Nota:fic dedicada à Mary-chan,minha maninha querida! *_*

Capítulo 01 – Aniversário

Kevin olhou incrédulo para o papel que jazia no painel do carro, sem saber exatamente o que fazer. A letra confusa pertencia a Ben e dizia o seguinte: "Dia 10 é meu aniversário, queria comemorar com você e a Gwen. Se não puder ir, me avise."

Pela primeira vez, alguém o convidava para comemorar um aniversário. Durante toda a sua infância, nunca tinha passado por essa experiência. Nem mesmo na adolescência, uma vez que foi trancado no Vácuo Nulo por muitos anos.

Isso podia ser interessante, admitiu. Não podia perder a oportunidade. Ele pegou o celular no bolso da calça jeans e ligou para o amigo...

-Hã? –a voz do outro lado da linha era sonolenta.

-Acorda Benjy! –o moreno berrou, animadamente.

-Ah é você? –reclamou, frustrado. –Que droga...O que você quer?

-É assim que você trata seu amigo? –Kevin disse paternalmente. -E fale merda, ao invés de droga.

-Tá, tanto faz...Você sabe que horas são? –ele parecia irritado.

-Não. –respondeu sarcasticamente, olhando para o relógio no painel do carro.

-São três e meia da manhã Kevin! –Ben grunhiu, ainda tomado pelo sono. –Fala logo, quero voltar a dormir, se possível.

-Sério? Desculpe, não queria te acordar...-não conseguiu segurar o riso. –Você deve estar com uma cara péssima, todo remelento!

-Ah cala a boca! –ele retrucou, a voz mais animada. –Agora estou sem sono, merda.

-Olha, finalmente aprendeu a falar que nem gente! –outro comentário maldoso.

-Tá querendo dizer que estou falando que nem você, né? –Ben disse, um ruído no fundo da ligação. –Vou tentar dormir de novo cara, tenho teste de manhã.

-Ei Benjy, vou ao aniversário. Eu levo as bebidas! -Kevin comentou rapidamente antes de desligar.

Todo ano, Benjamin Tennyson dava uma festa para celebrar seu aniversário. Contudo, aquela seria diferente das outras. Completamente especial: iria comemorar sua maioridade. E isso significava algo próprio. Sem familiares distantes pegando no pé, sem cortesia para as visitas, sem outras pessoas destruindo a decoração...Apenas ele, Gwen e Kevin.

Ainda não tinha certeza sobre o que iria realmente fazer, mas desde que estivesse acompanho deles, não existia tempo ruim.

—X—

-Feliz Aniversário, Ben. –Julie disse, esboçando um sorriso gentil. –Parabéns pela maioridade.

-Ah, obrigado. –ele agradeceu, sentindo que o rosto corava. –Então, você não vai treinar hoje?

-Decidi que não...Queria assistir seu jogo, posso? –a japonesa colocou o cabelo atrás da orelha, timidamente.

-C-Claro, sem problemas.

Antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, o capitão do time se aproximou, arrastando Ben para o campo. Teriam uma partida decisiva e não podia esperar que seu goleiro terminasse a conversa com a garota.

O dono do Omnitrix sentiu o frio percorrendo a espinha, mas não era uma sensação ruim. Pelo contrário, era a adrenalina estimulando as células para o que estava por vir. A tarde em Bellwood estava realmente fantástica e o por do sol, animou os jogadores.

O universo parecia estar conspirando a favor de Ben. O jogo fora difícil, o adversário realmente soube jogar e comandou até os últimos minutos do segundo tempo, quando o time de Ben virou o placar.

Seu time além de ter ganhado a partida, foi chamado para participar do campeonato estadual. No momento que segurou a taça sobre a cabeça, o mundo havia parado para ele.

Todos berravam seu nome, admirando-o como um deus. Aquilo era maravilhoso, nunca tinha sido o centro das atenções dessa maneira. No meio da multidão, percebeu que Julie sorria e acenava para ele.

