Capítulo Quatro – A Tranqüila Música do Feadan
Era uma manhã quente, o ciclo das estações rumava para os longos dias do verão. Helga se encontrava na grande cozinha dos Ravenclaw auxiliando mulheres e elfos no trabalho.
Fitava um raio de luz entrando pela vão da janela, num momento de descuido uma jarra de barro foi ao chão, espatifando-se em dezenas de cacos. Tinha aptidão natural para feitiços domésticos, mas naquelas semanas estava cada dia mais desconcentrada. A imagem que fazia da menina sendo jogada ao Poço nunca saiu de sua mente.
Por um delicioso momento achou que tinha se visto livre de perseguições e matanças. Mas até à vila encantada do Clã Ravenclaw a desgraça chegava, mesmo que não fisicamente, mas por informações. Não poderia ser assim, não podia fugir à realidade. Deveriam arranjar uma forma de se proteger, não se alienar.
Helga desculpou-se catando os cacos do que fora a jarra de barro. Levou-os dentro de seu longo avental para o terreno aos fundos da cozinha. Depositou-os sobre uma mesa de madeira muito gasta e executou um feitiço reparador. Tomou o pote reconstituído nas mãos e virou-se na direção da casa, hesitou. Precisava de um pouco de ar, não adiantaria voltar ao trabalho perturbada daquela forma.
Caminhou pelo terreno de terra batida atrás da construção principal, observava os lindos vales das Highlands e o colorido que a primavera os dava. Mais a frente estava o galpão onde Rowena ensinava a seus pupilos. Achava a atitude de Rowena digna de orgulho. Ela se esforçava dia a dia para que as crianças do povoado tivessem conhecimento e habilidade. Para que a Tradição jamais fosse esquecida. O colmo do telhado precisaria ser tratado naquele verão. Caminhando curiosa na direção da grande construção de pedras e turfa, Helga percebeu um rapazinho sentado à sombra das árvores, mantinha certa distância do galpão e fitava a varinha na mão.
– Não vai para a aula, rapaz? – perguntou em tom de censura, porém com um sorriso meigo nos lábios. Sua forma de falar era carregada do sotaque musical do gaélico de Éire.
O garotinho se revirou e fitou algum ponto distante nas ravinas. Helga percebeu a feição chorosa e sentou-se ao seu lado.
– O que houve, rapazinho? Por que a tristeza? Não foi bem em algum feitiço? É só treinar que conseguirá melhorar...
Após mais um momento de silêncio o garotinho, de não mais que doze ciclos de ano, falou amuado.
– Não... nunca fiz direito. Dizem que nunca vou conseguir... que sou incapaz. Não assisto às aulas. – os olhos se umedeceram – Todos os dias observo o que eles fazem... tentei, mas não sou capaz de nenhum feitiço.
Helga, por um momento, sentiu-se chocada ao saber que alguém teria feito um garotinho tão pequeno acreditar que não seria capaz. Ainda era muito novo para desistir! Aliás, nunca se era velho demais para aprender. Sentou-se ao seu lado e pediu-lhe sua varinha em seu tom meigo habitual. O rapaz estirou o instrumento, após uma sonora fungada.
– Hum... – Helga analisava concentrada. – Um belo exemplar. Não sou especialista, mas meu primo Ollivander é um exímio artesão, está no ramo há anos por toda a Britânia. Pelo convívio sei algumas coisas, e diria que essa sua varinha é de um bom freixo e pêlo de crina de unicórnio, que jamais é ruim. – puxando o braço do rapaz e analisando seu comprimento utilizando as próprias mãos como referência, prosseguiu. – O tamanho parece ser exato para você, já que ainda vai crescer. Tem ossos de quem será grande. Sabe, nem todos têm as mesmas habilidades que a maioria, seu talento deve estar direcionado à algo que ainda não teve oportunidade de desenvolver. Não vejo como uma varinha tão boa poderia estar com alguém incapaz... Aliás, se você a tem é porque é perfeitamente capaz!
O garotinho esboçou um sorriso. Helga o puxou pelo braço seguindo na direção do galpão. O rapaz fez menção de parar, mas ela insistiu. Entrando com grande estardalhaço, distribuindo "bom dia" a todos os presentes, seguiu com o menino até um local mais reservado, onde ele pudesse ficar o mais a vontade possível. Cada um parou o que fazia com sua dupla para acompanhá-la com os olhos. Rowena se dirigiu à amiga, que já estava acomodando o rapaz a sua frente.
– Helga, acho que ... – começou a falar, mas foi interrompida por musical "Francamente, Rowena..." acompanhado de uma expressão sorridente da jovem mulher de cabelos loiro-avermelhados. Saltando o olhar de um ao outro, Rowena anuiu e voltou aos seus pupilos, mandando que todos retornassem aos seus afazeres.
Por toda a tarde se ouviu a voz e as risadas cristalinas de Helga, ela acompanhava pacientemente o rapaz. Cìaran tentou vários feitiços de levitação e transfiguração. O melhor resultado havia sido uma pedra com cauda de esquilo. A um dado momento, Helga decidiu tentar algo diferente e acompanhou-o até à parede onde vários recipientes vítreos estavam enfileirados em prateleiras. Tirando as rolhas de cortiça de alguns, iniciou uma aula sobre poções e ervas.
Cìaran era capaz de memorizar e perceber o ponto de cozimento de cada beberagem. Ao fim da tarde, Rowena aproximou-se da amiga, seus olhos azuis brilhavam. Era indiscutível a paciência e habilidade de Helga para lecionar. Levando uma mecha solta de seu cabelo ruivo à orelha, a nativa de Éire sorria.
– Isso... isso é maravilhoso! – a jovem Ravenclaw estava emocionada. Com o auxílio de Helga poderiam ensinar muitos outros.
Cìaran estava perdido entre potes e fervuras. Até o anoitecer, pôde se ouvir no galpão a voz fina e tranqüila de Helga, como o som agudo e claro de um feadan.
Olá!
Mais uma vez venho aqui agradecer Manu Black BEETTAA!!
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Manu Black: Também não gostava de Salazar... mas imagino que o ódio dele não tenha nascido do nada... Nhhaaa A tendência, imagino, é que eu poste cada vez mais rápido. Muito obrigada por acompanhar, Manu !! :D
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ChunLi Weasley Malfoy: Olá! Muito obrigada por acompanhar a fic! Isso é muito importante para mim! :D Godric é tudo! ashuahsuahs Adoro ele!! Pouxa! E se eu postar mais de um ao dia? Fica melhor?? Todos foram idealizados curtinho... só tem um ou outro maior xD Deculpe... :
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Duachais Seneschais
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