Espólios do livro 6, HP e o Enigma do Príncipe.
FUTURIBLE
(Francês. Em português, 'futurível' - Diz-se de cada um dos vários modelos possíveis do futuro da humanidade, competindo à teologia investigar se a onisciência divina conhece ou não qual deles emergirá, e aos homens, no seu livre-arbítrio, tomarem ou não o caminho que os levará a esse futurível. Na teologia escolástica, futuro condicionado pelos desígnios divinos, mas cuja condição não chegou a cumprir-se.)
Parte 2 - Mais Dois.
Estava cansado, gelado, deprimido e frustrado. Não queria nem saber se conhecia tal garota, mesmo lembrar-se quem eram os monitores daquele ano. Estava absorto demais em si mesmo para se deter a qualquer detalhe ou mesmo a fato externo. O mundo que fosse ao inferno! Deu as costas à garota metida a autoridade e tomou de volta o seu caminho para o Salão Comunal da Sonserina quando sentiu um impacto quente as suas costas e tudo tornou-se escuro e insensível.
Hermione baixou a guarda. Estava ofegante, estressada. Sua cabeça girava, pensamentos e raciocínios sendo desenvolvidos em alta velocidade, um por sobre o outro. Havia se precipitado? Agira certo? Tinha certeza do que fizera?
Relutou, mas aproximou-se do rapaz estendido de bruços no chão, inerte. Seus cabelos negros de fios médios e sedosos espalhavam-se, cobrindo parcialmente seu rosto de tom pálido. Parou próxima a ele e fez menção em abaixar-se para melhor vê-lo, mas vacilou a meio caminho. Ponderou melhor sua atitude e, se tivesse feito uma grande besteira, era melhor começar a agir certo, agora.
Afastou-se do rapaz nocauteado, apontou a varinha para a própria palma da mão, conjurando uma espécie de bolha de luz do tamanho de uma bolinha de tênis. A bolha flutuou sobre sua mão e Hermione murmurou-lhe instruções. Ao terminar, a pequena bolha luminosa saiu em disparada pelo corredor, não detendo-se a nada e transpassando qualquer obstáculo que estivesse a sua frente.
Hermione tentou relaxar, pois estava estressada. Afastou-se do rapaz caído e recostou-se a parede do corredor, não permanecendo nessa posição por mais que alguns segundos. Pôs-se a andar de um lado ao outro, apreensiva... e se houvessem outros estranhos no castelo? Quem era aquele garoto, afinal?!
—Srta Granger?!
Em passos rápidos chegou a Diretora Minerva McGonagall, portando em guarda sua varinha. Hermione se precipitou a ela, fazendo a mulher parar logo em seguida.
—O que aconteceu afinal de contas, Hermione? - McGonagall falou em seu tom austero, olhando em direção ao corpo estendido inerte no chão logo a frente.
—Não sei se fiz o certo, Professora... - Começou Hermione, quase atropelando suas palavras. —Mas eu tenho certeza de que aquele garoto não é de Hogwarts! Eu senti um temor estranho, uma insegurança, e... estuporei ele...! - Hermione terminou sua narrativa como uma criança que confessa uma malcriação.
McGonagall não respondeu de imediato. Prestou-se a conferir o ocorrido. Sem vacilar, aproximou-se do rapaz e apontou para ele a varinha, conjurando um feitiço que o desvirou do chão, deixando seu rosto visivelmente a mostra. Em seguida apontou sua varinha para o archote próximo, fazendo com que sua chama triplicasse sua luminosidade, deixando o ambiente próximo claro como fosse dia.
A Professora arregalou os olhos e sua respiração falhou. Será que era o que via ou seus olhos a estavam enganado?
Hermione a observava calada e apreensiva, não ousando sequer respirar mais ruidosamente.
McGonagall, incrédula, abaixou-se, ajoelhando-se ao chão junto ao rapaz adormecido. —Professora, Não! - Hermione protestou.
—Não há perigo, menina! Ele está estuporado, não está? - Censurou a Diretora e Hermione calou-se e apenas prestava atenção, muita atenção.
A velha maga levou a mão ao rosto do rapaz, afastando dali algumas mechas de cabelo que ocultavam parte de sua face...
—Oh, Merlin!!
Hermione sentiu o coração parar naquele momento. Será que o rapaz estava morto?! Num rompante, jogou-se de joelhos ao chão, junto da Professora, e já ia deitando o ouvido sobre o peito do rapaz, a fim de ouvir-lhe os batimentos cardíacos, quando McGonagall impediu-a com energia, segurando com firmeza em seu braço, levantando-se e afastando-se do garoto e trazendo Hermione junto, sem nenhuma delicadeza.