Ben sentia que tudo era possível, nada poderia detê-lo. Porém sua visão turvou aos poucos, uma voz muito alta deixava-o surdo, conforme o cenário se desintegrava em névoa...

-Está na hora de acordar, Bellwood! Uma linda manhã de sexta-feira espera por você! Hoje, dia ensolarado e calor de 30 graus! –o locutor da rádio anunciava, vibrante. –Você está sintonizado na BW FM e essas são as noticias: durante a madrugada...

O adolescente praguejou o despertador, dando um soco no botão da energia, desligando-o. Aquela cena do jogo havia sido apenas um sonho. Julie não estava caída de amores por ele e não queria ver sua partida.

Sentiu-se frustrado por alguns minutos, até que sua mente recordou que era o dia mais importante do ano. Mais importante que Dia de Ação de Graças ou Quatro de Julho...Era o seu aniversário!

-Finalmente...Posso fazer o que eu quiser! –disse a si mesmo, animadamente. -Primeiro dia com 18 anos, ai vou eu!

Carl e Sandra olharam boquiabertos o bom humor do filho, que se sentava à mesa sem reclamar. Normalmente, durante as manhãs, era praticamente impossível agüentá-lo.

-Feliz Aniversário querido! –a mãe disse tentando segurar as lágrimas de felicidade, enquanto colocava o café da manhã na mesa. –Cardápio especial hoje...

-Panquecas! –Ben exclamou, ao ver a pilha enorme no prato. –Valeu mãe, elas parecem deliciosas.

-Filho, nós te amamos muito... Desejamos-te tudo de bom. –o pai abraçou o filho, emocionado.

O adolescente praticamente engoliu as panquecas, de tão rápido que comeu. Estava atrasado e não queria levar uma advertência, tinha estourado o limite de atrasos. Provavelmente a diretora iria mandá-lo para casa, com uma suspensão, se chegasse na terceira aula como sempre fazia.

Enquanto pedalava pelo caminho habitual, viu um borrão negro atravessando o céu, deixando um rastro de fumaça. Ben não deu muita atenção e continuou seu trajeto, até que um forte tremor de terra o fez cair da bicicleta.

-Mas o que...? olhou ao redor, confuso.

As pessoas na calçada seguraram-se no que estava ao alcance, para não se machucarem. Os carros brecaram repentinamente no meio da via, para evitar acidentes. O fenômeno durou apenas alguns segundos, mas foi o suficiente para deixar os cidadãos de Bellwood preocupados. Isso não era comum naquela região do país.

Ben conseguiu chegar no colégio em cima da hora, apesar do pequeno imprevisto. Quando entrou na sala, foi recebido por Gwen.

-Ah, pensei que não viesse! –ela deu um abraço apertado no primo. –Feliz Aniversário!

Entregou um pacote, embrulhado em papel listrado de preto e verde. Ele sentou-se para abrir com cuidado, parecia ser frágil. Ao ver o conteúdo, os lábios formaram um sorriso de satisfação.

Gwen escreveu uma carta com cinco folhas frente e verso, que estava dentro de um envelope. Havia também um pequeno álbum de fotos e o distintivo de encanador do Vô Max.

-Antes de ele partir, pediu para lhe entregar. Disse que você faria bom uso. –ela disse, referindo-se ao distintivo. –Então, como se sente com 18 anos?

-Sei lá... É a mesma coisa. –ele sorriu, guardando os presentes na mochila. –Você sentiu o tremor?

-Sim, não faço idéia do que possa ter acontecido. –a ruiva comentou, sentando na cadeira ao lado. –Então, Kevin disse se poderia nos encontrar?

-Aquele babaca me acordou três e meia da manhã!

-Sério? –ela não conseguiu segurar a risada.

-Isso não tem graça, sabia?! Você ri porque não foi o seu celular que tocou no meio da noite...

Eles pararam de conversar no instante em que o professor de matemática chegou, anunciando que o teste seria aplicado naquela aula e que os alunos precisavam arrumar as carteiras.