.
Leon ficou aliviado quando viu aqueles olhos azuis olhando para ele.
- Você está bem?
Claire viu que Leon estava bem e voltou para o computador. Digitou sem parar, acessando pastas, desktops. A busca era interminável até que conseguiu achar as outras três senhas. Elas estavam numa pasta chamada Trent. Digitou as senhas e o computador pedia que aguardasse enquanto a verificação ocorria.
Claire foi até a maca que Leon estava. Parou em frente e cruzou os braços, sorrindo.
- Claire!! – Leon gritou.
Um braço verde puxou Claire pelo pescoço. Ela virou-se rapidamente e deu um chute no monstro, que uma vez já foi conhecido como William Brown. Ele encostou na parede e Claire descarregou todas as balas nele. Até que o tenebroso "click" soou.
Um líquido parecido pus saiu dos ferimentos, mas ele não estava morto. Leon tentava se soltar desesperadamente enquanto aquela experiência bizarra estava encurralando Claire na parede. O ex-agente colocou a mão em torno do pescoço da mulher, e a levantou. Ela se debatia sem parar, chutando e socando o mostro, em vão.
Horrorizado em ver aquelas cenas e não poder fazer nada, Leon reparou que o monstro tinha uma espécie de olho nas costas, que lembrava o olho nos braços de Birkin. A bandeja estava perto dele, e a injeção de L-Virus estava preparada. Com a mão que estava livre, ele se esforçou para alcançar a seringa, mas sem sucesso.
Olhou para Claire, ela já estava perdendo os sentidos. Ele se esticou o máximo que podia, pegou a injeção e a lançou nas costas do monstro. Acertando no olho nas costas da criatura, um líquido preto escorreu e com um grito que mais parecia um choro, ele lentamente perdeu as forças e caiu.
O computador emitiu o aviso sonoro e todas as travas foram removidas. Leon correu até Claire. Ela estava encostada na parede, aparentava estar adormecida, a não ser pelo fato de seu pescoço estar roxo.
- Claire? Claire?
Leon a chamava, mas ela não respondia. Ele verificou seu pulso, estava muito fraco.
Ele a abraçou. Teve um deja-vú. Era o mesmo que aconteceu com Ada. Quando ela caiu ele não conseguiu salvá-la. E dessa vez não conseguiu salvar Claire. Ele sentiu que as pulsações dela ficavam cada vez mais fortes.
- Leon? – ela disse quase sem voz.
Ele a olhou e passou a mão no rosto dela, tirando os cabelos dos olhos.
- William, ele...
- Sim, ele foi infectado com o L-Virus. Provavelmente ele foi a primeira cobaia.
- Precisamos... Nós temos que...
- Não se preocupe, você vai ficar bem. Eu sou o seu herói,não se lembra?
Ele correu até o computador e travou a porta automática do laboratório. Não queria que ninguém entrasse enquanto Claire se recuperava. Depois ele voltou e sentou-se ao lado dela, envolvendo-a em seus braços.
- Eu ouvi... seu coração bater... e depois você me chamou...
Leon apenas sorriu. Ela já estava com a coloração da pele normal, exceto pela marca roxa em seu pescoço.
- Dr. Jhones? – chamou uma voz feminina, batendo na porta sem parar.
- Claire, precisamos ir – Leon disse calmamente.