Hermione estava a ponto de chorar!
—E-ele... ele está... morto?! - Perguntou em voz chorosa.
McGonagall achou um absurdo tal pergunta feita justamente por Hermione e a olhou com nova censura, quase a repreendendo: —Não! É claro que não, Hermione!
Mesmo estremecendo diante do olhar severo da Professora, Hermione não podia conter sua desesperada curiosidade. Precisava saber o porque do susto de McGonagall: —E-então?
—Ele está vivo, se é o que quer saber. Mas... a situação é muito mais grave... gravíssima, eu diria!
A menina arregalou os olhos, em desespero. O que poderia ser mais grave do que ter uma pessoa assassinada por engano, ali?!
Como se adivinhasse os pensamentos de Hermione ou apenas pensasse em voz alta, McGonagall confessou a sua suspeita:
—Aquele ali é... Severus Snape!
Os dois jovens amigos de Snape pularam para fora do círculo de névoa, ansiosos demais. Malfoy olhou para todos os lados, buscando algo diferente que mostrasse que eles conseguiram mesmo viajar no tempo, mas, além de uma temperatura mais fria e um vento mais gelado e forte, não havia nada ali de diferente que indicasse qualquer mudança de tempo ou ambiente.
Karkaroff ficou apenas olhando para o tolo amigo que corria de um lado para o outro, olhando desesperado tudo a sua volta. Malfoy, irritado, tenta descontar no amigo:
—Vamos, sua múmia! Vai ficar só olhando para a minha cara ou vai me ajudar a descobrir se viajamos mesmo no tempo?!
O garoto russo não pode conter uma risada: —Mandavoshka! Na'ebenilsya fire-whisky?! HAHAH! Pensou mesmo que aquele troço era um portal do tempo? Isso é fantasia, caro Mandavoshka!
Malfoy se irritou: Aaaaaargh! ODEIO quando você vem com essas palavrazinhas russas ridículas! Ainda não entendeu que está na Inglaterra e aqui deve-se fazer como os ingleses?!!
Karkaroff ficou rindo da cara do amigo inglês irritado e envergonhado. Malfoy tomou o rumo das escadarias para descer a torre, esbravejando e maldizendo coisas como ameaças a Severus e a Igor também. O russo olhou a sua volta e deu de ombros, seguindo o mesmo caminho de Lucius, em seguida.
Lucius seguia seu caminho em passos firmes, rápidos e decididos, até alcançar a entrada para o corredor principal, quando ouviu vozes de mulheres e estacou de imediato, escondendo-se atrás de uma pilastra, quando Igor se aproximou e, distraído, continuou o caminho.
—Russo Idiota! - Lucius agarrou Igor pela manga do casaco, puxando-o com força para trás da pilastra. Indignado, o russo ia reclamar, mas o loiro tapou sua boca com a mão livre. —Quieto!
Quando os ânimos se esfriaram, os dois ficaram completamente quietos e imóveis atrás da grossa pilastra arredondada, fazendo um esforço para observar a cena mais adiante.
—É McGonagall! - Sussurrou Karkaroff.
—Aff! Que bom que tenha percebido! - Zombou Malfoy.
—Mas.. o que está acontecendo lá na frente?!
—Se você conseguir ficar calado, prestar atenção e parar de me encher, talvez possamos ver o que se passa!
Os dois aguçaram suas vistas e ouvidos a fim de saber o que ocorria logo a frente no corredor principal. Lá estavam a Professora de transfiguração Minerva McGonagall e uma aluna, que não dava pra identificar quem era e menos ainda de que Casa. Observaram bem e viram que havia um vulto esparramado no chão e as duas personagens pareciam estar combinando algo entre elas.
Minerva McGonagall apontou a varinha para o vulto ao chão e murmurou um feitiço; de sua varinha saiu uma névoa esbranquiçada e brilhante, que envolveu o vulto no chão, que foi suspenso tão levemente como fosse um balão a gás. A Professora "carregando" o vulto e a garota começaram a caminhar em direção onde os dois sonserinos estavam escondidos. Os dois amigos, por sua vez, como bons sonserinos que eram, esgueiraram-se rapidamente para um outro canto onde ficaram completamente ocultos de qualquer pessoa distraída que ali passasse. Não ousaram sequer respirar quando McGonagall passou ao lado da aluna e com o vulto flutuando a sua frente. Mas, por pouco, os dois amigos não deixaram escapar uma exclamação, quando viram que o tal vulto se tratava de Severus Snape!
Esperaram ainda um tempo, até que não ouvissem sequer os passos da mulher e da garota, quando elas dobraram a esquina rumo à Sala da Diretoria. Só então Karkaroff e Malfoy relaxaram, deixando-se cair sentados no canto escondido onde estavam.
—Srat'! O que será que aconteceu?!
—Como você disse, uma "srat'"! Seja lá o que Severus fez à grifinóriazinha, ele se fudeu bonito! Além de ter sido nocauteado, foi catado pela McGonagall e pelo jeito vai ser levado até Dumbledore!
—Cara, vamos pensar direito?! O-que-aconteceu?!!
—Tu tá doido, Igor?! Não viu com teus próprios olhos, pô?!
—Acorda, Lucius! Snape foi estuporado! SNAPE! O cara se tornou o melhor duelista de Hogwarts nos últimos dois anos! Como foi que ele foi estuporado? E por quem?! Por aquela garotinha da Grifinória?!!
Lucius Malfoy conseguiu ficar ainda mais pálido do que já era naturalmente e ficou olhando abobado para o vazio escuro do corredor. Sabia que Snape não era dessas torpezas de provocar alguém gratuitamente ou mesmo abusar de uma garota, não mesmo! Ele poderia ter seus defeitos, mas jamais se rebaixaria a uma condição animal como essa! E como ele poderia ter sido estuporado e por uma garota?!
—Só se ele... - Malfoy pensou em voz alta, deixando Karkaroff ainda mais apreensivo.
—Ele o quê? Fala de uma vez!
—Só se ele não foi estuporado... Severus é meio pancada das idéias! Sabe lá se ele tomou alguma poção pra alguma coisa qualquer e ele apagou de repente? - Malfoy ponderou pensativo.
—Ou foi aquela magia esquisita que ele fez lá na Torre de Astronomia? - Karkaroff completou inocentemente, até que a ficha caiu.
Os dois gritaram um para o outro, em desespero, e correram de um lado para o outro, feitos baratas tontas. Até que a razão lhes deu sobriedade e pararam frente um ao outro.
—Eu lhe disse que aquilo poderia causa algum dano!
—Deixa de ser besta, soviético estúpido! Você falou que aquilo poderia nos desintegrar!
—E eu não estava certo, anglico estúpido?!
—Por acaso nós estamos desintegrados?!
—Tá, tá legal! Vamos raciocinar: alguma coisa aconteceu e nós não sabemos o que é!
—Excelente raciocínio, Igor! Conseguiu isso sozinho ou precisou de ajuda de alguma força superior?!
—Olha quem está zombando! Acorda, Malfoy! Agora que estamos lúcidos, temos que descobrir o que houve com Severus!
—E irmos ter o nosso com aquele velho patético do Dumbledore?! Ah, não mesmo! Quer saber? Cedo ou tarde nós saberemos o que houve e isso até mesmo da própria boca do idiota do Snape! Eu vou é pra cama dormir, que isso já me encheu o saco!
Malfoy tomou o caminho para as Masmorras enquanto Karkaroff permaneceu ainda parado, observando para a direção que Snape foi levado por McGonagall. Meneou a cabeça em negativa e tomou o mesmo rumo que Malfoy: o Salão Comunal da Sonserina.
Fim da 2ª parte. Continua...
By Snake Eye's - 2006.
N/A:
Traduzindo as ofensas em russo proferidas pelo Karkaroff:
1) Mandavoshka um xingamento em russo, significa chamar alguém de muito insignificante. Literalmente é nomear um inseto desconhecido ou no russo chulo "piolho genital".
2) Na'ebenilsya fire-whisky O original é "Na'ebenilsya vodkoi" Significa o nosso "você bebeu?". Literalmente é "Se embebedou pela vodca".
3)Srat' merda.
AGRADECIMENTOS!!!
Pelos reviews de GABRIELA (27/8), REGINA (27/8), CLAIRE D'LUNE (26/8) & NATII (26/8).
A segunda atualização realmente veio rápida, mas é porque este capítulo já estava há muito pronto. O próximo realmente não sei quando, mas um dia, com certeza ;)
Obrigado a quem também leu, mas não postou review, então o agradecimento vai anônimo, mas você sabe que está incluído aqui, né?
Bjus mil a todos!
Muito obrigado pela leitura e fiquem na Paz!
Luz & Força, sempre!
Snake Eye's :)
